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Indaial – 2021 Fisioterapia na saúde da Mulher Profª. Juliana Rosa Nascimento 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Juliana Rosa Nascimento Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: N244f Nascimento, Juliana Rosa Fisioterapia na saúde da mulher. / Juliana Rosa Nascimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2021 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-451-7 ISBN Digital 978-65-5663-649-8 1. Fisioterapia ginecológica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 apresentação Caro aluno, a proposta deste livro reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo acadêmico com segurança e qualidade. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão acerca de conteúdos relacionados à fisioterapia ginecológica e obstétrica, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa. Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em tópicos, de forma didática, objetiva e coerente. Primeiramente, na Unidade 1, serão introduzidos conceitos acerca da anatomia e fisiologia do assoalho pélvico, neurofisiologia da micção e avaliação funcional do assoalho pélvico. Posteriormente, serão discutidas as principais disfunções que acometem o assoalho pélvico feminino e por fim serão abordados aspectos do tratamento fisioterapêutico nas disfunções do assoalho pélvico. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a atuação do fisioterapeuta na gestação, parto e puerpério, explanando sobre as principais alterações fisiológicas durante a gestação, e as condutas do fisioterapeuta no período pré-natal e puerpério. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre a atuação do fisioterapeuta no câncer de mama e suas complicações, dor pélvica e suas origens, climatério e menopausa. Desejo-lhe um excelente estudo! Profª. Juliana Rosa Nascimento Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMário UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA ........................................................................ 1 TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO ................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 ANATOMIA DAS ESTRUTURAS QUE COMPÕE O ASSOALHO PÉLVICO ...................... 3 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO .................................. 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17 2 INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA ............................................................................... 17 2.1 DIAGNÓSTICO DA IU ............................................................................................................... 21 3 INCONTINÊNCIA ANAL .............................................................................................................. 23 4 SÍNDROME DA BEXIGA HIPERATIVA (SBH).......................................................................... 25 5 PROLAPSO DE ÓRGÃOS PÉLVICOS .......................................................................................... 26 6 DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS ......................................................................................... 29 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 34 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35 TÓPICO 3 — TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO FEMININO ................................................................. 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39 2 INCONTINÊNCIA URINÁRIA ...................................................................................................... 39 3 INCONTINÊNCIA ANAL ............................................................................................................... 45 4 DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS ........................................................................................ 48 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 56 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 57 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 59 UNIDADE 2 — FISIOTERAPIA NO PERÍODO GESTACIONAL E PUERPÉRIO ................. 65 TÓPICO 1 — ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO .............................................. 67 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67 2 ALTERAÇÕES NO SISTEMA ENDÓCRINO.............................................................................. 67 3 ALTERAÇÕES NO SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................... 68 4 ALTERAÇÕES NO SISTEMA URINÁRIO .................................................................................71 5 SISTEMA HEMATOLÓGICO ....................................................................................................... 72 6 ALTERAÇÕES NO SISTEMA IMUNOLÓGICO ........................................................................ 72 7 ALTERAÇÕES NO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO ..................................................... 73 8 ALTERAÇÕES NO SISTEMA GASTROINTESTINAL ............................................................ 74 9 ALTERAÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIAS ............................................................................. 75 10 ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES .................................................................................... 76 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 78 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 79 TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA NO PERÍODO PRÉ-NATAL ........................................................ 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DA GESTANTE ............................................................... 81 2.1 SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................................................. 82 2.2 SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................................................................. 82 2.3 SISTEMA RESPIRATÓRIO .......................................................................................................... 83 2.4 SISTEMA GENITURINÁRIO ...................................................................................................... 83 2.5 SISTEMA NEUROMUSCULOESQUELÉTICO ........................................................................ 84 3 EXAME FÍSICO ................................................................................................................................. 85 4 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA GRAVIDEZ ..................................................... 88 4.1 EXERCÍCIOS DE ESTABILIZAÇÃO, FORTALECIMENTO E ALONGAMENTO ............. 89 4.2 PILATES ......................................................................................................................................... 89 4.3 HIDROTERAPIA ......................................................................................................................... 92 4.4 TERMOTERAPIA ........................................................................................................................ 93 4.5 MASSOTERAPIA E ELETROTERAPIA ................................................................................... 93 4.6 USO DE ÓRTESES ........................................................................................................................ 94 4.7 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL ..................................................................................... 94 4.8 CINESIOTERAPIA E EXERCÍCIOS ........................................................................................... 95 5 COMPLICAÇÕES DURANTE A GESTAÇÃO ............................................................................ 99 5.1 HIPERTENSÃO GESTACIONAL............................................................................................... 99 5.2 PRÉ-ECLÂMPSIA ........................................................................................................................ 99 5.3 ECLAMPSIA ................................................................................................................................ 100 5.4 DIABETES MELITO GESTACIONAL ..................................................................................... 100 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 102 TÓPICO 3 — FISIOTERAPIA NO PARTO E PUERPÉRIO ....................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA DURANTE A PREPARAÇÃO PARA O PARTO ........ 105 3 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PUERPÉRIO ........................................................... 108 3.1 FISIOTERAPIA NO PUERPÉRIO IMEDIATO ....................................................................... 109 3.2 FISIOTERAPIA NO PUERPÉRIO REMOTO .......................................................................... 111 3.2.1 Treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) ........................................... 111 3.2.2 Fortalecimento dos músculos abdominais ..................................................................... 112 3.2.3 Mobilização da cicatriz ..................................................................................................... 113 3.2.4 Cinesioterapia na amamentação ...................................................................................... 114 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 120 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 121 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 123 UNIDADE 3 — ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO CÂNCER DE MAMA, CLIMATÉRIO, MENOPAUSA E DOR PÉLVICA CRÔNICA .............................. 127 TÓPICO 1 — FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA .......................................................... 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 ANATOMIA E FUNÇÃO DAS MAMAS .................................................................................... 129 2.2 PREVENÇÃO CONTRA O CÂNCER DE MAMA ............................................................... 131 2.3 DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA ............................................................................ 132 3 FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA ................................................................................ 133 3.1 FISIOTERAPIA NO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR ........................................... 136 3.2 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL ................................................................................... 138 3.3 COMPRESSÃO ........................................................................................................................... 140 3.4 EXERCÍCIOS LINFOMIOCINÉTICOS .................................................................................... 141 3.5 LASER DE BAIXA POTÊNCIA ............................................................................................... 141 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 145 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 146 TÓPICO 2 — ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO CLIMATÉRIO E MENOPAUSA ......................................................................................................... 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149 2 ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................................149 3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NO CLIMATÉRIO E MENOPAUSA ................................. 151 4 CLIMATÉRIO, MENOPAUSA E SEXUALIDADE ................................................................... 154 5 CLIMATÉRIO, MENOPAUSA E INCONTINÊNCIA URINÁRIA ....................................... 157 6 EXERCÍCIO FÍSICO E MENOPAUSA ....................................................................................... 158 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 161 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 162 TÓPICO 3 — ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA EM PACIENTES COM DOR PÉLVICA ................................................................................................ 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVER A DPC ............................................................ 166 2.1 ENDOMETRIOSE ...................................................................................................................... 168 2.2 DISMENORREIA PRIMÁRIA (DP) ......................................................................................... 169 3 AVALIAÇÃO DA PACIENTE COM DOR PÉLVICA CRÔNICA .......................................... 171 3.1 ANAMNESE ................................................................................................................................ 172 3.2 EXAME FÍSICO ........................................................................................................................... 173 4 TRATAMENTO DA DOR PÉLVICA CRÔNICA (DPC) .......................................................... 174 4.1 FISIOTERAPIA NA DPC ........................................................................................................... 174 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 178 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 183 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 186 1 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a neurofisiologia da micção e assoalho pélvico feminino; • realizar uma adequada avaliação funcional do assoalho pélvico e exame físico; • identificar as principais disfunções do assoalho pélvico feminino; • identificar, traçar planos de tratamento e reabilitar subsequentemente as diversas; • patologias que acometem o assoalho pélvico feminino. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO TÓPICO 2 – PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO TÓPICO 3 – TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO FEMININO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 1 INTRODUÇÃO Querido acadêmico, estamos ingressando em uma nova jornada da nossa formação, na qual estudaremos aspectos relacionados à saúde da mulher. Neste primeiro tópico, discutiremos a anatomia e fisiologia do assoalho pélvico, bem como suas estruturas anatômicas e funções. Em sequência, conheceremos as principais disfunções que acometem essas estruturas e, ainda, qual o papel da fisioterapia na reabilitação destas. Os profissionais da área de urologia, coloproctologia, obstetrícia e ginecologia devem aprofundar seus conhecimentos sobre a anatomia humana da pelve e associar todas essas informações com fisiologia, biomecânica, ciência do comportamento e aprendizagem, disfunções da pelve e as suas abordagens terapêuticas (BARACHO, 2018). 2 ANATOMIA DAS ESTRUTURAS QUE COMPÕE O ASSOALHO PÉLVICO O corpo humano é dividido nas seguintes partes: cabeça, pescoço, tronco (tórax, abdome, dorso e pelve) e membros (superiores e inferiores). A pelve é a parte do tronco póstero-inferior ao abdome e é a área de transição entre tronco e membros inferiores (BARACHO, 2018). Conhecida anatomicamente como cíngulo do membro inferior, a pelve é formada pelos ossos direito e esquerdo do quadril, que se articulam anteriormente através da sínfise púbica, e pelo osso sacro, que se articula posteriormente com os ossos do quadril. O osso do quadril de cada lado é formado pela fusão entre três ossos: o ílio, ísquio e púbis (BARACHO, 2018). UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA 4 FIGURA 1 – ANATOMIA DA PELVE FONTE: <https://medicinadoquadril.com.br/site/wp-content/uploads/2015/01/fraturas-pelve.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2020. FIGURA 2 – OSSOS DO QUADRIL FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/21/c0/b3/21c0b319cf7cc5d2918c547eac34d1b0.png>. Acesso em: 30 nov. 2020. A principal função da pelve é suportar o peso corporal (transmitido pela coluna vertebral) e transferir esse peso para os membros inferiores, sendo assim, anatomicamente, essa estrutura é forte e resistente. As articulações da pelve são: sacroilíaca, posteriormente, e a sínfise púbica, anteriormente. A articulação sacroilíaca é classificada como articulação sinovial simples do tipo plana e, por isso, é capaz de apresentar pequenos movimentos em todas as direções. Ela é constituída pelas faces auriculares do ílio e também do sacro. Apresenta um resistente ligamento denominado ligamento sacroilíaco interósseo, o qual se confunde com o ligamento sacroilíaco posterior, que se trata de um espessamento da cápsula articular na sua face posterior. Anteriormente, a cápsula TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 5 articular apresenta também um notável espessamento, o ligamento sacroilíaco anterior, que é, inclusive, menos espesso que o mesmo ligamento posterior. Pode- se, ainda, visualizar na pelve outros ligamentos extrínsecos à cápsula articular, os quais apresentam força distinta (BARACHO, 2018). A sínfise púbica é a articulação situada anteriormente na pelve e é classificada como articulação cartilagínea do tipo sínfise, a qual apresenta um disco de fibrocartilagem entre as faces ósseas que se articulam. Essa articulação apresenta dois ligamentos: ligamento púbico superior e inferior (BARACHO, 2018). Na Figura 3, estão demonstrados os ligamentos pélvicos: FIGURA 3 – LIGAMENTOS DA PELVE FONTE: <https://bit.ly/3gMtGzN>. Acesso em: 30 nov. 2020. Com relação aos órgãos internos da pelve, as vísceras pélvicas incluem porções finais dos sistemas; urinário, digestório e genital. Os órgãos urinário e digestivo pélvicos compreendem as partes pélvicas dos ureteres, bexiga urinária, uretra e reto; os órgãos genitais internos femininos incluem ovários, tuba uterina, útero e vagina (BARACHO, 2018). Ureteres: são tubos musculares lisos que desempenham a função de conectar os rins à bexiga urinária. As contrações do músculo detrusor da bexiga atuam como esfíncter, bloqueando o refluxo de urina para os ureteres quando a bexiga se contrai, o que aumenta a pressão interna durante a micção. A urina é transportada dos rins para a bexiga por meio de movimentos peristálticos dos ureteres (BARACHO, 2018). UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA 6 FIGURA 4 – URETERES FONTE: <https://bit.ly/2PxBOJ5>.Acesso em: 30 nov. 2020. Bexiga: a bexiga urinária é um órgão oco constituído de músculo liso forte e com grande distensibilidade: o músculo detrusor. A bexiga desempenha a função de reservatório temporário de urina e tem tamanho, formato e localização variáveis (BARACHO, 2018). FIGURA 5 – ANATOMIA DA BEXIGA FONTE: <https://bit.ly/3vuAWnQ>. Acesso em: 30 nov. 2020. Uretra: a uretra feminina tem cerca de 4 cm de comprimento e segue anteroinferiormente ao óstio interno da bexiga até o óstio externo da uretra. O canal uretral, que tem a função de transportar a urina da bexiga para o meio externo, situa-se anteriormente à vagina, e seu eixo é paralelo ao dela. A uretra segue com a vagina através do diafragma da pelve, do músculo esfíncter externo da uretra e da membrana do períneo (BARACHO, 2018). TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 7 FIGURA 6 – ANATOMIA DA URETRA FEMININA E MASCULINA FONTE: <https://m.facebook.com/soenf/posts/1085416074802537:0?locale2=pt_BR>. Acesso em: 30 nov. 2020. Reto: o reto é a porção pélvica do sistema digestório e mantém continuidade proximal com o colo sigmoide, e distal com o canal anal. A junção do colo sigmoide com o reto se dá anteriormente à vértebra S3, e a junção anorretal situa- se anteroinferiormente à extremidade do cóccix. A inervação do reto provém dos sistemas simpático e parassimpático, e as fibras aferentes viscerais seguem as fibras parassimpáticas até os gânglios sensitivos dos nervos espinais S2-S4 (BARACHO, 2018). FIGURA 7 – ANATOMIA DO RETO FONTE: <https://bit.ly/3nxWQE6>. Acesso em: 30 nov. 2020. UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA 8 Ovários: são as gônadas femininas que produzem os oócitos (gametas femininos) e costumam ser encontrados entre o útero e a parede lateral da pelve. Como o ovário fica suspenso na cavidade abdominal e não é recoberto pelo peritônio, o oócito expelido durante a ovulação passa para a cavidade peritoneal e, em seguida, é aprisionado pelas fímbrias da tuba uterina e conduzido para a ampola, onde pode ser fecundado (BARACHO, 2018). FIGURA 8 – ANATOMIA DOS OVÁRIOS FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/ov/ar/ovariomicropolicistico-cke.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2020. Tubas uterinas: as tubas uterinas desempenham a função de transporte dos oócitos liberados pelo ovário durante a ovulação, além de servir de local habitual para que ocorra a fecundação. As tubas uterinas podem ser divididas em quatro partes, da porção lateral para a medial: infundíbulo, ampola, istmo e parte uterina (BARACHO, 2018). FIGURA 9 – TUBAS UTERINAS FONTE: <https://www.auladeanatomia.com/novosite/wp-content/uploads/2015/11/tuba.bmp>. Acesso em: 30 nov. 2020. TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 9 Útero: é um órgão muscular oco que apresenta paredes espessas e aloja o embrião e o feto no período da gravidez. O útero não gravídico se localiza na pelve verdadeira e possui as seguintes partes: fundo, corpo, istmo e colo. A sustentação dinâmica do útero ocorre por meio do diafragma pélvico, especialmente durante momentos ou situações de aumento de pressão intra-abdominal, como ocorre em tosse ou espirro e a fixação do útero se dá pelos seus ligamentos. Quanto à histologia, o útero é revestido por três camadas de tecido denominadas de: perimétrio, miométrio e endométrio. • Perimétrio é a camada mais externa, constituída por tecido conjuntivo. • Miométrio é camada intermediária, constituída de musculatura lisa. O miométrio possibilita as contrações no momento do parto. Durante a gestação as fibras lisas aumentam de número e tamanho. • Endométrio é a camada mais interna formada de tecido epitelial altamente vascularizado. Ele reveste toda a cavidade uterina (BARACHO, 2018). FIGURA 10 – ANATOMIA DO ÚTERO E SUAS CAMADAS FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/ut/er/utero1.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2020. Vagina: a vagina é um canal fibromuscular que se estende do colo do útero até o seu óstio externo, se abre juntamente com a glande do clitóris, o óstio externo da uretra e as glândulas vestibulares menores no vestíbulo vaginal, uma fenda situada entre os lábios menores da vulva feminina. A vagina serve de canal para escoar o líquido menstrual, constitui o canal do parto, e recebe e envolve o pênis e o sêmen durante a relação sexual. As fibras aferentes que transmitem impulsos dolorosos do colo uterino e da vagina seguem as fibras parassimpáticas através dos plexos uterovaginal e hipogástrico inferior e dos nervos esplâncnicos pélvicos, para chegar aos corpos celulares nos gânglios sensitivos dos nervos espinais S2-S4. As principais partes da vagina compreendem a vulva, monte de vênus, lábios maiores e menores do pudendo, clitóris e vestíbulo vaginal, como pode ser observado na Figura 11 (MACHADO, 2014). UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA 10 FIGURA 11 – ANATOMIA DA VAGINA FONTE: <https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/11/vulva3.jpg?quality=85&strip=info>. Acesso em: 30 nov. 2020. A cavidade da pelve é demarcada inferiormente pelo diafragma pélvico (constituído pelos músculos coccígeo e levantador do ânus), que fica suspenso na parte superior e desce centralmente até a abertura inferior da pelve em forma de funil. Além desse diafragma, outros músculos, fáscias e ligamentos formam o assoalho pélvico, que apresenta a função de sustentação de órgãos internos, proporciona ação esfincteriana para uretra, vagina e reto, e possibilita a passagem do feto no canal do parto (MACHADO, 2014). Já o períneo é a região superficial do assoalho pélvico, situada inferiormente ao diafragma da pelve. As estruturas esqueléticas e fibrosas que marcam os limites do períneo são: Sínfise púbica, anteriormente; Ramos do ísquio e púbis, anterolateralmente; túberes isquiáticos, lateralmente (MACHADO, 2014). Na Figura 12, estão demonstrados os principais músculos que compõe o assoalho pélvico feminino. TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 11 FIGURA 12 – ESTRUTURAS DO ASSOALHO PÉLVICO FONTE: <https://bit.ly/2PBmwTO>. Acesso em: 30 nov. 2020. Agora que já relembramos a anatomia que compõe o assoalho pélvico feminino, a fim de aprofundarmos o conhecimento, no próximo tópico serão estudadas as principais disfunções/ patologias que acometem essas estruturas. Preparados? Vamos lá! 12 Neste tópico, você aprendeu que: • A pelve é a parte mais inferior do tronco. Composta pela cintura pélvica e pelo períneo, ela sustenta os órgãos dos sistemas urinário e reprodutivo. • A pelve feminina contém as partes distais dos sistemas urinário e digestório (ureter, bexiga urinária, uretra e reto), a genitália interna (ovários, tubas uterinas, útero e vagina) e a genitália externa (contida pelo períneo). • O assoalho pélvico é formado pelo diafragma pélvico, que possui um formato de funil. • O diafragma pélvico é composto por um par de músculos e suas fáscias; o músculo levantador do ânus e o músculo coccígeo. • A função do diafragma pélvico é sustentar os órgãos pélvicos e prevenir o seu prolapso. • O períneo é a parte da pelve que contém a genitália externa e o ânus. É inferior ao diafragma pélvico. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 A pelve é a parte mais inferior do tronco. A cavidade pélvica é definida por todos os ossos, órgãos, músculos e ligamentos que contribuem para a funcionalidade pélvica. A compreensão adequada das disfunções pélvicas requer o conhecimento dos processos patofisiológicos envolvidos. Para isso é importante entender a anatomia pélvica e as funções de cada estrutura presente. Com base nos conhecimentos de anatomia da musculatura do assoalho pélvico, observe os músculos apontados pelas letras A e B na figura e assinalea alternativa CORRETA: FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3u7SPZE>. Acesso em: 31 mar. 2021. a) ( ) Isqueococcígeo e bulbocavernoso. b) ( ) Bulboesponjoso e isqueocavernoso. c) ( ) Isqueocavernoso e transverso superficial do períneo. d) ( ) Bulboesponjoso e transverso superficial do períneo. 2 Localizado na região entre ânus e genitais, o assoalho pélvico é formado por músculos, ligamentos e fáscias (tecidos finos com pouca elasticidade que, nas mulheres, recobrem e protegem internamente a vagina, compondo o anel pericervical que vai do colo do útero à bexiga). Podemos dizer que é uma rede de sustentação que precisa ser fortalecida para manter os órgãos no lugar porque a pressão nessa área do corpo é grande. Este conjunto é integrado ainda pelos esfíncteres, estruturas que contraem e relaxam para permitir a passagem da urina e das fezes. Sobre a anatomia do Trato Genital Feminino e Assoalho Pélvico, analise as sentenças a seguir: I- Os músculos levantadores do ânus são inervados pelo nervo perineal, originado no nervo pudendo e pelo ramo perineal de S4. II- O plexo coccígeo é uma rede de fibras nervosas formada pelos ramos ventrais de L4 e L5. III- O osso ísquio é o menor dos três ossos que constituem o osso coxal e é responsável por formar a parte cranial do assoalho pélvico. AUTOATIVIDADE 14 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) As sentenças I e II estão corretas. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) As sentenças II e III estão corretas. e) ( ) As sentenças I, II e IIII estão corretas. 3 O assoalho pélvico compreende os órgãos da região baixa do abdômen e tem funções relacionadas aos sistemas reprodutor, urinário e digestivo. Sobre esse tema, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O assoalho pélvico tem como objetivo sustentar os órgãos internos, principalmente o útero, bexiga e reto. ( ) O assoalho pélvico é formado por músculos, ligamentos e fáscias. ( ) O levantador do ânus é um músculo profundo e de suporte aos órgãos pélvicos, contribuindo para o processo de micção e defecação. ( ) O diafragma pélvico é formado por músculo levantador do ânus, obturador interno e transverso superficial do períneo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – V. b) ( ) V – V – V – F. c) ( ) V – F – V – F. d) ( ) F – V – F – V. e) ( ) V – V – F – F. 4 O assoalho pélvico é formado primariamente por músculos esqueléticos espessos juntamente com ligamentos próximos e suas fáscias de revestimento. Os músculos do assoalho pélvico (MAP) são um grupo de músculos de controle voluntário, em forma de rede que se localizam na porção inferior da bacia, especificamente entre as coxas e tem a função de sustentar os órgãos internos. Sobre os MAP, é correto afirmar: a) ( ) O esfíncter externo do ânus fecha o canal retal e mantém a ereção do clitóris. b) ( ) O ísquio cavernoso suporta e fixa o corpo do períneo além de suportar o peso das vísceras. c) ( ) O bulbo esponjoso ajuda a manter as vísceras pélvicas em posição e resiste a pressão abdominal d) ( ) O coccígeo ou ísquiococígeo forma o diafragma pélvico e dá suporte às vísceras pélvicas. 5 Um assoalho pélvico flácido ou não fortalecido pode resultar em problemas de saúde como incontinências urinária e fecal, bexiga posicionada abaixo de onde deveria (bexiga caída) e, em casos de gestantes, lacerações perineais e outras disfunções. Com base no exposto, quais são os músculos superficiais do assoalho pélvico responsáveis por suportar os órgãos pélvicos e atuarem também na continência urinária e fecal? 15 a) ( ) Bulbo cavernoso, isquiocavernoso, transverso superficial e profundo, e reto abdominal. b) ( ) Bulbo cavernoso, isquiocavernoso, transverso superficial e profundo, e esfíncter externo. c) ( ) Pubococcígeo, iliococcígeo, coccígeo e reto abdominal. d) ( ) Pubococcígeo, iliococcígeo e esfíncter interno. e) ( ) Pubococcígeo, puboretal, iliococcígeo e coccígeo. 16 17 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 1 INTRODUÇÃO De acordo com a Teoria Integral de Continência, sintomas como a perda de urina aos esforços, urgência, polaciúria, noctúria, e alterações do esvaziamento vesical e intestinal, originam-se de alterações teciduais dos elementos de suporte uretral, dos ligamentos e músculos do assoalho pélvico (PETROS; ULMSTEN, 1990). Os principais distúrbios que acometem o assoalho pélvico (AP) feminino são a incontinência urinária e fecal, prolapsos dos órgãos pélvicos, anormalidades do esvaziamento do trato urinário inferior, disfunções defecatórias, disfunções sexuais e dor pélvica crônica (PETROS; ULMSTEN, 1990). O nervo pudendo é responsável pela inervação dos músculos do AP e do esfíncter uretral externo. Sua lesão pode gerar fraqueza do AP, resultando em disfunções como o Prolapso de Órgão Pélvico (POP) e relaxamento do esfíncter uretral externo, com consequente incontinência urinária. Assim, a integridade neuromuscular desempenha papel fundamental na manutenção da continência e integridade do assoalho pélvico (PETROS; ULMSTEN, 1990). Os sintomas desses distúrbios geralmente se sobrepõem, e apesar de não se tratarem normalmente de condições que ameaçam a vida, podem afetar intensamente a qualidade de vida das pacientes, gerando limitações físicas, sociais, ocupacionais e/ou sexuais (WALTERS, 2004). Estudaremos agora, as principais disfunções que acometem o AP feminino: 2 INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA A Incontinência urinária (IU) refere-se à queixa de qualquer perda de urina, que pode ser involuntária, provocada pelo indivíduo ou descrita por um cuidador. Essa perda involuntária de urina pode estar associada à urgência e também ao esforço físico, incluindo atividades esportivas ou em espirros ou tosse. A IU é uma condição que afeta a qualidade de vida da pessoa acometida, comprometendo o bem-estar físico, emocional, psicológico e social. A IU pode estar presente em indivíduos de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, as mulheres têm maior predisposição a apresentar essa condição (HUNSKAAR et al., 2005). 18 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA As mulheres apresentam uma menor capacidade de oclusão uretral, isso se deve ao fato da uretra funcional feminina ser mais curta e a continência depender não somente do funcionamento esfincteriano adequado, mas também de elementos de sustentação uretral (músculos e ligamentos) e transmissão da pressão abdominal para o colo vesical (HUNSKAAR et al., 2005). Apesar de as perdas involuntárias de urina interferirem de forma devastadora na qualidade de vida das doentes, a incontinência urinária feminina continua a ser “subdiagnosticada” e “subtratada”. Estima-se que apenas uma em cada quatro mulheres sintomáticas procura os centros de saúde, já que é considerada de forma errônea uma consequência natural da idade, sem tratamento eficaz, sendo por isso considerada como uma “epidemia silenciosa” (HUNSKAAR et al., 2005). As morbilidades associadas à incontinência urinária incluem prolongamento de internamentos, infecções do trato urinário, complicações devido ao uso prolongado de cateteres uretrais e as dermatites de contato, sendo também um importante motivo para admissão de idosos em lares (YIP; CARDOZO, 2007). Inúmeras situações podem levar a IU. A identificação da etiologia é essencial para o tratamento adequado. De maneira geral, a presença de IU pode ser dividida de acordo com a etiologia em neurogênica (ex. lesão medular traumática, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral) e não neurogênica (ex. hiperatividade detrusora, insuficiência intrínseca do esfíncter uretral, cirurgias da próstata).Os fatores de risco mais importantes são os partos, principalmente por via vaginal, obesidade, constipação intestinal, além de cirurgias pélvicas extensas e outros traumas na região pélvica (BOTELHO; SILVA; CRUZ, 2007). A perda de urina pode ocorrer de forma transitória, geralmente associada a infecções urinárias, diabetes descompensada, uso de determinados fármacos (como os diuréticos, bloqueadores adrenérgicos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina que podem provocar tosse, benziodiazepinas ou outros neuroléticos), consumo de álcool ou cafeína, distúrbios emocionais ou a constipação intestinal. Esse tipo de incontinência urinária geralmente melhora após o tratamento da causa subjacente (BOTELHO; SILVA; CRUZ, 2007). No entanto para a grande maioria das mulheres a incontinência urinária manifesta-se como uma doença crônica de início gradual, mas com agravamento progressivo. Existem vários tipos de incontinência urinária, as mais frequentes na mulher são: a IU de esforços, IU de urgência e IU mista (BOTELHO; SILVA; CRUZ, 2007): • Incontinência urinária de esforço (IUE) Na incontinência urinária de esforço a mulher perde urina involuntariamente quando aumenta a pressão intra-abdominal em atividades como tossir, rir, levantar objetos ou fazer esforço físico. Há uma associação nítida entre os esforços e as perdas de urina. O problema nesses casos é que a pressão intravesical ultrapassa a pressão uretral, originando perda de urina. Para a sua TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 19 fisiopatologia contribuem em graus variáveis de importância a hipermobilidade do colo vesical (secundária a um suporte anatómico pélvico fragilizado) e uma deficiência intrínseca do esfíncter urinário (BOTELHO; SILVA; CRUZ, 2007). • Incontinência urinária de urgência (IUU) A IUU é definida como o gotejamento involuntário de urina, precedido por urgência caracterizada por forte desejo de urinar que dificilmente pode ser suprimido. Esta incontinência é causada por contrações involuntárias do músculo detrusor da bexiga (hiperatividade) acompanhadas pelo relaxamento uretral durante a fase de enchimento vesical (KLINGLER et al., 2000). Para a preservação da continência urinária é fundamental que a bexiga apresente função normal, e a pressão intravesical deve permanecer relativamente baixa e constante durante todo o enchimento. Quando a contração vesical supera a capacidade de oclusão uretral gerada pelo esfíncter ocorre a IUU. As frequências miccional e noctúria geralmente acompanham o sintoma de urgência, e são definidos, respectivamente, como a queixa de apresentar repetidas micções durante o dia e acordar a noite uma ou mais vezes para urinar. Klingler et al. (2000) caracterizam o aumento da frequência como mais de oito micções durante o dia e noctúria como mais de duas micções durante a noite. Várias situações podem levar a hiperatividade detrusora, desde uma infecção urinária que irrita a mucosa vesical até uma alteração, identificável ou não, da inervação vesical. • Incontinência Urinária Mista (IUM) Trata-se da combinação da IUE e IUU, ou seja, uma insuficiência de oclusão uretral associada à hiperatividade detrusora. A incontinência mista resulta da combinação de sintomas da incontinência de esforço e de urgência. Cerca de um terço das mulheres incontinentes apresentam esse tipo de incontinência e provavelmente representa apenas um ponto intermédio do contínuo, que são a incontinência de stress e de urgência. Nesses casos deve-se tentar determinar quais os sintomas predominantes e que mais incomodam a doente, pois são eles que determinam a estratégia terapêutica (BOTELHO; SILVA, CRUZ, 2007, p. 80). • Incontinência urinária em populações especiais Durante a gestação, os sintomas miccionais podem estar associados ao efeito da pressão do útero gravídico sobre a bexiga, reduzindo de forma significativa a capacidade vesical, e pode afetar negativamente a qualidade de vida de gestantes nos âmbitos social, sexual e profissional, além de implicar em um custo significativo para a mulher e para os serviços de saúde (ASHTON-MILLER; DELANCEY, 2007). 20 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA No estudo de Santos et al. (2006), 48,5% das mulheres relataram sentir-se nervosas ou ansiosas devido à perda urinária e 55% sentiam-se incomodadas com a condição de incontinente, interferindo na relação com amigos, relações sexuais e atividades de vida diária. Fatores como a idade materna, IMC e paridade são considerados importantes para o desencadeamento de sintomas miccionais durante a gestação e o puerpério. Fritel et al. (2004) concluíram que mulheres acima de 35 anos possuem maior risco de desenvolver disfunções do assoalho pélvico. Isso ocorre porque o envelhecimento fisiológico é acompanhado pelo aumento na densidade das fibras de desnervação da musculatura do assoalho pélvico, de modo que, quanto maior a densidade menor a velocidade da condução nervosa. Sabe-se que poucas gestantes com sintomas miccionais procuram ajuda, pois não se sentem à vontade para relatar esses sintomas à família, amigos e profissionais de saúde, além de muitas vezes desconhecerem que esses sintomas podem ser tratados ou controlados. No entanto, a presença de IU na gestação e no pós-parto imediato pode predizer a existência dessa condição em longo prazo (VIKTRUP; RORTVEIT; LOSE, 2008). Um estudo realizado por Leroy, Lúcio e Lopes (2016) investigou os principais fatores de risco para o desenvolvimento de IU no puerpério. Os autores constataram que 70,1% das mulheres incontinentes no puerpério eram incontinentes na gestação, além disso, houve uma forte associação entre a IU na gestação e o aumento do risco para IU no puerpério. Esses achados indicam que, na maioria dos casos, a IU iniciou-se na gravidez e permaneceu após o parto, o que é condizente com estudo prévio, no qual a maioria das mulheres incontinentes no puerpério experienciaram perda involuntária de urina no terceiro trimestre de gestação (RAZA-KHAN et al., 2006). Com relação à presença de IU em atletas, estudos mostram que a prevalência da IU durante a prática esportiva nas atletas de elite varia de 0% (golfe) até 80% (trampolinistas). As maiores prevalências ocorrem em esportes que envolvem atividades de alto impacto como: ginástica, atletismo e alguns jogos com bola. A maioria dos autores acredita que a IU ocorra em esportes de alto impacto (como a ginástica e o trampolim acrobático) ou em esportes com mudança abrupta de movimento (como no basquete). Nestes casos, a fisiopatologia da IU talvez esteja relacionada com o aumento abrupto da pressão abdominal (BØ; BORGEN, 2001). Algumas teorias tentam explicar a ocorrência de IU nas atletas. Uma delas afirma que, embora as atletas tenham os músculos do assoalho pélvico fortes, a atividade física árdua levaria ao aumento da pressão abdominal, predispondo a IU (BØ; BORGEN, 2001). Outros autores acreditam que essas atletas têm sobrecarga, estiramento e enfraquecimento do assoalho pélvico. Reforça essa teoria o fato de que a força vertical de reação máxima do solo durante diferentes atividades esportivas é três a quatro vezes o peso do corpo quando corremos, cinco a doze vezes pulando, e nove vezes na queda após um salto em altura (KRUGER et al., 2005). Por fim, a amenorreia hipotalâmica decorrente de exercício físico intenso, desordens alimentares ou a combinação de ambos, também poderia contribuir para a IU em atletas devido aos baixos níveis de estrogênios. Uma grande proporção dessas TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 21 atletas relata que a perda de urina é muito embaraçosa e que afeta a concentração e a performance. Sendo assim, essas atletas devem ser encaminhadas para uma equipe multidisciplinar para adequaro melhor tratamento sem comprometer o desempenho (OLIVEIRA et al., 2003). 2.1 DIAGNÓSTICO DA IU Agora que já compreendemos os tipos de IU, bem como seus principais fatores de risco, iremos perceber que o diagnóstico da IU pode ser realizado através de algumas avaliações, tais como: • História clínica da doença: identificação de elementos que permitam indicar qual o tipo mais provável de IU e a abordagem diagnóstica e terapêutica mais apropriada. Os elementos a serem observados no diagnóstico de IUE na mulher incluem o grau de incômodo, condição da perda (esforço, urgência, mista), uso de absorventes ou fraldas, frequência e horário das perdas, tipos e quantidade de partos, quantidade de ingestão hídrica durante o dia, uso de medicamentos, cirurgias prévias etc. (ABRAMS et al., 2002). • Exame Físico: deve ser direcionado para os sistemas que poderiam estar relacionados à IU, incluindo; exame geral para mobilidade, estado cognitivo, edema periférico, exame abdominal para massas pélvicas e avaliação neurológica para patologias como esclerose múltipla, Parkinson, compressão de raiz nervosa (hérnia de disco), parestesias e distrofismo muscular. Deve-se determinar o índice de massa corporal (IMC) da paciente. Deve ser dada atenção para a presença de prolapso de órgãos pélvicos e atrofia vaginal. A força e tônus da musculatura pélvica (elevador dos anus) e a sensibilidade perineal também devem ser avaliados. A paciente deve ser instruída a realizar manobras de esforço em posição supina (como por exemplo, tossir) e ortostática para observação da perda de urina e sua intensidade (TRUZZI et al., 2016). • Escalas de avaliação: a função muscular do assoalho pélvico pode ser avaliada pelo esquema PERFECT, desenvolvido por Bø e Larsen (1992), cujo objetivo é quantificar a intensidade, a duração e a sustentação da contração muscular perineal. É realizado o toque bidigital, no qual o avaliador introduz o segundo e terceiro dedos no introito vaginal e solicita a contração do assoalho pélvico. 22 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA QUADRO 1 – ESQUEMA PERFECT DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL SUBJETIVA DO ASSOALHO PÉLVICO FONTE: Virtuoso, Mazo e Menezes (2011, p. 317) • Diário miccional: a utilização de um diário miccional, que avalia a rotina urinária e de perdas, é um método bastante simples e muito útil na avaliação. O diário miccional permite avaliar o número de micções, número de episódios de IU e o volume de líquido ingerido e eliminado em 24 horas. O diário também pode ser usado para monitorar a resposta e eficácia do tratamento (BARACHO, 2018). QUADRO 2 – MODELO DE DIÁRIO MICCIONAL FONTE: Amorim e Pessoa (2014, p. 18) Acadêmico, leia o artigo: Incontinência urinária e função muscular perineal em idosas fisicamente ativas e sedentárias. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbfis/ v15n4/pt_aop010_11insci787.pdf. DICAS TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 23 • Exames complementares: uma ultrassonografia do trato urinário e da pelve nas mulheres permite avaliar a presença de massas na cavidade pélvica, além de fornecer informações sobre resíduo pós-miccional (RPM) e lesões do trato urinário. Outros exames como cistoscopia e uretrocistografia miccional podem ser úteis, dependendo da apresentação inicial. Após a avaliação, o médico deve ser capaz de determinar se a paciente apresenta IUE, IUU ou associação de ambas (IUM). O tratamento deve ser realizado considerando o tipo da IU, com o risco de insucesso ou a piora do quadro clínico em casos de diagnóstico equivocado (BARACHO, 2018). • Avaliação Urodinâmica: a avaliação urodinâmica completa ou estudo urodinâmico (EUD) é um exame realizado para avaliar o funcionamento do trato urinário inferior. Em geral, o EUD é realizado quando há falha no tratamento clínico ou quando se planeja alguma forma de tratamento cirúrgico. Esse exame é essencial para definir e predizer a resposta ao tratamento, podendo ser decisivo quanto à indicação ou não de um tratamento cirúrgico (BARACHO, 2018). 3 INCONTINÊNCIA ANAL Incontinência anal (IA) é o nome utilizado para englobar tanto a perda involuntária de material fecal quanto de gases. Já a incontinência fecal (IF) pode ser caracterizada como a incapacidade de manter o controle fisiológico do conteúdo intestinal em local e tempo socialmente adequados, levando a perda involuntária de fezes líquidas, pastosas ou sólidas. Considera-se ainda urgência fecal ou retal quando há desejo súbito e urgente de defecar, difícil de ser adiado, e incontinência de urgência fecal ou de gases quando ocorre perda involuntária de fezes ou gases associados ao sintoma de urgência. Essa alteração funcional pode gerar insegurança, perda da autoestima, angústia, depressão, transtornos físicos, mentais e sociais, que podem contribuir para uma piora na qualidade de vida dos indivíduos (BARACHO, 2018). A prevalência exata dessa disfunção é desconhecida e subestimada pelo fato de ser sub-relatada, pois muitas pessoas acometidas pela incontinência não procuram assistência dos profissionais de saúde, devido ao medo, frustração e vergonha (QUINTÃO; OLIVEIRA; GUEDES, 2001). No entanto, sabe-se que é mais comum em idosos e no sexo feminino, provavelmente devido a fatores relacionados ao parto e a maior prevalência de constipação intestinal crônica nas mulheres (OLIVEIRA et al., 2007). Em termos etiológicos de acordo com Ribeiro (2013), a IF pode dividir-se em quatro categorias: danos do esfíncter, alterações das características das fezes, distúrbios neuromusculares e alterações da compliance e sensibilidade retal, conforme pode ser observado no Quadro 3: 24 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA QUADRO 3 – ETIOLOGIA DA INCONTINÊNCIA FECAL FONTE: Ribeiro (2013, p. 9) A avaliação da incontinência fecal deve ser dirigida para a causa e para o estado funcional do paciente, e devem ser incluídos alguns aspectos na avaliação, tais como: • História clínica: deve ser detalhada e abordar as possíveis causas e a frequência, severidade e duração dos episódios, bem como o impacto na qualidade de vida do paciente, incluindo a capacidade de sair de casa para o trabalho ou para atividades sociais. Alguns aspectos devem ser questionados, tais como: a data de início dos sintomas, duração e severidade, consistência das fezes, comorbidades, uso de fármacos etc. • Escalas e questionários: existem diversas escalas e questionários validados tais como: o Cleveland Clinic grading system, escala de incontinência de St. Mark, escala de Wexter e os questionários como o Symptom Checklist 90 Revised (SCL- 90) ou o Short Form 36 (SF36), que, para além de ajudarem a determinar o tipo e intensidade dos sintomas, também ajudam a correlacionar a saúde e o bem- estar do ponto de vista dos doentes, ou seja, avaliam o impacto da incontinência fecal na qualidade de vida do doente (RIBEIRO, 2013). QUADRO 4 – ESCALA DE GRADUAÇÃO DA INCONTINÊNCIA DE WEXNER FONTE: <http://derival.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Tabela-1-946x309.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2020. TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 25 • Exame físico: deve incluir a inspeção do períneo (identificação de hemorroidas, dermatites, escoriações, cicatrizes, defeitos musculares), exame neurológico (nomeadamente a sensibilidade perianal e os reflexos cutâneos anais), exame digital do reto, proctoscopia e rectossigmoidoscopia. A palpação é realizada por meio do exame vaginal e retal e envolve a análise da elasticidade e da contratilidade global e seletiva dos músculos do AP, com ênfase no esfíncter externo do ânus e no puborretal. A análise da contratilidade pode ser realizada por meio do teste muscular manual. Várias escalas de classificação da função muscular são encontradas na literatura (BARACHO, 2018).4 SÍNDROME DA BEXIGA HIPERATIVA (SBH) Pode ser definida como um complexo de sintomas que compreende urgência urinária, com ou sem incontinência urinária, geralmente acompanhada de aumento da frequência urinária e noctúria, na ausência de infecção comprovada do trato urinário ou outra patologia óbvia. Essa síndrome possui um efeito bastante negativo sobre a qualidade de vida das pessoas acometidas, determinando um impacto tanto psicológico quanto social. Algumas medidas são tomadas por mulheres que sofrem com essa síndrome, na tentativa de reduzir esses efeitos maléficos, tais como o uso constante de protetores, restrição da ingesta hídrica, limitação de atividades físicas e sociais (BILHAR; ARRUDA 2018). A origem exata da SBH ainda não é conhecida. A predisposição genética parece ter papel importante, e mulheres com história familiar de incontinência urinária. Outros fatores associados à bexiga hiperativa incluem obesidade, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e cafeína (BILHAR; ARRUDA, 2018). Pode ser classificada em dois tipos: de origem neurogênica e não neurogênica. A bexiga neurogênica está relacionada ao mau funcionamento da bexiga devido a doenças do sistema nervoso central ou nervos periféricos envolvidos no controle da micção, que fazem com que o indivíduo não consiga controlar adequadamente o ato de urinar. Entre as causas neurogênicas mais comuns, podemos citar acidente vascular cerebral, doença de Parkinson, esclerose múltipla, tumores cerebrais e lesões da medula espinhal. Etiologias não neurogênicas podem estar relacionadas à obstrução do fluxo urinário, deficiência de estrógeno, mas a maioria dos casos é idiopática (BILHAR; ARRUDA, 2018). Os principais sinais e sintomas são esvaziamento incompleto da bexiga, perdas de pequenas ou grandes quantidades de urina e infecções urinárias frequentes (porque a estase da urina proporciona as condições que estimulam o crescimento de bactérias e, assim, de infecções). A bexiga hiperativa, ao contrário, incapaz de reter a urina pode encher e esvaziar involuntariamente, sem controle (BILHAR; ARRUDA, 2018). 26 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA Quanto à fisiopatologia, a hipótese neurogênica afirma que condições nervosas ou neurológicas anômalas alteram a contratilidade dos músculos da parede da bexiga, tornando-os hipotônicos ou hipertônicos e/ou afetando a sinergia entre esses músculos e os esfíncteres vesicais, necessária ao perfeito funcionamento do ato de urinar. Existem outras hipóteses também, como a hipótese miogênica (baseada na observação de que os miócitos de pacientes com SBH se comportam de forma diferente dos de pacientes normais), a hipótese aferente, sugerindo que as alterações na transdução ou transferência central sensorial levam ao aumento da transmissão aferente, consequentemente, aumento da consciência de enchimento vesical. E, ainda, a teoria integral acredita que as terminações nervosas localizadas na base da bexiga são extremamente sensíveis e sua estabilização requer a integridade anatômica da vagina e de seus tecidos de sustentação (BILHAR; ARRUDA, 2018). Por fim, o diagnóstico da SBH deve ser focado em uma história clínica e um detalhado exame físico. A presença de urina que fica na bexiga, depois de urinar, pode ser detectada por uma radiografia contrastada pós-miccional e a quantidade dessa urina pode ser medida introduzindo-se uma sonda através da uretra para esvaziar a bexiga. Para complementar o diagnóstico da bexiga neurogênica, o médico pode solicitar exames como ultrassonografia, cistografia, exame urodinâmico ou radiografia contrastada (BILHAR; ARRUDA, 2018). 5 PROLAPSO DE ÓRGÃOS PÉLVICOS Corresponde ao relaxamento das estruturas de suporte do pavimento pélvico, resultando na protusão (descida) pelo menos de um dos seguintes compartimentos da parede vaginal anterior, parede vaginal posterior ou ápice da vagina, na vagina ou ultrapassando o anel himenal para o exterior. É enfermidade comum que pode afetar intensamente a qualidade de vida das pacientes, causando impacto psicológico, social e financeiro (BARACHO, 2018). Fique por dentro de tudo sobre SBH acessando o endereço a seguir: https:// bit.ly/3t1Vi6n. DICAS TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 27 FIGURA 13 – EXEMPLO DE PROLAPSO GENITAL FONTE: <http://www.drpaulorodrigues.com.br/patologia/enterocele/>. Acesso em: 29 nov. 2020. A fisiopatologia do POP ainda não está totalmente esclarecida, mas sabe- se que a distopia genital decorre de um desequilíbrio das forças de sustentação e suspensão que mantém a estática pélvica. Conhecimento avançado e compreensão conceitual da anatomia e suporte do assoalho pélvico são essenciais para orientar o reconhecimento e manejo do POP. Os tipos mais comuns de prolapso resultam de perda do suporte dado pelo tecido conjuntivo, pelos ligamentos e pela fáscia. A disfunção do AP deve-se a uma combinação de diferentes fatores que podem ser divididos em extrínsecos e intrínsecos. Esses fatores etiológicos que podem predispor a esse relaxamento do AP são definidos a seguir: • Fatores hereditários. • Etnia: mulheres brancas e chinesas possuem maior risco. • Tecido conjuntivo: em um estudo da fáscia paravaginal foi demonstrada diminuição do número de fibroblastos e alterações na orientação das fibras colágenas em mulheres com prolapsos genitais (MOALLI et al., 2005). • Alterações neurológicas: a espinha bífida oculta, entre outras. • Alterações esqueléticas: redução da lordose lombar, aumento do diâmetro transverso da pelve, entre outras. • Gravidez e partos: partos vaginais aumentam o risco. • Efeitos hormonais como o hipoestrogenismo. • Condições que aumentam a pressão intrabdominal (como tosse crônica e obesidade). • Tabagismo. • Constipação intestinal crônica. • Atividades físicas (como crossfit e ginástica olímpica) (BARACHO, 2018). Com relação à classificação, no ano de 1999, a International Continence Society (ICS) propôs uma nova classificação com o objetivo de padronizar de forma mais comparável e fiel os prolapsos genitais (POP-Q). A classificação divide o prolapso em estágios, sendo eles: 28 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA • Estágio 1: a maior protrusão dos pontos nas paredes anterior, posterior e apical/ útero fica a mais de 1 cm acima do hímen. • Estágio 2: a maior protrusão está entre 1 cm acima do hímen até 1 cm abaixo do hímen (ultrapassa o hímen em 1 cm). • Estágio 3: a maior protrusão é maior que 1 cm, ou seja, ultrapassa o hímen em 2 cm ou mais, mas não representa um prolapso total. Isso implica que pelo menos uma porção da mucosa vaginal não está evertida. • Estágio 4: eversão total da vagina ou prolapso uterino total. Significa que toda a vagina e/ou útero estão prolapsados em toda sua extensão. FIGURA 14 – ESTÁGIOS DO PROLAPSO GENITAL FONTE: Baracho (2018, p. 483) A abordagem conservadora do prolapso ainda não apresenta fundamentos científicos bem estabelecidos. O tratamento cirúrgico geralmente é o mais indicado, porém em alguns casos, são utilizados pessários para a sustentação dos órgãos. Pessários são frequentemente usados quando a paciente tem forte preferência por tratamento não cirúrgico do prolapso ou quando seu risco cirúrgico é elevado, significando alta morbimortalidade. Pessários se apresentam em diferentes modelos e tamanhos. Cada um deles possui indicação específica para cada caso clínico (BARACHO, 2018). FIGURA 15 – PESSÁRIOS VAGINAIS FONTE: <http://www.pessarios.com.br/pessarios-vaginais>. Acesso em: 29 nov. 2020. TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 29 6 DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS Caro acadêmico, o termo Disfunção Sexual Feminina (DSF) diz respeito a uma ampla variedade de condições clínicas,dentre elas, o baixo desejo sexual, dor durante a relação sexual, condições físicas e emocionais como abusos e traumas etc. O transtorno de qualquer uma das fases da resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo e resolução) pode acarretar o surgimento de disfunções sexuais. As DSF podem interferir na qualidade de vida das mulheres, bem como no relacionamento com seus parceiros. Além disso, influencia a saúde física e mental da mulher acometida (FERREIRA; SOUZA; AMORIM, 2007). O diagnóstico da disfunção sexual de forma isolada, não determina o planejamento terapêutico, e por isso é de extrema importância que os profissionais da saúde que tratarão dessas disfunções identifiquem o fator que culminou com a DSF. No Quadro 5, estão evidenciados os principais fatores associados às DSF (LARA et al., 2018): QUADRO 5 – FATORES ASSOCIADOS ÀS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS Condições médicas Diabetes, hipertensão, neuropatias, dor pélvica crônica, depressão, ansiedade, hipoestrogenismo, Hiperprolactinemia. Medicamentos Benzodiazepínicos, antidepressivos, antipsicóticos, anti-hipertensivos de ação central, anticoncepcionais hormonais etc. Diádicas (relacionais) Relação conflituosa, rotina relacional, ausência do ritual de sedução, preliminares insuficientes, disfunção sexual do parceiro. Aspectos socioculturais Costumes, valores, tabus e mitos, autoestima rebaixada, valores negativos em relação à sexualidade. Violência sexual Abuso sexual, estupro. Quebra de contrato Traições cursam com desejo sexual hipoativo e dificuldade de entrega. Repressão sexual Familiar, religiosa e social, no processo da formação da sexualidade induz ao sentimento negativo em relação a sua sexualidade e inibe a expressão sexual. Hormonais Hiperprolactinemia, hipotireoidismo, hipoestrogenismo e hipoandrogenismo, anticoncepcionais hormonais. 30 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA Desconhecimento da anatomia genital e da resposta sexual Repertório sexual limitado, inibição, dificuldade de entrega. Disfunção sexual prévia Alteração em alguma das fases da resposta sexual pode desencadear disfunção de outra fase. FONTE: Lara et al. (2018, p. 67) Em uma revisão sistemática sobre disfunções sexuais femininas realizada em 2004, foi constatada uma prevalência de 64% de mulheres com disfunção do desejo, 35% com disfunção orgásmica, 31% de excitação e 26% de dispareunia. Já, no Brasil foi realizado um estudo, no mesmo ano, com 1219 mulheres, no qual foi observado que 49% dessas mulheres apresentavam pelo menos uma disfunção sexual, sendo 26,7% disfunção do desejo, 23% dispareunia e 21% disfunção do orgasmo (WEST; VINIKOOR; ZOLNOUN, 2004). Como podemos perceber esses números são bem expressivos, acarretando em grandes consequências em vários aspectos da vida das mulheres acometidas (ABDO et al., 2004). Estão listadas, a seguir, as principais disfunções sexuais femininas: • Anorgasmia Secundária Trata-se da incapacidade de atingir o orgasmo mesmo com excitação. Atinge um número expressivo de mulheres, que podem vir a desenvolvê-la em decorrência de vários fatores, tais como problemas com o parceiro, depressão, uso de drogas, medicamentos, doenças crônicas, deficiência estrogênica ou distúrbios neurológicos (esclerose múltipla, neuropatia alcoólica, mielites, neuropatia diabética do clitóris), lesões cirúrgicas e traumáticas, além do uso de antidepressivos, bloqueadores dos receptores alfa-adrenérgicos e altas doses de sedativos, que estejam envolvidos na gênese da anorgasmia. No entanto, as causas psicológicas são as mais comuns, como tabus familiares, experiências sexuais negativas e/ou traumáticas entre outras (MEDEIROS; BRAZ; BRONGHOLI, 2004; RABELO, 2003). • Vaginismo Trata-se de uma síndrome psicossomática na qual ocorre uma contratura involuntária dos músculos perineais que impedem, total ou parcialmente, a penetração do pênis na vagina, impossibilitando o coito. No vaginismo, ocorre um círculo vicioso que pode ser caracterizado da seguinte forma: o medo da penetração gera tensão, dessa forma, levando a aumento da contração involuntária da musculatura externa da vagina (reflexo) quando ocorre uma tentativa de penetração, por conseguinte, ocasionando dor. Esta condição resulta da associação da atividade sexual com dor e medo (THIEL; THIEL; PALMA, 2008). TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 31 Com relação à etiologia, pode ser ocasionada por abuso físico ou sexual, procedimentos ginecológicos realizados previamente, primeiro exame pélvico doloroso, dor na primeira relação sexual ou até mesmo pelo medo de engravidar (THIEL; THIEL; PALMA, 2008). O vaginismo pode ser primário, quando a mulher nunca conseguiu ter um coito, ou secundário, o qual em geral deve-se ao surgimento de dispareunia (MEDEIROS; BRAZ; BRONGHOLI, 2004). As mulheres com vaginismo normalmente apresentam desejo, excitação e orgasmo com outros tipos de relação em que não haja penetração, apresentam lubrificação vaginal, mas são incapazes de ter o coito (MEDEIROS; BRAZ; BRONGHOLI, 2004). É imprescindível a psicoterapia associada a qualquer outro tipo de intervenção médica e fisioterapêutica, pois a mulher com esta disfunção geralmente possui sentimentos de inferioridade, frustração, depressão, tristeza e angústia (MEDEIROS; BRAZ; BRONGHOLI, 2004). O diagnóstico é realizado através de uma anamnese completa e exame pélvico. O tratamento é baseado em técnicas de dessensibilização, podendo-se combinar fisioterapia do assoalho pélvico, com o objetivo de impedir o espasmo da musculatura pélvica. Durante as sessões de fisioterapia, geralmente são realizadas técnicas de relaxamento, exercícios de Kegel e massagem intravaginal para relaxamento dos músculos perivaginais e permissão gradativa da penetração, podendo ser auxiliados por dispositivos como cones vaginais (CROWLEY; RICHARDSON; GOLDMEIER, 2006). • Dispareunia É caracterizada como uma dor genital que ocorre antes, durante ou após o coito, na ausência de vaginismo. Este termo é utilizado para descrever a dor durante a penetração, mas pode ocorrer durante a estimulação sexual, levando a mulher a obter uma experiência sexual negativa e angustiante (MEDEIROS; BRAZ; BRONGHOLI, 2004). A dispareunia pode ter diferentes etiologias, incluindo infecção, doença sexualmente transmissível, atrofia vaginal, endometriose, herpes genital, episiotomias prévias, radioterapia local, traumas sexuais, bexiga hiperativa e/ou incontinência e infecções do trato urinário entre outras. É de fundamental importância abordar a causa subjacente e realizar o tratamento de acordo com a etiologia, com auxílio de uma equipe multidisciplinar, podendo incluir ginecologista, fisioterapeuta, psiquiatra e psicólogo (LOPES; GOODSON; CAVALCANTI, 1995). Essa condição pode ser classificada em superficial (dor no introito vaginal), profunda (dor com penetração profunda) e intermediária (dor no conduto médio da vagina). Para o seu diagnóstico e classificação é necessária a realização de uma anamnese completa e exame físico minucioso (VIANA; MARTINS; GERBER, 2000). 32 UNIDADE 1 — FISIOTERAPIA GINECOLÓGICA A fisioterapia no assoalho pélvico, associada a técnicas de dessensibilização dos músculos pélvicos, pode ser combinada ao tratamento medicamentoso visando à melhora da consciência da musculatura perineal (contrair e relaxar completamente), além de reduzir espasmos e reflexos musculares (BORNSTEIN et al., 2016). A dor sexual inclui a dispareunia e o vaginismo. Na primeira disfunção citada, há queixa de dor recorrente ou persistente na tentativa ou durante a penetração, porém não há espasmo da musculatura externa da vagina. Já no vaginismo, ocorre a presença de espasmo involuntário dessa musculatura e, às vezes, de toda pelve à introduçãovaginal (BORNSTEIN et al., 2016). • Dor pélvica crônica (DPC) O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas define a DPC como: Sintomas dolorosos percebidos como originários de órgãos/estruturas pélvicas, tipicamente com duração maior do que 6 meses. Está frequentemente associado a consequências negativas do ponto de vista cognitivo, comportamental, sexual e emocional, bem como com sintomas sugestivos de disfunção do trato urinário, intestinal, assoalho pélvico, miofascial ou ginecológica (CHRONIC, 2020 apud RIBEIRO; ABDALA-RIBEIRO; ERAS, 2020, p. 263). A DPC é uma das principais causas de encaminhamento de mulheres aos serviços de saúde (LATTHE et al., 2006). Trata-se de uma condição que pode ser desencadeada por diferentes afecções e comumente está associada a outras questões, como disfunções sexuais e psicológicas (como ansiedade e depressão), necessitando de um acolhimento multidisciplinar (FALL et al., 2010). Atinge prioritariamente mulheres em idade reprodutiva, com dados que mostram um número de 26% de mulheres acometidas no mundo (AHANGARI, 2014). A DPC pode ser contínua ou intermitente, cíclica ou não, que persiste por, pelo menos, dois meses, normalmente causando danos físicos, psíquicos e sociais à paciente acometida. Uma revisão sistemática da Organização Mundial de Saúde publicada em 2006 descreveu prevalências de 2,1% a 24% para dor acíclica, 8% a 21,1% para dispareunia e 16,8% a 81% para dismenorreia (LATTHE et al., 2006). No que se refere às etiologias primárias da DPC, podem ser divididas em causas ginecológicas e não ginecológicas. A prevalência de afecções não ginecológicas é estimada em 20% a 60% das mulheres com DPC. Dentre as causas ginecológicas, destacam-se a endometriose, as aderências e os miomas uterinos. Entre as causas não ginecológicas, são relevantes as intestinais, como a síndrome do intestino irritável e a constipação crônica; as urológicas, destacando-se a cistite intersticial crônica; as causas gastrointestinais (como o carcinoma de cólon e hérnias de parede umbilical); osteomusculares (como dor miofascial, síndrome do piriforme, espasmos musculares de assoalho pélvico) e as psicológicas (como o uso excessivo de álcool e drogas, assédio sexual, depressão e distúrbios do sono) (RIBEIRO; ABDALLA-RIBEIRO; ERAS , 2020). TÓPICO 2 — PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 33 O estudo da dor pélvica crônica é um assunto completo e de extrema importância devido, não só, a sua alta frequência, como também ao seu caráter subjetivo. Por isso, deve-se ter em mente que pode não haver doença orgânica justificando o quadro de algia crônica e que em até um terço das pacientes, nenhuma causa é identificada. Além disso, diversas afecções podem coexistir na apresentação do quadro clínico da paciente acometida por DPC (GRACE; ZONDERVAN, 2004). • Vulvodínia A vulvodínia é um tipo de dor crônica específica associada à hipersensibilidade local da vulva, que pode ser provocada pelo contato ou espontaneamente. Trata- se da causa mais comum de dor durante a penetração no ato sexual em mulheres abaixo dos 30 anos (BERGERON et al., 2001). Com relação à etiologia é multifatorial, e pode ser ocasionada por fatores neurológicos, genéticos, hormonais, psicológicos, interpessoais e musculares (PUKALL; PAYNE; KAO, 2005). Dentre as principais causas de dor vulvar específica podemos mencionar: o infecciosas; o inflamatórias; o neoplásicas; o neurológicas (neuralgia pós-herpética, compressão ou lesão de nervo, neuroma); o traumas (mutilação genital feminina, obstétricos); o latrogênica (pós-operatório, quimioterapia, radiação, terapias locais); o deficiências hormonais (síndrome geniturinária da menopausa, amenorreia lactacional). Já a vulvodínia, referida como “um desconforto, mais frequentemente descrito como dor em ardência que ocorre na ausência de achados físicos relevantes ou de um distúrbio neurológico clinicamente identificável”, não possui uma causa única, tendo sido propostas etiológicas, como fatores imunológicos, hormonais, psicológicos e genéticos (BAPTISTA et al., 2014). Condições clínicas como a cistite, fibromialgia e depressão são comorbidades muito comuns nessas mulheres, sendo considerada a disfunção psicossocial um dos principais fatores etiológicos da vulvodínia (GLOYSMAN, 2010). O diagnóstico é clínico e de exclusão, e depende de uma história clínica cuidadosa e de um exame físico confirmatório (COX; NEVILLE, 2012). A vulvodínia é um problema multifatorial e de etiologia complexa, para o qual não há consenso a respeito do tratamento mais apropriado. Há forte evidência de que o problema esteja associado à hiperatividade da musculatura superficial do assoalho pélvico. Estudos relatam que a fisioterapia pélvica apresentou forte evidência, favorável para estas pacientes, sendo considerada atualmente como primeira opção de tratamento (LATORRE et al., 2015). Agora que já vimos as principais disfunções que acometem o assoalho pélvico feminino, vamos praticar? Na sequência estão listadas questões relacionadas ao assunto. 34 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A Incontinência urinária refere-se à perda de controle da bexiga, variando de uma ligeira perda de urina após espirrar, tossir ou rir até a total incapacidade de controlar a micção. • Existem três tipos de incontinência urinária: de esforço, urgência e mista. • Incontinência fecal é a incapacidade de controlar a eliminação de gases ou fezes. Esse distúrbio compromete a qualidade de vida e se manifesta mais nas mulheres do que os homens. • O prolapso genital, também conhecido por prolapso vaginal, acontece quando os músculos que suportam os órgãos femininos na pelve enfraquecem, fazendo com que o útero, uretra, bexiga e reto desçam pela vagina, podendo mesmo sair para o exterior. • O termo disfunção sexual refere-se à dificuldade na resposta sexual, desejo e orgasmo, ou dor persistente e recorrente. • As principais disfunções sexuais encontradas nas mulheres são a anorgasmia, dispareunia, vulvodínia, dor pélvica crônica e vaginismo. 35 1 A incontinência urinária (UI) – perda involuntária de urina – é um problema comum e muitas vezes constrangedor. A gravidade varia: em alguns casos, a pessoa não consegue segurar a urina ao fazer esforços como tossir ou espirrar, em outros casos, a vontade de urinar é tão súbita e forte que não dá tempo de chegar a um banheiro. A incontinência urinária atinge cerca de 10 milhões de brasileiros de todas as idades, sendo duas vezes mais comum no sexo feminino, afirma a Sociedade Brasileira de Urologia. É um problema que afeta todas as faixas etárias, mas acomete mais a população idosa. Sobre a Incontinência Urinária, classifi-que V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O assoalho pélvico é importante na manutenção da continência urinária e na estática pélvica, sua avaliação realizada pela escala PERFECT permite quantificar a intensidade, número e tempo das contrações perineais. ( ) Com relação à fisiologia da micção, durante a fase de esvaziamento ocorre o relaxamento do músculo detrusor da bexiga e dos esfíncteres internos e externos. ( ) A ocorrência da perda involuntária de urina quando a pressão intra- abdominal excede a pressão intravesical, na ausência de atividade detrusora, pode ser classificada como incontinência urinária de urgência. ( ) Com relação aos fatores de risco para o desenvolvimento da IU podemos citar: idade elevada, menopausa, constipação intestinal e pós-operatório de cirurgias ginecológicas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F. b) ( ) V – F – F – V. c) ( ) V – V – F – F. d) ( )
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