Conteudista: Prof.ª Tatiana Tognolli Bovolini | Prof.ª M.ª Josiane Travençolo Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin Material Teórico Material Complementar Referências Particularidades do Câncer Intervenções Terapêuticas em Relação ao Paciente Terminal A última década pode ser considerada um marco no que diz respeito ao tratamento e ao acompanhamento do pro�ssional de Psicologia frente às demandas relacionadas ao Setor da Oncologia. As técnicas foram se aprimorando e acompanhando todo o processo de modi�cações com a �nalidade de oferecer apoio emocional ao paciente com câncer, assim como a seus familiares e pro�ssionais envolvidos no tratamento e, por diversas vezes, lidar com a morte surge nesse contexto, podendo ser considerada parte integrante da rotina de trabalho (ALMEIDA; MALAGRIS, 2011). O trabalho conjunto entre Psicologia e Oncologia já produz muitos resultados de excelência, e isso se deve ao aumento signi�cativo da sobrevida que, consequentemente, melhora a 1 / 3 Material Teórico Objetivos da Unidade: Delinear os contextos de terminalidade em processos de hospitalização prolongados, bem como seus fatores interferentes em Sociedade; Compreender como o câncer pode in�uenciar na qualidade de vida do indivíduo, principalmente, na questão sexual e nos relacionamentos. qualidade de vida e atua de forma a realizar um fortalecimento psicológico para enfrentar a terminalidade (SCANNAVINO, 2013). Ainda para o mesmo autor, esse apoio psicossocial e multipro�ssional no delicado momento da terminalidade é essencial já que, de acordo com os valores que regem a Sociedade contemporânea, a morte é entremeada de preconceitos e estigmas que abarcam inúmeros elementos que podem aterrorizar o homem. O indivíduo pode se sentir tão perseguido por esses pensamentos amedrontadores que pode desenvolver medo e ou uma recusa em querer pensar e conversar sobre esse assunto. Porém, tal negação é colocada à prova quando o indivíduo recebe um diagnóstico de uma doença potencialmente fatal, em que é inevitável o confronto com essa fragilidade e temática. Esse primeiro contato com a doença pode desencadear alguns sentimentos e sintomatologias que podem surgir na forma de inconformismo. O choque inicial diante do diagnóstico, do cansaço e da exaustão pode provocar uma peregrinação na busca por uma segunda ou terceira opinião que “desengane” o diagnóstico ao qual foi submetido. Ainda de acordo com o mesmo autor, o indivíduo transita por essa diversidade de sentimentos e junto podem aparecer momentos de hostilidade e agressividade em relação ao meio que está inserido. Essa proximidade com o desconhecido que a �nitude pode promover e que, muitas vezes, é desencadeado pelo adoecimento, pode encontrar uma expressão máxima no momento do agravamento das condições clínicas do paciente e da consequente caminhada rumo à terminalidade, daí ser um contato tão temido e evitado. Para Torres (2003), essa abordagem da morte como o inimigo a ser vencido a qualquer preço movimentou o círculo dos cuidados paliativos. Assim, Schramm (1999) dizia que, em contradição ao senso comum, os doentes terminais precisam, em sua grande maioria, de mais cuidados do que os doentes portadores de doença que oferecem baixos riscos de morte. A possibilidade de trabalhar com pacientes que se encontram em fase terminal de doença é uma experiência riquíssima e tem de ter seu devido valor, já que esses pacientes podem transmitir informações esclarecedoras, sendo o trabalho uma troca de conhecimentos mútuos entre pacientes e pro�ssionais. Assim, os Pro�ssionais de Saúde que atuam na Equipe Multi e Interdisciplinar precisam considerar os interesses de seus pacientes como, por exemplo, a autonomia, proporcionando tratamento com o mínimo dano ao indivíduo, estimando sempre as necessidades e os direitos fazendo com que eles tenham consciência de tudo que é dele por direito (OLIVEIRA et al., 2010) Esses princípios incluem todas as estratégias que os pro�ssionais podem utilizar para dar suporte aos pacientes e a seus familiares, reduzindo, assim, o sofrimento, a partir do apoio efetivo e do reconhecimento do paciente como ser humano único, que deve ser respeitado e valorizado. Apesar da morte ser inerente a todo ser humano, é importante ter a consciência de que o homem não nasce e nem morre sozinho e que o atendimento psicológico pode ser visto como uma forti�cação, um lugar de resistência diante do desamparo humano ante o enigma da morte, um espaço de encontro com a signi�cação necessária para que se complete o ciclo vital e se possa dobrar o limiar entre vida e morte (FRANCO, 2008). - OLIVEIRA et al., 2010 “Diante dessa proposta de cuidados que procura resgatar valores éticos e humanos, a autonomia individual se destaca como um dos valores centrais na busca de fundamentação e excelência dos cuidados paliativos.” Assim, perpetuar um espaço em que o paciente possa conceber formatos e novas signi�cações para essa subjetivação da extinção de sua própria existência contribui para a qualidade de vida e para uma �nitude compreendida, como relata Hennezel (1995). O primeiro centro de atendimento com características humanistas, de acordo com Pessini (2000), que tinha como �nalidade encarar o movimento de morte como um processo normal, enfatizando o controle de dor e dos sintomas, foi criado em 1967, por Cicely Saunders, e era denominado hospice. O objetivo desse hospice era propiciar aos pacientes e seus familiares a oportunidade de viver cada dia de forma plena e confortável tanto quanto possível e ajudar a lidar com o stress causado pela doença, pela morte e pela dor de perda para os que �cam. Santos (2009) a�rma que de todas as vivências humanas, o �nal do ciclo de vida é a que mais causa mobilização e implicações para o indivíduo, já que ele é obrigado a re�etir sobre sua vida e sobre tudo o que fez e construiu neste processo. Assim, trabalhar com o contexto de morte se faz difícil para todos os envolvidos, inclusive para o pro�ssional, já que é inevitável se pensar num grande paradoxo: melhorar a expectativa e a qualidade de vida versus aceitar e se posicionar diante da incontestável �nitude. Saiba Mais Cicely Saunders é considerada a pioneira dos cuidados paliativos moderno no mundo na website da Oxford University Press Scholarship. Os Impactos Psicológicos no Indivíduo Hospitalizado A Psicologia Hospitalar foi fundamentada em uma prática interdisciplinar. Assim, no Hospital, o Psicólogo deve transpor os limites de seu consultório, mantendo contato obrigatório com outras pro�ssões, o que determina multiplicidade de enfoques para o mesmo problema e, em consequência, ações diversas. Aqui, é importante discutir alguns conceitos já elencados. A interação é interdisciplinar quando alguns especialistas discutem entre si a situação de um paciente sobre aspectos comuns a mais de uma especialidade. E é multidisciplinar quando existem vários pro�ssionais atendendo o mesmo paciente de maneira independente, mas agindo de maneira integrada identi�cando problemas e tomando decisões em conjunto (BUCHER, 2003; ANCP, [s.d.]). Cicely Saunders Cicely Saunders is universally acclaimed as a pioneer of modern hospice care. Trained initially in nursing and social work, she quali�ed in medicine in 1958 and subsequently dedicated the whole of her professional life to improving the care of the dying and bereaved people. LEIA MAIS OXFORD SCHOLARSHIP ONLINE https://oxford.universitypressscholarship.com/view/10.1093/acprof:oso/9780198570530.001.0001/acprof-9780198570530 https://oxford.universitypressscholarship.com/view/10.1093/acprof:oso/9780198570530.001.0001/acprof-9780198570530 https://oxford.universitypressscholarship.com/view/10.1093/acprof:oso/9780198570530.001.0001/acprof-9780198570530 Essa interdisciplinaridade e multidisciplinaridade foram ainda mais enfocadas quando os Médicos ligados ao tratamento de morbidade e de câncer perceberam a importância