Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Farmacologia Geral 05-09-18 e 12-09-18 Biotransformação - Processamento de substâncias que altera sua polaridade, a fim de facilitar o processo de eliminação. Metabolismo eliminador - A polaridade da molécula do fármaco é aumentada para que as substâncias fiquem retidas nos capilares glomerulares e assim não sejam reabsorvidas, mas eliminadas pela urina. Metabolismo ativador - Ocorre antes do efeito farmacológico. ↳ Pró-fármacos são substâncias que são administradas inativas e, através do metabolismo ativador são ativadas para poderem fazer seu efeito. • Mecanismo de reabsorção e excreção renal 1) Secreção tubular ativa - A partir de transportadores, substâncias são colocadas para dentro ou fora dos capilares. - No pH da urina, substâncias ácidas estão em sua maior parte ionizados, com carga negativa (passam por transportadores de ânions) e as bases em sua maior parte estão na forma não ionizada, com carga positiva (passam por transportadores de cátions). - A alcalinização do organismo compromete o sistema acima. 2 2) Eliminação de fármacos hidro x lipossolúveis Substâncias polares - Substâncias administradas na forma polar (hidrossolúveis), apresentam dificuldade na distribuição (lembrando que é necessária certa lipofilicidade para que a substância passe pelas membranas celulares), por isso são fármacos geralmente administrados para efeito local. - Possuem eliminação eficiente independentemente do metabolismo. - Tendem a ter uma segurança terapêutica maior pela fácil eliminação, o que diminui os riscos tóxicos que a quantidade reabsorvida somada a nova dose causariam. Substâncias lipossolúveis - Não possuem características moleculares para sofrer metabolismo. - Por causa da apolaridade, sua maior parte é reabsorvida na filtração glomerular - Esse tipo de substância apresenta alto risco de toxicidade, com alta possibilidade de que a quantidade reabsorvida seja somada a nova dose e cause reações tóxicas. ↳ Se um indivíduo tem insuficiência renal, há menos eliminação ainda da substância, portanto há muito mais risco de toxicidade. Substância lipossolúveis somadas a metabolismo lento - Substâncias lipossolúveis que passam por metabolismo para aumentar sua polaridade. - Quando o indivíduo possui metabolismo lento, a metabolização pode não ocorrer em uma porção das moléculas, fazendo com que haja porções da substância na forma polar e apolar. - A porcentagem apolar pode ser reabsorvida. Substâncias lipossolúveis somadas a metabolismo rápido - Quando o indivíduo possui metabolismo rápido, as substâncias a serem metabolizadas transformam- se quase totalmente em polar e por isso são muito bem eliminadas. ↳ Se o paciente não possui bom funcionamento do fígado, esse tipo 3 de fármaco é perigoso, pois haverá uma sobrecarga hepática que pode levar a uma hepatite medicamentosa. • Fases da transformação 1) Fase I – Fase de modificação - Ocorre com substâncias que não possuem grupos reativos, como hidrocarbonetos, por exemplo. - É criado um ponto reativo na molécula. 1.1) Citocromo P 450 - Esse complexo de enzimas é o principal complexo que atua na fase 1. ↳ Cerca de 97% das substâncias ativas passa por uma enzima desse complexo. - A CYP3A4 é a sua isoforma mais abundante, e está presente nos retículos lisos dos hepatócitos. - Têm a capacidade de aumentar a polaridade de substâncias por oxidação, redução ou hidrólise. - Essas enzimas não são específicas, por isso, podem causar interação medicamentosa, quando dois fármacos metabolizados pela mesma enzima são administrados juntos. ↳ Neste caso um deles pode ficar na desvantagem, sendo o outro mais metabolizado. 1.1.1) Regulação Inibição competitiva - Duas substâncias são substratos da mesma isoforma de enzimas, então quem possuir maior afinidade será mais metabolizada e a de menor afinidade ficará acumulada. - O problema é resolvido administrando as duas substâncias em horários diferentes. Inibição indireta - Um substância que não é substrato da enzima age inibindo sua atividade. Inibição suicida - O metabólito gerado pela ação da enzima é capaz de inibi-la, o que provoca acúmulo da substância inicial. 4 1.2) Outras reações de Fase I – não são feitas pela CYP450 Microssomais - CYP450 monooxigenases; - Flavina monooxigenases. Não microssomais - Álcool deidrogenase; - Aldeído deidrogenase; - Monoamina e Diamina oxidases; Ambos - Esterases e amidases; - Prostaglandina sintases; - Peroxidases. 2) Fase II – Fase de conjugação - A molécula do fármaco é conjugada com substâncias do próprio organismo para aumentar sua polaridade. ↳ É necessário conhecer a dieta do paciente, pois substâncias da dieta influenciam nesta conjugação. Constante de Mickaelis - Segundo o gráfico Mickaeliano, o aumento do substrato de uma enzima faz com que sua atividade e velocidade também aumentem. - O ponto máximo, chamado de Vmáx, ocorre quando os sítios ativos estão saturados de substrato (é apenas uma representação, pois a saturação total nunca ocorre na biologia). - O KM (constante de Mickaelis) é a metade da Vmax e é usado para medir a afinidades da enzima pelo seu substrato. - O ciclo catalítico ou ciclo de turnover significa quantas vezes em um determinado tempo uma enzima quebra um substrato e se liga a outro. - Quanto menor o valor de KM, mais rápido se atinge a metade da Vmax, portanto, maior afinidade da enzima. - Quanto maior o valor de KM, maior a demora para se atingir a metade da Vmax, portanto, menor a afinidade da enzima pelo seu substrato. - Kcat é a eficiência catalítica, que é a razão entre a Vmax e o KM. - Por esse parâmetro podemos dizer se uma enzima é boa ou não. 5 2.1) Glicuronidação - Realizadas pela UDP-glicuronosil- transferases (UGT), são reações de altíssimos KM e Vmax, portanto a enzima possui baixa afinidade pelo substrato e a velocidade máxima só é alcançada em concentrações muito altas de substrato. - É necessário que altas concentrações do fármaco cheguem até a enzima para que ela comece a trabalhar e esta concentração mínima para início de atividade pode já ser tóxica. - Com duas ou mais substâncias metabolizadas na fase II pelas UGTs, é mais metabolizada a substância com o KM mais baixo (maior afinidade), o que faz com que a de KM mais alto (menor afinidade) fique acumulada. 2.2) Sulfatação - Feitas pelas sulfotransferases. - O KM é baixo (maior afinidade), portanto a enzima se liga ao substrato em concentração baixa, mas sua velocidade máxima também é muito baixa. - Quem doa o enxofre para a reação são os aminoácidos cisteína e metionina, portanto esses devem fazer parte da dieta do indivíduo. ↳ Se o paciente possui baixa quantidade desses aminoácidos, ocorre menos sulfatação. 2.3) Acetilação - Doação pela acetil-CoA. - Pessoas podem possuir polimorfismos nas enzimas de acetilação e por isso serem acetiladores lentos. ↳ Com isso, doses baixas de substâncias metabolizadas por acetilação podem já ser tóxicas para esse indivíduo, pois a lentidão na metabolização causará um acúmulo da substância não metabolizada. 2.4) Metilação - Feita pela S-adenosil-metionina ou SAM e adiciona uma metila na molécula. - A adenosina é utilizada nesse processo e esta pode ser ingerida ou sintetizada no organismo. 2.5) Aminoacilação - Reação rara que consiste na conjugação com aminoácidos, 6 principalmente glicina, glutamina e taurina, que conferem polaridade à molécula do fármaco original. ↳ Estes são aminoácidos essenciais, então é necessária sua ingestão na dieta. - Em pH 7, aminoácidos estão geralmente carregados com carga negativa, portanto estão mais polares. Conjugar essas moléculas com uma molécula de fármaco, confere o aumento da polaridade desse fármaco. 2.6) Glutationilação- A glutationa é formada por glutamina, cisteína e glicina. ↳ A cisteína possui um tiol que é utilizado para proteger nosso organismo de ações oxidativas. ↳ Radicais livres oxidarão a cisteína da glutationa, permitindo que a proteína fique ativa. 3) Fase III – Modificação posterior - É ativada quando são saturadas as enzimas das duas fases anteriores e ocorre por oxirredução. Paracetamol - O paracetamol (acetaminofeno) é polar e é processado na fase II tanto pelas UGTs (formando glicuronídeo) como pelas sulfotransferases (formando derivado sulfonado ou sulfatado). - Quando o paracetamol é tomado de 4 em 4 horas, essa dose não consegue ser metabolizada por essas enzimas de fase II e o fármaco se acumula na forma original. Com esse acúmulo, é alcançado o KM das CYP450. - A transformação pela CYP450 gera um intermediário tóxico ao fígado, que pode causar hepatite. - A glutationa, sendo antioxidante, atua sobre esse intermediário, conjugando-se com ele e fazendo com que ele seja eliminado. ↳ Sem ou com pouca glutationa, o intermediário pode causar morte do hepatócito. - Por isso, a acetilcisteína é antídoto do paracetamol, pois a glutationa está presente nele. ↳ A cisteína é polar, e é rapidamente convertida em glutationa. 7 Recirculação entero-hepática - Nossa microbiota intestinal é importante para a ação farmacológica, pois em nosso intestino bactérias produzem glicuronidases, enzimas que quebram ácidos glicurônicos. - Isso faz com que fármacos que passem pelo intestino tenham seus ácidos glicurônicos quebrados e passem de polar para apolar. - Esse fenômeno já está contabilizado nos medicamentos, porém o perigo é se um medicamento que passa por essa recirculação for administrado junto com um antimicrobiano de amplo espectro (ou qualquer outra situação que diminua a flora intestinal). - Isso fará com que a recirculação já contabilizada não aconteça, fazendo com que a substância não recircule e seja mais eliminada, cortando a sua ação antes do previsto. • Fatores que podem interferir no metabolismo de uma substância Genéticos - Polimorfismos relacionados a expressão de enzimas. Propriedades Químicas do Fármaco - Polaridade, pKa... Via de Administração - Efeito de primeira passagem... Dieta - Disponibilidade de agentes conjugantes da metabolização. Posologia - Dose administrada do medicamento Idade - Correlação que existe entre expressão de enzimas hepáticas por idade. ↳ Jovens podem não ter a enzima madura, ou tê-la em baixa atividade. ↳ Já em idosos, a enzima pode estar perdendo atividade pelo processo de envelhecimento. Sexo - Enzimas podem possuir expressão dependente dos hormônios sexuais. Doenças - Problemas hepáticos e renais. 8 Espécie - Expressão diferente de enzimas em humanos e modelos animais. Ritmo circadiano - Regulação do metabolismo de acordo com as horas de atividade do indivíduo. - Insulina cortisol, adrenalina e hormônios tireoidianos são muito afetados pelo ritmo circadiano. • Cinética de biotransformação Concentração plasmática necessária é baixa - Sendo a concentração plasmática necessária baixa, diminuindo essa quantidade do Km na fórmula, teremos um número muito parecido com o Km, por isso, a soma Km + C é considerada apenas como o Km. - Dizemos que a enzima tem sua eficiência dependente da concentração. - Possui baixo risco de oferecer toxicidade, pois a enzima trabalha de acordo com o que é dado. Concentração plasmática necessária é alta - A concentração necessária é muito maior que o Km, e a soma Km + C é considerada apenas C. - Dizemos que a enzima trabalha sempre na sua atividade máxima, independente da dose. - Por isso, essas substâncias são altamente perigosas. - Aumentando a dose administrada, as enzimas não dão conta de metabolizar esse excesso e há um alto risco de intoxicação.
Compartilhar