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INTRODUÇÃO O álcool depressor do SNC, o principal neurotransmissor que ele agi é o GABA. TRANSTORNO PEL O USO 3 fases: intoxicação, abstinência e dependência INTOXICAÇÃO AL CO ÓL ICA AGUDA O quadro de intoxicação aguda pelo álcool é comum nos serviços de saúde e é uma condição autolimitada causada pelo excesso de bebida alcóolica além do tolerado pelo indivíduo gerando alterações físicas e psíquicas capazes de interferir no seu funcionamento normal. Seus estágios vão desde uma embriaguez leve até o coma, logo, é importante também investigar hipoglicemia e traumatismo cranioencefálico (TCE) associado ou como causa do quadro de rebaixamento caso na história não fique evidente a associação com ingesta de bebida alcóolica. Além disso, outras alterações podem ser notadas logo que o paciente chega na Unidade, pois a intoxicação causa alterações no afeto (alegria, excitação e labilidade de humor), na fala (pastosa, arrastada), no comportamento (impulsividade, agressividade, ataxia), no pensamento (redução na capacidade de raciocínio e juízo crítico, pensamento lento). O manejo inicial do paciente com intoxicação consiste em assegurar que haja a interrupção da ingesta de álcool, posicionar o paciente em decúbito lateral de modo a evitar a broncoaspiração de conteúdo gástrico caso venha a vomitar e proporcionar um ambiente seguro e tranquilo. Tais medidas são suficientemente efetivas em boa parte dos casos. Porém, em algumas situações o paciente apresenta-se com agitação psicomotora e agressivo o que torna necessária a sua imobilização e se necessário uso de Haloperidol 5mg, via intramuscular (IM). Vale ressaltar que benzodiazepínicos e histamínicos podem ter efeito cruzado com o álcool, por este motivo, a droga de escolha é o haloperidol. O exame físico do paciente com intoxicação aguda deve ser completo e realizado o quanto antes buscando complicações agudas (TCE, hipoglicemia, sangramentos, crises hipertensivas) e crônicas (hepatomegalia e desnutrição). No que diz respeito aos exames laboratoriais é necessário solicitar: hemograma, exames para avaliar função hepática e renal, eletrólitos. Outros exames complementares como exames de imagem devem ser solicitados conforme necessidade diante do quadro de cada paciente. A todos os pacientes está indicado o uso de Tiamina 300mg IM como profilaxia da Síndrome de Wernicke-Korsakoff. Caso a glicose hipertônica seja indicada ao paciente, a tiamina deve ser aplicada 30 min antes da glicose. No entanto, é importante destacar que nem todos os pacientes com intoxicação aguda pelo álcool devem receber glicose hipertônica endovenosa e soro fisiológico, estes estão indicados apenas se o paciente apresenta-se hipoglicêmico e/ou desidratado, respectivamente. Álcool – Intoxicação, Dependência e Abstinência P5 SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA AL CÓOL ICA Esta síndrome é caracterizada por sinais e sintomas comportamentais, fisiológicos, cognitivos no qual o uso de álcool torna-se prioridade na vida da pessoa, ficando outras atividades em segundo plano. Diante disso, além das intervenções psicossociais, alguns medicamentos podem ser utilizados sendo fundamental a regularidade no seu uso. Tratamento é importante que o profissional crie um plano conjunto de cuidado com o paciente, auxilie o mesmo na compreensão do problema, bem como evidencie o funcionamento e efeitos colaterais dos respectivos tratamentos propostos. O dissulfiram é um fármaco utilizado no tratamento do alcoolismo, acessível, de baixo custo e o único sensibilizante ao álcool disponível no Brasil. Seu mecanismo de ação ocorre no metabolismo hepático do álcool, pois inativa a enzima acetaldeído-desidrogenase que é responsável pela conversão de acetaldeído em ácido acético, logo, com a atuação do dissulfiram ocorre um acúmulo do acetaldeído. Deste modo, caso a pessoa em uso do medicamento faz ingestão de bebida alcóolica, o acúmulo de acetaldeído desencadeia uma reação conhecida por “efeito antabuse” caracterizada por rubor facial, cefaleia, taquipneia, precordialgia, náuseas, vômitos, sudorese e cansaço. Tal reação pode durar de 30 min a horas e vai depender da sensibilidade de cada paciente, no entanto, caso a dose de bebida alcóolica seja grande pode haver progressão do efeito antabuse para confusão mental, rebaixamento do nível de consciência, hipotensão, coma e até mesmo morte. Com isso, o dissulfiram age como um freio para o paciente não ingerir bebida alcóolica, devido a essas reações desagradáveis vinculadas ao ato de beber, por este motivo o medicamento deve ser iniciado apenas 12h após a última ingestão de álcool com dose inicial de 500mg/dia por 1-2 semanas e dose de manutenção de 250mg/dia. Porém, é importante frisar com o paciente que, uma vez iniciado o tratamento, o medicamento permanece na corrente sanguínea por aproximadamente 1 semana, ou seja, mesmo que a medicação seja interrompida, caso ocorra uma recaída, o efeito antabuse ainda pode ocorrer. O tempo de tratamento vai depender da melhora do estado psicossocial do paciente e aquisição do autocontrole do comportamento de beber. Outro medicamento que contribui para o tratamento do alcoolismo é a naltrexona, um antagonista opioide utilizado como coadjuvante das intervenções psicossociais no tratamento da dependência alcóolica, pois atenua os efeitos prazerosos do ato de beber. Estudos mostram que seu efeito terapêutico é maior nos primeiros 42 dias de uso, no entanto, pode atuar reduzindo as taxas de recaídas por até 5 meses. De modo geral, recomenda-se seu uso por até 12 semanas, com dose inicial de 25 mg/dia para minimizar os efeitos adversos (o principal é a náusea) na 1ª semana, seguida de 50 mg/dia que é a dose de fato para tratamento do alcoolismo. A naltrexona é contraindicada quando há doença hepática (aguda ou crônica) devido seu potencial de hepatotoxidade baseado no aumento das transaminases hepáticas. Apesar deste aumento nas transaminases estar mais associado ao uso de doses altas (> 300mg/dia) é importante mesmo assim realizar o controle mensal de bilirrubinas e transaminase s hepáticas. O acamprosato é outro fármaco que vem sendo utilizado por seu efeito na redução do consumo de álcool, sobretudo, por reduzir os sintomas de abstinência. Tal medicamento é um coagonista de receptores de glutamato e é um fármaco seguro por não interagir com o álcool ou com BDZ, no entanto, alguns estudos mostraram que este é menos efetivo do que o dissulfiram. A dose habitual é 1.200- 3.000 mg/dia, dividido em 3 vezes ao dia, por um período de 3-12 meses. SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA AL CÓOL ICA A síndrome da abstinência alcóolica (SAA) é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que se iniciam cerca de 6h após a diminuição ou interrupção do uso de álcool, sendo o tempo e intensidade do uso diretamente proporcional a gravidade da apresentação. O curso desta síndrome é flutuante e autolimitado, porém seu pico pode acontecer entre 24 e 48h após o início do quadro e a mesma pode durar até 1 semana. O quadro clínico da SAA está relacionado com o aumento da atividade do sistema nervoso autônomo, por este motivo, podem ocorrer: tremores, ansiedade, sudorese, taquicardia, aumento da pressão arterial, cefaleia, náuseas e vômitos, inquietação, alteração do humor e insônia. Porém, é importante classificar a SAA de modo a compreender a gravidade do quadro de cada paciente, podendo orientar melhor o tratamento da síndrome. A classificação pode ser realizada por meio da aplicação da escala Clinical Withdrawal Assessment Revised (CIWA-Ar) composta por 10 itens rapidamente respondidos em que o escore final apresenta a gravidade da SAA: 0-9 leve,10-18 moderada e >18 grave. DIAGNOSTICO TRATAMENTO: tratamento irá depender da gravidade do quadro do paciente de modo que, é possível atualmente realizar tratamento ambulatorial quando o escore classifica o paciente como leve/moderado e, caso seja grave o tratamento deve ser feito a nível hospitalar. Caso o paciente apresente: desidratação, história de TCE, sintomas neurológicos, complicações clínicas (hipertensão, sangramento digestivo, insuficiência renal), delirium tremens, convulsões e sintomas psicóticos, o mesmo deve ser tratado, de forma mais adequada, em ambiente hospitalar. O tratamento ambulatorial: iniciar reposição vitamínica com tiamina 1 ampola ao dia por 7- 15 dias e após este período reposição via oral com 300mg/dia como forma de evitar a Síndrome de Wernike, postergando a evolução para a fase crônica desta que é a Síndrome de Wernike-Korsakoff. Além disso, a prescrição de benzodiazepínicos (BDZ) deve ser feita com base nos sintomas apresentados, mas devem ser retirados gradualmente ao longo de 1 semana, a 1ª escolha é o uso de Diazepam, mas em pacientes com hepatopatias graves recomenda-se o uso do Lorazepam. Quando há indicação de tratamento a nível hospitalar: o monitoramento do paciente deve ser frequente, mantendo a orientação de proporcionar um ambiente calmo. A reposição vitamínica é a mesma indicada para os casos leve/moderado. Caso o paciente apresente confusão mental, o mesmo deve permanecer em jejum devido ao risco de broncoaspiração, devendo neste caso realizar hidratação endovenosa a cada 8h com solução com glicose 5%+ NaCl+KCl. A indicação de BDZ também deve ser feita com base nos sintomas, sendo boa opção para profilaxia de delirium tremens (DT). A contenção física só deve ser realizada em caso agitação intensa onde há risco para o paciente e terceiros ou quando não é possíve l administrar as medicações. O DT é uma forma grave e potencialmente fatal da abstinência do álcool que pode se desenvolver cerca de 1 a 4 dias após a SAA, caracterizado por um estado de confusão mental agudo, rebaixamento do nível de consciência, desorientação e desatenção, podendo apresentar alucinações visuais e táteis que pode evoluir para agitação. É uma psicose orgânica que pode ser revertida em alguns dias com manejo sempre realizado em hospital geral e tratamento baseado no uso de BDZ (Diazepam 10-20 mg/h ou Lorazepam 2-4 mg/h) e, se necessário, administrar haldol 5 mg/dia. Além disso é fundamental realizar hidratação do paciente e avaliação geral através de exames laboratoriais. SÍNDROMES DEMENCIAIS O álcool pode provocar lesões cerebrais difusas prejudicando a memória, capacidade de julgamento, de abstração e de comportamento. Com isso, o comprometimento pode ocorrer desde deficiências cognitivas leves percebidas somente em testes neurológicos, até síndromes demenciais graves. De modo geral, há prejuízo da memoria recente e confabulações sem alterações no nível de consciência. Alterações psicológicas e radiológicas podem acontecer, mas são reversíveis após meses de abstinência até mesmo naqueles pacientes que já possuem demências estabelecida. O comprometimento cerebral costuma ser mais global como no caso da Síndrome de Wernicke-Korsakoff que já abordamos anteriormente sendo indicado o uso de tiamina 300mg/dia por 12 meses.
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