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Universidade Federal de Pelotas – UFPEL Faculdade de Direito- Curso de Direito Direito Administrativo – Prof. Celso Moresco Nome: Fabiana Cândido Zandomenico, Liciê Scolari e Mariana Dapper Postai Trabalho de Direito Administrativo Data de entrega: 23/12/2021 a) Interesse social, utilidade e necessidade pública; A necessidade pública, a utilidade pública e o interesse social são considerados pressupostos da desapropriação. Encontram-se previstos pelos artigos 5º, inciso XXIV e 184 da Constituição Federal de 1988. In verbis: Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Primeiro, quanto ao conceito de desapropriação, a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que “a desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o por justa indenização” (PIETRO, 2012). Salienta-se portanto, que a desapropriação subordina-se à fundamentação do Poder Público, cuja pauta se encontra na necessidade pública, na utilidade pública ou no interesse social, devendo sempre ser indenizada mediante prévia e justa indenização em dinheiro ao expropriado. Estes, são considerados requisitos preponderantes. A justa indenização nada mais é do que o princípio jurídico utilizado para a fixação do preço das expropriações urbanas do Brasil. Sendo assim, tratando da desapropriação para fins de necessidade pública, esta define-se como a mais urgente, sendo aquela perceptível normalmente em momentos cuja melhor solução é a transferência de bens privados para o domínio do Poder Público. A Lei 3.365 de 1941 regulamente a necessidade pública. Existem controvérsias sobre a existência de diferenças entre a desapropriação por utilidade pública e por necessidade pública. A maioria compreende que a desapropriação por necessidade pública, por possuir caráter de maior urgência, encontra-se em casos como os de risco de tragédias ambientais, se o imóvel não for desapropriado, pode causar danos irreparáveis ao interesse coletivo. São justificativas de desapropriação por necessidade pública a segurança nacional, a defesa do Estado, o socorro público em caso de calamidade e a salubridade pública, também elencados no art. 5º da já mencionada lei, que dispõe os casos de necessidade e utilidade pública. É importante salientar que o prazo da declaração de necessidade pública é de cinco anos. Art. 5º - Consideram-se casos de utilidade pública: a) a segurança nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública; Já a desapropriação por utilidade pública se traduz na transferência conveniente da propriedade privada para a Administração. No caso dessa transferência, não há o caráter imprescindível, tendo em vista que a mesma seria apenas benéfica e vantajosa para o interesse coletivo. O art. 5º da Lei 3.365 de 1941 estipula os pressupostos de necessidade e utilidade pública, porém não os distingue. A distinção, por conseguinte, somente poderá ser feita segundo o critério da situação, sendo a utilidade pública utilizada em casos em que não há caráter de urgência. Ainda, a desapropriação por utilidade pública tende a ocorrer quando o objetivo do decreto do Poder Público é acarretar em comodidade e utilidade para o âmbito coletivo. Entram nesta modalidade as desapropriações que vão possibilitar a criação ou melhoramento de centros de população: a exploração ou conservação de serviços públicos; a execução de planos de urbanização; o funcionamento dos meios de transporte coletivos, etc, que podem ser conferidas no art. 5º da referida Lei. Ao realizar o decreto de utilidade pública, o Poder Público deve especificar quais bens devem ser desapropriados e a finalidade de seus serviços. Essa declaração também é válida por cinco anos e a desapropriação só se confirmará com o pagamento da indenização. Após cinco anos, caso ainda não tenha sido concluída a desapropriação, a declaração torna-se inválida. Art. 5º - Consideram-se casos de utilidade pública: e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência; http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104450/lei-de-desapropria%C3%A7%C3%A3o-decreto-lei-3365-41 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11355718/artigo-5-do-decreto-lei-n-3365-de-21-de-junho-de-1941 f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens móveis de valor histórico ou artístico; m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves; o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais. Por fim, o interesse social caracteriza-se pelo pressuposto de transferência de propriedade, que visa melhorar a vida social e buscar a redução das desigualdades. Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles, “o interesse social ocorre quando as circunstâncias impõem a distribuição ou o condicionamento da propriedade para seu melhor aproveitamento, utilização ou produtividade em benefício da coletividade ou de categorias sociais merecedoras de amparo específico do Poder Público. Esse interesse social justificativo de desapropriação está indicado na norma própria (Lei 4.132 /62) e em dispositivos esparsos de outros diplomas legais. O que convém assinalar, desde logo, é que os bens desapropriadospor interesse social não se destinam à Administração ou a seus delegados, mas sim à coletividade ou, mesmo, a certos beneficiários que a lei credencia para recebê-los e utilizá-los convenientemente" (MEIRELLES, 2007). http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109257/lei-4132-62 Ademais, percebe-se que a desapropriação por interesse social está especificada na Lei 4.132 de 1962 e se destina às situações em que o Poder Público entende que, por meio da desapropriação, poderá dar melhor aproveitamento, utilização ou produtividade à propriedade, em benefício do coletivo. A lista dos casos de desapropriação por interesse social encontra-se no art. 2º da Lei 4.132/62. Além disso, destaca-se que o prazo de validade da declaração de interesse social, para fins de desapropriação, é de dois anos e caso, após o período, não houver o decreto da desapropriação e o pagamento de indenização, acarretará na invalidez da declaração. Art. 2º . Considera-se de interesse social: I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico; II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola (VETADO); III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola: IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias; V - a construção de casa populares; VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas; VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais. VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados para o desenvolvimento de atividades turísticas. b) Reforma agrária; Inicialmente, é importante ressaltar, que a desapropriação impõe a sujeição da propriedade privada do indivíduo ao interesse público do Estado, porém para que esta manifestação estatal não se constitua em mero ato expropriatório, é necessário que haja uma contrapartida apta a ressarcir o particular do dano causado pela perda de sua propriedade. Em que pese a desapropriação para fins de reforma agrária, deve-se mensurar, ainda, a ratio essendi do instituto, ou seja, a punição do particular que deixou de cumprir a função social de sua propriedade, uma vez que esta espécie de desapropriação tem caráter nitidamente sancionador. Além disso, a desapropriação do imóvel rural deve ser exercida mediante prévia e justa indenização, como previsto pela Lei 8.629/93, que considera justa aquela “indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade”. Neste sentido, o jurista Hely Lopes Meirelles apresenta que a desapropriação para Reforma Agrária é privativa da União e realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Ainda, a Constituição/88 possibilita a expropriação do "imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social'', nos termos dos arts. 184 a 186. Bem como, que o ato expropriatório é da competência do Presidente da República ou da autoridade a quem ele delegar poderes específicos, e a fixação da indenização faz-se segundo os critérios estabelecidos na Lei 8.629, de 25.2.93 (modificada pela MP 2.183-56, de 24.8.2001). Assim, a Constituição Federal de 1988 trouxe em seu Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, um capítulo inteiro dedicado ao tema, isto é, o Capítulo III da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, que inicia o seu texto apresentando: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Este artigo, em seu caput, manteve a tradição, presente em algumas das constituições anteriores, de condicionar a desapropriação ao pagamento prévio do valor do bem expropriado, além de restabelecer o conceito de “justa” indenização. Assim, o pagamento da indenização deve preceder à perda da propriedade, além de ressarcir o dano causado pela expropriação. No âmbito infralegal, o tema é regulado, pela Lei 8.629, de 25 de fevereiro 1993, que trata das questões materiais, e pela Lei Complementar 76, de 6 de julho de 1996, que dispõe sobre o procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária. São também aplicáveis, subsidiariamente, as disposições do Decreto-Lei 3.365, de 21 de junho de 1941. Ademais, a indenização nas desapropriações para fins de reforma agrária é efetuada por meio de Títulos da Dívida Agrária – TDA’s, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão. O fato de o pagamento ser efetuado por meio de títulos não fere o princípio da prévia indenização, já que esta foi justamente a sanção imposta pelo legislador ordinário ao particular que deixa de explorar seu imóvel, tornando-o improdutivo. Exige-se apenas que sua emissão seja anterior à efetiva perda da propriedade. Conforme o previsto no art. 184, § 1º, e Lei Complementar 76/93, art. 14. c) Reforma urbana; A desapropriação por descumprimento da função social da propriedade urbana possui caráter sancionatório, que se manifesta pelo pagamento da indenização não em dinheiro, mas em títulos da dívida pública. A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo II Da Política Urbana, e prevê a desapropriação urbanística, em seu dúplice aspecto, no art. 182 da Carta Magna de 1988, que tratou da desapropriação para urbanificação no § 3º, fazendo, ainda, expressa menção à desapropriação por descumprimento da função social da propriedade urbana no § 4º, do mesmo dispositivo, atribuindo-lhe caráter sancionatório que se verifica pelo pagamento da indenização não em dinheiro, mas em títulos da dívida pública. Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediantelei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. O doutrinador Hely Lopes Meirelles expõe que a desapropriação para observância do Plano Diretor do Município está prevista no art. 182, § 4, III, da atual CF e se refere a uma das mais drástica forma de intervenção na propriedade quando a área não for edificada, estiver sendo subutilizada ou não utilizada. Ainda, nestes casos ocorrerá o pagamento da desapropriação em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos. E, neste sentido, com a edição do Estatuto da Cidade (Lei federal 10.257, de 10.7.2001) autorizou-se aos Municípios, mediante lei municipal específica para área incluída no plano diretor, determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado. Nessas condições, será o proprietário notificado para, em prazos não inferiores a um ano para protocolo do projeto e dois anos a partir da aprovação dele para início das obras, adequar a utilização do imóvel às prescrições da lei, sob pena de tributação progressiva pelo IPTU no prazo de cinco anos consecutivos, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento. Assim, decorridos os cinco anos de tributação progressiva sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização,. o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública, emitidos mediante aprovação do Senado Federal, que serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações· anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano. O valor real da indenização refletirá o valor de base de cálculo do IPTU, descontado do valor de eventuais incorporações por obras realizadas pelo Poder Público após a notificação feita ao proprietário, e não computará expectativas de ganho, lucros cessantes e juros compensatórios. Por conseguinte, quanto às desapropriações de imóveis urbanos, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000), em seu art. 16, § 4º, II,. constituem condição prévia de sua realização a estimativa do impacto orçamentário-financeiro e a declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Conforme estipulado no art. 46 da referida lei, é nulo de pleno direito o ato de desapropriação de imóvel urbano sem o pagamento prévio ou depósito judicial do valor da indenização. Art. 46. É nulo de pleno direito o ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização. d) Confisco (art. 243/CF). No que tange o confisco, em primeiro lugar é necessário visualizar o que diz a lei. O confisco aparece no parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal. Ele diz: Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014) Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014). Confisco é o ato pelo qual o Estado, comumente referido como “fisco”, valendo-se de seu poder, assume a propriedade de bens de alguém sem pagar a indenização devida, podendo ser considerada uma expropriação. Para Luciano Amaro, confiscar é “tomar para o Fisco, desapossar alguém de seus bens em proveito do Estado” (AMARO, 2010, p. 167). Já Ciro Verner Paula Nunes diz que “pode-se entender por confisco o ato do poder público de decretação de apreensão, adjudicação ou perda de bens pertencentes ao contribuinte, sem a contrapartida de justa indenização”. (NUNES, 2014, p. 1) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art182%C2%A73 Mas o que protege o povo de ter seus bens confiscados pelo Estado? Pode-se dizer que o maior dispositivo responsável para impedir o confisco é o “princípio da vedação ao confisco”. Este princípio é um limite constitucional ao poder de tributar do Estado, que está previsto no art. 150, inciso IV da CF. Ciro Verner Paula Nunes menciona que este princípio decorre da proteção constitucional do direito à propriedade, presente no art. 5 da Carta Magna, visto que impede que o Estado a desrespeite através da imposição de tributos excessivos, configurando que se chama de confisco por via indireta. Para Irapuã Beltrão, o princípio de vedação ao confisco também tem como finalidade a possibilidade de reforçar a regra segundo a qual o tributo não pode ser utilizado como sanção por ato ilícito, conforme diz o art. 3 do CTN: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Portanto, para finalizar a explicação, o confisco é o tipo de “desapropriação” especial que não dá indenização ao proprietário. Vale informar que no confisco sempre há uma hierarquia estatal, ou seja, os Estados podem desapropriar bens dos municípios e a União pode desapropriar bens dos Estados. Nunca ocorrerá o contrário.
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