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Alterações do Pâncreas em Pequenos Animais

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Pâncreas 
O pâncreas é dividido em endócrino (produção de hormônios – insulina e glucagon, pelas células das ilhotas de Langerhans) e exócrino (produção de enzimas digestivas – amilase, lipase, tripsina, pelas células zimogênicas). Quando apresenta problemas, acomete geralmente os dois sistemas. A secreção do suco pancreático é controlada por duas enzimas (secretina – controla os fluidos e componentes eletrolíticos como o bicarbonato de sódio {NaHCO3}; e pancreozimina – controla a quantidade de enzimas no suco digestivo). É rico em bicarbonato e água, conferindo um pH alcalino >8.
· Anatomia: é um órgão pequeno, que fica encostado no estomago e no intestino (duodeno), por isso, quando apresenta problemas, também afeta esses dois órgãos, e em alguns casos o fígado. Assim, o animal nesses casos, pode apresentar muito vomito (acompanhado de espuma- ácido clorídrico), diarreia. Para visualização no ultrassom, e importante o animal estar em jejum, pois, é difícil de visualizar. 
1. Doenças do Pâncreas:
· Pancreatite aguda: processo inflamatório do pâncreas. EMERGENCIA- INTERNAÇÃO!!!
· Causas: pode ser causada pela ativação do tripsinogênio (inativo) em tripsina (ativa), levando à ativação e outras enzimas e iniciando um processo de autodigestão do tecido pancreático; mais frequente em cadelas obesas de meia idade (pâncreas exócrino precisa produzir mais enzimas, e o endócrino mais insulina – diabetes); obesidade; hiperlipemia (dietas ricas em gorduras) e hiperlipoproteinemia; uremia; obstrução do ducto pancreático (parasitas- toxocara; traumas; tumores; inflamação intestino); cistos ou abcessos pancreáticos (causa dor, é necessário u.s.), agentes infecciosos; doenças auto-imunes; drogas (clorpromazina, sulfas, corticosteroides, isoniazida, clortalidona, estrógeno, progesterona); doenças metabólicas (diabetes mellitus), hereditariedade (raças, como Schnauzers miniaturas). 
· Sinais clínicos: são inespecíficos. Letargia, anorexia, desidratação. Os cães apresentam vômitos muito persistentes, diarreia, dor abdominal (90% presente), posição de súplica (traseiros elevados, esterno no chão – indicativo de abdômen agudo, algo está anormal no abdômen, porém, não é especifico de pancreatite, pode ser corpo estranho, obstrução, ruptura, neoplasia). Os gatos apresentam anorexia e perda de peso, algumas vezes vômitos, porém, não tão frequentes como em cães, não demonstram dor. 
· Diagnostico: nenhum sinal clinico é patognomônico. 
1. Hemograma: leucocitose, neutrofilia, monocitose (processo inflamatório), o máximo de leucócitos totais para cães é 17.000, em geral, nessa doença, encontra-se alta leucocitose; linfopenia (os linfócitos estão presentes em casos de infecção, quando é bacteriana é linfocitose, e quando é viral é linfopenia. Pode ocorrer linfopenia por stress, devido à dor). 
2. Função pancreática: dosagem sérica de amilase e lipase (aumentadas ou normais), essas enzimas estão muito ligadas a alimentação, por isso, quando são encontradas em grande concentração é importante investigar, se o animal estava em jejum. Não é um exame muito utilizado para diagnostico de pancreatite. 
3. Uremia pré-renal, hiperglicemia (aumento de glicose circulante, devido à baixa de insulina para ligação), hipocalcemia. 
4. Função hepática: aumento de AST e ALT.
5. Ultrassom: edema (indicativo de inflamação), fibrose, cistos e abcessos (U.S = pâncreas hipoecoico, maior que 2cm; quando está hiperecóico pode ser sugestivo de pancreatite crônica). 
6. Laparotomia: em casos de cistos e abcessos, deve ser realizada de forma cuidadosa.
7. Raio-x: não é útil para diagnostico de pancreatite. 
· Prognostico: depende do animal, da fase da doença e do acometimento de outros órgãos. 
1. Bom: animais com pancreatite não complicada, que respondem ao tratamento e são mantidos por toda a vida com uma dieta de baixa gordura.
2. Reservado: animais com cistos ou abcessos pancreáticos; hemorragia aguda pancreática ou diabetes.
3. Mau: animais com sinais de disfunção em outros órgãos (sangramentos, arritmias, neurológicos, respiratórios e falência renal aguda). 
· Tratamento: EMERGENCIAL, PRECISA DE INTERNAÇÃO!!!!!!!!
Tentar eliminar a causa, porém, na maioria das vezes em cães é idiopática. 
· Jejum: água e comida, para diminuir a secreção pancreática, durante 3-5d, reintroduzindo alimentação aos poucos (baixa gordura, rica em proteínas de alta qualidade). Quando o animal estiver bem, reiniciar a alimentação rica em carboidratos, pois, proteína e gordura estimulam a secreção pancreática. Em casos de gatos, só retirar a alimentação e agua total se o fígado estiver bom, aguentam por 2d, pelo menos. 
· Antibióticos: para prevenção de peritonite ou endotoxemia (devido a dor, pode ocorrer íleo paralitico e favorecer a translocação de bactérias). Ampicilina, amoxicilina, enrofloxacina. 
· Antiácido: ranitidina (Antak) ou omeprazol (Losec).
· Anti-emético: plasil, cerenia, ondansetrona, em casos de vômitos persistentes.
· Fluidoterapia: melhorar a pressão arterial e perfusão, restabelecendo estabilidade hemodinâmica. Ringer lactato ou solução fisiológica (acidificante) + bicarbonato de sódio. Quando o animal apresenta vomito a muito tempo, está perdendo ácido clorídrico, entrando em alcalose, portanto, deve-se usar solução fisiológica para acidificar (realizar a hemogasometria antes).
· Analgésicos: morfina (mais potente), tramadol, meperidina. Todos devem receber tratamento para dor, pois, animais que apresentam hiperadrenocorticismo (alto cortisol – funciona como analgésico) podem não demonstrar. É importante também, para evitar translocação bacteriana devido ao íleo paralitico causado pela dor. MILK = morfina, lidocaína e quetamina é um protocolo bastante utilizado.
· Vitaminas
· Corticosteroides: em casos de choque, porém, em períodos curtos. 
· A CID é uma complicação da pancreatite aguda, e uma das principais causas de falência de múltiplos órgãos. O tratamento consiste em fluidoterapia agressiva, transfusão de plasma fresco (repor os fatores de coagulação) e heparina. 
· Pancreatite crônica: é mau diagnosticada pelo clinico e pelo tutor. Ocorre após surtos recorrentes de pancreatite levando à fibrose. 
· Sinais clínicos: animal apresenta vômitos, diarreia e dor abdominal por um certo período e depois passa. 
· Tratamento é igual ao de pancreatite aguda. Reposição de enzimas (inibe a secreção de enzimas pancreáticas endógenas, diminuindo a dor). Administrar antiácido (ranitidina) no mínimo 1h antes das enzimas, e as enzimas 1h antes da alimentação. 
· Insuficiência pancreática exócrina (IPE): ausência de secreção de enzimas pancreáticas exócrinas no duodeno (devido à perda de tecido acinar – destruição imunomediada {organismo não reconhece as células próprias e as ataca} do pâncreas exócrino). Apresenta sinais mais visíveis, mais diagnosticada. Não tem cura (90% do pâncreas comprometido), é importante avisar o proprietário, e manter o tratamento para evitar diabetes devido o comprometimento do pâncreas endócrino. 
· Causas: 
1. Atrofia acinar pancreática: atrofia do tecido acinar por causa da autodestruição do pâncreas. Acomete muito a raça Pasto Alemão. Pode ser distúrbio acinar primário (animal já nasce com esse problema). Fatores nutricionais (deficiência de vitaminas e minerais). 
2. Pancreatite recidivante crônica: acomete mais animais de meia idade a idosos, raças pequenas.
3. Secreção excessiva de suco gástrico: diminui a atividade das enzimas pancreáticas aumentando sua destruição. 
· Sinais clínicos: típicos de má absorção e digestão (a síndrome é um conjunto de fatores, que levam a má absorção e digestão, não é diagnostico). Perda de peso, apetite voraz e depravado (come muito, pois, não está conseguindo absorver nada, sente muita fome), fezes volumosas moles a pastosa, esteatorréicas (amarelada a esbranquiçadas- forma-se um halo de gordura no jornal), malcheirosas; borborigmos e flatulência; pelo opaco com queda excessiva, pelos oleosos e graxentos ao redor do períneo. 
· Diagnostico: 
a) Sinal clínico deve-se descartar outras causasde má absorção (giárdia, ancilostoma); 
b) Microscopia fecal é inespecífico, pois, as fezes normais podem corar (gordura cora marrom, amido cora azul); 
c) Laboratoriais (não apresenta alterações importantes como leucocitose, anemia, proteínas totais e albumina dentro do normal; o mais comum é triglicérides e colesterol abaixo do normal). 
d) O mais confiável é o TLI (teste da imunorreatividade das substancias séricas semelhantes à tripsina): animal em jejum por 12h. Os valores normais para cães (5-35 micrograma/L), quando a [] < 2,5 = IPE; [] 2,5-5,0 IPE parcial ou normal (repetir o exame); gatos (17-49 micrograma/L), quando [] <8,0 =IPE; [] 8,0-17,0 IPE parcial ou normal (repetir o exame). 
e) E o mais utilizado é o diagnostico terapêutico (suplementação enzimática e dieta adequada, se funcionar fecha-se o diagnóstico). 
· Tratamento: 
a) Reposição enzimática: reposição de enzimas e extratos pancreáticos por meio de cápsulas (humano – Pankreoflat), 1-4 cápsulas; pâncreas bovino cru; extrato pancreático em pó, sache em forma de gel (farmácia de manipulação veterinária) – 1-2 colheres de sopa por refeição. 
b) Antiácidos: cimetidina, ranitidina, omeprazol 1h antes das enzimas, pois, são destruídas pelo ácido gástrico. Administrar nos primeiros meses. 
c) Suplementação vitamínica: A, D, E, K. cães podem apresentar b12 baixa, e gatos diminuição de vitamina K. 
d) Antibióticoterapia: devido ao supercrescimento bacteriano intestinal (metronidazol -flagyl, oxitetraciclina, tilosina). 
e) Antifiséticos: para flatulência (Luftal). 
f) Dietoterapia: alimentação pobre em gordura, e rica em proteínas de alto valor biológico. 
É ideal que o animal seja alimentado duas vezes ao dia pelo menos, colocar as enzimas e retirar caso sobre. 
· Exemplo de tratamento: 10h manhã = antiácido (se for omeprazol 1x ao dia; ranitidina 2x ao dia); 11h – enzima pancreática (se for capsula), se for em pó ou sache colocar junto com a alimentação; 12h = alimentação ou alimentação +enzima; 14h retirar o que sobrou; 16h = antiácido (ranitidina, se for omeprazol não precisa); 17h = enzima ou enzima + alimentação; 18h= alimentação.

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