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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA NA ESCOLA
 
 
1. CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: SERIES 
INICIAIS 4 
A Dimensão Lúdica Da Educação Física Escolar 6 
O Jogo na Escola 8 
 
2. A DANÇA NA ESCOLA 13 
O Esporte na Escola 16 
A Luta na Escola 18 
 
3. A GINÁSTICA NA ESCOLA 23 
A Recreação na Escola 26 
 
4. O CONHECIMENTO DO CORPO 30 
 
5. AS RELAÇÕES ENTRE AS CRIANÇAS, OS ADULTOS E O 
BRINCAR 35 
Didática da Educação Física 38 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 
 
 
 
 
 
 
4 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
1. CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: 
SERIES INICIAIS 
 
Para Etchepare, et al (2003, 
s/p) a escola, enquanto meio 
educacional, deve oferecer a 
oportunidade de uma ótima prática 
motora, pois ela é essencial e 
determinante no processo de 
desenvolvimento geral da criança. A 
atuação do professor 
principalmente nas séries iniciais 
deverá ser planejada e coerente. 
 Segundo Gallahue, Ozmun 
(2001) a escola, muitas vezes, é o 
espaço onde, pela primeira vez, as 
crianças vivem situações de grupo e 
não são mais o centro das atenções, 
sendo que as experiências vividas 
nesta fase darão base para um 
desenvolvimento saudável durante 
o resto de sua vida. Toda a prática 
pedagógica deve ser planejada e 
possuir objetivos claros. 
A Educação Física nas séries 
iniciais se constitui uma prática de 
grande importância para o 
desenvolvimento da criança e nesta 
fase tanto o professor quanto a 
escola devem conhecer claramente 
os objetivos e conteúdos a serem 
trabalhados. 
Coletivo de Autores (1992) 
 
 
5 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
defende que cada escola deve ter 
bem claro em seu projeto 
pedagógico que tipo de aluno quer 
formar, e também de que este 
questione a função social de cada 
disciplina no currículo. 
Os conteúdos devem buscar 
uma contribuição para a explicação 
da realidade de forma que o aluno 
possa refleti-la, já que, o 
conhecimento que temos na escola 
determina uma dimensão da 
realidade e não a sua totalidade que 
só se constrói no momento em que 
se articulam harmonicamente 
diversas áreas e disciplinas 
buscando um objetivo mútuo. Neste 
contexto os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (1997) 
foram criados para colaborar para 
que escolas e professores traçassem 
seus objetivos de maneira mais 
clara e coerente com a fase de 
desenvolvimento dos alunos e 
segundo eles cada escola deve 
possuir o seu próprio projeto 
pedagógico e este deve ser adaptado 
a realidade em que a mesma está 
inserida. 
Ainda segundo estes 
Parâmetros a Educação Física nas 
séries iniciais deve-se buscar o 
desenvolvimento dos conteúdos 
através de brincadeiras que com o 
tempo devem possuir regras mais 
complexas. (ETCHEPARE, ET AL, 
2003, s/p). Ainda de acordo com 
Etchepare (2003, s/p) a proposta 
pedagógica da escola deve ser 
norteadora do processo de ensino e 
metodológico da escola. 
Para Zabala (1998), por trás de 
qualquer proposta metodológica se 
esconde uma concepção do valor 
que se atribui ao ensino, assim 
como certas ideias mais ou menos 
formalizadas e explícitas em relação 
aos processos de ensinar e 
aprender. 
A função fundamental que a 
sociedade atribui à educação tem 
sido a de selecionar os melhores em 
relação à sua capacidade para seguir 
uma carreira universitária ou para 
obter qualquer outro título de 
prestígio reconhecido, 
subvalorizando, deste modo, o valor 
formativo dos processos que os 
meninos e as meninas seguem ao 
longo da escolarização. 
A discussão sobre o 
planejamento educacional aparece 
em sua verdadeira dimensão, como 
um problema fundamentalmente 
político. Coll (1994) destaca que 
professores, estudantes e grupos 
sociais convencidos do valor da 
educação, apesar de todo tipo de 
obstáculos, continuarão abrindo 
novas brechas, desenvolvendo 
práticas educacionais mais 
democráticas, nas quais garotos e 
 
 
6 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
garotas pertencentes a grupos 
sociais não hegemônicos não serão 
discriminados. Para Turra, et al 
(1985) um modo de determinar os 
objetivos ou finalidade da educação 
consiste em fazê-lo em relação às 
capacidades que se pretende 
desenvolver nos alunos, e para isto 
existem várias formas de classificar 
as capacidades do ser humano. 
Saviani (1985), justifica que em 
relação a educação os problemas 
sociais e educacionais são vistos 
como técnicas ineficazes da 
administração de recursos 
humanos e financeiros. A elite 
dominante fez com que se acredite 
que a solução para todos os males 
da educação, são reformas em 
métodos e conteúdos curriculares. 
A solução política, apresentada, 
aparece como técnica e surge então 
a ideia de privatização. 
(ETCHEPARE, ET AL, 2003, s/p) 
Concluindo Etchepare, et al 
(2003, s/p) afirma que desta forma 
é importante saber de que forma as 
propostas pedagógicas estão sendo 
seguidas, pela dificuldade que 
passam as escolas, principalmente 
as públicas, onde as aulas são 
ministradas muitas vezes em 
condições muito difíceis e até 
mesmo precárias, considerando que 
a maioria das nossas escolas não 
possui quadras cobertas nem salas 
vagas para aulas teóricas de 
Educação Física. Porém não se pode 
negar o direito dos alunos 
vivenciarem certas atividades, 
mesmo porque muitos não terão 
mais esta oportunidade em outros 
períodos escolares ou fora da escola. 
(...) 
 
A Dimensão Lúdica Da 
Educação Física Escolar 
De acordo com Santos, Kocian 
(2006, s/p) o lúdico é 
eminentemente educativo no 
sentido em que constitui meios para 
desenvolver a curiosidade e o 
princípio de toda descoberta. 
 Apresenta valores específicos 
para todas as fases da vida humana, 
assim na idade infantil e na 
adolescência a finalidade é 
essencialmente pedagógica. A 
criança opõe uma resistência ao 
ensino, porque acima de tudo ela 
pode deixar de ser lúdica. 
Referimos-nos aos conteúdos 
observados em aulas de Educação 
Física Infantil que por muitas vezes, 
na prática, negam todos universos 
da cultura corporal, do lúdico, dos 
jogos e brincadeiras. 
É um grande equívoco reduzir 
todas as possibilidades deste 
universo da Educação Física 
Infantil à prática de atividades 
 
 
7 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
esportivas e ao número reduzido de 
temas e propostas por parte dos 
Professores. Segundo Schwartz 
(2002), a criança é automotivada 
para qualquer prática, 
principalmente a lúdica, sendo que 
tendem a notar a importância de 
atividades para o seu 
desenvolvimento, assim sendo, 
favorece a procura pelo retorno e 
pela manutenção de determinadas 
atividades. A criança não se importa 
se está indo bem ou mal em uma 
atividade, o que importa para ela é 
saber se está tendo prazer ou não 
em determinada atividade. 
 Os conteúdos relacionados 
ao universo esportivo predominam 
na cultura da Educação Física, 
sendo a criança condicionada desde 
as primeiras séries do ensino 
fundamental a associarem aulas de 
Educação Física com jogos de 
futebol, vôlei e queimada. Sabemos 
que o esporte se tornou hegemônico 
nos conteúdos de Educação Física 
escolar (BETTI, 1995). 
 É válido também salientar a 
dimensão do esporte espetáculo e 
suas consequências e influências 
divulgadas através dos meios de 
comunicação de massa, 
principalmente no Brasil, o futebol, 
possa estar sendo usado como 
conteúdo principal nas aulas de 
Educação Física nos ciclos I e II. (...) 
A Educação Física tem como um de 
seus objetivos o estudo do corpo em 
movimento, seus limites e desafios. 
Entretanto sua importância se deve 
também ao desenvolvimento 
integral do aluno, que descobrirá 
seus limites e os diferentes modos 
de executar seus movimentos 
físicos, desenvolver sua criatividade 
e compreender conceitualmente as 
atividades corporais produzidas 
pelos seres humanos ao longode 
sua história cultural, com liberdade 
de expressão de seus sentimentos. 
“É difícil imaginar uma 
atividade humana que não seja 
culturalmente produzida pelo 
homem, assim como é difícil 
imaginar uma atividade 
cultural manifesta que não seja 
corpora.” (RESENDE, 
SOARES, 1995, p. 11, apud 
SANTOS, KOCIAN, 2006, s/p) 
Assim, segundo Santos, Kocian 
(2006, s/p) esta disciplina deve 
proporcionar ao aluno diferentes 
práticas corporais, desenvolver a 
sociabilização, respeitar 
características próprias e dos outros 
indivíduos do grupo, adotando 
atitudes de respeito, dignidade e 
solidariedade, conhecendo, 
valorizando, respeitando e 
desfrutando da cultura corporal, 
adotando hábitos saudáveis de 
higiene, educação alimentar, para 
assim solucionar problemas de 
ordem corporal, conhecendo a 
diversidade de padrões de saúde, 
 
 
8 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
beleza e estética, reconhecendo-as 
como uma necessidade básica do 
ser humano e um direito do 
cidadão. (BRASIL, 1997, apud 
SANTOS, KOCIAN, 2006, s/p) 
Desta forma podemos sugerir 
àqueles que lecionam a disciplina de 
Educação Física escolar, a 
realização de uma metodologia que 
estimule o aluno em todas as esferas 
de seu comportamento humano 
(motora, cognitiva, afetiva e social) 
e não somente a motora, como se 
observa atualmente, e possibilitar à 
criança inúmeras possibilidades e 
vivências descritas nos PCNs. 
Estudar, conhecer e reconhecer 
o que devemos possibilitar para 
cada aluno e o que cada um pode 
potencialmente realizar e em quais 
condições pode apresentar um nível 
de desenvolvimento que lhe 
permita realizar múltiplas 
atividades, adequando de forma 
prática e eficaz, para que assim 
possamos contribuir dentro da 
Educação Física escolar, para o 
avanço do processo do 
desenvolvimento pleno da criança. 
Os PCNs constituem um referencial 
para fomentar a reflexão sobre 
planejamentos pedagógicos 
estaduais e municipais na coerência 
das políticas de melhoria da 
qualidade de ensino (SANTOS, 
LORENZETTO, 1999). 
 Muito distante da divulgação 
dos PCNs, Rosado (1998) afirmava 
que a Educação Física tinha plena 
competência para trabalhar 
atitudes positivas como a ética, o 
desenvolvimento moral, pessoal e 
social, a discriminação social e 
racial, entre outras. Isso muito se 
assemelha aos nossos temas 
transversais citados nos PCNs 
(1997). Ainda citando Rosado 
(1998) isso tudo pode e deve ser 
tratado como oportunidades que a 
Educação Física pode oferecer. (...) 
(SANTOS, KOCIAN, 2006, s/p) 
 
O Jogo na Escola 
 Para Galvão (1996, p. 117) “(...) 
a escola, como instituição, 
parece não ter absorvido a 
Educação Física e o esporte em 
seus objetivos de formação de 
um homem livre, que se 
conhece, se experimenta, se 
vence, respeita o direito dos 
outros e se mantém consciente 
de seus valores e 
responsabilidade. ” 
(FERREIRA, 1994, p. 21) 
A Educação Física Escolar tem 
se ocupado muito com o fazer, o 
executar, o ser capaz de e tem se 
esquecido dos princípios e 
finalidades que regem a Educação 
Física. Ela é ainda na escola uma 
disciplina meramente prática que 
reforça a imagem dualista do 
homem. A mesma se ocupa do 
corpo do aluno enquanto as demais 
 
 
9 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
disciplinas ficam com a mente. 
Nesse sentido e com essa 
preocupação, estudiosos da área 
vêm tentando mudar a posição 
alienada em que se encontra a 
Educação Física, buscando sua 
identidade, elaborando teorias e 
concepções, com a intenção de 
inseri-la realmente dentro do 
contexto escolar. Assim, sendo 
incluída efetivamente como 
componente do currículo, a 
Educação Física, deixa de ser 
apenas instrução física e passa a 
assumir um papel mais efetivo no 
processo de desenvolvimento e 
formação do indivíduo através de 
sua especialidade: o do ensino, o da 
construção do conhecimento, 
através do movimento humano 
(SOUZA NETO, 1992, apud 
GALVÃO, 1996, p. 117). 
Os profissionais acima citados 
preocupam-se com a concretização 
de uma fundamentação mais 
científica para a disciplina e 
incorporam referências de 
sociologia, psicologia e pedagogia, 
com o objetivo da formação integral 
do ser humano. Dentre as propostas 
surgidas citaremos: a Abordagem 
Sistêmica, a CríticoSuperadora e a 
Construtivista. Para a abordagem 
Sistêmica, de acordo com Betti 
(1992, p. 85) a Educação Física tem 
a “função pedagógica de integrar e 
introduzir o aluno de 1° e 2° graus 
(fundamental e médio) no mundo 
da cultura física, formando o 
cidadão que vai usufruir, partilhar, 
produzir, reproduzir e transformar 
as formas culturais da atividade 
física (...).” 
Já a abordagem Crítico-
Superadora da Educação Física visa 
a conscientização das pessoas 
diante das injustiças da divisão das 
classes sociais. Os defensores dessa 
linha referem-se à elaboração de um 
projeto político pedagógico, o qual 
tem a intenção de refletir sobre a 
ação dos homens na realidade 
através da educação (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
A Abordagem Construtivista da 
Educação Física, tem Freire (1989) 
como seu maior divulgador, e esse 
se encontra fortemente baseado em 
Piaget. Para esse autor quando a 
criança chega na escola, ela já 
possui vários conhecimentos 
adquiridos, inclusive o corporal. Ela 
sabe correr, arremessar, chutar, etc. 
Assim como deve fazer com outras 
disciplinas, a escola - no caso a 
Educação Física, deve ensinar a 
criança a fazer um bom uso desse 
conhecimento corporal e mais do 
que isso deve ampliar e aperfeiçoar 
esses movimentos de forma que 
aprenda a fazer uso coletivo dessas 
habilidades. 
 
 
10 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
O aluno deve conhecer melhor 
o próprio corpo para tomar 
conhecimento, respeitar e conviver 
com o corpo do outro (REVISTA 
NOVA ESCOLA, 1990, apud 
GALVÃO, 1996, p. 117). 
O jogo é, segundo Galvão 
(1996, p. 117), o elemento mais 
adequado e o que melhor atende as 
necessidades de transformação da 
Educação Física dentro da escola, 
porém as formas tradicionais de 
ensino não têm dado a devida 
importância para o jogo como 
afirma Piaget (apud Freire, 1989, p. 
115): “O jogo é um caso típico das 
condutas negligenciadas pela escola 
tradicional, dado o fato de 
parecerem destituídas de 
significado funcional. 
Para a pedagogia corrente, é 
apenas um descanso ou o desgaste 
de um excedente de energia. Mas 
esta visão simplista não explica nem 
a importância que as crianças 
atribuem aos seus jogos e muito 
menos a forma constante de que se 
revestem os jogos infantis, 
simbolismo ou ficção, por exemplo. 
” Betti (1991, p. 165) afirma ser o 
jogo um dos elementos da cultura 
corporal ou cultura física e cita 
Csikszentmihalyi que o considera 
de grande importância para o 
indivíduo, pois “(...) ao jogar, o 
homem está relativamente livre da 
tirania das necessidades”, portanto 
livre de pressões ambientais, já que 
jogar é um ato relativamente 
espontâneo do organismo; além do 
que, para esse autor as pessoas são 
mais humanas, integrais, livres e 
criativas quando jogam. Piaget 
(apud Carneiro, 1995), faz a 
seguinte classificação de jogo: 
 Jogo do Exercício: inicia-
se durante os primeiros meses de 
existência, a criança repete 
movimentos por puro prazer, sem 
qualquer outra finalidade. 
 Jogo Simbólico: inicia-se 
durante o segundo ano de vida, 
implica na representação de um 
objeto, de um conflito, de um desejo 
que não foi realizado. É o jogo do faz 
de conta. 
 Jogo com Regras: inicia-se 
dos 4 aos 7 anos de idade e subsiste 
na idade adulta e desenvolve-se 
mesmo durante toda a vida (jogo 
social, esportes, jogos de cartas, etc). 
“As regras de acordo com 
Galvão (1996, p. 108) indicam 
que as coisas não estão 
prontas, acabadas, mas devem 
ser descobertas e os obstáculos 
vencidos, e issoestimula a 
investigação, a análise e o 
estabelecimento de relações” 
(CARNEIRO, 1995, p. 59). 
Segundo Freire (1989), a 
aquisição de uma nova forma de 
 
 
11 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
jogo - segundo o princípio de Piaget 
- não exclui a outra, no jogo de 
regras, apesar de parecer uma 
atividade séria, ela não escapa às 
fantasias e “aos voos da 
imaginação” e quanto à atividade 
sensório motora do jogo com regras, 
fica visível na própria atividade. Na 
nossa concepção e para esse 
trabalho, o jogo com regras fica 
evidenciado, como o de maior 
importância. Toda criança brinca, 
toda criança joga; é sua 
característica a atividade motora 
intensa e o faz de conta constante. 
Essas frases são comuns à maioria 
dos livros que se referem à criança e 
ao seu comportamento. Mas será 
que a escola utiliza-se desses 
recursos? 
- Autonomia em questão: Para 
Galvão (1996, p. 118) a autonomia, 
segundo Kamii (1988), significa ser 
governado por si próprio, ela não é 
a mesma coisa que a liberdade 
completa; “significa levar em 
consideração os fatores relevantes 
para decidir agir da melhor forma 
para todos”. Em nossa opinião, 
levar as pessoas à autonomia 
deveria ser uma das principais 
metas da educação e o jogo 
apareceria, então, como um dos 
mais apropriados meios para se 
conduzir a essa autonomia, pois 
através dele é possível formar 
sujeitos capazes de cooperar, de 
questionar, criticar e transformar. 
Portanto, o jogo em nossa 
visão, tem o papel na Educação 
Física Escolar, de ir além do 
“simples ato de ensinar e aprender”; 
a intenção é a construção do 
conhecimento, onde, o que importa 
é o descobrir, o inventar e o criar, é 
tanto “o que fazer” quanto o “como 
e porque fazer”. Não importando, 
nesse sentido, somente a explicação 
da ação, essa deve estar 
interiorizada, compreendida, 
conhecida, com significados, com 
sentido. (GALVÃO, 1996, p. 119) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
2. A DANÇA NA ESCOLA 
O que é dança? Para Collier 
(2005, s/p) a dança apesar de sua 
origem popular e rotineira é 
considerada Arte, sendo a mais 
antiga manifestação artística criada 
pelo homem. No resgate da história 
da dança constatamos que as 
manifestações dançadas (rituais e 
cultos primitivos) antecedem às 
formas de comunicação verbal, ou 
seja, em sua evolução. 
“o ser humano dançou antes de 
falar. Esta foi sua primeira 
manifestação social que 
sempre serviu para auxiliá-lo a 
afirmar-se como membro da 
sociedade.” (FAHLBUSCH, 
1990, p. 1, apud BREGOLATO, 
1994, p. 57) 
A dança nas escolas costuma se 
limitar às festividades, eventos 
comemorativos e culminâncias. 
Nestas ocasiões, a professora 
prepara uma coreografia para as 
alunas apresentarem, escolhe 
aquelas que têm a melhor 
performance e no dia da festa o 
“show” acontece. 
Algumas vezes a música 
escolhida já remete a uma 
coreografia pronta, veiculada pela 
mídia. Esta coreografia é imitada 
mecanicamente pelas alunas, que 
pretensamente dançam bem. Desta 
forma a dança realmente não se 
enquadra na Educação Física 
Escolar que pretende ser inclusiva e 
 
 14 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
objetiva a formação do cidadão 
crítico e autônomo. Outro fator que 
influi de forma decisiva é o 
preconceito contra o homem na 
dança, difundido pela sociedade de 
forma generalizada. Raramente os 
meninos participam das 
apresentações de dança na escola. 
(...) (COLLIER, 2005, s/p) 
De acordo com Collier (2005, 
s/p) é nítida a resistência inicial em 
participar das atividades propostas 
que envolvam a dança, às vezes por 
medo, vergonha ou preconceito. 
Vencida a resistência é notória a 
dificuldade em usar o seu poder 
criativo, a sua autonomia, 
capacidade de decisão, fatores 
desenvolvidos nas atividades que se 
utilizam da dança. Para Dieckert 
(1980, apud Haselbach, 1988 p. 5) a 
dança não deve ser ensinada como 
disciplina específica, mas como 
recurso que auxilia na formação da 
personalidade e desta forma ela não 
é só um atributo do campo do 
conhecimento específico, mas faz 
parte do campo emocional, 
comunicativo, criativo e cognitivo. 
O que diferencia esta proposta 
de trabalho de outras que também 
envolvem a dança, é a forma de 
abordagem. Se começarmos a 
resgatar a dança enquanto 
movimento natural do ser humano, 
estaremos contribuindo para este
processo. Dentro desta perspectiva, 
vale ressaltar que este resgate não é 
importante somente pelo aspecto de 
dinamizar ou variar as aulas de 
Educação Física Escolar. A 
importância maior reside em suas 
consideráveis contribuições para a 
formação do cidadão autônomo, 
responsável, crítico e com espírito 
democrático. 
São inúmeras as possibilidades 
de atividades que utilizam a dança, 
a expressão corporal e a música em 
seus procedimentos: 
 Brincadeiras com palmas, 
batidas de pés ou em diferentes 
partes do corpo. Batidas em 
instrumentos de percussão 
(pandeiros, coquinhos, atabaque, 
etc.) ou alternativos (jornal, 
plástico, bastões, etc.) com ou sem 
movimentação paralela, evitando 
sempre a imposição de ritmos, o que 
favorece a inibição e dificulta a 
criatividade; 
 Movimentação corporal 
iniciando por partes isoladas do 
corpo até chegar ao movimento do 
corpo como um todo; 
 Caminhada, corrida ou 
saltitamento, iniciando com 
movimentos naturais e rotineiros a 
fim de permitir que os alunos 
vençam os preconceitos e a inibição 
 
 15 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
pretendendo a evolução desses 
movimentos; 
 Brincadeiras como piques, 
corridas ou jogos que com largada e 
chegada ou início e fim 
determinados, utilizando a música 
como comando (início e fim). Com 
isso o aluno acaba começando a 
dançar sem sentir enquanto está 
brincando; 
 Jogos de imitação 
(pantomima) e mímica simulando 
objetos, sentimentos ou situações 
concretas; contando histórias ou a 
partir de sugestão musical. Sem 
comunicação verbal, somente pela 
expressão corporal. Este tipo de 
atividade pode ou não ter 
acompanhamento musical; 
 Organização de sequências 
coreográficas com a participação dos 
alunos respeitando suas limitações; 
 Movimentação livre com 
utilização de diferentes tipos de 
objetos. 
 Ainda de acordo com Collier 
(2005, s/p) as atividades devem ser 
propostas como tarefas ou desafios, 
possibilitando a criação individual 
ou do grupo na solução dos 
problemas. Dieckert (1980, p. 5) 
sugere: “Os estímulos são dados 
através da apresentação de tarefas 
para o desdobramento de 
criatividade e expressão individual.” 
 Os movimentos são 
improvisados, criados na hora 
individualmente ou em grupo. De 
acordo com Haselbach (1988, p. 7) 
o ato de improvisar prevê a 
execução de algo sob condições não 
planejadas previamente; dando 
uma forma espontânea e 
adaptando-se às dificuldades; é o 
ponto de partida para uma 
mudança individual ou composição 
concreta. A criatividade é o 
fundamento mais importante desta 
proposta de trabalho é a forma de 
conhecermos as ideias do aluno, 
deixar ele se expressar através dos 
seus movimentos, é um exercício de 
cidadania. 
A partir disto os grupos 
exercitam o respeito entre seus 
componentes, a capacidade de 
organização e escolha que 
colaboram com a formação do 
espírito democrático. É importante 
ressaltar também que a atividade 
criativa desperta no aluno também 
o sentimento de propriedade, um 
 
 16 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
orgulho, um carinho por aquele 
movimento ou sequência 
coreográfica que ele ou o grupo 
criou, não importando a qualidade 
técnica da mesma. É também uma 
forma de mostrar que o aluno é 
capaz de produzir, o que, sem 
dúvida, eleva a sua autoestima. 
Paralelo a isto, para Collier 
(2005, s/p) é nítida a necessidade 
dereflexão para a realização destas 
tarefas. O raciocínio lógico é 
imprescindível para atrelar o 
movimento corporal a um ritmo 
musical ou batida rítmica, e ainda 
para organizar a movimentação 
dentro de um determinado espaço. 
A capacidade de abstração é 
explorada, pois se faz necessário 
imaginar “como vai ficar a 
coreografia?”, e a memória também 
pela necessidade de “guardar” os 
passos para repeti-los depois. As 
atividades que envolvem mímica 
(pantomima) também são ótimos 
recursos desta proposta de 
trabalho, pois exercitam a 
capacidade de comunicação e 
reflexão criativa para a resolução de 
problemas. (COLLIER, 2005, s/p) 
 
O Esporte na Escola 
Menezes, et al, (2007, p. 96) 
afirmam que com o 
desenvolvimento do esporte, 
ajudado pelo mundo virtual da 
mídia, principalmente pela 
televisão, criam-se expectativas e 
necessidades de consumo e gera 
padrões de conduta, trazendo 
pronta a sua própria interpretação 
da realidade, não dando margem 
nem tempo para que o indivíduo o 
faça. 
Desta forma, privilegia o 
esporte espetáculo como resultado 
de tal ato, os alunos acabam levando 
para escola, mais precisamente para 
as aulas de Educação Física, este 
modelo de atividade. Conforme 
Coletivo de Autores (1992, p. 54) a 
influência do esporte no sistema 
escolar é de tal magnitude que 
temos, então, não o esporte da 
escola, mas sim o esporte na escola. 
Isso indica a subordinação da 
educação física aos 
códigos/sentidos da instituição 
esportiva, caracterizando-se o 
esporte na escola como um 
prolongamento da instituição 
esportiva: esporte olímpico, sistema 
desportivo nacional e internacional. 
Esses códigos podem ser 
resumidos em: princípios de 
rendimento atlético/desportivo, 
competição, comparação de 
rendimento e recordes, 
regulamentação rígida, sucesso no 
esporte como sinônimo de vitória, 
racionalização de meios e técnicas 
etc. 
 
 17 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Já Tubino (1993) de acordo 
com Menezes, et al (2007, p. 96) 
afirma que o esporte-educação, 
também chamado de esporte 
educacional, não deve ser 
compreendido como uma extensão 
do esporte-performance para a 
escola. Ao contrário, em vez de 
reproduzir o esporte de 
rendimento, esta manifestação deve 
ser mais um processo educativo na 
formação dos jovens, uma 
preparação para o exercício da 
cidadania. 
O esporte-educação tem um 
caráter formativo, por isso, ele deve 
ser desenvolvido na infância e na 
adolescência, na escola e fora dela, 
com a participação de todos, 
evitando a seletividade e a 
competição acirrada. Read (1988, 
apud Pozzobon, Asquith, 1999, p. 
15), procura trabalhar 
separadamente a habilidade técnica 
escolhida, para introduzir 
posteriormente, em uma situação 
real de jogo. O referido modelo 
denomina-se de modelo isolado, 
por basear-se na execução repetida 
de habilidades técnicas específicas, 
sem se preocupar como engajá-las e 
manejá-las dentro das exigências do 
esporte, não estabelecendo 
conexões entre as demandas 
problemáticas e as habilidades 
específicas. 
 
Trata-se de um modelo 
limitado a transferir a 
aprendizagem técnica à situação 
contextual do jogo propriamente 
dito. (...) 
Ainda de acordo com Menezes, 
et al (2007, p. 97) “Esporte ou 
Desporto é toda atividade corporal 
consciente, lúdica, que envolve o 
confronto com algum adversário 
humano ou com o próprio 
indivíduo, de modo a alcançar 
objetivos no plano simbólico e 
concreto, tendo suas regras 
estabelecidas e reguladas por 
federações em nível mundial, 
comuns a todos os países, desde que 
não oprima, destrua ou perturbe 
qualquer elemento da natureza.” 
O esporte como um direito de 
todos, pode ser entendido 
atualmente pela abrangência das 
suas três manifestações: o esporte-
educação, o esporteparticipação, e o 
esporte-performance. Essas 
manifestações representam as 
dimensões sociais do esporte. 
(TUBINO, 1993, p.26). Segundo 
Abib (2000, apud MENEZES, ET 
AL, 2007, p. 97) “o desporto não 
possui nenhuma virtude mágica. 
Ele não é em si, nem socializante, 
nem antissocializante, ele é 
conforme o que e fizer dele”. 
Portanto para que possamos 
afirmar que o esporte educa é 
preciso uma interferência 
 
 18 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
pedagógica crítica e consciente por 
parte do professor de Educação 
física. 
Diante desta perspectiva, 
esporte é um contexto interativo 
adequado, já que permite a 
aquisição e interiorização de 
normas, regras e valores, talvez com 
uma maior facilidade que em outros 
contextos. Santos (2000) afirma 
que é através do esporte que as 
pessoas podem desenvolver a 
experiência de grupo, potencializar 
os mecanismos individuais de 
autocontrole e valorizar a 
estruturação das relações 
interpessoais. 
A prática desportiva 
continuada e bem dirigida pode 
permitir a aquisição de habilidades 
físicas e cognitivas, além da 
consecução de hábitos e valores 
para a vida social, contribui ainda, 
para a superação da resistência à 
frustração e aceitação de normas e 
tarefas de seu grupo social, respeito 
e a solidariedade comum com os 
outros. 
Portanto, o esporte pode, sem 
dúvida nenhuma, se tornar um 
excelente meio para que dentro de 
um processo educativo, contribua 
para a formação integral e crítica do 
ser humano. Formação essa que vai 
muito além do processo atlético
técnico-tático, mas uma formação 
que priorize valores como a 
cooperação, a participação, a 
solidariedade e a criatividade dos 
alunos que devem ser sujeitos desse 
processo e não meros objetos que 
apenas reproduzem movimentos 
dos tipos de atividades esportivas. 
(MENEZES, ET AL, 2007, p. 96) 
 
A Luta na Escola 
Para Ferreira (2006, p. 39) a 
prática da luta nas aulas de 
educação física deve ser 
considerada, estando inclusa no 
bloco de conteúdos da disciplina, 
exposto nos PCNs: os conteúdos 
estão organizados em três blocos, 
que deverão ser desenvolvidos ao 
longo de todo o ensino 
fundamental. A distribuição e o 
desenvolvimento dos conteúdos 
estão relacionados com o projeto 
pedagógico de cada escola e a 
especificidade de cada grupo. 
Assim, não se trata de uma 
estrutura estática ou inflexível, mas 
sim de uma forma de organizar o 
conjunto de conhecimentos 
abordados, segundo enfoques que 
podem ser dados: esportes, jogos 
lutas e ginástica; atividades rítmicas 
e corporais e conhecimentos sobre o 
corpo (BRASIL, 1988). 
Esta prática pode trazer 
 
 19 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
inúmeros benefícios ao usuário, 
destacando-se o desenvolvimento 
motor, o cognitivo e o afetivo-social. 
No aspecto motor, observamos o 
desenvolvimento da lateralidade, o 
controle do tônus muscular, a 
melhora do equilíbrio e da 
coordenação global, o 
aprimoramento da ideia de tempo e 
espaço, bem como da noção de 
corpo. No aspecto cognitivo, as lutas 
favorecem a percepção, o raciocínio, 
a formulação de estratégias e a 
atenção. No que se refere ao aspecto 
afetivo e social, pode-se observar 
em alunos alguns aspectos 
importantes, como a reação a 
determinadas atitudes, a postura 
social, a socialização, a 
perseverança, o respeito e a 
determinação. 
Ainda para Ferreira (2006, p. 
39) ao falarmos de lutas como um 
conteúdo da educação física, alguns 
podem pensar que se refere a uma 
das tendências da disciplina: a 
educação física militarista, que 
possui como objetivo a obtenção de 
uma juventude capaz de suportar o 
combate, a luta e a guerra 
(GHIRALDELLI JUNIOR, 1997). 
Esta tendência da educação física 
teve seu apogeu durante o período 
nazifascista. A inclusão das lutas na 
disciplina de educação física não é 
promover alunos-soldados, nem 
 
prepará-los para a guerra. 
 
Pretende-se oferecê-las, na 
escola, com o objetivo de 
proporcionar diversidade cultural e 
amplitude deatividades corporais. 
Reportando a Alves Junior (2001): 
a Educação Física passa a ser uma 
disciplina que vai tratar 
pedagogicamente de uma área de 
conhecimento denominada de 
„cultura corporal‟, configurada na 
forma de temas ou de atividades 
corporais. Devemos ter consciência 
que a atividade física das lutas não é 
nem nociva nem virtuosa em si, ela 
transforma-se segundo o contexto. 
A luta na universidade, na 
escola, ou em qualquer outro local, 
torna-se o que dela a fazemos, e a 
competição, acrescentaríamos, não 
é uma imposição deste esporte. 
Pierre Parlebas (1990) lembra que 
as lutas em geral são atividades 
esportivas com uma oposição 
presente, imediata, e que é o objeto 
da ação, existe uma situação de 
enfrentamento codificado com o 
corpo do oponente. Desta forma, 
mais do que lutar contra o outro, a 
educação física escolar deve ensinar 
a lutar com o outro, estimulando os 
alunos a aprenderem através da 
problematização dos conteúdos e da 
própria curiosidade dos alunos. 
(FERREIRA, 2006, p. 40) 
 
 20 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Nesse âmbito segundo Ferreira 
(2006, p. 40) é inquestionável o 
poder de fascinação que as lutas 
provocam nos alunos. Nos dias 
atuais, constata-se que o tema está 
em moda, seja em desenhos 
animados, em filmes ou em 
academias. Não é difícil encontrar 
crianças brincando de luta nos 
intervalos das aulas ou 
colecionando figurinhas dos heróis 
que lutam em seus desenhos 
animados. Os adolescentes 
compram revistas que se referem ao 
tema, adquirem livros de técnicas 
de luta e matriculam-se em 
academias para realizar a prática da 
luta. 
Portanto, as lutas devem fazer 
parte dos conteúdos a serem 
ministrados nas aulas de educação 
física, seja na educação infantil, 
ensino fundamental ou médio, 
ressaltando-se que as lutas não são 
somente as técnicas sistematizadas 
como Caratê e Judô. O braço de 
ferro, o cabo de guerra, as técnicas 
recreativas de empurrar, de puxar, 
de deslocar o parceiro do local, as 
lutas representativas como a luta do 
sapo (alunos agachados, um 
tentando derrubar o outro), a luta 
do saci (alunos de mãos dadas, 
somente com um pé no chão, 
tentando provocar o desequilíbrio 
do parceiro, forçando o colega a 
tocar com o pé que estava elevado 
no chão), são apenas alguns 
exemplos de como se trabalhar as 
lutas de forma estimulante e 
desafiadora na aula de educação 
física. 
Pode-se levar em visitas às 
escolas, especialistas, promovendo 
palestras, ministrando pequenos 
cursos ou fazendo demonstrações 
específicas. Os alunos podem visitar 
academias de lutas, assistir a filmes 
e documentários ou, ainda, realizar 
pesquisas sobre o tema. Não se pode 
esquecer que, no ensino médio, a 
filosofia das lutas, a prática 
competitiva das modalidades e o 
estudo dos clássicos de Sun Tzu e 
MiyamotoMusashi, poderiam 
motivar e afirmar o sentido das 
lutas como conteúdo. 
Além disso, conforme a revista 
do Conselho Federal de Educação 
Física (CONFEF, 2002): a prática 
da luta, em sua iniciação esportiva, 
apresenta valores que contribuem 
para o desenvolvimento pleno do 
cidadão. Identificado por médicos, 
psicólogos e outros profissionais, 
por sua natureza histórica 
apresentam um grande acervo 
 
 21 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
cultural. Além disso, analisada pela 
perspectiva da expressão corporal, 
seus movimentos resgatam 
princípios inerentes ao próprio 
sentido e papel da educação física 
na sociedade atual, ou seja, a 
promoção da saúde. Segundo os 
PCNs (Brasil, 1988), os objetivos da 
prática das lutas na escola, são: a 
compreensão por parte do 
educando do ato de lutar (por que 
lutar, com quem lutar, contra quem 
ou contra o que lutar; a 
compreensão e vivência de lutas no 
contexto escolar (lutas X violência; 
vivência de momentos para a 
apreciação e reflexão sobre as lutas 
e a mídia; análise dos dados da 
realidade positiva das relações 
positivas e negativas com relação a 
prática das lutas e a violência na 
adolescência (luta como defesa 
pessoal e não para “arrumar briga”). 
Já a construção do gesto nas 
lutas, ainda sobre o prisma dos 
PCNs (Brasil, 1998) requer: a 
vivência de situações que envolvam 
perceber, relacionar e desenvolver 
as capacidades físicas e habilidades 
motoras presentes nas lutas 
praticadas na atualidade; vivência 
de situações em que seja necessário 
compreender e utilizar as técnicas 
para as resoluções de problemas em 
situações de luta (técnica e tática 
individual aplicadas aos 
fundamentos de ataque e defesa); 
vivência de atividades que 
envolvam as lutas, dentro do 
contexto escolar, de forma 
recreativa e competitiva. Visando 
estes objetivos, os conteúdos 
ministrados na aula de educação 
física devem procurar atender ao 
desenvolvimento do aluno no que se 
refere aos aspectos histórico-sociais 
das lutas. (FERREIRA, 2006, p. 41) 
 
 
 
 
 23 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
3. A GINÁSTICA NA ESCOLA 
Para Ramos (2007, p. 18) é 
possível dizer que a ginástica é uma 
atividade corporal completa, pois 
contribui para nosso 
desenvolvimento humano nos seus 
aspectos motor, cognitivo, social e 
afetivo. E suas capacidades 
requisitadas, que são: flexibilidade, 
equilíbrio, força e agilidade, servem 
de base para a prática de outros 
esportes e atividades. 
Os benefícios que podem ser 
obtidos através da ginástica, tendo 
como referência os estudos de 
Souza (1997), são: 
 Coordenação: através do 
aprendizado dos fundamentos 
básicos da ginástica, o indivíduo 
desenvolve o equilíbrio, noção 
corporal e coordenação dos 
movimentos; 
 Confiança: a ginástica 
proporciona confiança, pois são 
trabalhados os movimentos numa 
sequência do mais simples para o 
mais complexo, onde se respeitam 
as habilidades e capacidades de cada 
um, de forma que com o progresso 
dos movimentos gímnicos 
(exercícios), o indivíduo se sentirá 
realizado e confiante em suas 
habilidades; 
 
 24 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
 Orientação de objetivos: 
como a melhora e aprendizado dos 
exercícios ocorrem através de seus 
esforços e estabelecimento de 
objetivos, metas, a ginástica traz 
esse valor ao indivíduo, que é “uma 
lição valiosa em qualquer idade;” 
 Disciplina: o progresso nos 
movimentos depende da disciplina e 
esforço de cada um, onde a 
satisfação pessoal pelo resultado 
obtido é sua recompensa; 
 Organização: todos nós 
devemos ser organizados em nossa 
rotina diária, e com a ginástica não é 
diferente. Através de sua prática, o 
indivíduo aprende a se organizar, 
concentrar-se em seus objetivos e 
assim preparar-se para enfrentar os 
desafios da vida; 
 Criatividade: a ginástica 
vem proporcionar ao indivíduo que 
ele use da sua criatividade e 
imaginação em seus gestos, consiga 
se expressar melhor e seja desafiado 
a tentar novos exercícios e desafios; 
(SOUZA, 1997, apud RAMOS, 2007, 
p. 19) 
Nesse sentido, segundo Ramos 
(2007, p. 20) o ambiente escolar é 
um espaço essencial para troca de 
conhecimento entre alunos e 
professores, isso quando bem 
aproveitado por ambos. Através da
Ginástica Geral podemos aproveitar 
esses momentos preciosos das aulas 
de educação física, onde sua prática 
poderá trazer ao escolar benefícios 
diversos devido as suas 
características. Deste modo, 
corroboramos algumas 
características e benefícios da 
Ginástica Geral apontadas por 
Toledo (2001) e Bertolini (2005), 
onde (Bertolini, 2005, p. 33) pontua 
esses benefícios em “(...) princípios 
e valores que desejamos que 
apareçam em nossas atividades”. 
São eles: 
Valorização Cultural: 
 Valorização da cultura de 
cada região; 
 Valorização do indivíduo 
aproveitando suas vivências 
anteriores; 
 Integra movimentos da 
cultura corporal, da Ginástica,das 
Artes e da Dança. 
Diversidade: 
 Podemos trabalhar com 
materiais convencionais e não 
convencionais; 
 Valoriza-se o aluno 
individualmente, respeitando suas 
limitações; 
 
 25 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
 Promove a educação por ser 
uma atividade pedagógica. 
Regras simples: 
 Ausência de competição; 
 Espaço livre de expressão, 
onde todos podem opinar; 
 Não possui um número 
definido de participantes; 
 Não existe faixa etária e sexo 
dos praticantes pré-estabelecidos. 
Criatividade: 
 Não possui elementos 
obrigatórios; 
 Oportunidade de utilizar 
materiais diversos como: acquatub, 
papel crepom, cordas, patins, entre 
outros; 
 Proporciona a elaboração de 
coreografias; 
 Possibilita a execução de 
coreografias de pequenas e grandes 
áreas; 
 Proporciona prazer, alegria, 
beleza e estética ao mostrar algo 
bonito. 
Interação Social: 
 Promove a socialização entre 
o grupo e as outras pessoas; 
 Inclusão: proporciona a 
participação de todos (ex. 
cadeirantes); 
 Acessibilidade: todos podem 
participar, independe de idade ou 
fator econômico; 
 Cooperação: eu faço ginástica 
com alguém e não contra alguém; 
 Proporciona bem estar físico 
e mental, gerando melhor qualidade 
de vida. 
Assim conforme Ramos (2007, 
p. 21) a ginástica, sendo ela 
competitiva ou não, em geral é vista 
como uma modalidade pouco 
acessível para as aulas de educação 
física escolar, tendo como base uma 
visão elitista, com o intuito de 
formar ginastas em nível de 
competição, com melhora de 
performance. 
Conforme já citamos 
anteriormente, são diversos os 
benefícios que a prática da ginástica 
proporciona, e assim queremos 
eliminar alguns paradigmas, como a 
concepção de que a ginástica é 
somente uma modalidade elitista, 
de forma a demonstrar a 
importância dos movimentos 
gímnicos através da ginástica geral. 
Oliveira e Lourdes (2004, p. 221) 
vêm reafirmar que a Ginástica Geral 
é uma possibilidade de encontro 
 
 26 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
com a educação física escolar, na 
medida em que esta tem como 
perspectiva “(...) a integração das 
diversas manifestações gímnicas e 
os outros componentes da cultura 
corporal, sendo sua principal 
característica a ausência da 
competição”. 
A ginástica geral é um 
conhecimento a ser vivenciado no 
âmbito escolar, aonde chega a ser 
um desafio, pois ela é ainda um 
conteúdo pouco utilizado nas 
escolas, mas que vem se difundindo 
e ganhando mais espaço através de 
pesquisas de profissionais da área e 
elaboração de projetos. (...) Ainda 
que seja uma aula mais “livre” para 
a imaginação do aluno, onde ele 
pode criar expressões e 
movimentos, é fundamental que 
seja elaborado um plano de aula 
adequado às diferentes faixas 
etárias, objetivando que os alunos 
vivenciem diferentes manifestações 
culturais, buscando conhecer as 
experiências e interesses dos 
alunos, fazendo com que eles 
tenham autonomia no sentido de 
dialogar, opinar, para que se trate 
de uma ação pedagógica, com os 
devidos objetivos, visando o 
desenvolvimento integral do aluno. 
É importante que as aulas de 
educação física estejam inter-
relacionadas com as outras 
disciplinas, fazendo parte do 
projeto pedagógico da escola. 
(RAMOS, 2007, p. 22) 
 
A Recreação na Escola 
Segundo Monteiro (s/d, s/p) 
no que diz a respeito em relação à 
recreação no âmbito escolar, 
Waichman (1997) afirma: “A 
recreação se manifesta em 
instituições, num modelo 
organizativo” (...) que implicam a 
formulação de objetivos educativos 
e uma determinada continuidade 
temporal, tem como critério 
fundamental de trabalho a busca do 
desenvolvimento da participação 
efetiva, consciente e comprometida, 
mediante organizações 
autogestoras (auto 
condicionamento). A recreação 
utiliza-se do “tempo liberado de” e 
conduz a geração do “tempo livre 
para”, pretendendo conceber 
aprendizagens para não apenas 
consumir o tempo livre, mas fazer 
uso positivo e criativo desse tempo. 
(WAICHMAN, 1997, p. 130-131) 
 
 27 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
 A Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB, 1999) 
traz a questão do dever da educação 
no TÍTULO II, Artigo 2 “A 
educação, dever da família e do 
Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de 
solidariedade humana, tem por 
finalidade o pleno desenvolvimento 
do educando, sua preparação para o 
exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho”. A 
relação dos ideais de liberdade e 
solidariedade para formação do 
cidadão é apoiada e enriquecida 
com base no conhecimento do 
direito de todo cidadão. O artigo 1 
da LDB (1999) cita: “A educação 
abrange os processos formativos 
que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, 
no trabalho, nas instituições de 
ensino e pesquisa, nos movimentos 
sociais e organizações da sociedade 
civil e nas manifestações culturais”. 
Parágrafo 2: “Educação escolar 
deverá vincular-se ao mundo do 
trabalho e à prática social”. 
A Educação física segundo 
Monteiro (s/d, s/p) tem por 
característica estabelecer e ampliar 
relações entre jovens, crianças, 
adultos, pobres e ricos; homens, 
mulheres; povos distintos de todas 
as raças. Nem a diferença de 
idiomas pode impedir o 
 
desenvolvimento das ramificações 
das culturas corporais que são 
sugeridas pela educação física. A 
recreação apresenta atividades com 
objetivos de experimentar novas 
atitudes/posturas, para que o 
indivíduo se perceba 
sujeitohistórico.A maneira como o 
conteúdo é selecionado, organizado 
e proposto ao aluno poderá facilitar 
ou dificultar a aprendizagem, razão 
pela qual deve haver critérios para a 
seleção dos mesmos. 
O prazer está intimamente 
ligado à motivação, que pode até 
determinar aumento, diminuição 
ou bloqueio de determinada 
aprendizagem. A motivação está 
relacionada à participação, e essa, 
pode levar a criação. E está 
motivação no âmbito escolar possui 
a importância em ter um processo 
pedagógico que não gere o 
entendimento de obrigatoriedade e 
sim de prazer e descontração, itens 
valorizados na recreação. 
O sucesso na aprendizagem se 
deve, a uma pré-disposição, a uma 
motivação, a um interesse que não é 
dado pelo conteúdo, mas pela forma 
de aprender. Deve-se saber o 
porquê do conteúdo proposto, mas 
a maneira como é abordado é 
também muito importante para o 
processo ensino aprendizagem. 
(MONTEIRO, s/d, s/p) 
 
 28 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Ainda de acordo com Monteiro 
(s/d, s/p) atividades trabalhadas 
nas aulas de Educação Física, 
realizadas de maneira integrada, 
tornando o aprendizado mais 
prazeroso. 
Proporcionando ao aluno a 
participação em diferentes 
atividades corporais, despertando-o 
para uma atitude cooperativa e 
solidária, sem que haja 
discriminação entre os colegas pelo 
seu desempenho, utilizando-se de 
jogos simples e brincadeiras, onde 
se busca autonomia para 
concretizar seu pensar, 
compreender e o expressar-se 
livremente nas atividades. Para as 
crianças, ao ingressarem na escola, 
o conhecimento é um conceito 
abstrato, então este deve ser 
construído pelo próprio indivíduo, 
através do crescimento, construção 
e acomodação de seus esquemas de 
raciocínio, resultantes de 
experiências de sua mente, quando 
em tentativa de resolver desafios. 
Principalmente propondo 
atividades lúdicas e recreativas 
proporcionando prazer na atividade 
e compreensão dos conteúdos. 
O processo educacional não 
ocorre somente no campo cognitivo, 
mas também no afetivo e 
psicomotor. A recreação na escola 
pode se tornar um conteúdo 
concreto em todos os sentidos e 
servir como instrumento para a 
vivência do corpo e construção da 
imagem corporal, e também como 
elementofacilitador para o processo 
interdisciplinar. Pensar a educação 
de forma isolada só baseada no 
cognitivo é negar o homem como 
um ser integral. (NISKIER, 1996, p. 
98, apud MONTEIRO, s/d, s/p). 
 
 
 
 
 30 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
4. O CONHECIMENTO DO CORPO 
 
 
Conforme Borges, et al (2009, 
s/p) a Educação Física quando 
higienista e militarista preocupou-
se prioritariamente com a 
manutenção do físico entendendo o 
corpo de forma dicotomizada. 
Posteriormente, as aulas de 
Educação Física pautaram-se na 
aptidão física. E a partir da década 
de 80 iniciaram-se os 
questionamentos acerca do papel da 
Educação Física escolar. 
Entendendo-a como 
participante da formação do 
cidadão crítico que deve apreender 
e valorizar os conhecimentos da
cultura corporal compreendidos 
pelos jogos e brincadeiras, danças, 
ginásticas, lutas e esportes. Tais 
conteúdos devem ser selecionados 
atendendo aos critérios de 
relevância social, características dos 
alunos, da própria área, 
apresentados e divididos em blocos 
nos PCNs (BRASIL, 1998). 
São três blocos articulados 
entre si: 
 Conhecimento sobre o corpo; 
 Esportes, lutas, ginásticas e 
jogos; 
 
 31 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
 Atividades rítmicas e 
expressivas. Cabe ressaltar que o 
bloco conhecimento sobre o corpo 
perpassa por todos os conteúdos, 
pois é um bloco que fala sobre os 
conhecimentos e conquistas 
individuais que subsidiam as 
práticas corporais e dão recursos 
para o indivíduo gerenciar sua 
atividade corporal de forma 
autônoma. 
Assim, segundo Brasil (1998, p. 
68, apud Borges, et al, 2009, s/p), o 
corpo é: “compreendido como um 
organismo integrado e não como 
um amontoado de “partes” e 
“aparelhos”, como um corpo vivo, 
que interage com o meio físico e 
cultural, que sente dor, prazer, 
alegria, medo, etc. Para se conhecer 
o corpo abordam-se os 
conhecimentos anatômicos, 
fisiológicos, biomecânicos e 
bioquímicos que capacitam a 
análise crítica dos programas de 
atividade física e o estabelecimento 
de critérios para julgamento, 
escolha e realização que regulem as 
próprias atividades corporais 
saudáveis, seja no trabalho ou no 
lazer. São tratados de maneira 
simplificada, abordando-se apenas 
os conhecimentos básicos.” 
Portanto, os conteúdos desse 
bloco são contextualizados nas 
atividades corporais desenvolvidas,
podendo ser aprofundados e 
ampliados ao final do ciclo de 
escolaridade obrigatória. 
Contextualizando Borges, et al 
(2009, s/p) afirmam que atividades 
relacionadas aos conhecimentos de 
anatomia, de fisiologia, de 
bioquímica e de biomecânica são 
abordadas, principalmente a partir 
da percepção do próprio corpo (por 
meio de sensações, análises e 
compreensões das alterações que 
ocorrem com o corpo durante e após 
a realização da atividade física). 
Encontram-se dentro desse bloco: 
as habilidades motoras, os 
conhecimentos sobre hábitos 
posturais e atitudes corporais. Esses 
elementos, segundo Brasil (1998), 
podem ser desenvolvidos atrelados 
aos projetos de História, Geografia 
e Pluralidade Cultural. 
Darido, Sousa Jr (2007, p. 15, 
apud Borges, et al, 2009, s/p) 
definem conteúdo como uma: 
“seleção de formas ou saberes 
culturais, conceitos explicações, 
raciocínios, habilidades, 
linguagens, valores, crenças, 
sentimentos, atitudes, interesses, 
modelos de condutas, etc., cuja 
assimilação é considerada essencial 
para que se produzam um 
desenvolvimento e uma 
socialização adequados aos alunos.” 
Estes, por sua vez, são subdivididos 
em três dimensões: procedimentais, 
 
 32 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
atitudinais e conceituais. 
 A dimensão procedimental 
constitui-se em “ações e ou decisões 
que compõe a elaboração ou a 
participação orientada para a 
consecução de uma meta.” 
(ULASOWICZ, PEIXOTO, 2004, p. 
67), ou seja, diz respeito ao que o 
aluno deve “saber fazer” não se 
restringindo apenas na realização da 
atividade mas procedendo também 
a uma reflexão de como realizá-las. 
Exemplos: realizar 
alongamentos para as diferentes 
partes do corpo de forma correta, 
vivenciar e experimentar diferentes 
formas de chutar e em quais 
momentos são mais adequados sua 
utilização, etc; 
 Na dimensão atitudinal 
estão inseridos os conhecimentos 
que envolvem aprendizagem de 
atitudes e valores, mais voltados à 
aprendizagem social, o “saber ser”. 
De acordo com Doganis, 
Theodorakis (1995), citados por 
Ulasowicz, Peixoto (2004), a atitude
possui três elementos, os quais são 
interligados: o componente 
cognitivo (conhecimentos e 
crenças), afetivo (sentimentos e 
preferências) e de conduta (ações 
manifestas e declarações de 
intenção). 
Exemplos: participar de 
atividades em grupo cooperando e 
interagindo com os demais, adotar o 
hábito de realizar atividades físicas 
afim de ter um estilo de vida mais 
ativo, reconhecer e valorizar 
atitudes não preconceituosas, etc; 
 A dimensão conceitual diz 
respeito ao aprendizado sobre fatos, 
conceitos e princípios (o “saber 
sobre”). Os fatos, devido ao seu 
caráter concreto e decisivo, são 
aprendidos de forma memorística, 
variando o aprendizado dependendo 
da capacidade cognitiva, 
predisposição em aprender e da 
forma como é ensinado. Exemplo: a 
localização do coração ou de um 
músculo, a estrutura da articulação 
etc. Quando se estabelecem relações 
significativas entre os fatos, obtêm-
se os conceitos e princípios; esta 
aprendizagem tornase significativa, 
pois “trata-se de um processo no 
qual o que aprendemos é o produto 
da informação nova interpretada à 
luz daquilo que sabemos” (POZO, 
1998, apud ULASOWICZ, 
PEIXOTO, 2004, p. 67). 
 
 33 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Exemplo: o funcionamento 
do sistema cardiovascular, a relação 
entre atividade física e hidratação, 
conhecer o processo histórico de 
uma manifestação corporal e suas 
implicações ao contexto atual, etc. 
Continuando Borges, et al 
(2009, s/p) informam que vale 
ressaltar que estas dimensões não 
são ensinadas separadamente, não 
impedindo, no entanto, que em 
determinados momentos seja 
focado mais uma que a outra. Neste 
sentido, parece pertinente se 
atentar ao conhecimento corporal 
em função de sua natureza e das 
possibilidades de compreensão de 
sua organização, funcionamento e 
ação. 
A dimensão conceitual 
apresenta papel importante sobre 
tal bloco a fim de tornar a práxis 
pedagógica e o aprendizado das 
aulas de Educação Física um 
momento significativo e possível de 
aplicações no cotidiano no aluno. 
Assim, se esses conceitos 
relacionados ao bloco de 
conhecimento sobre o corpo forem 
desenvolvidos de forma 
significativa na escola, a 
aproximação do conceito com a 
realidade se tornará cada vez mais 
clara para os alunos, podendo 
ocasionar até em uma melhora da 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
5. AS RELAÇÕES ENTRE AS CRIANÇAS, OS ADULTOS E 
O BRINCAR 
De acordo com Souza (s/d, 
s/p) o brinquedo é oportunidade de 
desenvolvimento. Brincando, a 
criança experimenta, descobre, 
inventa, aprende e confere 
habilidades. 
Além de estimular a 
curiosidade, a autoconfiança e a 
autonomia, proporciona o 
desenvolvimento da linguagem, do 
pensamento e da concentração e 
atenção. Brincar é indispensável à 
saúde física, emocional e intelectual 
da criança. Irá contribuir, no futuro, 
para a eficiência e o equilíbrio do
adulto. Brincar é um momento de 
auto - expressão e auto - realização. 
As atividades livres com blocos e 
peças de encaixe, as dramatizações, 
a música e as construções 
desenvolvem a criatividade, pois 
exige que a fantasia entra em jogo. 
Já o brinquedo organizado, que tem 
uma proposta e requer desempenho, 
comoos jogos (quebracabeça, 
dominó e outros) constitui um 
desafio que promove a motivação e 
facilita escolhas e decisões à criança. 
O brinquedo traduz o real para 
a realidade infantil. Suaviza o 
impacto provocado pelo tamanho e 
 
 36 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
pela força dos adultos, diminuindo 
o sentimento de impotência da 
criança. Brincando, sua inteligência 
e sua sensibilidade estão sendo 
desenvolvidas. 
A qualidade de oportunidades 
que estão sendo oferecidas à criança 
através de brincadeiras e 
brinquedos garante que suas 
potencialidades e sua afetividade se 
harmonizem. A ludicidade, tão 
importante para a saúde mental do 
ser humano é um espaço que 
merece atenção dos pais e 
educadores, pois é o espaço para 
expressão mais genuína do ser, é o 
espaço e o direito de toda criança 
para o exercício da relação afetiva 
com o mundo, com as pessoas e com 
os objetos. Um bichinho de pelúcia 
pode ser um bom companheiro. 
Uma bola é um convite ao exercício 
motor, um quebra - cabeças desafia 
a inteligência e um colar faz a 
menina sentir-se bonita e 
importante como a mamãe. Enfim, 
todos são como amigos, servindo de 
intermediários para que a criança 
consiga integrar-se melhor. 
(SOUZA, s/d, s/p) 
As situações problemas 
segundo Souza (s/d, s/p) contidas 
na manipulação dos jogos e 
brincadeiras fazem a criança crescer 
através da procura de soluções e de 
alternativas. O desempenho
psicomotor da criança enquanto 
brinca alcança níveis que só mesmo 
a motivação intrínseca consegue. Ao 
mesmo tempo favorece a 
concentração, a atenção, o 
engajamento e a imaginação. Como 
consequência a criança fica mais 
calma, relaxada e aprende a pensar, 
estimulando sua inteligência. Para 
que o brinquedo seja significativo 
para a criança é preciso que tenha 
pontos de contato com a sua 
realidade. Através da observação do 
desempenho das crianças com seus 
brinquedos podemos avaliar o nível 
de seu desenvolvimento motor e 
cognitivo. No lúdico, manifestam-se 
suas potencialidades e ao observá-
las poderemos enriquecer sua 
aprendizagem, fornecendo através 
dos brinquedos os nutrientes ao seu 
desenvolvimento. (SOUZA, s/d, 
s/p) 
Ainda de acordo com Souza 
(s/d, s/p) a criança trata os 
brinquedos conforme os receberam. 
Ela sente quando está recebendo 
por razões subjetivas do adulto, que 
muitas vezes, compra o brinquedo 
que gostaria de ter tido, ou que lhe 
dá status, ou ainda para comprar 
afeto e outras vezes para servir 
como recurso para livrar-se da 
criança por um bom espaço de 
tempo. É indispensável que a 
criança sinta-se atraída pelo 
brinquedo e cabe-nos mostrar a ela 
 
 37 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
as possibilidades de exploração que 
ele oferece, permitindo tempo para 
observar e motivar-se. 
A criança deve explorar 
livremente o brinquedo, mesmo que 
a exploração não seja a que 
esperávamos. Não nos cabe 
interromper o pensamento da 
criança ou atrapalhar a 
simbolização que está fazendo. 
Devemos nos limitar a sugerir, 
a estimular, a explicar, sem impor 
nossa forma de agir, para que a 
criança aprenda descobrindo e 
compreendendo, e não por simples 
imitação. A participação do adulto é 
para ouvir, motivá-la a falar, pensar 
e inventar. Brincando, a criança 
desenvolve seu senso de 
companheirismo. Jogando com 
amigos, aprende a conviver, 
ganhando ou perdendo, procurando 
aprender regras e conseguir uma 
participação satisfatória. No jogo, 
ela aprende a aceitar regras, esperar 
sua vez, aceitar o resultado, lidar 
com frustrações e elevar o nível de 
motivação. Nas dramatizações, a 
criança vive personagens 
diferentes, ampliando sua 
compreensão sobre os diferentes 
papéis e relacionamentos humanos. 
As relações cognitivas e 
afetivas da interação lúdica 
propiciam amadurecimento
emocional e vão pouco a pouco 
construindo a sociabilidade infantil. 
O momento em que a criança está 
absorvida pelo brinquedo é um 
momento mágico e precioso, em 
que está sendo exercitada a 
capacidade de observar e manter a 
atenção concentrada e que irá 
inferir na sua eficiência e 
produtividade quando adulto. 
(SOUZA, s/d, s/p) 
Finalizando Souza (s/d, s/p) 
aponta que brincar junto reforça os 
laços afetivos. É uma manifestação 
do nosso amor à criança. Todas as 
crianças gostam de brincar com os 
pais, com a professora, com os avós 
ou com os irmãos. A participação do 
adulto na brincadeira da criança 
eleva o nível de interesse, enriquece 
e contribui para o esclarecimento de 
dúvidas durante o jogo. Ao mesmo 
tempo, a criança sentese prestigiada 
e desafiada, descobrindo e vivendo 
experiências que tornam o 
brinquedo o recurso mais 
estimulante e mais rico em 
aprendizado. Guardar os 
brinquedos com cuidado pode ser 
desenvolvido através da 
participação da criança na 
arrumação feita pelo adulto. O 
hábito constante e natural dos pais 
e da professora ao guardar com zelo 
o que utilizou, faz com que a criança 
adquira automaticamente o mesmo 
hábito, ocorrendo inclusive 
 
 38 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
satisfação tanto no guardar como no 
brincar. “Os professores podem 
guiá-las proporcionando-lhes os 
materiais apropriados mais o 
essencial é que, para que uma 
criança entenda, deve construir ela 
mesma, deve reinventar. Cada vez 
que ensinamos algo a uma criança 
estamos impedindo que ela 
descubra por si mesma. Por outro 
lado, aquilo que permitimos que 
descubra por si mesma, 
permanecerá com ela.” (JEAN 
PIAGET, apud SOUZA, s/d, s/p) 
 
Didática da Educação Física 
De acordo com Campos (s/d, 
s/p) antes de entendermos o que é 
Didática da Educação Física 
devemos nos reportar à uma ciência 
da educação, a Pedagogia. Na 
Pedagogia a Didática é classificada 
como Didática geral e Didática 
especial. A Didática da Educação 
Física é uma Didática Especial. É 
importante entendermos o 
significado de didática geral para 
 
que possamos dimensionar o 
contexto da didática da Educação 
Física. (...) Nos detivemos em 
apenas três fontes bibliográficas 
para entendermos tal conceito. Na 
Barsa eletrônica (1999) o conceito 
de didática é: “a arte e a técnica de 
orientar a aprendizagem”. A 
didática (do grego didaktike 
(tékhne), “(arte) de instruir, de 
ensinar”), divide-se em duas partes: 
 Didática geral, que estabelece 
a teoria fundamental do ensino, 
examinandolhe criticamente os 
diferentes métodos e 
procedimentos; 
 “Didática especial, que 
analisa a função e os objetivos de 
cada disciplina, orientando a 
dosagem da matéria a ser 
transmitida ao aluno e sua 
distribuição pelas fases e graus de 
ensino.” (ENCYCLOPEDIA 
BRITANNICA DO BRASIL, apud 
CAMPOS, s/d, s/p). 
Ou ainda, segundo Masetto 
(1997) após analisar as concepções 
de vários estudiosos, afirmou: que 
didática é uma reflexão sistemática 
e acrescenta: (...) que acontece na 
escola e na aula. É o estudo do 
processo de ensino aprendizagem 
em sala de aula e de seus resultados. 
Segundo Libâneo (1994, p. 28) 
“didática pode constituir-se em a 
 
 39 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
teoria do ensino”. É interessante 
acrescentar que o autor afirma: “(...) 
aparece quando os adultos 
começam a intervir na atividade de 
aprendizagem das crianças e jovens 
através da direção deliberada e 
planejada do ensino, ao contrário 
das formas de intervenção mais ou 
menos espontâneas de antes”. 
(LIBÂNEO, 1994, p. 58). Essa 
última afirmação é interessante à 
medida que entendemos que o 
exercício didático não acontece 
somente no contexto da unidade 
escolar, mas no seio da sociedade 
por meio das interações sociais dos 
seus pares. 
Há um processo de ensino 
constante na sociedade em que 
estamos inseridos. (...) (CAMPOS, 
s/d, s/p) Podemos nomear o 
processo de ensino que acontece 
fora da escolacomo ensino 
informal. Ele acontece no seio da 
sociedade em que vivemos e fora da 
unidade escolar. Esse processo 
informal de ensino é empírico, mas 
organizado, pois o resultado da 
evolução humana foi justamente a 
organização da vida em todos os 
seus aspectos. Ao outro processo de 
ensino, que aqui denominaremos de 
processo de ensino formal, acontece 
na instituição escola. 
 Tal processo é embasado em 
conhecimentos científicos de 
muitos cientistas e filósofos 
educacionais. A preocupação com o 
desenvolvimento desse processo 
científico e filosófico de ensinar, 
historicamente, data desde antes da 
sociedade greco-romana, 
organizado e conduzido por outras 
civilizações antigas tais como 
egípcios, chineses, etc. Podemos 
crer que desde a pré-história isso 
acontece, mas teve uma ênfase 
maior no período greco-romano. 
(CAMPOS, s/d, s/p) 
Explanando ainda mais sobre o 
assunto Campos (s/d, s/p) afirma 
que nesta reflexão sobre Didática da 
Educação Física, entendeu que, em 
ambos os casos, ensino informal e 
formal, a interação entre os dois é 
essencial para o desenvolvimento 
do aprendiz, em qualquer 
circunstância e em qualquer faixa 
etária de sua vida. A organização do 
ensino no contexto escolar depende 
de como esse ocorre no seio da 
sociedade em que vive o aprendiz. 
(...) A Educação Física acontece no 
processo de ensino informal. Por 
meio das interações sociais há o 
desenvolvimento de habilidades 
motoras. 
Sendo assim, os resultados 
devem ser valorizados e 
estimuladas no processo de ensino 
formal, ou seja, na Educação Física 
Escolar. Uma característica que 
difere os profissionais da Educação 
 
 40 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Física dos professores das outras 
disciplinas que compõem o 
currículo escolar é a sua atuação 
fora do contexto escolar, 
desempenhando ações de ensino 
semelhante à escolar em academias, 
clubes esportivos, personal 
training, etc. Os princípios didáticos 
que orientaram essas outras 
práticas de ensino são os mesmos 
independentemente da faixa etária 
em que se encontra o aprendiz. 
Resumindo a discussão acima 
podemos concordar com o que 
Libâneo (1992, p. 17) enunciou em 
sua obra denominada de Didática: 
“(...) a educação compreende os 
processos formativos que ocorrem 
no meio social, nos quais os 
indivíduos estão envolvidos de 
modo necessário e inevitável pelo 
simples fato de existirem 
socialmente. (...) Existe numa 
grande variedade de instituições e 
atividades sociais decorrentes da 
organização econômica, política e 
legal de uma sociedade, da religião, 
dos costumes, das formas de 
convivência humana”. 
Considerando que estamos 
abordando a questão específica da 
Educação Física, o desenvolvimento 
de atividades físicas, esportivas, de 
lazer, de recreação, etc, são 
conteúdos de um processo de 
ensino que o profissional nem 
sempre está presente, contudo, é 
essencial que ao propor o seu 
processo de ensino devem 
considerá-lo, analisando, buscando 
recursos nesse outro processo que 
possa ajudar o seu trabalho e 
finalmente considerar todo o 
aspecto social que envolve o 
aprendiz. Esse é o primeiro passo da 
didática no processo de ensino do 
profissional. (...) 
Os rudimentos básicos da 
didática são: os princípios 
educacionais, os objetivos 
educacionais, os objetivos gerais e 
específicos de cada disciplina e 
conteúdos programáticos, os 
recursos e métodos de ensino, a 
avaliação, a relação professor-
aluno-discplina. Tudo isso é 
traduzido no planejamento de 
ensino. Numa rápida explanação de 
cada um desses elementos, iremos 
relacioná-los à Educação Física 
brasileira, ressaltando como são 
interpretados e trabalhados. 
(CAMPOS, s/d, s/p) 
No que diz respeito aos 
princípios educacionais, afirma 
Campos (s/d, s/p), da Educação 
Física brasileira temos hoje um 
Conselho Federal que orienta a 
prática de uma Educação Física, em 
qualquer ambiente, fundada em 
preceitos éticos bem definidos. 
Pensando assim, o profissional 
deverá pautar-se por ensino de 
 
 41 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
inclusão, de respeito à etnia, raça, 
credo, à cultura do aprendiz, de 
incentivo à promoção da cidadania. 
Dois estudos importantes devem 
ser considerados para orientação do 
processo educacional. O primeiro é 
o Relatório da UNESCO elaborado 
por uma série de pensadores, 
filósofos educacionais 
contemporâneos que estabeleceram 
que a educação atualmente deve 
estar apoiada em quatro pilares: 
“aprender a aprender, aprender a 
fazer, aprender a se relacionar e 
aprender a ser.” (DELORS, 1999). 
Outro pensador 
contemporâneo, Morin (2000) 
elaborou um trabalho sobre os Sete 
saberes necessários à educação do 
futuro, também chancelado pela 
UNESCO. No trabalho existe uma 
preocupação com uma prática de 
ensino onde a ecologia, a concepção 
de todo e a preocupação planetária 
devem ser muito bem trabalhadas. 
Esses estudos são fontes de 
orientações para os princípios 
didáticos. Eles refletem uma 
preocupação mundial com base nos 
acontecimentos do 
desenvolvimento humano. Diga-se 
de passagem, nem sempre ideais 
para o ser humano, portanto, 
devemos estar sempre pinçando o 
que há de melhor nesses 
acontecimentos. Para isso esses 
estudiosos estão aí. 
Os objetivos gerais da 
Educação Física estão traduzidos 
em um plano nacional, realizado 
por vários pensadores da área, 
denominado de PCNs (Parâmetros 
Curriculares Nacionais). Tais 
Parâmetros são base para o ensino 
escolar institucionalizado. Para o 
profissional que atua somente fora 
do ambiente escolar, os objetivos 
educacionais, se assim podemos 
classificá-los, existem relacionados 
à saúde, aptidão física e qualidade 
de vida, à estética e ao 
relacionamento social. 
Hoje, na sociedade brasileira, 
tais objetivos estão bem definidos e 
possibilitando a inserção do 
profissional em várias áreas da 
saúde, forçando-o, cada vez mais a 
uma ação metodológica de trabalho 
multiprofissional. Isso é positivo e, 
tecnicamente não difere muito dos 
objetivos propostos para a 
Educação Física Escolar. Quanto 
aos conteúdos de ensino da 
Educação Física Escolar, podemos 
perceber que, historicamente, 
mudou pouco. O esporte, a 
recreação, a ginástica, o jogo, a 
competição de maneira organizada 
e orientada. Nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, temos 
como propostas de conteúdos: as 
atividades rítmicas e expressivas, a 
recreação, a ginástica, as lutas, o 
esporte e o conhecimento do corpo. 
 
 42 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Esses conteúdos estão 
fundamentados na cultura do 
movimento, principalmente da 
cultura riquíssima que o brasileiro 
possui. (...) 
É do nosso conhecimento que o 
método de ensino e os recursos 
utilizados são fundamentais no 
processo de ensinar. Em Educação 
Física há discretamente uma 
discussão teórica a respeito da 
questão. O que se busca sempre é 
um “receituário”. Uma receita 
pronta para aplicação na forma de 
aula, independentemente de 
estarmos ministrando dentro ou 
fora da escola. Terminantemente, 
discute-se muito pouco a questão do 
método em Educação Física. 
(CAMPOS, s/d, s/p) 
Para Xavier (1986, apud 
Campos, s/d, s/p), por meio de um 
estudo, concluiu que três são os 
métodos de ensino em Educação 
Física: método global, método 
parcial e o método misto. No global 
o ensino se dá do jogo para os 
fundamentos. No método parcial 
inicia-se pelos fundamentos do jogo 
até ao jogo e o método misto é a 
combinação de ambos. Faria 
Junior, et al, (1982) em um estudo 
sobre prática de ensino em 
Educação Física dedica um capítulo 
à discussão de vários estilos de 
ensino. Podemos dizer que, na 
verdade, são métodos, por 
exemplo: 
o primeiro – comando e o 
último proposto na escala, solução 
de problemas. Hildebrandt, Laging 
(1986,p. 31) propôs um forma de 
ensinar a Educação Física Escolar 
numa concepção aberta de ensino. 
Usou como conteúdo de ensino o 
handebol. O trabalho pode ser 
considerado como um método bem 
atual, já que o aluno é o centro da 
aula. Na concepção dos autores: “a 
aula de Educação Física está 
subordinada a uma complexidade 
cognitiva, afetiva, motora e social.” 
Campos (s/d, s/p) aponta, 
ainda, que sem querermos cometer 
qualquer injustiça, podemos 
afirmar que há poucas obras 
voltadas para discussão da 
metodologia de ensino em 
Educação Física. Tornamos afirmar 
que há sim um grande receituário 
tipo 1001 exercícios, isso inibe as 
discussões mais aprofundadas e 
acomoda o profissional e, mais 
grave ainda, equipara o seu trabalho 
ao nível do leigo. 
 
 43 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
Metodologia e recursos são 
elementos importantes no contexto 
da didática. Devem ser no mínimo 
criados para atender 
especificamente àquela realidade 
em que se está processando o 
ensino. Só cria quem lê, quem 
estuda, analisa, registra e verifica 
sistematicamente o desempenho de 
seu trabalho. A avaliação é 
fundamental no processo de 
ensinar. É por meio dela que o 
profissional poderá detectar como o 
seu processo de ensino está, qual é a 
necessidade de refazê-lo (feedback) 
e qual a necessidade de incrementá-
lo. 
Na Educação Física Escolar, 
historicamente, isso foi e é um 
desastre. Não existe uma forma 
definida de se avaliar desempenhos. 
Há algum tempo atrás eram 
realizados os famosos exames 
médicos (diga 33!) e uma bateria de 
exercícios, tipo quartel militar. 
Atualmente não se tem notícia a 
qual avaliação é feita na escola e, 
nem se sabe se ela é importante. Nas 
escolas existem fichas de avaliação, 
subjetiva, em que o profissional 
escreve um parecer sobre o aluno. 
Fora isso não existe mais nada. A 
avaliação de ensino nos ambientes 
fora do contexto escolar é 
sistemática, o aluno na academia 
deve pagar para isso. Ela é realizada 
 
por meio de uma alta tecnologia e 
dá resultados importantes para que 
o profissional possa prescrever as 
atividades de forma segura e eficaz. 
(CAMPOS, s/d, s/p) 
Além disso, conforme Campos 
(s/d, s/p) cremos que para se 
avaliar antes, durante e depois o 
trabalho de Educação Física Escolar 
existem outras formas mais 
emconta, que proporcionam 
resultados fidedignos e possibilitam 
ao professor um melhor 
desempenho no seu processo de 
ensino e na sua didática. A relação 
professor-aluno-disciplina em 
Educação Física é um tema 
interessante. 
Escutamos nas rodas de 
profissionais da área uma afirmação 
comum: na aula de Educação Física, 
seja ela escolar ou na academia, há 
uma proximidade muito grande 
entre professor-aluno-disiciplina. 
Na Educação Física isso é fácil (sic). 
Mas, oposto a essa afirmação 
percebemos que o professor é 
discriminado e tem sempre pela 
frente o trabalho de um leigo 
opondo se ao seu. Pois bem, no 
aspecto disciplina a relação é muito 
favorável. Até para o leigo o é. Na 
relação interpessoal professor-
aluno é tanto para o leigo como para 
o profissional. 
O que se estabelecerá como 
 
 44 
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
diferença a favor do profissional 
neste caso? Ora, é simples, se o 
acesso a isso é fácil, devemos ter 
uma postura realmente profissional 
e definida e entender que esta 
relação será um ponto de partida e 
de chegada para a melhoria da 
qualidade de vida daquele aluno 
que está em suas mãos, e pronto! 
Achamos que esta questão do 
relacionamento deveria ser avaliada 
com mais profundidade cientifica e 
filosoficamente por todos os 
profissionais da área. Temos a 
chance de estabelecer uma relação 
interpessoal positiva e eficaz e não a 
aproveitamos como deveríamos 
fazê-lo. O planejamento é essencial 
para o desenvolvimento de um 
processo de ensino. Contudo, para o 
profissional da Educação Física 
nem sempre é visto assim. Ele 
acontece! Simplesmente acontece 
porque na escola, na academia 
existe um lugar para guardá-lo. 
Entretanto, nem sempre ele é 
efetivo, real, exequível, etc. Planejar 
e executar são uma arte. Requer 
estudos profundos sobre o que 
ensinar, como ensinar, dispor 
recursos para ensinar, avaliar, 
refazer e avaliar novamente. 
Continuando, Campos (s/d, 
s/p) afirma que se já manifestamos 
que em Educação Física, tanto na 
escola como na academia, no clube, 
 
na recreação, etc, há uma opção pela 
aula pronta ou pelos 1001 
exercícios, para que planejar? O 
ponto culminante da didática da 
Educação Física é o planejamento 
do trabalho e com certeza, só terá o 
dom da arte de ensinar quem tiver 
o dom de planejar. O ato de planejar 
não é simplesmente um ato de 
escrever algumas ideias. Requer 
estudos científicos, filosóficos sobre 
tudo que será abordado. É pré-
requisito entender o aprendiz, o 
conteúdo técnico, científico e 
filosófico da área em questão. O 
aspecto teórico que irá fundamentar 
o planejamento é mais importante 
que o estrutural. Podemos afirmar 
que a estrutura de um planejamento 
será determinada pelo 
conhecimento teórico sobre a área, 
sobre o aprendiz e as possibilidades 
de interelações. Dominando tais 
conhecimentos o planejador cria a 
estrutura. (...) 
É difícil dimensionar a questão 
“quem” e “como” estão pensando a 
Didática da Educação Física. 
Entendemos que há vários estudos 
sendo realizados para desenvolver 
uma fundamentação teórica sobre 
esse questionamento. Contudo, tais 
estudos estão espalhados pelos 
vários núcleos da Educação Física 
no Brasil. As bibliografias que 
tratam da Didática da Educação 
Física são antigas e retratam uma 
 
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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
concepção de uma tendência de 
ensino que já passou por uma 
revolução de paradigmas e, 
consequentemente sofreu 
alterações profundas. Isso, 
evidentemente, altera a reflexão 
sobre a Didática da Educação Física. 
Podemos considerar como o 
primeiro estudo brasileiro que 
abordou, especificamente, a 
Didática da Educação Física, tendo 
como tema a formulação de 
objetivos de ensino, foi o trabalho 
elaborado por Farias Jr (1981). 
Nessa época, tínhamos a tendência 
pedagógica tecnicista no processo 
de ensino, tendência que sofreu 
mudanças face ao desenvolvimento 
social e as mudanças na política 
educacional. É bom observar que o 
fato do trabalho ser antigo não 
diminui a sua qualidade. Podemos 
aproveitá-lo amplamente no 
planejamento do processo de 
ensino. 
 
 
Como já foi mencionado 
anteriormente, a proposta de 
ensino de Hildebrandt, Laging 
(1986) dá margem a uma reflexão 
sobre a Didática da Educação Física. 
E quando o ensino se processa de 
forma aberta e sistemática é bem 
apropriado para a nossa época 
atual. Seybold (1976) desenvolveu 
um estudo que resultou na 
elaboração de principiosdidácticos 
de laeducaciónfísica , que ao nosso 
ver, é uma leitura interessante antes 
de se planejar em Educação Física. 
São leituras dessas concepções que 
fundamentarão o trabalho do 
profissional de Educação Física. 
Bañuelos (1984), estudioso 
espanhol que editou um estudo 
sobre bases para uma didáctica de 
laeducación física y eldeporte. 
O autor faz uma análise da Didática 
da Educação Física pelo foco das 
tarefas motores. Cremos que 
existem vários estudiosos 
espalhados nesses núcleos de 
pesquisa na área que realizam 
trabalhos com esse enfoque. 
Contudo, entendemos que 
quando queremos expressar 
didática devemos nos ater no 
aspecto teórico mais amplo da 
questão do ensino, no caso de 
Educação Física, devemos partir 
para a elaboração do planejamento 
englobando várias modalidades de 
ensino ou, melhor dizendo, vários 
 
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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 
 
conteúdos programáticos. Nesse 
sentido, todos esses conteúdos 
estão

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