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INFECÇÃO URINÁRIA (ATS Il – Urologia – 1ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC INTRODUÇÃO A ITU compreende a colonização bacteriana da urina e a infecção de várias estruturas que formam o aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal. Ela é definida pela presença de bactéria na urina como limite mínimo definido, na maior parte das vezes, a existência de 100.000 UFC/ml. A Infectious Diseases Society of America define a presença de 1.000 UFC/ml para o diagnóstico de cistite e 100.000 UFC/ml para a pielonefrite em mulheres jovens. A ITU abrange uma grande variedade de síndromes clínicas, desde quadros assintomáticos, praticamente sem sequelas, como a bacteriúria assintomática, até quadros graves, com a urosepse, com índices elevados de mortalidade. A colonização bacteriana em pacientes com sonda vesical de demora é comum, tornando-se difícil, por vezes, distingui-la de ITU sintomática, com necessidade terapêutica. Algumas situações contribuem para o crescimento menor de bactérias na urocultura na vigência da infecção, como: • Uso de ATB à época da realização da urocultura, antecedendo (3 a 4 dias), na vigência ou logo após o término da sua utilização; • Presença de bactérias com crescimento lento, como as Gram-positivas; • Hiper-hidratação do paciente; • Coleta de amostra de urina pouco tempo após uma micção prévia; • Contaminação da urina com material utilizado na limpeza da genitália e da região periuretral. CONSIDERAÇÕES GERAIS • O sexo feminino é mais vulnerável do que o sexo masculino; • Mulheres adultas tem 50x mais chances de adquirir a ITU do que os homens; • Ao longo da vida 30% das mulheres apresentam ITU; • Nos homens há uma elevação da ocorrência após os 50 anos. Isso se dá devido ao aumento prostático e, consequentemente, à maior quantidade de resíduo pós- miccional retido; assim, em homens jovens com ITU de repetição deve ser investigada prostatite; • Atribui-se essa maior ocorrência nas mulheres às características anatômicas, como a proximidade do ânus e da uretra e o pequeno comprimento e maior largura da uretra. • A ITU no ambiente hospitalar é complicada por diversos fatores (cateteres urinários dificultam a verificação de sinais e sintomas); • Em idosos é comum que a única manifestação clínica da ITU seja a alteração de nível de consciência associada à confusão mental; • Estima-se que a bacteriúria assintomática acometa cerca de 11 a 25% de pacientes idosos; • Cerca de 80% das ITU estão relacionadas ao uso de cateteres urinários; ETIOLOGIA E PATOGÊNESE A interação entre bactéria infectante e as características do epitélio urinário representa a base da patogênese nessa doença. As bactérias uropatogênicas derivadas da microbiota fecal apresentam características que possibilitam a aderência, o crescimento e a resistência às defesas do hospedeiro, resultando em colonização e ITU. A E. coli é a maior responsável pelas ITUs comunitárias não complicadas (ou seja, cistites simples com pequena duração), seguida por: Staphylococos saprophyticus, Proteus, Klebsiella e Enterococcus faecalis. A E. coli responsabiliza-se por 70 a 85% das ITUs comunitárias e 50 a 60% nosocomiais. Nas ITUs complicadas o espectro de bactérias envolvido é mais amplo, incluindo as Gram positivas e negativas, com elevada frequência de organismos multirresistentes. A ITU tem como origem a colonização com infecção ascendente e a disseminação hematogênica. As enterobactérias originam-se da microbiota fetal, colonizam as regiões perineal, vaginal, periuretral e uretral distal e, facilitadas pela turbulência do jato urinário, localizam-se e multiplicam-se na bexiga. Alguns fatores comportamentais do hospedeiro que contribuem para a ocorrência de ITU são a prática sexual de forma inadequada, uso inadequado de antibióticos (que altera a microflora vaginal), constipação intestinal (pela compressão e alteração do funcionamento normal da bexiga) e disfunção miccional. Fatores biológicos podem contribuir para uma maior proteção, como os fatores antibacterianos na urina e mucosa vesical – pH ácido, concentração de ureia, osmolalidade e alguns ácidos orgânicos. Por sua vez, anormalidades metabólicas e hormonais representam fatores para maior incidência e recorrência da ITU, como gravidez, DM e diminuição de estrógenos em pacientes idosas. CLASSIFICAÇÃO • Sintomática e assintomática (bacteriúria assintomática) • Baixa ou alta o Infecções baixas são mais fáceis de ser tratadas • Complicadas e não complicadas INFECÇÃO URINÁRIA (ATS Il – Urologia – 1ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC o Algumas complicações são as infecções acompanhadas de DM, HAS, litíase, alterações anatômicas do TGU etc. • Comunitárias e nosocomiais o Infecções nosocomiais são mais preocupantes devido à grande diversidade de bactérias e maior resistência a antibióticos. • Recorrência (recidiva e reinfecção) o Recidiva: reativação, nas 3 semanas após o tratamento da infecção, pela mesma bactéria que não foi tratada adequadamente; o Reinfecção: nova infecção por uma nova bactéria após o tratamento adequado da primeira. APRESENTAÇÃO CLÍNICA • Polaciúria • Urgência miccional • Hesitação urinária • Disúria • Alterações da coloração urinária • Hematúria • Febre – geralmente associada a pielonefrite, já na cistite não complicada não está presente • Dores supra-púbicas e/ou lombares DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo requer urocultura positiva em coleta com assepsia rigorosa, mas o tratamento deve ser iniciado de imediato, empiricamente, com os dados clínicos, da urinálise e da tira reativa. Porém, o achado isolado de nitrito positivo em urina recentemente coletada confirma o diagnóstico de ITU. Excepcionalmente, há necessidade de obtenção da primeira urina da manhã, como na suspeita de contagens bacterianas baixas ou bacteriúria assintomática. No paciente sintomático, a urina coletada em qualquer período do dia é satisfatória para a realização da urinálise e da cultura. Com a urinálise, utilizam-se as tiras reativas para a detecção dos vários parâmetros presentes na ITU, como esterase leucocitária, nitrito, proteinúria e hematúria. Obs: Além da ITU, várias patologias, como TB renal, nefrite intersticial, litíase com cálculo sem migração e rejeição de transplante renal apresentam leucocitúria. Lembrando que o marcador de ITU é a bacteriúria, e não a leucocitúria isoladamente. • História clínica – avaliar se já houve outros episódios de infecções ou se é primo-infecção; • Sumário de urina o Para a coleta de urina, fazer limpeza da genital externa e rigor na antissepsia; o Colher a urina do jato médio (EAS e cultura); o Nos pacientes cateterizados a coleta deve ser feita por meio de função do sistema de drenagem (bolsa coletora), no local especialmente designado. • Urocultura com antibiograma o MIC (concentração inibitória mínima) é a concentração mínima de determinado antibiótico a ser utilizado para exterminar a bactéria alvo do tratamento. o MIC geralmente é pedido apenas para pacientes com infecções complicadas, com DM, HAS, alterações anatômicas etc. • Hemograma • Hemocultura • Exames de imagem – na teoria não são necessários, mas na prática o USG é muito pedido para avaliar algumas possíveis causas das infecções, como litíase, estenoses etc. PROFILAXIA DE CISTITE NA MULHER • Maior ingesta hídrica; • Depilação genital; • Higienização funcional; • Evitar relações sexuais com a bexiga vazia; • Urinar logo após as relações sexuais; • Uso de cremes vaginais contendo estrógeno – ele degrada o glicogênio para formar ácido lático; isso reduz o PH e aumenta a quantidade de lactobacilos. Obs: Essas medidas não possuem grandes níveis de evidências suficiente para a recomendação, porém é feita de forma empírica. TRATAMENTOBACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA A bacteriúria assintomática só deve ser tratada em casos especiais: • Gestantes • transplantados de órgãos sólidos • pré-operatório de cirurgias urológicas e de colocação de próteses (fêmur, cardiológica etc.). Obs: Os casos de candidúria assintomática também devem seguir as mesmas recomendações. INFECÇÃO URINÁRIA (ATS Il – Urologia – 1ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC ITU DE REPETIÇÃO É considerada ITU de repetição quando há recorrência de 2 episódios em 6 meses ou 3 episódios em 1 ano. Mulheres com ITU de repetição podem ser submetidas a antibioticoterapia profilática com subdosagem, com ingestão de uma cápsula por um período de 1 a 2 meses, a depender do período de resolução de cada paciente, podendo se estender por mais tempo. Pode ser utilizado: • Nitrofurantoína • Furandotina • Bactrim • Monuril (1 sachê por semana) Homens com mais de 60 anos e ITU de repetição devem ser submetidos a uma avaliação da próstata. MEDICAMENTOS PARA ITU
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