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Infecções Fúngicas na Pele e Anexos

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As infecções por fungos na epiderme e/ou anexos são divididas em: 
 
Ceratofitoses→ Fungos comensais e superficiais, sem poder 
queratolítico que utilizam restos epiteliais ou produtos de excreção 
(exemplo: Ptiriase versicolor) 
 
Dermatofitoses→ Limitadas as camadas queratinizadas – pelo, pele ou 
unhas – e utilizam a queratina como fonte de subsistência (exemplo: 
tineas). Não atingindo derme, subcutâneo e ossos. 
 
Candidose→ Infecções cutaneomucosas por leveduras do gênero 
cândida. 
 
Embora não invadam diretamente a epiderme e derme, os antígenos das 
dermatofitoses são reconhecidos pelas células de Langerhans e 
estimulam uma resposta inflamatória (hipersensibilidade) que atinge a 
epiderme e derme superficial. 
 
Os gêneros englobados são: Trichophyton sp., Epidermophyton sp. 
Microsporum sp. Eles provem do solo (geofílicos), animais (zoofilicos) e 
do homem (antropofílicos), sendo estes últimos mais bem adaptado a 
pele humana sendo mais comuns, no entanto, os outros dois 
desencadeiam resposta inflamatórias mais exuberantes. 
 
ANTROPOFILICOS (inter-humano) 
Trichophyton mentagrophytes var. interdigitale. 
Trichophyton rubrum. 
Trichophyton tonsurans. 
Trichophyton schoenleini. 
Epidermophyton floccosum. 
Microsporum ferrugineum. 
Microsporum audouinii. 
GEOFILICOS (solo contaminado) 
Microsporum gypseum. 
Microsporum fulvum. 
Trichophyton ajelloi. 
Trichophyton terrestre 
ZOOFILICOS 
Microsporum canis. 
Microsporum nanum. 
Trichophyton mentagrophytes var. mentagrophytes. 
Trichophyton verrucosum 
 
O contágio é via contato com humanos, animais e solo contaminados. O 
diagnostico geralmente se dá pela raspagem das lesões e demonstrando 
as hifas em preparação de KOH 10% (exame micológico direto). 
É mais comum no sexo masculino, em crianças observamos mais tinea 
no couro cabeludo e nos adultos micoses do pé e inguinocrural. 
TINEA CAPITIS 
O cabelo é invadido pelo fungo, quebrando-o perto da base e deixando 
uma área tonsurada (alopécia focal). Existem dois tipos: tínea 
tonsurante e tínea favosa. O parasitismo pode ser do tipo ectotrix 
(acometimento da cutícula capilar) ou endotrix (acometimento da haste 
capilar). 
É mais comum na faixa dos 4-14 anos, estados de imunossupressão, 
como a DM, HIV e transplantados causam aumento de incidência de 
contaminação. 
Tinha tonsurante→ T. tonsuras (varias áreas tonsura) e M. audoinii 
(lesão única) 
Tinha favorosa→ T. schoenleinii 
Kerion Celsi→ M. canis e T. violaceum 
 
Não é necessária uma porta de entrada para haver contagio por esses 
fungos já que as enzimas produzidas pelos fungos digerem a ceratina e 
são capazes de propagar o agente na epiderme e anexos. Alguns fatores 
sanguíneos são capazes de proteger o hospedeiro: transferrina e alfa-2- 
macroglobulina. A imunidade mediada por Th1 é essencial ao combate. 
São manifestações clinicas da tinea capitis tonsuraste: 
Placas descamativas 
Alopécia 
Cotos pilosos 
 
Uma variante mais infecciosa e exuberante é o Kerion celsi, associado a 
fungo zoofilicos e geofilicos: 
Placa elevada bem delimitada e dolorosa 
Eritema 
Pústulas e microabscessos que drenam pus na compressão 
 
O exame micológico (hidróxido potássio) dos pelos arrancados ou pelos 
e escamas obtidos por raspagem ou escovação. O tamanho do esporo e 
sua aparência dentro (endotrix) ou fora (ectotrix) do pelo distingue o 
organismo, auxiliando na escolha do tratamento. 
 
Fluorescência azul-esverdeada durante um exame com luz de Wood é 
diagnóstica para infecção por M. canis e M. audouinii, podendo também 
distinguir tinha de eritrasma. 
 
Cultura fúngica dos pelos arrancados pode ser feita quando necessário. 
Lesão do couro cabeludo em uma criança similar a um abcesso pode ser 
um Kerion; se necessário, culturas podem ajudar a fazer a distinção. 
 
A Tinea Favorosa é a mais grave de todas e pode causar alopecia 
cicatricial irreversível e geralmente relaciona-se com o T. schoenleinii. 
Tem caráter crônico e se apresenta com pequenas lesões: 
Lesões crostosas (escútula fávica ou godet) PATOGNOMONICO 
Descamação e supuração 
Alopecia cicatricial 
 
No exame da luz de Wood, observa-se fluorescência verde-palha. O 
exame micológico confirma o diagnóstico. O tratamento é idêntico ao da 
tínea tonsurante. 
 
TRATAMENTO TINEA CAPITIS TONSURANTE 
 Antifúngico oral: 
Griseofulvina (Manipulado) (500 mg/cp) 1 cp VO MID ou BID por 
12-18 semanas (tinea tricofitica) ou 6-12 semanas (tinea 
microspórica) durante a refeição 
Terbinafina (125-250 mg/cp) 250 mg VO MID por 4-6 semanas 
(tinea tricofitica) ou 6-12 semanas (tinea microspórica) durante a 
refeição 
Itraconazol (100 mg/cp) 3-5 mg/kg/dia (máximo de 400 mg/dia) VO 
MID por 2-4 semanas (tinea tricofitica) ou 4-6 semanas (tinea 
microspórica) durante a refeição 
 
 Antifungico tópico associado ao sistêmico: 
Cetoconazol 2% xampu aplicar em couro cabeludo 2-3x/semana por 
2-4 semanas ou ate cura clinica e micológica 
Ciclopirox olamina (Manipulado) 2,5% xampu aplicar em couro 
cabeludo 2-3x/semana por 2-4 semanas ou ate cura clinica e 
micológica 
Sulfeto de selênio 2,5% xampu aplicar em couro cabeludo 2-
3x/semana por 2-4 semanas ou ate cura clinica e micológica 
Atenção! Deixar o xampu agir por 5-10 minutos antes de enxaguar 
TRATAMENTO DO KERION 
Associar ao tratamento da tinea tonsurante: 
Prednisona (5-20 mg/cp) 0,5 – 1 mg/kg/dia VO MID por 5-7 dias 
TRATAMENTO PEDIATRICO 
>2 anos→ Terbinafina 3-6 mg/kg/dia VO 6-8 semanas (usar > 2 
semanas após a cura) 
Doses alternativas→ <20 kg 62,5 mg/kg/dia VO 6-8 semanas 
 20-40 kg 125 mg/dia 
 >40 kg 250 mg/dia 
>12 anos→ Itraconazol 3-5 mg/kg/dia VO 6-8 semanas 
 Fluconazol 3-12 mg/kg/dia VO 6-8 semanas 
 
Para remoção de escamas mais aderidas (tinea favosa) usar compressas 
úmidas de agua fria. Levar animais domésticos para avaliação 
veterinária. 
TINEA BARBAE 
 
Agentes etiológicos principais: 
Trichophyton rubrum; 
Trichophyton mentagrophytes; 
Microsporum gypseum. 
 
Existem três tipos clínicos: 
 Tipo inflamatório→ idêntico ao quérion do couro cabeludo; 
 Tipo herpes circinado→ lesões anulares circinadas eritemato 
papulo escamosas, com vesículas nas bordas; 
 Tipo sicose da barba→ idêntico à foliculite bacteriana 
estafilocócica 
 
 
Para o diagnóstico, o exame micológico direto (raspagem da lesão para 
analise em microscopia após a clarificação com hirdroxido de potássio) 
é rápido e tem boa acurácia. O tratamento pode ser feito apenas com 
cremes de imidazólicos nos casos localizados: 
 
TRATAMENTO TINEA BARBAE 
Cetoconazol creme (20 mg/g) aplicados 1-2x/dia por 15 a 30 dias 
Isoconazol creme (10 mg/g) aplicado 1-2 x/semana por 15 a 30 dias 
 
TINEA CORPORIS 
 
Agentes etiológicos principais: 
Trichophyton rubrum; 
Microsporum canis. 
Trichophyton mentagrophytes; 
Trichophyton verrucosum; 
Epidermophyton flocossum. 
 
É a tínea da pele glabra (pele sem cabelo), conhecida como “impingem”. 
O reservatório está em animais (cães e gatos). Modo de transmissão: de 
animais contaminados para o homem, de pessoa a pessoa, por contato 
direto ou indireto através de máquina de cortar cabelo e artigos de 
toucador. 
 
Período de incubação: 10 a 14 dias. Período de transmissibilidade: 
enquanto houver lesão habitada, o fungo vive em material contaminado 
por longo período de tempo. Podem acometer tronco, membros e face 
(tínea da face). Temos três formas clínicas: vesiculosa, anular e em 
placas. Tem caráter pruriginoso. 
 
Complicações: pode surgir uma forma aguda com intensa reação 
inflamatória e formação de pústulas e microabcessos - o chamado 
Kerion Celsi. 
 
 
TRATAMENTO TINEA CORPORIS 
 Antifúngicos tópicos: 
Cetoconazol 2% creme aplicar na lesão 2x/dia por 2-4 semanas ou 
até 2 semanas após cura clinica 
Miconazol 2% creme ou loção aplicar na lesão 2x/dia por 2-4 
semanasou até 2 semanas após cura clinica 
Oxiconazol 1% creme aplicar na lesão 2x/dia por 2-4 semanas ou 
até 2 semanas após cura clinica 
Terbinafina 1% creme ou solução tópica spray aplicar na lesão 
2x/dia por 2-4 semanas ou até 2 semanas após cura clinica 
Tioconazol 1% creme ou loção aplicar na lesão 2x/dia por 2-4 
semanas ou até 2 semanas após cura clinica 
 
 Antifúngicos sistêmicos: 
Terbinafina (250 mg/cp) 1 cp VO MID por 2-4 semanas ou ate 2 
semanas após cura; Atenção! Usar 2 cp/dia em casos recalcitrantes, 
infecções profundas, mutiplos sítios ou sem resposta. 
Itraconazol (150 mg/cp)1-2 cp VO 1x/semana por 2-6 semanas 
Fluconazol (150 mg/cp) 1-2 cp VO 1x/semana por 2-6 semanas; 
Atenção! Preferencial na pediatria 
Griseofulvina (500 mg/cp) 1 cp VO 12/12 horas por 4-8 semanas 
 
TINEA CRURIS (COCEIRA DE DHOBI) 
Agentes etiológicos principais: 
Trichophyton rubrum; 
Epidermophyton flocossum. 
Trichophyton mentagrophytes. 
 
É a tínea da região perineal ou inguinocrural, acometendo a partir da 
dobra, o períneo, a coxa proximal e o abdome. O acometimento 
geralmente é bilateral e a doença é extremamente pruriginosa. É mais 
comum nos homens adultos, nos obesos e diabéticos. As lesões são 
eritemato-escamosas, por vezes com vesículas. 
 
Ao contrário da candidíase inguinal, poupa a bolsa escrotal e não 
apresenta lesões satélites. O diagnóstico e tratamento são semelhantes 
ao descrito na Tinea corporis. 
 
 
TINEA DO PÉ (PÉ DE ATLETA) E TINEA MANUUM 
 
Os agentes são os mesmos da Tinea cruris. Existem três formas: 
intertriginosa (T. rubrum: agente mais comum), vesicobolhosa e 
escamosa (crônica), formato do sapato mocassim. A formar intertrigosa 
é mais comum entre o 2º-3º ou 3º-4º artelhos, sendo manifestações: 
Descamação 
Maceração e fissura dos espaços interdigitais 
Afecção concomitante da unha 
 
Já nos quadros vesico-bolhosos temos um quadro agudo com vesículas 
associadas as características anteriores. A forma escamosa (crônica), 
apresentando eritemato descamação. 
 
É mais comum em homens jovens, durante o verão, e em diabéticos. É 
uma importante porta de entrada para o Streptococcus pyogenes e pode 
ser responsável por episódios de erisipela de repetição. Diagnóstico: 
exame micológico direto e cultura. 
 
Causada pelo T. rubrum. Bem mais rara que a Tinea pedis. Acomete 
sempre uma das mãos e geralmente vem associada ao 
comprometimento ungueal (tínea ungueal). Há escamação dos sulcos da 
palma das mãos. 
Na tinea de corpo, face, crural, mãos e pés pediátricos a prescrição é a 
mesma: 
Cetoconazol tópico (20 mg/g creme e 2% xampu) 1x/dia por 10-14 dias 
 
 
 
 
TRATAMENTO TINEA PEDIS e TINEA MANUUM 
Isoconazol 1% creme aplicar 2x/dia por 6-8 semanas 
Terbinafina 1% creme aplicar 2x/dia por 6-8 semanas 
Ureia 20-25% creme aplicar 1-2x/dia 
Itraconazol (100 mg/cp) 1 cp por 14 dias 
 
ONICOMICOSE 
 
Agentes etiológicos principais: 
Trichophyton rubrum; 
Epidermophyton flocossum. 
Trichophyton mentagrophytes. 
 
A infecção da lâmina ungueal (rica em queratina) e que frequentemente 
progride para o leito ungueal. Muito frequente na população idosa 
devido à diminuição na taxa de crescimento da unha e nas unhas dos 
pés. As unhas tornam-se: 
Manchas brancas superficiais 
Espessamento e escurecimento das pontas das unhas 
Tonalidade amarelo esverdeada 
Frágeis com sulcos e irregularidades 
 
A situação é mais complicada em imunossuprimidos/HIV, afetando a 
região subungueal (onicomicose). 
 
Quando afetadas as bordas, deve-se suspeitar de infecção por Candida. 
Os diagnósticos diferenciais incluem psoríase e líquen plano. O exame 
micológico direto é indispensável para instituir o tratamento. O 
tratamento é longo e com potencial de hepatotoxicidade, sendo 
necessária a monitorização das enzimas hepáticas. 
 
O tratamento é geralmente oral; somente realizamos o tópico quando 
esta acometido a borda lateral e distal da unha. Quando sistêmico, é 
interessante solicitar também uma cultura com raspada ungueal para 
documentar a iniciativa, já que pode gerar complicações. Mas devemos 
nos lembrar que este exame possui ate 2/3 dos resultados falso-
negativo. Quando for realizar cultura deve-se ficar sem usar antifúngico 
tópico por 1 semana e sistêmico por 1-2 meses: 
 
Exame micológico direto e cultura para fungos, associado a pesquisa 
de pseudômonas com GRAM e antibiograma. 
 
Quando esverdeada, temos a colonização por pseudômonas devendo 
ser manejado com antibiótico tópico. 
 
 
 
TRATAMENTO ONICOMICOSE 
 Terapia sistêmica: 
Terbinafina (250 mg/cp) 1 cp VO por 4-6 semanas (mãos) ou 8-12 
semanas (pés) 
Itraconazol (100 mg/cp) 1 cp 12/12 horas VO por 8 semanas (mãos) 
ou 12-16 semanas (pés) 
Fluconazol (150 mg/cp) 1 cp VO 1x/semanas por 6 meses (mãos) ou 
9 meses (pés) 
 
 Terapia tópica: 
Ciclopirox olamina 8% esmalte aplicar nas unhas 1-3 vezes por 
semanas. Remover esmalte 1 x/semanas e corta e lixar as unhas 
Amorolfina 5% esmalte aplicar nas unhas 1-2 vezes/semana 
 
Pode ser que o tratamento completo leve de 9-24 meses para resolução 
completa do quadro.

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