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Depressão É um estado emocional que é usualmente associado a uma situação desfavorável (depressão reativa); no entanto, em alguns casos pode constituir-se em transtorno psiquiátrico ou afetivo (depressão endógena). Sintomas · Fundamentais (Humor deprimido, Perda de interesse, Fatigabilidade); · Acessórios (Concentração e atenção reduzidas, auto-estima e auto-confiança reduzidas, idéias de culpa e inutilidade, visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias autolesivas e suicidas, sono perturbado, apetite diminuído). Fatores associados: Genéticos e Biopsicossociais (ambiente familiar, violência, etc). O prognóstico da depressão depende de inúmeros fatores, como: Resposta ao medicamento indicado no tratamento; Acompanhamento familiar e médico sobre o risco de recorrência dos episódios depressivos; Apoio familiar e ambiente social; etc. Fatores agravantes da depressão: Psicose, ideais suicidas, gravidade dos sintomas, presença de comorbidades, ausência de resposta aos tratamentos prévios. Fisiopatologia da Depressão: - Hipótese monoaminérgica: Relata que a depressão é causada pela diminuição da noradrenalina e serotonina cerebral (teoria clássica da depressão). É baseada no mecanismo de ação das drogas antidepressivas. Limitações dos AD: apesar da ação nos receptores ser imediata, a resposta só surgirá 2 a 3 semanas depois; Não há como garantir certeza a resposta ideal ao tratamento. Antidepressivos Aumentam a concentração das monoaminas da fenda sináptica. Exemplos: Inibidores da MAO (IMAO); Antidepressivos tricíclicos (ATC); Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN); Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). Indicações: Fobia social, TAG, Transtorno disfórico pré-menstrual, Transtorno de estresse pós-traumático, TOC, Transtorno do pânico, etc. - IMAO (Inibidores da Monoamina Oxidase) Exemplos: Tranilcipromina e mocoblemida. Mecanismo de ação: Inibem a enzima monoamina oxidase, responsável por oxidar as monoaminas como noradrenalina, serotonina e dopamina, aumentando assim a concentração sináptica destas e condicionando maior excitação dos neurônios que possuem receptores para esses mediadores. Atualmente são indicados quando outros AD falham. Efeitos adversos: Hipotensão postural (bloqueio simpático), Efeitos atropínicos (boca seca, visão embaçada), Ganho de peso, Estimulação do SNC (agitação, insônia), Hepatotoxidade e neurotoxidade (raro). A superdosagem pode levar a convulsões. Reação do Queijo: É a resposta hipertensiva intensa a alimentos contendo tiramina (queijo, cerveja, vinho, soja, etc). A tiramina é metabolizada pela MAO-A no intestino e no fígado, com a inibição da MAO, eleva os níveis de tiramina e assim aumenta seu efeito simpático (crise hipertensiva – com cefaleia latejante e, ocasionalmente, hemorragias cranianas). - ADT (Antidepressivos Tricíclicos) Exemplos: Imipramina, Amitriptilina, Nortriptilina, Clomipramina. Usos clínicos: Depressão moderada a grave, pânico e transtornos relacionados a dor neuropática. Início de ação lento – 4 a 6 semanas. E sua superdosagem pode causar cardiotoxidade grave (arritmias). Mecanismo de ação: Bloqueio da recaptura das aminas pelas terminações nervosas por competição pelo sítio de ligação do transportador de aminas. Efeitos colaterais: Sedação, hipotensão postural, boca seca, visão embaçada, confusão, constipação, mania. - IRSN (Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina) Exemplos: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina. São semelhantes aos ADT’s , porém com menos efeitos colaterais (menores efeitos cardíacos, sendo mais seguros que aqueles). - ISRS (Inibidores seletivos da recaptação de serotonina) Exemplos: Flouxetina, fluvoxamina, paroxetina, citalopram, escitalopram e sertralina. Possuem eficácia semelhante aos ADT’s, com cardiotoxidade menor que os outros antidepressivos. E não provocam reações alimentares. Efeitos colaterais: Náuseas, insônia e disfunção sexual. Cefaleia, perda de peso, perda de libido, ejaculação retardada, anorgasmia. Tratamento da Depressão O TRATAMENTO em si, os antidepressivos são efetivos no tratamento agudo das depressões moderadas e graves, porém não são diferentes de placebo em depressões leves. O planejamento de um tratamento antidepressivo envolve a fase aguda, de continuação e de manutenção, cada uma com objetivos específicos. Fase aguda: diminuição dos sintomas depressivos (resposta) ou, idealmente, a remissão completa dos sintomas. Fase de continuação: manter a melhoria obtida, evitando as recaídas dentro de um mesmo episódio depressivo. Ao final da fase de continuação, o paciente que permanece com a melhora inicial é considerado recuperado do episódio. Fase de manutenção: o objetivo da fase de manutenção é evitar que novos episódios ocorram (recorrência). É, portanto, recomendada naqueles pacientes com probabilidade de recorrência. · Escolhendo um antidepressivo: Perfil das drogas são semelhantes (mecanismo de ação, toxicidade, dose, interações, eficácia). Levar em consideração: Parâmetros do paciente, subtipo da depressão, sexo, estado médico, efeitos colaterais, segurança e custo. OBS: Antidepressivos – qual escolher? Eficácia (Evidência clínica, Resolução de sintomas emocionais e somáticos); Mecanismo de ação; Tolerabilidade; Segurança; Facilidade de administração; Custo (direto e indireto); História pessoal e familiar de tratamento; Comorbidades. Farmacoterapia: (1) Escolha do antidepressivo – menor dose efetiva. (2) Aumento da dose. (3) Troca do antidepressivo por outra classe. (4) Potencialização do antidepressivo ou associação com outros antidepressivos. (5) Uso de IMAO. Retirada do Antidepressivo: 1) Para retirar um antidepressivo, deve-se reduzir a dose gradualmente por pelo menos 4 semanas. 2) Pacientes em tratamento de manutenção de longa duração, deve-se reduzir a dose gradualmente por 6 meses. 3) Se a reação de descontinuação ocorrer, explique e tranquilize o paciente. No caso de reação de descontinuação mais intensa, o antidepressivo deve ser reintroduzido e retirado mais lentamente. Aspectos importantes sobre depressão e tratamento: Antidepressivos necessitam de administração continuada por pelo menos 3 a 6 semanas antes de se tornarem evidentes; Ao lidar com um caso de depressão, deve-se respeitar as limitações do doente; Deve-se evitar o uso de drogas e álcool, que podem desencadear ou piorar a depressão, além de reduzir a eficácia de medicamentos ou produzir efeitos colaterais perigosos; Compreender que, assim como levou tempo para a depressão se desenvolver, também demorará algum tempo para que ela desapareça.
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