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1 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA Conduta Nutricional na Infecção pelo Vírus HIV/AIDS HIV/AIDS Infecção causada por um retrovírus (HIV: Human Imuno- deficiency Virus) que leva à destruição dos linfócitos T CD4 e outras alterações no sistema imune, com conse- quente imunodeficiência HISTÓRICO Primeiros casos de SIDA → 1981 (EUA) → Pneumocystis carini e de sarcoma de kaposi em homomossexuais mas- culinos previamente saudáveis. Primeiro caso de AIDS identificado no Brasil → 1982 1983 - HIV → agente causal da AIDS Testes sorológicos para diagnóstico → 1985 Modo De Transmissão • Sangue • Sêmen • Fluido pré-seminal • Fluido vaginal • Leite materno • Líquidos sinovial, cefalorraquidiano e amniótico Saliva, lágrimas e urina não contêm HIV suficiente para a transmissão Diagnóstico • Teste Elisa: Busca por anticorpos contra o HIV no sangue. Caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é necessária a realização do teste confirmatório. • Testes confirmatórios, o Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta para o HIV-1 e o imu- noblot. JANELA IMUNOLÓGICA • É o intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus e a produção de anticorpos anti-HIV no sangue. • Se um teste de HIV é feito durante o período da janela imunológica, há a possibilidade de apre- sentar um falso negativo. Portanto, é recomen- dado esperar de 30 a 60 dias e fazer o teste no- vamente. Fisiopatologia da Infecção por HIV Replicação do HIV Estágio agudo (soroconversão): intensa replicação viral • Sintomas: febre, cefaléia, rash cutâneo, linfadenopatias, diar- reia, náuseas e vômitos. Estágio inicial da doença: pode se manifestar de 5-8 anos após o estágio agudo • Sintomas: linfadenopatia e der- matites. Contagem de CD4 acima de 500 cel/mm3 Estágio intermediário da doença: • Sintomas: infecções oportunistas, candi- díase oral e vaginal, neuropatia periférica, Herpes Zoster e febre. Contagem de CD4 entre 200 – 500 cel/mm3 Estágio final da doença: • Sintomas: doenças neurológicas, neopla- sias. Contagem de CD4 < 200 cel/mm3 2 Doenças definidoras da SIDA: Síndrome consumptiva associada ao HIV Candidíase de esôfago Câncer cervical invasivo Criptosporidiose com diarreia por mais de 1 mês Demência associada ao HIV Sarcoma de Kaposi em pacts com menos de 60anos Linfoma primário do SNC PPJ Toxoplasmose de órgão interno Entre outras... Contagem de células CD4 > 500/mm3: Síndrome retroviral aguda Vaginite por cândida Linfadenomegalia generalizada persistente Miopatia (fraqueza muscular) Contagem de células CD4 200-500/mm3: Candidíase orofaríngea Tuberculose pulmonar Câncer cervical Anemia Sarcoma de kaposi doença maligna das células endo- teliais (pele, mucosas, linfonodos, intestinos Contagem de células CD4 100-200/mm3: Pneumonia pneumocystis jirovecii Tuberculose extrapulmonar Neuropatia periférica Demência associada ao HIV Contagem de células CD4 50-100/mm3: Microsporidiose Esofagite por cândida Herpes simples disseminado Contagem de células CD4 < 50/mm3: CMV disseminado Complexo Mycobacterium avium disseminado Tratamento • Agentes antirretrovirais (TARV) • Profilaxia secundária (antimicrobianos) Desnutrição calórico-proteica (DEP) • O uso da TARV a partir de 1995-96 minimizou a DEP associada ao HIV • A DEP é frequente em pacientes que nunca foram tratados e em casos de falência terapêutica (maior risco de infecções oportunistas e perda de peso) • Praticamente todos os pacientes com AIDS são acometidos pela perda de peso em algum mo- mento Desnutrição calórico-proteica Redução da ingestão Hipermetabolismo MULTIFATORIAL Interação droga-nutriente Diarreia Causas • Redução do consumo alimentar: Lesões orais, faríngeas e esofágicas, xerostomia induzida por drogas, problemas neurológicos e fatores psicossociais • Diarreia: Altera a permeabilidade intestinal e compromete a absorção dos nutrientes, contribuindo para a redução dos estoques de energia corporal • Resposta à infecção: Aumento da TMB em 30% e indução à anorexia e perda de massa celular corporal, agravando a desnutrição • Interação Droga-Nutriente: Efeitos gastrintestinais (alteração no paladar, anorexia, má-absorção) Terapia Antirretroviral (TARV) Objetivos: • Supressão da replicação viral • Restauração do número e função dos linfócitos CD4 3 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA Conduta Nutricional na Infecção pelo Vírus HIV/AIDS TARV: Mecanismo de ação e efeitos adversos Considerações com relação às escolhas da TARV e quando iniciar: - Níveis de carga viral - Contagem de células CD4+ - Condições e sintomas clínicos atuais e passados - Fase da vida: crianças, adolescentes e gestantes justificam considerações especiais Efeitos adversos da TARV: 4 O tratamento com os antirretrovirais trouxe muitos benefícios aos pacientes: • Aumentam a sobrevida • Melhoram a qualidade de vida de quem segue corretamente as recomendações médicas • Como os medicamentos precisam ser muito fortes para impedir a multiplicação do vírus no organismo, podem causar alguns EFEITOS COLATERAIS DESAGRADÁVEIS Diarreia, vômitos, náuseas, manchas avermelhadas pelo corpo (rash cutâneo), agitação, insônia e sonhos vívidos. Alguns desses sintomas ocorrem no início do tratamento e tendem a desaparecer em poucos dias ou semanas. Danos: renais, ósseos, intestinais, gástricos, doenças neuropsiquiátricas • - Hiperglicemia e resistência insulínica • - Dislipidemias: • ↑ triglicerídeos • ↑ LDL • ↓ HDL • Relacionada com Inibidores de Protease • - Redistribuição de gordura corporal Lipodistrofia: - Lipoatrofia: Redução da gordura em regiões periféricas (braços, pernas, face e nádegas), podendo apresentar proeminência mus- cular e venosa relativas - Lipohipertrofia: Acúmulo de gordura em região abdominal, presença de gibosidade dorsal, ginecomastia e aumento das mamas em mulheres - Forma mista Alterações nutricionais nos pacientes com SIDA: 5 CONDUTAS NUTRICIONAIS NO HIV/AIDS AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 1. História Clínica • Tempo de doença • Uso da TARV e/ou medicamentos e suplementos • Condição imunológica • Co-morbidades associadas (DM, HAS, Insuficiência Renal Hepatopatias) • Alterações no TGI (mucosite, disfagia, náuseas, diarreia, constipação) • Diurese (hidratação) 2. História Dietética (pregressa e atual): • Quantidade, variedade, consistência, através de recordatório 24h, frequência semanal de consumo (QFA), diário alimentar 3. Avaliação Antropométrica: • IMC, % perda de peso, circunferência do braço, prega tricipital, circunferência muscular do braço 4. Exames laboratoriais: • Hemograma, albumina, colesterol total, sódio, potássio, fósforo, magnésio, uréia, creatinina, TGO, TGP 5. Exame Físico: • Capacidade física, presença de ascite e edema, impressão subjetiva de depleção muscular e adiposa OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL • Manter ou recuperar o peso corporal saudável • Prevenir deficiências ou excessos nutricionais • Tratar ou minimizar as complicações do HIV ou relativas aos medicamentos que interferem na ingestão ou na absorção de nutrientes • Corrigir anormalidades metabólicas • Apoiar a adesão aos medicamentos • Prolongar e otimizar a qualidade de vida RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS As necessidades de energia aumentam em 13% e as de proteínas em 10% para cada grau Celsius de elevação da temperatura acima do normal OBS: A restriçãode proteína só é indicada em doenças hepáticas e renais graves PROTEÍNA: • Fase estável = 1,2 g/kg peso atual/dia • Fase aguda = 1,5 g/kg peso atual/dia ENERGIA: • Paciente assintomático = 30-35 kcal/kg/dia • Pacientes com AIDS = 40 kcal/kg/dia 6 DITEN, 2011 * Suplementação de glutamina via oral com 30g de glutamina por dia reduz a gravidade da diarreia associada ao tratamento com IP Organización Mundial de la Salud (OMS, 2002) / Association of Nutrition Services Agencies (ANSA, 2002) / Food and Nutrition Technical Assistance (FANTA, 2002) CARBOIDRATOS • Normoglicídica 45% a 65% do VCT LIPÍDEOS • Normolipídica 20-35% do VCT • Má absorção: máximo de 20% do VCT com TCM VITAMINAS E MINERAIS Ainda não há consenso sobre a dosagem adequada da suplementação Suplementação de 100% da RDA e múltiplos de Vit. A, E, B6, B12 e Zn LÍQUIDOS • 30-35mL/Kg/dia Com quantidades adicionais para compensar as perdas decorrentes de diarreia, náuseas e vômitos, suores noturno e febre prolongada Polacow et al, 2004; ANSA, 2002 7 VIAS DE ACESSO • Oral: adaptar consistência, temperatura, preferências, fracionamento; considerar o uso suplementos orais entre as refeições principais • Enteral: utilizar quando ingestão oral insuficiente. Utilizar fórmulas de acordo com condição/tolerância gastrin- testinal (padrão x elementar c/ TCM) • Parenteral: restrita a casos de infecções intestinais graves e obstruções 8 9 10 Revisando... 1) Defina SIDA 2) Cite e explique as fases da infecção pelo HIV 3) O que é a terapia antirretroviral? 4) Quais os efeitos colaterais da TARV? 5) Qual a conduta nutricional em pacientes com SIDA?
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