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Vias Biliares: As cirurgias de vias biliares são de bastante relevância, visto que a colecistectomia é a cirurgia mais feita no mundo, sendo seu padrão de excelência o procedimento laparoscópico. Esses procedimentos são indicados em caso de colelitíase (pedra na vesícula -> cólicas que pioram ao alimentar, colecistite aguda e pancreatite biliar), pólipo vesicular (> que 1cm) ou tumor de via biliar (normalmente são assintomáticos e descobertos no momento de retirada do cálculo de vesícula). SOBRE A COLECISTECTOMIA: A abordagem pode ser realizada por via laparoscópica (padrão ouro, sendo que realiza-se a inserção de trocaters na cicatriz umbilical, abaixo do apêndice xifoide, na linha hemiclavicular subcostal direita e na linha axilar anterior subcostal direita), mas pode ser realizado um procedimento laparotômico (realiza-se a incisão subcostal direita, mediana, transversa ou paramediana) ou robótico (uso de 4 portais). ABORDAGENS CIRÚRGICAS: Caso o procedimento seja realizado por via laparotômica, a técnica de dissecção do órgão é a ANTERÓGRADA, em que iniciamos a dissecção pelo fundo, e seguimos até o ducto cístico; Caso seja por via laparoscópica, a técnica é a retrígrada, em que dissecamos inicialmente o ducto cístico e seguimos até o fundo da vesícula. ***ATENÇÃO: A abordagem técnica não é obrigatoriamente essa, sendo que ela pode ser combinada, ou seja, em cirurgias laparoscópicas e em cirurgias laparotômicas, podemos utilizar ambas as técnicas de dissecção, em um único procedimento! Os que foram destacados acima, são as formas mais comum, de acordo com a abordagem selecionada pelo cirurgião. Para que a cirurgia seja feita de forma segura, e evitando erros, foi criado o protocolo sages, que consiste em: • Identificação segura do ducto cístico e da artéria cística -> quando é feita a exposição adequada do triangulo de callot (ducto cístico, ducto hepático comum e borda inferior do fígado), sendo que duas estruturas devem ser localizadas e clampadas (artéria cística -> conteúdo do trígono; ducto cístico -> limite lateral); • Compreender a frequência de variações anatômicas das vias biliares; • Não hesitar em fazer colangiografia preparatória em caso de dúvidas -> contrasta a vesícula, com iodo 25% a 30%, para observar se tem lesão (para ser tratada de maneira precoce), variações anatômicas, coledocolitíase e estenoses; • Executar o “time out” antes da secção definitiva das estruturas do pedículo da vesícula biliar -> certeza de que clampou as vias corretas/do que se observa; • Mudar a estratégia quando a dissecção está difícil e próxima a áreas de risco -> lembre-se, para que se evite complicações posteriores, pode ser necessário Faculdade Ciências Médicas MG // Técnicas Operatórias Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) – 72D abrir o paciente, no lugar de prosseguir por vídeo (lesão muito inflamada e com muita presença de aderências); • Pedir ajuda a um cirurgião mais experiente em vias biliares, caso necessário. COMPLICAÇÕES DO PROCEDIMENTO: As complicações mais comuns são relacionadas às vias de acesso, sendo elas: LAPAROTOMIA: Hérnias incisionais, infecção da ferida operatória, hematoma, dor, comprometimento estético e internação prolongada; LAPAROSCOPIA: menor morbidade, sendo as complicações relacionadas ao pneumoperitônio -> embolia gasosa, instabilidade hemodinâmica, trauma vascular, hipotermia e perfuração visceral. Entre as complicações relacionadas à própria colecistectomia temos: • Sangramento em leito hepático/hemoperitônio -> momento em que a vesícula descola do leito hepático, podendo gerar sangramento (uso do eletrocautério evita esse sangramento); • Fístula biliar -> coleoeritônio, por extravasamento da bile; • Lesão de via biliar -> temos uma classificação denominada “Classificação de Bismuth”, que informa onde se encontra a lesão da via; ***Atenção, lesão de via biliar é grave, e possui alta morbimortalidade -> em pacientes jovens, temos redução da expectativa de vida do paciente em caso de lesão de via, e por isso a técnica deve ser sempre feita por médicos experientes, a abordagem deve ser variada em cada caso, a depender do tamanho, local e gravidade de cada caso. Usualmente é necessária a realização de operações extensas para concertar esse tipo de lesão. Estenose de via biliar. As relacionadas à clínica do paciente temos: • Íleo/vômitos; • Atelectasia/pneumonia; • TEV -> trombo-embolismo venoso, que é raro na laparoscopia, pois o paciente já é liberado para deambular no leito, levando a menor estase sanguínea e menor chance de formar trombos. COLECISTOSTOMIA: Procedimento de drenagem de vesícula, realizado, normalmente para estabilizar pacientes antes de operarem (feito em pacientes com sintomas de inflamação e outros, relacionados às vias biliares). Esse procedimento pode ser permanente (cuidados paliativos, ou casos inoperáveis, como de pacientes com tumor grave de via biliar) ou temporário (estabilizar pacientes graves, para posterior operação). Além disso, sua via de acesso pode ser laparotômica ou percutânea (trans-hepática ou transepitelial) -> podem ser feitos com anestesia local, à beira leito.
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