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Conceito 1. Conceituam-se os direitos da personalidade como aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais. Corrente positivista e corrente jusnaturalista 1. Acerca dos fundamentos jurídicos desses direitos, dois grupos bem distintos se digladiam: · Corrente positivista: a primeira corrente toma por base a ideia de que os direitos da personalidade devem ser somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força jurídica. · Corrente jusnaturalista: para essa linha de pensamento destaca os direitos da personalidade correspondem às faculdades exercitadas naturalmente pelo homem, verdadeiros atributos inerentes à condição humana. 2. Os direitos da personalidade situam-se acima do direito positivo, sendo considerados, em nosso entendimento, inerentes ao homem. Deve o Estado, através das normas positivas, apenas reconhecê-los e protegê-los. Títularidade 1. As pessoas naturais e jurídicas são titulares dos direitos da personalidade. 2. É óbvio que a dor intima e sentimental jamais poderá atingir a pessoa jurídica, entretanto a honra e a imagem podem ser afetadas. Nesse interim, o Código Civil estabelece: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Características dos direitos da personalidade · Absolutos; · gerais; · extrapatrimoniais; · indisponíveis; · imprescritíveis; · impenhoráveis; · vitalícios Caráter absoluto 1. O caráter absoluto dos direitos da personalidade se materializa na sua oponibilidade erga omnes, irradiando efeitos em todos os campos e impondo à coletividade o dever de respeitá-los. Generalidade 1. A noção de generalidade significa que os direitos da personalidade são outorgados a todas as pessoas, simplesmente pelo fato de existirem. Há quem prefira a utilização da expressão “caráter necessário”. Extrapatrimonialidade 1. Ausência de um conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos. Indisponibilidade 1. Intransmissível e irrenunciável. 2. A indisponibilidade significa que nem por vontade própria do indivíduo o direito pode mudar de titular. 3. O CC/2002, de forma expressa, consagrou tal característica, em seu art. 11: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 4. Apenas excepcionalmente é que se pode admitir a transmissibilidade de alguns poderes ínsitos a certos direitos da personalidade. 5. Tome-se o exemplo do direito à imagem. Em essência, esse direito é intransmissível, uma vez que ninguém pode pretender transferir juridicamente a sua forma plástica a terceiro. Ocorre que a natureza do próprio direito admite a cessão de uso dos direitos à imagem. Não se trata da transferência do direito em si, mas apenas da sua faculdade de uso. Imprescritibilidade 1. Inexiste um prazo para seu exercício. Impenhorabilidade 1. Infira o conceito a partir do exemplo: os direitos morais de autor jamais poderão ser penhorados, não havendo, porém, qualquer impedimento legal na penhora do crédito dos direitos patrimoniais correspondentes. Vitaliciedade 1. São direitos inatos e permanentes. 2. Sendo inerentes à pessoa, extinguem-se, em regra, com o seu desaparecimento. 3. Destaque-se, porém, que há direitos da personalidade que se projetam além da morte do indivíduo, como veremos no caso do direito ao corpo morto (cadáver). 4. Além disso, se a lesão, por exemplo, à honra do indivíduo ocorrer após o seu falecimento (atentado à sua memória), ainda assim poder-se-á exigir judicialmente que cesse a lesão (ou sua ameaça), tendo legitimidade para requerer a medida, na forma do parágrafo único do art. 12 do CC/2002, “o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau Classificação dos Direitos da personalidade 1. classificamos os direitos da personalidade de acordo com a proteção à: · vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz); · integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo); · integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal). Direito à vida 1. Transgênicos: A concepção de um direito à vida (e não – repita-se! – sobre a vida) implica o reconhecimento estatal da legitimidade do combate individual e coletivo a todas as ameaças à sadia qualidade de vida. Assim, por exemplo, a questão dos alimentos transgênicos é matéria da ordem do dia, intimamente relacionada com o tema. 2. Aborto: punido criminalmente, exceto nas hipóteses de aborto necessário, que são: · quando não houver meio de salvar a vida da estante; · gravidez resultante de estupro. 3. Eutanásia: o Código Penal brasileiro, ainda que sob a forma de homicídio privilegiado (cominado com causa especial de diminuição de pena de 1/6 a 1/3), pune a destruição da vida alheia, ainda que cometido por relevante valor moral ou social. Direito a integridade física 1. Intervenção cirúrgica: qualquer pessoa que se submete a tratamento médico, em especial intervenção cirúrgica, deve ter plena consciência de seus riscos, cabendo ao profissional que a acompanhar expressamente informá-la, recomendando-se, inclusive, o registro por escrito de tal fato, para prevenir responsabilidades. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”. 2. Não havendo, entretanto, tempo hábil para a oitiva do paciente – como, por exemplo, em uma emergência de parada cardíaca –, o médico tem o dever de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade. 3. Recursa de tratamento médico em função de convicções religiosas: entidades hospitalares podem obter o suprimento da autorização pela via judicial, cabendo ao magistrado analisar, no caso concreto, qual o valor jurídico a preservar. 4. Práticas esportivas que atentam contra a integridade física: o Direito Penal autoriza a prática dessas atividades, à luz do princípio da adequação social, reservando o seu aparato sancionatório apenas para aquelas situações em que houver excesso ou atuação dolosa grave. Direito ao corpo humano Direito ao corpo vivo 1. O corpo, como projeção física da individualidade humana, também é inalienável, embora se admita a disposição de suas partes, seja em vida, seja para depois da morte, desde que, justificado o interesse público, isso não implique mutilação, e não haja intuito lucrativo. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 2. A lei, entretanto, condiciona a doação inter vivos, limitando-a a: a) órgãos duplos; b) partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, além de corresponder a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora. 3. A retirada de órgãos genitais em virtude de transexualidade vem sendo admitida pela jurisprudência. 4. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana não autoriza ao juiz e à sociedade em geral desprezarem o enfrentamento de situações como a transexualidade. 5. posicionamo-nos ao lado daqueles que defendem a possibilidade de intervenção cirúrgica para a adequação anatômica sexual, desde que especialistas comprovem a sua necessidade e não haja risco para o transexual. Afinal, não é justo que se imponha a um semelhante o suplício de ser aquilo que ele não é, sob pena de se lhe negar o superior direito à felicidade. Considerando ainda o quanto decidido no julgamento da ADI