Roberto Gandulfo – @portuguescombetinho TEORIA GERAL DO POLÍGONO REGULAR Nos meus ensejos de madrugada, senti profunda necessidade de criar este documento, que elenca as principais demonstrações de cálculos relacionados ao polígono regular. No entanto, pertenço quase de todo ao mundo das Letras, e ele não abandono por nada da Matemática, mesmo que, às vezes, no suspirar da noite, me apareça a vontade de realizar alguns cálculos e resolver alguns exercícios de álgebra. Contudo, já demonstro estes cálculos há algum tempo, e eles podem facilmente ser encontrados na internet. Mas nunca vi nenhum material que englobe toda a teoria do polígono regular, se é que ela pode caber neste pequeno documento. Portanto, a fim de elucidar a teoria aos estudiosos da geometria, ponho neste documento tudo que sei sobre os polígonos regulares, ou tudo que consigo saber... Vale notar que todas as figuras serão descritas por escrita, sem desenhos. Além disso, todos os ângulos apresentados estarão em radianos, e não em graus. Características gerais Primeiro, vamos às características gerais de um polígono regular: a) As medidas dos lados são iguais entre si. b) Os ângulos internos são congruentes entre si. c) Eles podem ser inscritos e circunscritos em uma circunferência. Para as generalizações que faremos ao longo do material, nós suporemos um polígono regular de n lados de medida l, ângulos internos de medida ai, ângulos centrais de medida αc, raio r, apótema m, diagonal maior D, diagonal menor d e área S. Vale ressaltar que o número de lados é igual ao número de ângulos internos, logo há n lados e há n ângulos internos. Além disso, seus vértices são A1, A2, A3... An; seu centro é C. Ângulos notáveis A medida dos ângulos internos de um polígono regular é fixa para uma determinada quantidade de lados. Antes, vamos relembrar a questão da soma dos ângulos internos (Si): a soma dos ângulos internos de um triângulo (3 lados) é π; de um quadrilátero (4 lados), 2π; de um pentágono (5 lados), 3π; de um hexágono (6 lados), 4π, e assim sucessivamente, não importando se esses polígonos são regulares ou não. Logo, podemos estabelecer uma fórmula geral para a soma dos ângulos internos de um polígono (regular ou não): 𝑆 = (𝑛 − 2)𝜋 Se esse polígono for regular, todos os ângulos internos serão iguais. Portanto, para chegar- se à formula do ângulo interno dos polígonos regulares, bastará dividir a soma pela quantidade de ângulos. 𝛼 = (𝑛 − 2)𝜋 𝑛 Essa fórmula também pode ser escrita desta forma: 𝛼 = (𝑛 − 2)𝜋 𝑛 = 𝑛𝜋 − 2𝜋 𝑛 = 𝑛𝜋 𝑛 − 2𝜋 𝑛 ⇒ 𝛼 = 𝜋 − 2𝜋 𝑛 Roberto Gandulfo – @portuguescombetinho O ângulo central é o ângulo compreendido entre dois raios adjacentes. Podemos generalizá-lo como 𝐴 𝐶𝐴 (uma vez que o raio é qualquer segmento do tipo 𝐴 𝐶), ou simplesmente como 𝐴 𝐶𝐴 . Para calcular o ângulo central, bastará pegar o ângulo de uma volta completa e dividi-lo pela quantidade de lados. 𝛼 = 2𝜋 𝑛 Podemos notar, então, que, se afixado o número de lados, o ângulo interno e o ângulo central são suplementares. 𝛼 + 𝛼 = 𝜋 Perímetro e semiperímetro O perímetro de um polígono regular é simples: basta multiplicar a medida do lado pelo número de lados. Representamos o perímetro por 2p, e o semiperímetro, por p. 2𝑝 = 𝑛𝑙 O semiperímetro, portanto, é metade desse valor: 𝑝 = 𝑛𝑙 2 Raio Primeiro, devemos saber que o raio é qualquer segmento do tipo 𝐴 𝐶. Agora nós calcularemos a medida do lado em relação à do raio. Para fazê-lo, deveremos selecionar, no polígono geral, qualquer triângulo do tipo ∆𝐴 𝐶𝐴 . Então, dois de seus lados terá a medida do raio; o outro será o lado; o ângulo compreendido entre esses raios é o ângulo central. Se definirmos que 𝑀 é o ponto central do lado 𝐴 𝐴 , então encontraremos o triângulo retângulo ∆𝐴 𝐶𝑀, e o ângulo 𝐴 𝐶𝑀 será congruente a metade do ângulo central: 𝑚 𝐴 𝐶𝑀 = 𝛼 2 = 𝜋 𝑛 Dessa forma, encontraremos uma relação clara: conhecemos a hipotenusa do triângulo retângulo (que é o próprio raio) e o cateto oposto ao ângulo que analisamos (que mede a metade do lado), logo sen 𝛼 2 = 𝑙 2 𝑟 sen 𝜋 𝑛 = 𝑙 2𝑟 𝑙 = 2𝑟 sen 𝜋 𝑛 Podemos, ainda, isolar o raio: Roberto Gandulfo – @portuguescombetinho 𝑟 = 𝑙 2 sen 𝜋 𝑛 Apótema Eu gostaria de fazer um pequeno adendo ao apótema, embora creia que ele não será tão necessário ao longo das explicações subsequentes. No triângulo retângulo ∆𝐴 𝐶𝑀 – que vimos anteriormente –, o lado que conecta o centro ao ponto médio do lado (𝐶𝑀) é o apótema. Se nos valermos do cosseno, encontramos a relação entre o raio (hipotenusa) e o apótema, que aqui representaremos por m. cos 𝛼 2 = 𝑚 𝑟 cos 𝜋 𝑛 = 𝑚 𝑟 𝑚 = 𝑟 cos 𝜋 𝑛 O aluno também pode usar a tangente para descobrir a relação entre o apótema e o lado. Ele chegará ao seguinte resultado: 𝑙 = 2𝑚 tg 𝜋 𝑛 Se isolarmos o apótema, chegamos à seguinte expressão: 𝑚 = 𝑙 2 tg 𝜋 𝑛 Área Agora que encontramos a relação entre a medida do lado e a do raio e entre a do apótema e a do lado, podemos encontrar a área do polígono geral. Para isso, bastará compreendermos que todo polígono regular de n lados possui n triângulos do tipo ∆𝐴 𝐶𝐴 . Logo, se conseguirmos calcular a área desse triângulo, apenas deveremos multiplicá-la pelo número de lados. Uma das fórmulas para calcular área de triângulos se baseia na medida de dois lados e do ângulo que existe entre eles. Se um triângulo possui dois lados de medida a e b e o ângulo entre eles mede α, então sua área será calculada desta forma: 𝑆∆ = 𝑎𝑏 sen(𝛼) 2 Por ser de demonstração fácil, esta fórmula não será explicada aqui. No triângulo ∆𝐴 𝐶𝐴 , dois lados são os raios, e o ângulo que há entre eles é o central. Logo, a área desse triângulo pode ser calculada da seguinte maneira: 𝑆∆ = 𝑟𝑟 sen 2𝜋 𝑛 2 = 𝑟 sen 2𝜋 𝑛 2 Roberto Gandulfo – @portuguescombetinho Agora, bastará multiplicar essa área pelo número de lados. Portanto, a área do polígono geral é esta: 𝑆 = 𝑛𝑟 sen 2𝜋 𝑛 2 Podemos reescrever essa fórmula substituindo o raio pelo lado. 𝑆 = 𝑛 𝑙 2 sen 𝜋 𝑛 sen 2𝜋 𝑛 2 = 𝑛 𝑙 4 sen 𝜋 𝑛 sen 2𝜋 𝑛 2 = 𝑛𝑙 sen 2𝜋 𝑛 8 sen 𝜋 𝑛 Para simplificar essa expressão, podemos utilizar a fórmula do seno do arco duplo: sen(2𝑥) = 2 sen(𝑥) cos(𝑥) Portanto, sen 2𝜋 𝑛 = 2 sen 𝜋 𝑛 cos 𝜋 𝑛 Dessa forma, 𝑆 = 𝑛𝑙 2 sen 𝜋 𝑛 cos 𝜋 𝑛 8 sen 𝜋 𝑛 = 𝑛𝑙 cos 𝜋 𝑛 4 sen 𝜋 𝑛 𝑆 = 𝑛𝑙 4 tg 𝜋 𝑛 Partindo-se da primeira fórmula (que continha o raio, e não o lado), podemos reescrevê- la de outra forma. Relembremos, então, dois fatos: 𝑆 = 𝑛𝑟 sen 2𝜋 𝑛 2 sen 2𝜋 𝑛 = 2 sen 𝜋 𝑛 cos 𝜋 𝑛 Além disso, devemos relembrar a fórmula do lado em relação ao raio: 𝑙 = 2𝑟 sen 𝜋 𝑛 Portanto, a fórmula geral da área pode ser reescrita assim: 𝑆 = 𝑛𝑟 sen 2𝜋 𝑛 2 = 𝑛𝑟 2 sen 𝜋 𝑛 cos 𝜋 𝑛 2 Roberto Gandulfo – @portuguescombetinho 𝑆 = 2𝑟 sen 𝜋 𝑛 𝑛𝑟 cos 𝜋 𝑛 2 𝑆 = 𝑛. 𝑙. 𝑟 cos 𝜋 𝑛 2 Se bem repararmos, ainda conseguimos encontrar o apótema nessa fórmula: 𝑆 = 𝑛. 𝑙. 𝑟 cos 𝜋 𝑛 2 𝑆 = 𝑛. 𝑙. 𝑚 2 Por fim, podemos encontrar aí o semiperímetro: 𝑆 = 𝑛𝑙 2 𝑚 = 𝑝. 𝑚 Enfim, é apenas outra maneira de escrever a mesma fórmula. Mas qualquer bom matemático sabe que, na maior parte das vezes, quanto menor o número de variáveis (ou elementos codependentes), melhor será o emprego da fórmula. Eu, particularmente, prefiro a primeira ou a segunda fórmula apresentada para a área, porque ali só aparecem S, r e n ou S, l e n. Nesta última, vemos a dependência entre S, n, l e m, todos codependentes. Antes de encerrar este tópico, o aluno deve notar que o apótema é o raio da