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Introdução Epidemiologia

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Marina Benazzi
Introdução Epidemiologia
PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA 
Epidemiologia – é o estudo da frequência, distribuição dos determinantes dos estados ou eventos relacionados a saúde em especificas populações e a aplicação desses estudos nos controles de saúde. 
Usos da Epidemiologia 
- Estudo dos determinantes de saúde-doença 
- Análise das situações de saúde  
- Avaliação da tecnologia e dos processos no campo da saúde 
· TRES ERAS DA EPIDEMIOLOGIA MODERNA 
- Estatística sanitária: (1° metade do século XIX) 
· Paradigma: teoria dos miasmas 
· Miasma: poluição, mancha, nevoa que paira sobre um pântano  
· Origem das doenças: má qualidade do ar 
· Revolução industrial – intensa migração – condições de vida se agravam  
· Regiões insalubres – odores nocivos e gases venenos – epidemias 
· Estatísticas sanitárias: morbidade e mortalidade globais 
· Inalação do ar fétido = doença 
· Teoria dos miasmas – visão da saúde pública – a produção das doenças estava associada a pobreza  
·  Abordagem preventiva – sistemas de esgoto e drenagem, grandes reformas urbanas, coleta de lixo, melhores habitações... 
- Doenças infecciosas: (Final do século XIX até primeira metade do século XX) 
· John Snow – epidemia da cólera em Londres 
· Associação: origem da água e mortes ocorridas; rejeitando a hipótese de caratês miasmático de transmissão 
· Louis Pasteur – teoria germinas das doenças infecciosas – microrganismo como agente causal e a capacidade de se propagar entre os indivíduos – consolidação da “teoria do germe” 
· Germe: agente etiológico – forte componente laboratorial 
· Teoria do Germe modelo monocausal – explicação da doença por um único fator (agente biológico) 
· Abordagem preventiva – interromper a transmissão – vacinas, antibióticos e quimioterápicos, isolamento do afetado 
- Doença crônica: (metade final do século XX) 
· As principais causas das doenças infecciosas haviam sido controladas, reduzindo a força da teoria dos germes 
· Ascenção da mortalidade por doenças crônicas – transição epidemiológica 
· As principais causas das doenças infecciosas haviam sido controladas – redução da força da teoria dos germes 
· Paradigma da caixa preta   
· Teoria da causalidade, natureza multicausal das doenças crônicas 
· Abordagem preventiva – controle dos fatores de risco 
· Incorpora também fatores socioeconômicos, culturais, físicos, químicos... 
· Estabelece nexos entre modos de adoecer e condições de trabalho e vida 
 
Nova era da epidemiologia moderna: ECO-EPIDMEIOLOGIA 
· O paradigma da caixa preta isoladamente não elucida as forças sociais nem suas relações com a saúde  
· Paradigma das caixas chinesas – resultante da síntese de conhecimentos gerados em níveis; inclusão de sistemas em diferentes níveis  
· Macro: estudo dos fenômenos em nível da população e das sociedades 
· Micro: estudo dos fenômenos que ocorrem ao nível molecular, genoma humano 
· Além das variáveis individuais devem ser consideradas as variáveis grupais ou ecológicas, expressas em construtos tais como desigualdade de renda, capital social ou características de vizinhança 
· A abordagem eco epidemiológica difere da abordagem multicausal ao transpor o nível individual de compreensão do processo saúde-doença em direção ao nível populacional  
 
MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
Guardam relação com cada época histórica em que emergiram 
Trazem reflexos na organização da atenção à saúde  
 
· Modelo biomédico 
· Doença: resultante do funcionamento subnormal de alguns dos seus órgãos ou subsistemas; perturbação da estrutura ou da função de um órgão. 
· Visão exclusivamente biológica do adoecimento. 
· Etiologia da doença: lógica monocausal. 
· Desenvolvido em uma época em que as doenças infecciosas predominavam: visão monocausal (um agente = uma doença). 
· Conceito de saúde: ausência de doença. 
· Prevenção: isolamento de doentes; vacinas; controle de vetores 
· Leva a estrutura da prática médica predominantemente curativa  
 
· História natural da doença (modelo processual) 
· Modelo multicausal; 
· Sistematizado por Leavell e Clark (1976); 
· Grande avanço em relação ao modelo biomédico → reconhece que saúde-doença implica um processo de múltiplas e complexas determinações 
· Conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio-ambiente... 
· A manifestação clínica da doença deve ser considerada como a exteriorização de um processo que começou muito antes e no qual podem ser identificados diversos fatores  
· Neste modelo, nenhum agente será por si só suficiente para desencadear o processo patológico. 
· A eclosão da doença depende da articulação de fatores contribuintes. 
· O estado final desencadeador da doença resulta, portanto, da interação de uma multiplicidade de determinantes econômicos, políticos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos 
· Período de pré-patogênese ou epidemiológico: Não há doença propriamente dita, mas existem condições que favorecem o seu aparecimento; Foco da epidemiologia; 
Determinantes intrínsecos ou extrínsecos estruturam disposições ao adoecimento: 
econômicos (dificuldade de acesso aos serviços de saúde, saneamento básico associação inversa entre capacidade econômica e risco de adoecer); 
culturais (hábitos alimentares, crendices, comportamentos); 
ecológicos (poluição, catástrofes naturais); 
biológicos (agente etiológico), 
psicossociais (isolamento social, carências, estresse, desemprego, sobrecarga no trabalho). 
· Período de patogênese: processo patológico já se encontra ativo  
Iniciam-se as primeiras alterações no estado de normalidade, pela atuação de agentes patogênicos; 
Pré-clínico: ausência de sintomatologia, embora o organismo já apresente alterações patológicas; 
Clínico: aparecimento de sinais ou sintomas da doença; ao manifestar-se clinicamente, a doença já se encontra em estágio avançado. 
Evoluindo para as seguintes possibilidades: defeito permanente (sequela), cronicidade, morte ou cura 
· PREVENÇÃO PRIMÁRIA: promoção de saúde – medidas que melhoram a saúde em geral e ajudam a prevenir várias doenças 
Proteção específica – voltada para a prevenção de uma doença 
· PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: diagnóstico precoce e tratamento – inquérito para descoberta de casos na comunidade; exames periódicos, isolamento para evitar a propagação de doenças 
Limitação da incapacidade – tratamento adequado, acesso facilitado a serviços de saúde, evitar futuras complicações, evitar sequelas 
· PREVENÇÃO TERCIARIA: reabilitação – impedir a incapacidade total e recuperar a função, reinserção do indivíduo na sociedade, melhoria da qualidade de vida 
· Critica ao modelo de historia natural das doenças: Igualdade de importância dada aos elementos da tríade (agente suscetível-meio ambiente), que raramente corresponde à realidade; Ênfase em aspectos biológicos sem aprofundar a análise das condições sociais e estruturais da sociedade, que determinam muitos dos riscos de adoecer e morrer; Coloca em segundo plano a importância da estrutura social na determinação da situação de saúde das populações 
 
· Modelo de determinação social 
· Alguns grupos da população são mais saudáveis que outros devido a desigualdades decorrentes das condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham 
· Compreensão de mecanismos pelos quais as desigualdades sociais agem sobre a saúde dos indivíduos 
· Níveis de determinação social da doença, indo do nível individual para o coletivo: 
1. biológico, físico e psíquico; 2. estilo de vida; 3. determinantes ambientais e comunitários (família, escola, emprego e outros); 4. determinantes ambientais físicos, climáticos e de contaminação ambiental; 5. estrutura macrossocial, política e percepção populacional 
· Esse modelo estabelece níveis de determinantes que vão do individual ao macro social 
· Os modelos mais amplos, holísticos, são mais complexos e concebem a saúde como determinada por fatores biopsicossociais 
· Tratam o ser humano como um todo, o que está de acordo com as definiçõesmais avançadas de saúde 
 
 
PROCESSO EPIDÊMICO 
Distribuição da doença no tempo e no espaço 
· Serie temporal 
· Conjunto de observações ordenadas no tempo 
· Em geral, os estudos de série temporal são feitos utilizando dados dos sistemas de informação de morbilidade e mortalidade 
· Usos: monitorar a saúde da população, prever ocorrência de eventos, fornecer subsídios para explicação causal, auxiliar o planejamento de saúde, avaliar o impacto das intervenções  
· Componentes: 
Tendência histórica – análise das mudanças na frequência de uma doença, por um longo período de tempo, geralmente décadas; possibilita identificas possíveis explicações para o fenômeno observado; dificuldade interpretação: melhoria nos critérios ou técnicas de diagnostico, mudança na estrutura demográfica, modificação nos fatores ambientais  
Variações cíclicas – flutuações na incidência d euma doença ocorridas em um período maior que um ano; permitem alguma forma de previsão dos acontecimentos 
Variações sazonais – ocorre dentro de um período d eum ano; ciclos coincidem com as estações do ano 
Variações irregulares – alteração inusitada na incidência das doenças, diferente do esperado 
 
ENDEMIA: qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente dentro dos limites da faixa endêmica referente aquela população e época determinadas   
EPIDEMIA: alteração espacial e temporalmente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação progressiva, inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando e reiterando os valores acima do limiar epidêmico estabelecido 
· Casos autóctones: origem dentro dos limites do lugar em referência ou sob investigação  
· Casos alóctones: casos importados 
 
· Epidemia: excesso de casos quando comparada a frequência esperada de uma doença em um determinado espaço geográfico e período de tempo 
 
Objetivos da investigação de uma epidemia: 
· Identificar as causas, o agente etiológico, encontrar a fonte da infecção 
· Determinas as características epidemiológicas da doença 
· Formular recomendações para impedir a transmissão da doença  
Quanto a abrangência: 
· Surto epidêmico: ocorrência epidêmica, onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo uma área geográfica pequena e delimitada ou população institucionalizada 
· Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial; serie de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo  
Mecanismos de ocorrência epidêmica 
· Incorporação de casos alóctones a populações formadas por grande número de suscetíveis, com os quais a transmissão seja uma possibilidade real 
· Ingresso de casos alóctones em áreas cujas condições ambientais são favoráveis a propagação da doença  
· Contato acidental com agentes infecciosos, toxinas ou produtos químicos – contaminação por alimentos, água ou outros veículos  
· Modificações ocorridas na estrutura epidemiológica responsável pelo processo saúde-doença 
· A doença no hospedeiro favorece a dispersão do agente patogênico  
Porque as epidemias/surtos acabam? 
· Não há mais indivíduos susceptíveis 
· Não há mais exposição a fonte de infecção 
· Não há mais fonte de infecção 
· Os indivíduos diminuem sua susceptibilidade 
· Os patógenos tornam-se menos patogênicos  
Tipos de epidemia 
· Quanto a velocidade do processo na fase inicial: contaminação rápida   
· Explosiva: alta velocidade de progressão 
Envolve, em pouco tempo, a quase-totalidade das pessoas atingidas  
Pode desenvolver-se quando comunidades altamente susceptíveis são atingidas e seus membros adoecem praticamente ao mesmo tempo 
 
· Quanto a velocidade do processo na fase inicial: 
· Lenta: baixa velocidade de progressão 
Ocorrência gradual e progride durante um longo tempo 
Pode ocorrer com as doenças cujos agentes apresentam baixa resistência ao meio exterior ou aos quais a população seja altamente resistente e imune ou doenças de longo período de incubação 
· Quanto ao mecanismo de transmissão: 
· Progressiva: existência de transmissão direta 
Mecanismo de transmissão – de hospedeiro a hospedeiro 
Doença difundida de pessoa a pessoa por via respiratória, genital, anal, oral ou por vetores 
Propagação em cadeia (corrente de transmissão), de suscetível a suscetível, ate o esgotamento destes ou sua diminuição abaixo do nível crítico  
 
· Quanto ao mecanismo de transmissão: 
· Fonte comum: transmissão indireta por veículos 
Fonte pontual: existência de foco circunscrito 
Fonte persistente: existência de foco continuado 
Inexistência de um mecanismo de transmissão hospedeiro a hospedeiro 
Fator extrínseco: veículo por água, alimento ou ar 
Não existe propagação da doença de pessoa a pessoa: todos os afetados devem ter acesso direto ao veículo disseminador da doença, não necessariamente, ao mesmo tempo e mesmo lugar

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