Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LUÍS FELIPE PONSONI – MEDICINA UFOB 2 MENINGITE - RESUMO DEFINIÇÃO Infecção meníngea e do espaço subaracnóideo. FISIOPATOLOGIA CLASSICAMENTE: Aquisição e colonização orofaríngea + Invasão da corrente sanguínea = MENINGITE - Normalmente a pessoa é infectada em casa ou escola etc. ETIOLOGIA Pode ser viral (mais comum e geralmente mais benigna) ou bacteriana. Bacterioscopia (GRAM DO LIQUOR): · Diplococo Gram – (neisseria meningitidis – meningococo) · Diplococo Gram + (pneumococo) · Bacilo Gram – (haemophilus – raro por conta da vacinação) · Bacilo Gram + (Listeria: ter mt cuidado, acomete mais idosos, imunossuprimidos, gestantes. Obigatoriamente usar AMPICILINA). *Os diplococos são os 2 agentes mais comuns de meningite bacteriana no nosso país (meningococo e o pneumococo). ORDEM DE PREVALENCIA NO BR: 1 – MENINGOCOCO 28% 2 – PNEUMOCOCO 18% ... HAEMOPHILUS 2% Se não quer errar no tratamento – cefalexina de 3ª geração - ceftriaxone ETIOLOGIA/EPIDEMIO/TRATAMENTO NEONATOS: · DICA P/ MEMORIZAR: Qual é o agente mais comum do bebê? R = Strepto do grupo B): Streptococcus agalactie, E. coli, Listeria TRATAMENTO: CEFOTAXIMA + AMPICILINA *Nessa faixa etária não é aconselhado o uso de ceftriaxona por risco de hiperbilirrubinemia. 4 SEMANAS A 2-3 MESES: Já começa a pensar nos dois agentes mais comuns: ANTERIORES + Meningo, pneumo, haemophilus TRATAMENTO: CEFTRIAXONA + AMPICILINA 3 MESES ATÉ 50-55 ANOS: MENINGO, PNEUMOCOCO, HAEMOPHILUS TRATAMENTO: CEFTRIAXONA GRUPOS ESPECIAIS 55-60 ANOS, GESTANTES, IMUNODEPRIMIDOS: MENINGO, PNEUMOCOCO, HAEMOPHILUS + LISTERIA* TRATAMENTO: CEFTRIAXONA + AMPICILINA* *Em grupos especiais, há aumento do risco de infecção por Listeria, sendo obrigatório, no tratamento empírico, o uso de Ampicilina. PÓS NEUROCIRURGIA, INFECCÇÃO DE SHUNTS (MENINGITE HOSPITALAR) S. aureus, S. epidermidis, Pseudomonas, Listeria. TRATAMENTO: VANCOMICINA + CEFEPIME + AMPICILINA ATENÇÃO: Corticoide 15-30 min. Antes da primeira dose de ATB (antibiótico): · SE comprovada a infecção por pneumo e haemophilus · Na prática, é feito o corticoide 15-30 min antes do ATB empírico, e, depois do resultado da cultura, se não for pneumo nem haemophilus, é só não continuar o glicocorticoide. Quando houver confirmação do meningococo pode-se desescalonar a ceftriaxona e usar penicilina cristalina. LEMBRAR: · Se tem Listeria, use AMPICILINA · NOTIFICAR VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA QUADRO CLINICO · Febre, cefaleia, vomito, fotofobia, irritação (ped) · Queda do nível de consciência · Rigidez de nuca: cuidado com lactentes! (pode ter meningite sem rigidez de nuca) · Até 2 anos pode ter sem rigidez de nuca · Sinais de KERNING – flete a perna em 90 graus, tenta levantar o calcanhar e o pcte (paciente) refere dor · Sinal de BRUDZINSKI: levanta o pescoço p/ encostar queixo no esterno – pcte refere dor/encolhe as pernas · Se tiver dúvida se tem mesmo irritação não ficar repetindo pois pode aumentar a PIC (pressão intra-craniana). · CONVULSÃO: · PODE SER CAUSA POR Crise febril ou MENINGOENCEFALITE ou ABSCESSO · PETÉQUIAS: · Pensar em MENINGOCOCO COMPLICAÇÕES DE CADA AGENTE MENINGOCOCO: GRAVIDADE · MENINGITE (menos grave) · MENINGITE + MENINGOCOCCEMIA (SEPSE PELO MENIGOCOCO) · MENINGOCOCCEMIA (mais grave) QUAL É A MAIS GRAVE? R = quanto mais eu me afasto da meningite e mais me aproximo da sepse, pior pro meu pcte. Ou seja, nesse caso, “quanto mais perto da meningite, melhor”. Ter meningite na doença meningocócica é “bom”. DESTRUIÇÃO HEMORRAGICA DAS ADRENAIS (SINDROME DE WATERHOUSE - FRIDERICHSEN): · Não é especifico na sepse por MENINGOCOCO mas é clássico, podendo ocorrer na sepse por pseudomonas) · CHOQUE REFRATÁRIO · DOR ABDOMINAL PNEUMOCOCO ABSCESSO: · É o mais clássico, mas não necessariamente é comum · Ocorre mais em crianças · Quando suspeitar? · Convulsão · Cefaleia/febre permanecem, mas líquor normal. Se o pcte está usando ATB de forma correta e permanece com dor de cabeça e/ou febre após 48-72h de ATB, suspeite de abscesso. · Quando vc faz uma nova punção, normalmente o líquor vai estar normal, pois a meningite já foi tratada. O que está provocando a clínica é o abscesso. Quando isso tá ocorrendo, solicite neuroimagem. · Solicitar neuroimagem · Maioria deve ser abordada cirurgicamente · Outros germes que causam abscesso: anaeróbio e Listeria. · Se anaeróbio/listeria: associar metronidazol/ampicilina DIAGNÓSTICO PUNÇÃO LIQUÓRICA (L3-L4 OU L4-L5) · NEUROIMAGEM ANTES DA PUNÇÃO SE: · Suspeita de massa intracraniana (convulsão, papiledema, déficit focal) · Imunodeprimidos · Rebaixamento grave da consciência · REPUNÇÃO? · Pcte em ATB por 48-72h sem melhora · Pneumocócica em 24 a 36h – se o liquor clareou e pcte continua com clinica já pensar na possibilidade de abscesso (há controvérsias na literatura, mas vale a pena considerar) · PRINCIPAL CONTRAINDICAÇÃO ABSOLUTA: infecção no sitio de punção ANÁLISE LIQUÓRICA: Olhar basicamente duas coisas. 1) Qual célula está aumentada e qual a predominância dessa célula · Tem pleiocitose (aumento do n. de cels no liquor)? – o liquor saudável tem 3-4 cels · Qual célula está aumentada? 2) Glicorraquia: · Como está a glicose no líquor? Com isso, fica mais fácil fazer o diagnóstico etiológico da meningite. · AUMENTO DO NUMERO DE CÉLULAS (PLEIOCITOSE) COM PREDOMÍNIO DE POLIMORFONUCLEARES + GLICOSE BAIXA (glicorraquia < 45)* · PADRÃO LIQUÓRICO MAIS COMUM DAS MENINGITES BACTERIANAS · *O certo da glicorraquia é ela corresponder a 2/3 da glicemia do pcte. · PLEIOCITOSE C/ PREDOMINIO DE POLIMORFONUCLEARES + GLICOSE NORMAL: · Caxumba, começo da infecção. Bacteriana · PLEIOCITOSE C/ PREDOMINIO DE LINFOMONONUCLEARES + GLICOSE BAIXA: · Meningite Tuberculosa ou Fúngica (a fúngica normalmente acomete imunodeprimidos/AIDS, classicamente com infecção pelo criptococo, que é corado pelo nanquim [tb chamado de tinta da china]. Liquor c/ nanquim positivo = pensar em meningite criptocócica. · A meningite criptocócica tem menor irritação meníngea, predominando alt. Do nível de consciência/humor · PLEIOCITOSE C/ PREDOMINIO DE LINFOMONONUCLEARES + GLICOSE NORMAL · VIRAL – Agente infeccioso mais comum da meningite. · Mais comum enterovírus (coxsackie e echovirus) · Normalmente o quadro é leve, muitas vezes não necessitando de tratamento · Se GRAVE / lesão TEMPORAL (RNM) = · HERPES VÍRUS! Conduta: aciclovir · Meningite asséptica tb pode ter esse lÍquor, como na causada por leptospirose · Meningite por Tuberculose (TB) as vezes pode ter glicose normal, mas é raro. Se dúvida, usar ADA, que fala a favor da TB. PROFILAXIA: · SÓ SERVE/DEVE SER FEITA PARA MENINGOCOCO E HAEMOPHILUS MENINGITE MENINGOCÓCICA -> RIFAMPCINA: 1) PARA TODOS OS CONTATOS PROXIMOS a. Domiciliares, escolas, creches, orfanatos (vão receber as pessoas da mesma sala – alunos, professores, funcionários) 2) Profissionais de Saúde a. Que fizeram procedimentos invasivos sem EPI ESCOLHA: Rifampicina: 600mg 12/12h por 2 dias Opções: ceftriaxona: · 250 mg IM (1x) · Cipro: 500-750mg (1x) PRECAUÇÃO DE GOTICULAS POR 24H – isolar pacte VACINAÇÃO DE BLOQUEIO? Só em surtos ou epidemias PROFILAXIA P/ MENINGITE POR HAEMOPHILUS: 1. CONTATOS DOMICILIARES - SE HOUVER CRIANCA <4 ANOS ALEM DO CASO ÍNDICE NÃO VACINADA/INCOMPLETA 2. ESCOLA, CRECHE: - SE HOUVER 2 OU MAIS CASOS EM ATÉ 60 DIAS ESCOLHA: Rifampicina: 600 mg 1x/dia por 4 dias MAIS UMA VEZ: LEMBRAR DE NOTIFICAR VIGILÂNCIA
Compartilhar