Buscar

História das Políticas de Saúde

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
Nesse período, o Brasil se submetia 
econômica e politicamente à metrópole 
Portugal, onde a exploração econômica se 
dava através de ciclos do pau-brasil, da 
cana de açúcar, da mineração e do café. 
Nesta época o Brasil foi colonizado por 
degredados e aventureiros desde 
o descobrimento até a instalação do 
império, portanto não dispunha de nenhum 
modelo de atenção à saúde da população 
e Portugal não tinha nenhum interesse em 
criá-lo. 
A atenção à saúde se resumia apenas aos 
recursos da natureza como plantas, ervas 
e pelos conhecimentos dos curandeiros 
que desenvolviam as suas habilidades na 
arte de curar. 
A vinda da família real ao Brasil criou a 
necessidade de organizar uma estrutura 
sanitária básica capaz de atender a 
realeza que se instalava na cidade do Rio 
de Janeiro. 
A carência de profissionais médicos no 
Brasil Colônia e no Brasil Império era 
enorme, no Rio de Janeiro, em 1789, só 
existiam quatro médicos exercendo a 
profissão e em outros estados brasileiros 
eram inexistentes. A escassez de uma 
assistência médica, fez com que os 
Boticários (farmacêuticos) se propagassem 
no país e a estes cabiam 
manipular fórmulas prescritas pelos 
médicos e eles próprios tomavam a 
 
iniciativa de indicá-los. 
Nessa época, a Saúde Pública no Brasil 
passou a ser baseada em intervenções 
Sanitárias, que acontecia apenas nos 
centros urbanos das cidades, as principais 
medidas desenvolvidas eram realizadas 
sob a forma de campanhas, tais como: a 
comercialização e transporte de alimentos, 
cobertura dos portos marítimos depois que 
passavam as campanhas tais medidas 
eram abandonadas assim que se 
conseguiam controlar os surtos e 
epidemias presentes na época. 
 
A cidade do Rio de Janeiro, no início do 
século, apresentava um quadro sanitário 
caótico marcado pela presença de 
diversas doenças graves que acometiam à 
população. Tais epidemias como a varíola , 
a malária , a febre amarela e a 
peste , geraram várias consequências na 
saúde coletiva comprometendo até do 
comércio exterior , por este motivo os 
navios estrangeiros não mais queriam 
atracar no porto do Rio de Janeiro em 
função da situação sanitária existente na 
cidade. 
A literatura nos mostra que na época 
Rodrigues Alves, presidente do Brasil, 
nomeou Oswaldo Cruz , como Diretor do 
Departamento Federal de Saúde Pública, 
 
História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
 
que se propôs a erradicar a epidemia de 
febre-amarela na cidade do Rio de Janeiro, 
para isso ele criou um "exército" de 1.500 
pessoas que exerciam atividades de 
desinfecção no combate ao mosquito, 
vetor da febre-amarela. A falta de 
esclarecimentos e as arbitrariedades 
cometidas pelos “guardas-sanitários” 
causaram revolta na população. 
A população, com receio das medidas de 
desinfecção (queimando os colchões e as 
roupas dos doentes), trabalho 
realizado pelo serviço sanitário municipal, 
revoltou-se. 
Oswaldo Cruz criou a Lei Federal nº 1261, de 
31 de outubro de 1904 , que instituiu 
a vacinação anti-varíola obrigatória para 
todo o território nacional, onde a onda de 
insatisfação da população se agravou 
tanto, que surge um grande 
movimento popular de revolta que ficou 
conhecido na história como a revolta da 
vacina . Vale ressaltar que esses modelo 
campanhista obteve importantes 
conquistas no controle das doenças 
epidêmicas, por exemplo conseguiu 
erradicar a febre amarela da cidade do Rio 
de Janeiro, o que fortaleceu o modelo 
proposto e o tornou a principal proposta 
de intervenção na área da saúde coletiva 
saúde durante décadas. 
Oswaldo Cruz criou uma seção 
demográfica, um laboratório 
bacteriológico, um serviço de engenharia 
sanitária e de profilaxia da febre-amarela, 
 
a inspetoria de isolamento e desinfecção, e 
o instituto soroterápico federal, 
posteriormente transformado no Instituto 
Oswaldo Cruz. 
Na época, os trabalhadores mais 
organizados politicamente lutavam pela 
criação das Caixas de Aposentadorias e 
Pensões (CAPs), que se constituíram o 
princípio do Seguro Social, correspondendo 
ao primeiro período da história da 
Previdência brasileira. As CAPs foram 
regulamentadas através da Lei Elói 
Chaves (BUSS, 1995) e concediam benefícios 
como aposentadorias e pensões, consultas 
médicas e fornecimento de medicamentos. 
Para isso, era recolhido compulsoriamente 
do empregado: 3% do salário; do 
empregador: 1% da renda bruta das 
empresas e da União: 1,5% das tarifas dos 
serviços prestados pelas empresas. 
Esta lei seguia as seguintes normativas: 
 
 A lei só era aplicada somente ao 
operário urbano, os trabalhadores 
rurais só foram contemplados na 
história da previdência do Brasil 
quando foi criado o FUNRURAL a 
partir da década de 60. 
 As caixas eram organizadas por 
empresas e não por categorias 
profissionais. 
 A criação de uma CAP não era 
automática, dependia da 
mobilização e organização dos 
trabalhadores de determinada 
História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
 
empresa para reivindicar a sua 
criação. 
A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, 
o que pode ser explicado pela importância 
que este setor desempenhava na 
economia do país naquela época e pela 
capacidade de mobilização que a categoria 
dos ferroviários possuía. 
Carlos Chagas, EM 1920, sucessor de 
Oswaldo Cruz, introduziu a propaganda e a 
educação sanitária como uma prática 
rotineira de ação, modificando o modelo 
companhista de Oswaldo Cruz que era 
exclusivamente fiscal e policial. Ele criou 
órgãos especializados na luta contra a 
tuberculose, a lepra e as doenças venéreas, 
assistência hospitalar, infantil e a higiene 
industrial. 
Outros estados implantaram as atividades 
de saneamento e criou-se a Escola 
de Enfermagem Anna Nery no do Rio de 
Janeiro. Enquanto a sociedade brasileira 
exercia uma economia agroexportadora, 
baseada na monocultura do café, o 
sistema de saúde era apenas uma política 
de saneamento destinado aos espaços 
de circulação das mercadorias exportáveis 
e a erradicação ou controle das 
doenças que causavam epidemias e 
poderiam prejudicar a exportação. Por esta 
razão, desde o final do século passado até 
o início dos anos 60, predominou o modelo 
do sanitarismo campanhista. 
 
 
Desde o início, o sistema previdenciário não 
foi baseado no conceito do direito à 
previdência social, próprio da cidadania, 
mas foi apenas um direito contratual, 
baseado em contribuições ao longo do 
tempo. Com a crise do padrão exportador 
capitalista e o consequente aumento 
da dívida externa começaram os 
confrontos entre os republicanos e os 
liberais. A crise mundial do café de 1929 
afetou fortemente a economia brasileira 
onde possibilitou condições propícias para 
a Revolução de 1930. 
Esse fenômeno, a Revolução Industrial, fez 
com que o Estado respondesse às 
reivindicações dos trabalhadores, 
estabelecendo o salário mínimo, que se 
limitava aos gastos para a sobrevivência. 
Isso, só piorou das condições de vida da 
população que refletiu no aumento da 
demanda por saúde e assistência médica. 
Os Institutos de Assistência Previdenciária 
(IAPs) que começaram a prestar serviços 
no âmbito da assistência médica. Em 1930, 
Getúlio Vargas, Presidente da República, 
instalou a revolução que rompeu com a 
política do café com leite entre São Paulo e 
Minas Gerais; ele criou o “Ministério do 
Trabalho”, o da “Indústria e Comércio”, o 
“Ministério da Educação e Saúde”. Em 1937 é 
promulgada nova constituição que 
corrobora para a ditadura. A partir de 1940 
foi exigido um sindicato único para os 
trabalhadores com consequente 
pagamento de uma contribuição 
História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
 
sindical. Em 1939 regulamenta-se a justiçado trabalho e em 1943 é homologada 
a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). 
Essa política de estado foi destinada a 
todas as categorias de operários urbanos 
sistematizando todos os benefícios da 
previdência social da época. Desta forma, 
as antigas CAP’s são substituídas 
pelos INSTITUTOS DE APOSENTADORIA E 
PENSÕES (IAP). Nestes institutos os 
trabalhadores foram organizados por 
categoria profissional (marítimos, 
comerciários, bancários) e não mais por 
empresa como na Lei Eloy Chaves. Os IAP’s 
foram criados de acordo com a 
capacidade de organização, mobilização e 
importância da categoria profissional em 
questão. O primeiro instituto a ser criado foi 
o de Aposentadoria e Pensões dos 
Marítimos (IAPM), em seguida, em 1934 o 
dos Comerciários (IAPC) e dos Bancários 
(IAPB), em 1936 o dos Industriários (IAPI),e 
em 1938 o dos Estivadores e 
Transportadores de Cargas (IAPETEL). 
 
A queda do Governo Vargas, assume a 
presidência o General Eurico Dutra, esse 
período se caracterizou pelo aumento dos 
salários, pela reativação da legislação 
trabalhista, pela reforma partidária e as 
negociações para a instalação de novo 
pacto social.. 
 
 
Em 1941, instituiu-se a reforma Barros 
Barreto, onde se destacaram as seguintes 
ações: 
 instituição de órgãos normativos e 
supletivos destinados a orientar a 
assistência sanitária e hospitalar; 
 criação de órgãos executivos de 
ação direta contra as endemias 
mais importantes (malária, febre 
amarela, peste); 
 fortalecimento do Instituto Oswaldo 
Cruz, como referência nacional; 
descentralização das atividades 
normativas e executivas por 8 
regiões sanitárias; 
 destaque aos programas de 
abastecimento de água e 
construção de esgotos, no âmbito 
da saúde pública; 
 atenção aos problemas das 
doenças degenerativas e mentais 
com a criação de serviços 
especializados de âmbito nacional 
(Instituto Nacional do Câncer). 
 
Em 1960 foi promulgada a lei 3.807, 
denominada Lei Orgânica da Previdência 
Social, que veio estabelecer a unificação do 
regime geral da previdência social, 
destinado a abranger todos os 
trabalhadores sujeitos ao regime da CLT, 
excluídos os trabalhadores rurais, os 
empregados domésticos e naturalmente 
os servidores públicos e de autarquias e 
 
História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
 
que tivessem regimes próprios de 
previdência." ((POLIGNANO, 2001) 
 
Segundo a literatura, o Golpe Militar de 64, 
foi articulado e executado pelas forças 
armadas brasileiras que realizaram um 
golpe de estado em 31 de março de 1964, e 
instalaram um regime militar, com o aval 
dos Estados Unidos. Foi nesse contexto que 
emergiu o movimento da reforma sanitária 
dentro das universidades, assim, a 
Universidade passou a ser o espaço onde 
era possível a oposição às práticas do 
regime autoritário da época. 
Na saúde, as políticas elaboradas 
incentivava a privatização dos serviços 
médicos, através da compra de serviços 
pela Previdência e o discurso era de 
produtividade, crescimento, 
desburocratização e a descentralização da 
execução de atividades. 
Em 1967, foi criado o Instituto Nacional da 
Previdência Social (INPS) que unificou todos 
os IAPs centralizando todos os recursos 
financeiros e ampliando a compra de 
serviços da rede privada. A criação do INPS 
unificou diferentes benefícios e na medida 
em que o trabalhador urbano que tinha 
carteira assinada era automaticamente 
contribuinte e beneficiário desse novo 
sistema, com isso aumentou o volume de 
recursos financeiros capitalizados. Ao 
 
unificar o sistema previdenciário, o governo 
militar incorporou alguns os benefícios 
como, assistência médica em serviços e 
hospitais próprios. 
Na década de 70 o chamado milagre 
econômico aliado ao aumento de 
contribuição dos trabalhadores e o 
pequeno número de aposentados e 
pensionistas, em relação ao total de 
contribuintes, fez com que o sistema 
acumulasse um grande volume de recursos 
financeiros. 
Desta forma, foram estabelecidos 
convênios e contratos com a maioria dos 
médicos e hospitais existentes no país, 
pagando-se pelos serviços prestados, 
proporcionando a estes grupos se 
capitalizarem, consequentemente 
desencadeou o aumento no consumo de 
medicamentos e de equipamentos médico-
hospitalares, formando um complexo 
sistema médico-industrial. Este sistema foi 
se tornando cada vez mais complexo que 
o INPS acabou criando uma estrutura 
própria administrativa, o Instituto Nacional 
de Assistência Médica da Previdência 
Social . 
 
Esse período o foco estava voltado para as 
eleições diretas para a Presidência. As 
forças políticas se organizaram e 
formaram uma Aliança Democrática 
impedindo as eleições diretas, e elegeram 
História das Políticas de Saúde 
POR CARLA PAIXÃO (@CAMIOLIPA) 
 
 
através da Câmara, um novo Presidente, 
Tancredo Neves e, como vice, José Ribamar 
Sarney. O antigo modelo implantado pela 
ditadura militar entra em crise e 
a população com baixos salários, contidos 
pela política econômica e pela repressão, 
passou a conviver com o desemprego e as 
suas graves consequências sociais, como 
aumento da marginalidade, das favelas, da 
mortalidade infantil. 
Tancredo Neves morre e seu vice José 
Ribamar Sarney assume o posto 
presidencial, tendo início a chamada "Nova 
República". Na tentativa de conter a grande 
crise inflacionária vivenciada pelo país, 
foram propostos vários planos econômicos, 
que pouco transformaram a realidade 
econômica e social da nação, ainda 
privilegiando os setores mais ricos, em 
detrimento da maciça população brasileira. 
O movimento da reforma sanitária motivou 
à realização da VIII Conferência Nacional 
do Saúde em 1986 , onde os debates 
realizado nesse evento colocaram à tona 
as políticas de saúde como questões a 
serem discutidas com a participação 
popular marcando a nossa história da 
saúde no Brasil. 
 
”A constituinte de 1988 no capítulo VIII 
da Ordem social e na secção II referente à 
Saúde define no artigo 196 que : “A saúde é 
direito de todos e dever do estado, 
garantindo mediante políticas sociais e 
econômicas que visem a redução do risco 
de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços 
 
para sua promoção, proteção e 
recuperação”. O SUS é definido pelo artigo 
198 do seguinte modo: “As ações e serviços 
públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada, e 
constituem um sistema único, organizado 
de acordo com as seguintes diretrizes: I. 
Descentralização , com direção única em 
cada esfera de governo; II. Atendimento 
integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais; III. Participação da 
comunidade Parágrafo único - o sistema 
único de saúde será financiado , com 
recursos do orçamento da seguridade 
social, da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, além de outras 
fontes”. 
 
(CONSTITUIÇÃO DE 1988)

Outros materiais