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Álcool Intoxicação, Dependência e Abstinência P5

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INTRODUÇÃO 
O álcool depressor do SNC, o principal 
neurotransmissor que ele agi é o GABA. 
 
TRANSTORNO PEL O USO 
3 fases: intoxicação, abstinência e dependência 
INTOXICAÇÃO AL CO ÓL ICA AGUDA 
O quadro de intoxicação aguda pelo álcool é 
comum nos serviços de saúde e é uma condição 
autolimitada causada pelo excesso de bebida 
alcóolica além do tolerado pelo indivíduo 
gerando alterações físicas e psíquicas capazes de 
interferir no seu funcionamento normal. Seus 
estágios vão desde uma embriaguez leve até o 
coma, logo, é importante também investigar 
hipoglicemia e traumatismo cranioencefálico 
(TCE) associado ou como causa do quadro de 
rebaixamento caso na história não fique 
evidente a associação com ingesta de bebida 
alcóolica. Além disso, outras alterações podem 
ser notadas logo que o paciente chega na 
Unidade, pois a intoxicação causa alterações no 
afeto (alegria, excitação e labilidade de humor), 
na fala (pastosa, arrastada), no 
comportamento (impulsividade, agressividade, 
ataxia), no pensamento (redução na 
capacidade de raciocínio e juízo crítico, 
pensamento lento). 
 
 
O manejo inicial do paciente com intoxicação 
 consiste em assegurar que haja a interrupção da 
ingesta de álcool, posicionar o paciente em 
decúbito lateral de modo a evitar a 
broncoaspiração de conteúdo gástrico caso 
venha a vomitar e proporcionar um ambiente 
seguro e tranquilo. 
Tais medidas são suficientemente efetivas em 
boa parte dos casos. Porém, em algumas 
situações o paciente apresenta-se com agitação 
psicomotora e agressivo o que torna necessária 
a sua imobilização e se necessário uso de 
Haloperidol 5mg, via intramuscular (IM). 
Vale ressaltar que benzodiazepínicos e 
histamínicos podem ter efeito cruzado com o 
álcool, por este motivo, a droga de escolha é o 
haloperidol. 
 O exame físico do paciente com intoxicação 
aguda deve ser completo e realizado o quanto 
antes buscando complicações agudas (TCE, 
hipoglicemia, sangramentos, crises 
hipertensivas) e crônicas (hepatomegalia e 
desnutrição). 
No que diz respeito aos exames laboratoriais é 
necessário solicitar: hemograma, exames para 
avaliar função hepática e renal, eletrólitos. 
Outros exames complementares como exames 
de imagem devem ser solicitados conforme 
necessidade diante do quadro de cada paciente. 
A todos os pacientes está indicado o uso de 
Tiamina 300mg IM como profilaxia da 
Síndrome de Wernicke-Korsakoff. Caso a 
glicose hipertônica seja indicada ao paciente, a 
tiamina deve ser aplicada 30 min antes da 
glicose. No entanto, é importante destacar que 
nem todos os pacientes com intoxicação aguda 
pelo álcool devem receber glicose hipertônica 
endovenosa e soro fisiológico, estes estão 
indicados apenas se o paciente apresenta-se 
hipoglicêmico e/ou desidratado, 
respectivamente. 
Álcool – Intoxicação, Dependência e Abstinência P5 
SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA AL CÓOL ICA 
Esta síndrome é caracterizada por sinais e 
sintomas comportamentais, fisiológicos, 
cognitivos no qual o uso de álcool torna-se 
prioridade na vida da pessoa, ficando outras 
atividades em segundo plano. Diante disso, além 
das intervenções psicossociais, alguns 
medicamentos podem ser utilizados sendo 
fundamental a regularidade no seu uso. 
Tratamento é importante que o profissional 
crie um plano conjunto de cuidado com o 
paciente, auxilie o mesmo na compreensão do 
problema, bem como evidencie o 
funcionamento e efeitos colaterais dos 
respectivos tratamentos propostos. 
O dissulfiram é um fármaco utilizado no 
tratamento do alcoolismo, acessível, de baixo 
custo e o único sensibilizante ao álcool 
disponível no Brasil. Seu mecanismo de ação 
ocorre no metabolismo hepático do álcool, pois 
inativa a enzima acetaldeído-desidrogenase 
que é responsável pela conversão de 
acetaldeído em ácido acético, logo, com a 
atuação do dissulfiram ocorre um acúmulo do 
acetaldeído. Deste modo, caso a pessoa em uso 
do medicamento faz ingestão de bebida 
alcóolica, o acúmulo de acetaldeído 
desencadeia uma reação conhecida por “efeito 
antabuse” caracterizada por rubor facial, 
cefaleia, taquipneia, precordialgia, náuseas, 
vômitos, sudorese e cansaço. Tal reação pode 
durar de 30 min a horas e vai depender da 
sensibilidade de cada paciente, no entanto, caso 
a dose de bebida alcóolica seja grande pode 
haver progressão do efeito antabuse para 
confusão mental, rebaixamento do nível de 
consciência, hipotensão, coma e até mesmo 
morte. 
 Com isso, o dissulfiram age como um freio para 
o paciente não ingerir bebida alcóolica, devido 
a essas reações desagradáveis vinculadas ao 
ato de beber, por este motivo o medicamento 
deve ser iniciado apenas 12h após a última 
ingestão de álcool com dose inicial de 
500mg/dia por 1-2 semanas e dose de 
manutenção de 250mg/dia. Porém, é 
importante frisar com o paciente que, uma vez 
iniciado o tratamento, o medicamento 
permanece na corrente sanguínea por 
aproximadamente 1 semana, ou seja, mesmo 
que a medicação seja interrompida, caso 
ocorra uma recaída, o efeito antabuse ainda 
pode ocorrer. 
O tempo de tratamento vai depender da 
melhora do estado psicossocial do paciente e 
aquisição do autocontrole do comportamento 
de beber. 
Outro medicamento que contribui para o 
tratamento do alcoolismo é a naltrexona, um 
antagonista opioide utilizado como coadjuvante 
das intervenções psicossociais no tratamento da 
dependência alcóolica, pois atenua os efeitos 
prazerosos do ato de beber. Estudos mostram 
que seu efeito terapêutico é maior nos primeiros 
42 dias de uso, no entanto, pode atuar 
reduzindo as taxas de recaídas por até 5 meses. 
De modo geral, recomenda-se seu uso por até 
12 semanas, com dose inicial de 25 mg/dia para 
minimizar os efeitos adversos (o principal é a 
náusea) na 1ª semana, seguida de 50 mg/dia que 
é a dose de fato para tratamento do alcoolismo. 
A naltrexona é contraindicada quando há 
doença hepática (aguda ou crônica) devido seu 
potencial de hepatotoxidade baseado no 
aumento das transaminases hepáticas. Apesar 
deste aumento nas transaminases estar mais 
associado ao uso de doses altas (> 300mg/dia) é 
importante mesmo assim realizar o controle 
mensal de bilirrubinas e transaminase s 
hepáticas. 
O acamprosato é outro fármaco que vem sendo 
utilizado por seu efeito na redução do consumo 
de álcool, sobretudo, por reduzir os sintomas 
de abstinência. Tal medicamento é um 
coagonista de receptores de glutamato e é um 
fármaco seguro por não interagir com o álcool 
ou com BDZ, no entanto, alguns estudos 
mostraram que este é menos efetivo do que o 
dissulfiram. A dose habitual é 1.200- 3.000 
mg/dia, dividido em 3 vezes ao dia, por um 
período de 3-12 meses. 
SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA AL CÓOL ICA 
A síndrome da abstinência alcóolica (SAA) é 
caracterizada por um conjunto de sinais e 
sintomas que se iniciam cerca de 6h após a 
diminuição ou interrupção do uso de álcool, 
sendo o tempo e intensidade do uso 
diretamente proporcional a gravidade da 
apresentação. O curso desta síndrome é 
flutuante e autolimitado, porém seu pico pode 
acontecer entre 24 e 48h após o início do 
quadro e a mesma pode durar até 1 semana. O 
quadro clínico da SAA está relacionado com o 
aumento da atividade do sistema nervoso 
autônomo, por este motivo, podem ocorrer: 
tremores, ansiedade, sudorese, taquicardia, 
aumento da pressão arterial, cefaleia, náuseas 
e vômitos, inquietação, alteração do humor e 
insônia. 
 
 
 
 
 
 Porém, é importante classificar a SAA de modo 
a compreender a gravidade do quadro de cada 
paciente, podendo orientar melhor o 
tratamento da síndrome. 
 A classificação pode ser realizada por meio da 
aplicação da escala Clinical Withdrawal 
Assessment Revised (CIWA-Ar) composta por 
10 itens rapidamente respondidos em que o 
escore final apresenta a gravidade da SAA: 0-9 
leve,10-18 moderada e >18 grave. 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNOSTICO 
 
TRATAMENTO: tratamento irá depender da 
gravidade do quadro do paciente de modo que, 
é possível atualmente realizar tratamento 
ambulatorial quando o escore classifica o 
paciente como leve/moderado e, caso seja 
grave o tratamento deve ser feito a nível 
hospitalar. 
Caso o paciente apresente: desidratação, 
história de TCE, sintomas neurológicos, 
complicações clínicas (hipertensão, 
sangramento digestivo, insuficiência renal), 
delirium tremens, convulsões e sintomas 
psicóticos, o mesmo deve ser tratado, de forma 
mais adequada, em ambiente hospitalar. 
 
O tratamento ambulatorial: iniciar reposição 
vitamínica com tiamina 1 ampola ao dia por 7-
15 dias e após este período reposição via oral 
com 300mg/dia como forma de evitar a 
Síndrome de Wernike, postergando a evolução 
para a fase crônica desta que é a Síndrome de 
Wernike-Korsakoff. Além disso, a prescrição de 
benzodiazepínicos (BDZ) deve ser feita com 
base nos sintomas apresentados, mas devem 
ser retirados gradualmente ao longo de 1 
semana, a 1ª escolha é o uso de Diazepam, mas 
em pacientes com hepatopatias graves 
recomenda-se o uso do Lorazepam. 
Quando há indicação de tratamento a nível 
hospitalar: o monitoramento do paciente deve 
ser frequente, mantendo a orientação de 
proporcionar um ambiente calmo. A reposição 
vitamínica é a mesma indicada para os casos 
leve/moderado. 
Caso o paciente apresente confusão mental, o 
mesmo deve permanecer em jejum devido ao 
risco de broncoaspiração, devendo neste caso 
realizar hidratação endovenosa a cada 8h com 
solução com glicose 5%+ NaCl+KCl. A indicação 
de BDZ também deve ser feita com base nos 
sintomas, sendo boa opção para profilaxia de 
delirium tremens (DT). 
A contenção física só deve ser realizada em 
caso agitação intensa onde há risco para o 
paciente e terceiros ou quando não é possíve l 
administrar as medicações. 
 O DT é uma forma grave e potencialmente 
fatal da abstinência do álcool que pode se 
desenvolver cerca de 1 a 4 dias após a SAA, 
caracterizado por um estado de confusão 
mental agudo, rebaixamento do nível de 
consciência, desorientação e desatenção, 
podendo apresentar alucinações visuais e táteis 
que pode evoluir para agitação. É uma psicose 
orgânica que pode ser revertida em alguns dias 
com manejo sempre realizado em hospital 
geral e tratamento baseado no uso de BDZ 
(Diazepam 10-20 mg/h ou Lorazepam 2-4 
mg/h) e, se necessário, administrar haldol 5 
mg/dia. Além disso é fundamental realizar 
hidratação do paciente e avaliação geral através 
de exames laboratoriais. 
 
SÍNDROMES DEMENCIAIS 
 O álcool pode provocar lesões cerebrais difusas 
prejudicando a memória, capacidade de 
julgamento, de abstração e de 
comportamento. Com isso, o 
comprometimento pode ocorrer desde 
deficiências cognitivas leves percebidas 
somente em testes neurológicos, até síndromes 
demenciais graves. De modo geral, há prejuízo 
da memoria recente e confabulações sem 
alterações no nível de consciência. Alterações 
psicológicas e radiológicas podem acontecer, 
mas são reversíveis após meses de abstinência 
até mesmo naqueles pacientes que já possuem 
demências estabelecida. O comprometimento 
cerebral costuma ser mais global como no caso 
da Síndrome de Wernicke-Korsakoff que já 
abordamos anteriormente sendo indicado o 
uso de tiamina 300mg/dia por 12 meses.

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