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🌬 AS�� �RÔN�U��� Fis���a��l��i� A asma afeta 10% da população no Brasil e a maioria dos asmáticos é portador de atopia (também associada à rinite alérgica e dermatite atópica), mas só ⅓ dos atópicos são asmáticos. A asma é causada por inflamação crônica das vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios e bronquíolos), com preservação dos alvéolos. Os principais fatores que influenciam sua patogênese são: (1) predisposição genética, se apenas um pai possui asma, o filho tem 25% de chance de desenvolver, se os dois possuem, o filho tem 50%; (2) vida urbana, que aumenta a exposição a alérgenos domiciliares e poluentes; e (3) infecções na infância, que estimulam a prevalência de linfócitos Th1 em detrimento de linfócitos Th2. Os linfócitos Th2 promovem inflamação alérgica, pois estimulam: (1) proliferação de mastócitos e basófilos, que sinalizam contato com alérgenos (IgE) e liberam mediadores que induzem broncoespasmo; (2) produção de IgE por LB; e (3) recrutamento de eosinófilos à mucosa. A inflamação causa hiper-reatividade a estímulos (infecções, alérgenos, agentes químicos, fumo, poluição, mudança climática, exercício, estresse) e obstrução aguda das vias aéreas por bronco- espasmo, edema da mucosa e tampões de muco. Se não tratada, cursa com remodelamento brônquico: desnudamento epitelial, espessamento da membrana basal, hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas e da camada muscular, edema da mucosa e acúmulo de muco e infiltrado inflamatório com predomínio de eosinófilos. Classificação etiológica da asma Asma extrínseca alérgica: (90% entre 2-15 anos; 70% entre 15-30 anos; 50% em > 30 anos). ocorre quando aeroalérgenos provocam uma reação de hipersensibilidade do tipo I: A (1) sensibilização ocorre ao primeiro contato, quando o antígeno é fagocitado pela célula de Langerhans, ligado ao MHC II e apresentado ao Th2, que estimula a formação de LB produtores de IgE e a proliferação e diferenciação de mastócitos e eosinófilos. A (2) resposta imediata ocorre nos primeiros 10 minutos após o segundo contato e dura até 2h, o antígeno se liga à IgE de mastócitos ou basófilos sensibilizados e causa degranulação, liberação de mediadores inflamatórios e recrutamento de eosinófilos. A (3) resposta tardia (crônica) ocorre após 3-4h e dura mais de 24h, mastócitos e eosinófilos recrutam neutrófilos, monócitos e linfócitos, que contribuem para manter a inflamação e induzem a descamação do lúmen. Asma extrínseca não alérgica: ocorre quando substâncias tóxicas entram em contato com a mucosa e causam uma irritação direta. Asma Criptogênica (Intrínseca) (10%): não se identifica o fator causal, todos os testes cutâneos e os níveis séricos de IgE estão normais. Asma induzida por aspirina (AIA) (2-3%): a aspirina inibe a COX-1 e desvia a via de degradação do ácido araquidônico para a LOX (via já exacerbada em pacientes com predisp. genética), que degrada o ácido araquidônica em LT, grande mediador da reação inflamatória da asma. A asma ocupacional pode ser alérgica ou irritativa. Os sintomas aparecem nos dias de trabalho e melhoram aos finais de semana. Repercussão funcional A asma é marcada por períodos de remissão e exacerbação (crise asmática); mas, 60% dos pacientes permanecem com as vias obstruídas mesmo nos períodos intercríticos. A obstrução das vias aéreas altera os volumes e fluxos pulmonares; a espirometria apresenta VR e CRF aumentados pelo aprisionamento de ar; a gasometria arterial apresenta hipocapnia e alcalose respiratória (taquipneia) e hiperventilação e hipoxemia (redução da relação V/Q). Em obstruções graves, o aumento do trabalho da mm. respiratória causa fadiga respiratória e IR ventilatória aguda, que evolui com pCO2 baixa, normal e alta (falência respiratória). Qu�d�� �líni�� Nas crises asmáticas, o paciente apresenta a tríade: dispnéia, tosse e sibilância. A tosse asmática sem sibilância caracteriza a asma oculta. O exame físico apresenta taquipneia (> 25 irpm), tempo expiratório prolongado e sibilos difusos na fase expiratória. Em casos graves, o paciente apresenta sinais de esforço ventilatório (tiragem intercostal e supraclavicular, batimento de asa do nariz, e uso da musculatura acessória), cianose central devido à hipoxemia e posição do tripé (braços estendidos suportando o tórax). À medida que a crise se agrava, os sibilos são ouvidos na fase inspiratória até que somem (o MV também diminui) e a radiografia simples de Tórax apresenta sinais de hiperinsuflação pulmonar. Os principais diagnósticos diferenciais são ICC, TEP, obstrução da laringe ou da traqueia, traqueomalácia, presença de corpo estranho ou esofagite de refluxo. Filipy Rocha Di�g�ós�i�� Nos períodos intercríticos, o paciente apresenta eosinofilia e aumento do IgE (a dosagem contra antígenos específicos ou testes cutâneos podem especificar a alergia). O exame de escarro pode apresentar: (1) cristais de Charcot-Leyden; (2) espirais de Curschmann; (3) corpúsculos de Creola. Provas de Função Pulmonar (PFP) Espirometria: VEF1 ● Asma leve: VEF1 > 80%; ● Moderada: VEF1 60-80%; ● Asma grave: VEF1 < 60%. Peak Flow ● Asma leve: VEF1 > 80%; ● Moderada: VEF1 60-80%; ● Asma grave: VEF1 < 60%. CVF Reduzida nas doenças obstrutivas Índice Tiffeneau < 75% em adultos ou < 86% em crianças FEF 25-75% Primeiro a se alterar e último a se normalizar nas doenças obstrutivas; é o exame mais sensível, mas não diferencia asma e DPOC Capacidade de difusão de CO: normal na asma, mas reduzida na DPOC. Gasometria arterial: normal no período intercrítico, mas alterada na crise asmática. Critérios diagnósticos Prova broncodilatadora: se o VEF1 aumentar 200 ml ou 12% após inalação de um broncodilatador, a prova é positiva para asma; Teste provocativo: se o VEF1 estiver normal no período intercrítico, o paciente é exposto a baixas concentrações de um broncoconstritor (metacolina, histamina, carbacol) ou à atividade física. Se o VEF1 cair ≥ 20% com os fármacos ou 10-15% com atividade física, a prova é positiva. PEF (Peak Flow): o paciente é exposto a um broncodilatador, se houver variação do PEF de ≥ 60 l/min ou ≥ 20%, a prova é positiva. Classificação clínica Avaliação do Nível de Controle (últimas 4 semanas) Parâmetros Controlada Parcialmente (1-2 critérios) Não controlada (> 3 critérios) Sintomas Diurnos ≤ 2 por semana ≥ 3 por semana Limitações de Atividades Nenhum Algum Sintomas Noturnos Nenhum Algum Medicação "SOS" ≤ 2 por semana ≥ 3 por semana VEF1 e PFE Normal < 80% do previsto Fatores de risco para eventos futuros 1. Mau controle clínico; 2. Exacerbações frequentes no último ano; 3. Internação prévia em UTI; 4. Baixo VEF1; 5. Tabagismo ativo/passivo; 6. Necessidade de altas doses de medicação. Gravidade da asma Leve Baixas doses de medicação Moderada Doses intermediárias de medicação Grave Altas doses de medicação Tra����n�o �� c���e A maioria das crises pode ser abordada pelo paciente, que deve reconhecer o início da crise, utilizar a medicação e reconhecer sua eficácia. Beta2 agonistas de ação curta (SABA): muito eficaz, efeito rápido, duração entre 3-6h. ● Salbutamol (Aerolin®) NBZ 10-20 gts (2,5-5mg) ou MDI 5-8 puffs (100 µg). ● Fenoterol (Berotec®) NBZ 10-20 gts (2,5-5mg) ou MDI 5-8 puffs (500-800 µg). ● Terbutalina (Bricanyl®) NBZ 10 gts (5 mg), MDI 1 puff (500 µg) ou DPI 1 dose (500 µg). Anticolinérgicos de ação curta (SAMA): pouco eficaz, efeito em 30-60 min, pode ser associado com Beta2 em crise moderada a grave. ● Brometo de Ipratrópio (Atrovent®) NBZ 20 gts (250 µg) ou MDI 3 puffs (30 µg). Corticóides sistêmicos: muito eficaz, efeito em 4-6h, são usados entre 7-10 dias, quando não é necessário fazer desmame. ● Prednisona 1-2 mg/kg/dia VO (máx. 60 mg). ● Metilprednisolona IV. Estratégias para ministrar droga inalatória ● Nebulização (NBZ): algumas gotas do fármaco + 3-5 ml de soro fisiológico, a administração é feita com uma máscara ligada à fonte de O2. ● Aerossol Dosimetrado (MDI): o fármaco fica em suspensão num pequeno recipiente com gases e um dispositivo expele jatos(puff) com doses fixas. ● Inalador de Pó Seco (DPI): o fármaco na forma de pó se torna aerossol quando é inspirado; é o método mais confiável. Classificação da severidade da crise asmática Sinais e sintomas PFE ou VEF1 Leve Dispneia apenas comatividade física > 70% do previsto Moderada Dispneia interfere ou limitaatividade habitual 40-69% do previsto Grave Dispneia no repouso;interfere na fala 25-40% do previsto Muito grave Muito dispneico para falar < 25% do previsto Abordagem inicial em crianças Sintomas leve a moderados NBZ Beta2 1 gt/3 kg (0,1 mg/kg) a cada 20 minutos até a melhora Sintomas graves NBZ Beta2 1 gt/3 kg (0,1 mg/kg) +ipratrópio 20 gts em casos graves Reavaliação da gravidade Resposta boa Espaçar as doses inalatórias + alta Resposta parcial ou ruim NBZ Beta2 1 gt/3 kg (0,1 mg/kg) a cada 20 minutos + Prednisona 1-2 mg/kg/dia (máx. 40 mg/dia), hospi- talizar casos graves ou refratários. Abordagem inicial em adultos Sintomas leve a graves Beta2 3 puffs a cada 10-30min e O2 3L/min se SatO2 < 95% Sintomas muito graves Cuidados intensivos (IOT + VM) Reavaliação da gravidade Resposta boa (PEF > 70%) Alta + Prescrição Beta2 2-5 puffs a cada 4h por 48h + Prednisona 1-2 mg/kg/dia 7-10 dias Resposta parcial ou ruim (PEF < 70%) Manter no PS Beta2 2-5 puffs a cada 30-60min/4h + ipratrópio 3 puffs + prednisona 60 mg Reavaliação da gravidade Resposta boa Alta + Prescrição Beta2 2-5 puffs a cada 4h por 48h Prednisona 1-2 mg/kg/dia 7-10 dia Resposta parcial ou ruim Internar Doses dos medicamentos MDI: Beta2 5 puffs, ipratrópio 3 puffs NBZ: SFO 9 3-5 mL + O2 6 L/min + Beta2 10 gts (2,5 mg) + Ipratrópio 20 gts (250 µg) Critérios de alta gravidade: ausência de fala, taquipneia > 30 irpm, taquicardia > 110 bpm, sinais de esforço ventilatório, cianose central (hipoxemia), pulso paradoxal (redução da PA sistólica na inspiração), queda da consciência (hipercapnia e acidose respiratória aguda ou hipoxemia grave). Tra����n�o �� m��u��nção A terapia de manutenção em etapas de controle melhora o quadro clínico e evita o remodelamento brônquico. A maioria começa pela etapa 2, mas o paciente muito sintomático deve começar pela etapa 3. Corticoides inalatórios (CI): ● Beclometasona (Beclosol®) jato = 50 µg/250 µg: Dose baixa: 2-5 puffs de 50 µg 12/12h; Dose média: 5-8 puffs de 50 µg 12/12h; Dose média: 1 puff de 250 µg 12/12h; Dose alta: 2 puffs ou mais de 250 µg 12/12h ● Triancinolona (Azmacort®) jato = 100 µg: Dose baixa: 2-4 puffs 12/12h; Dose média: 5-8 puffs 12/12h; Dose alta: 9 puffs ou mais 12/12h ● Fluticasona (Flixotide®) jato = 250 µg: Dose baixa: 1 puffs 12/12h; Dose média: 2 puffs 12/12h; Dose alta: 3 puffs ou mais 12/12h ● Flunisolide (Flunitec®) jato = 250 µg: Dose baixa: 1-2 puffs 12/12h; Dose média: 3-4 puffs 12/12h; Dose alta: 5 puffs ou mais 12/12h ● Budesonida (Busonid®) jato = 200 µg: Dose baixa: 1 puffs 12/12h; Dose média: 2 puffs 12/12h; Dose alta: 3 puffs ou mais 12/12h Beta2 de ação prolongada (LABA): duração até 12h, são usados em associação a CI. ● Terbutalina de Liberação Lenta (Bricanyl Durules®) 5 mg 12/12h VO. Xantinas: são imunomoduladores usados em associação com CI. ● Teofilina Dose média: 15 ml 8/8h. ● Teofilina de Liberação Lenta 200 mg 12/12h. ● Bamifilina Dose média: 600 mg 12/12h. Antileucotrienos (anti LT): são usados para substituir LABA ou em associação com CI. ● Montelucaste (Singulair®) 10 mg/dia. ● Zafirlucast (Accolate®) 20 mg/dia. ● Zileuton (Zyflo XR®) 1.200 mg 2x/dia. Imunoterapia: dessensibilização contra alérgeno é em casos refratários. Etapas do Tratamento Educação e controle ambiental para toda as etapas SABA conforme a necessidade para toda as etapas Etapa 1 ● LABA conforme a necessidade Etapa 2 ● CI dose baixa● Antileucotrienos Etapa 3 ● CI dose baixa + LABA ● CI dose média/alta ● CI dose baixa + Anti LT ● CI dose baixa + Teofilina Etapa 4 ● CI dose média/alta + LABA ● CI dose média/alta + LABA + Anti LT ● CI dose média/alta + LABA + Teofilina Etapa 5 ● Etapa 4 + Corticóide sistêmico Filipy Rocha 🌬 DO��ÇA P����NA� OB��R����A C�ÔNI�� (D�O�) Fis���a��l��i� A DPOC é a quinta causa de mortes no Brasil, mais prevalente em adultos acima de 50-60 anos e em homens (prevalência do tabagismo). Os principais fatores de risco são o tabagismo (90%), o tabagismo passivo, a poluição e a exposição ocupacional, além disso, a DPOC é um fator de risco independente para o Câncer de pulmão. Carga tabágica Quantidade de maços por dia X anos de tabagismo. Portadores de DPOC têm carga de 40 maços/ano. A DPOC é causada por obstrução crônica, difusa e irreversível das vias aéreas inferiores com destruição progressiva do parênquima pulmonar e possui dois componentes principais: Bronquite obstrutiva crônica: ocorre (1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco, aumento no número de células caliciformes nas vias aéreas proximais e redução do movimento ciliar das células epiteliais; (2) ativação de macrófagos que recrutam neutrófilos para produzir mais enzimas proteolíticas, estimulando a fibrose; e (3) redução do lúmen das vias aéreas distais por espessamento da parede brônquica causado por edema e fibrose. Enfisema Pulmonar: ocorre alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos pela destruição progressiva dos septos alveolares: no (1) enfisema centroacinar, os danos ocorrem na região central do ácino (bronquíolos respiratórios), como no tabagismo; no (2) enfisema panacinar, os danos distribuem-se por todo o ácino na região central e periférica, como na deficiência de α-1-antitripsina. A deficiência de α-1-antitripsina é uma doença genética AR que cursa com enfisema pulmonar isolado em crianças e adolescentes, pois a elastase neutrofílica degrada o parênquima pulmonar na ausência da enzima. O tratamento é a infusão venosa semanal de alfa-1-antiprotease. Repercussão funcional O fluxo inspiratório depende da mm. respiratória e não é prejudicado, mas o fluxo expiratório depende de: (1) elasticidade pulmonar, reduzida pela diminuição do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema), e (2) resistência das vias aéreas, aumentada pelo edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante). A diminuição do fluxo expiratório e o aumento da pressão intratorácica causam aprisionamento de ar e colapso das vias aéreas. As principais repercussões funcionais são: (1) auto-PEEP (pressão alveolar positiva no final da expiração), que aumenta o trabalho da musculatura na inspiração; (2) retificação do diafragma, dificultando a inspiração; e consequentes (3) sinais de esforço pelo uso da musculatura acessória. A presença de alvéolos mal perfundidos devido à obstrução heterogênea das vias causa um distúrbio V/Q (PA-aO2 > 15 mmHg em fases iniciais). Tardiamente, ocorre retenção progressiva de CO2 por: (1) agravamento do distúrbio V/Q; (2) aumento do espaço morto fisiológico; e (3) hipossensibilidade do centro respiratório bulbar ao CO2 associada à hipersensibilidade à hiperoxemia, que pode inibir o centro respiratório e reter ainda mais CO2. A retenção de CO2 causa acidose respiratória crônica, compensada pela retenção renal de bicarbonato. A gasometria apresenta PaCO2, bicarbonato e BE elevados, além de discreta acidemia (pH ~ 7,32). A hipóxia crônica causa vasoconstrição das arteríolas pulmonares, desviando o fluxo para os alvéolos bem ventilados. Contudo, se a maioria dos vasos entra em constrição, ocorre HAP (PAP > 25 mmHg). A hiperplasia endotelial e hipertrofia muscular das arteríolas agravam ainda mais a HAP pelo remodelamento, casando o cor pulmonale e a IVD com: (1) aumento da pressão venosa central; (2) congestão sistêmica; e (3) baixo DC. A descompensação da DPOC (infecção, broncoespasmo, drogas depressoras do sensório), pode causar fadiga respiratória ou inibição do drive ventilatório com acidose respiratória crônica agudizada (aumento da PaCO2 e queda do pH). Qu�d�� �líni�� A principal queixa é a dispneia aos esforços, que piora com fatores descompensantes e evoluigradativamente com dispneia em repouso. A tosse pode estar presente precedendo o quadro dispneico e acompanhada de expectoração. A bronquite crônica se manifesta por episódios de tosse produtiva matinal por mais de três meses consecutivos e ocorre pela hipertrofia das glândulas submucosas, que, associada à inibição da atividade ciliar, causa acúmulo de muco. O exame físico revela dois estereótipos: Pink puffers (enfisematoso) Blue bloater (bronquítico crônico) ● Pletora (policitemia devido hipoxemia) ● Tórax em tonel ● Paciente Magro ● Dispnéia expiratória (expiração prolongada) ● Ausculta: MV- ● Cianose (hipoxemia) ● Cor pulmonale (IVD) ● Paciente inchado (congestão sistêmica) ● Ausculta: ruídos adventícios (sibilos, roncos, estertores) Di�g�ós�i�� A TC de tórax mostra a extensão e localização do enfisema, mas não influencia no tratamento. A radiografia simples pode apresentar retificação das cúpulas, hiperinsuflação pulmonar, aumento dos espaços intercostais; redução do diâmetro cardíaco; aumento do espaço retroesternal em perfil; espessamento brônquico. O ECG pode apresentar cor pulmonale e arritmias (TAM, flutter atrial, FA). ● Desvio do eixo para a direita; ● R > S em V1; e S > R em V6; ● P pulmonale (P alta e apiculada > 2,5 mm nas derivações inferiores DII, aVF, DIII). ● Graus variados de BRD; Provas de função pulmonar (PFP) Espirometria: VEF1 Quanto menor o VEF1, maior chance deexacerbação e mortalidade na DPOC VR CRF CPT Aumentados na DPOC CVF Reduzida nas doenças obstrutivas FEF 25-75% Primeiro a se alterar e último a se normalizar nas doenças obstrutivas; é o exame mais sensível, mas não diferencia asma e DPOC Capacidade de difusão de CO: normal na asma, mas reduzida na DPOC. Gasometria arterial: apresenta hipoxemia, hipercapnia com acidose respiratória crônica (↑HCO3, ↑BE, pH normal) e discreta acidemia. Critérios diagnósticos O critério diagnóstico para DPOC é uma VEF1/CVF < 75% sem alteração após prova broncodilatadora (obstrução fixa). Classificação clínica Intensidade dos sintomas: escores como o Modified Medical Research Council Questionnaire (mMRC) e o COPD Assessment Test CAT identificam os pacientes para os quais o tratamento é comprovadamente benéfico. mMRC Grau zero Dispneia apenas com esforços extenuantes. Grau 1 Dispneia quando anda com pressa ouquando sobe uma leve inclinação. Grau 2 Caminhar mais lento por causa de dispneiaou para de andar por causa de dispneia. Grau 3 Para de andar por causa de dispneia após 100 m de caminhada ou após alguns minutos em nível plano. Grau 4 Dispneia impede o indivíduo de sair de casaou aparece com esforços mínimos. CAT Sintoma Pontuação Sintoma Nunca tenho tosse De 0 a 5 Estou sempretossindo Não tenho nenhuma expectoração De 0 a 5 O meu peito está cheio de expectoração Não sinto nenhum aperto no peito De 0 a 5 Sinto um grande aperto no peito Não sinto falta de ar ao subir uma ladeira ou um lance de escadas De 0 a 5 Quando subo uma ladeira ou um lance de escadas sinto bastante falta de ar Não sinto nenhuma limitação nas minhas atividades em casa De 0 a 5 Sinto-me muito limitado nas minhas atividades em casa Sinto-me confiante para sair de casa, apesar da minha doença pulmonar De 0 a 5 Não me sinto nada confiante para sair de casa, por casa da minha doença Durmo profundamente De 0 a 5 Não durmo profundamente devido à minha doença pulmonar Tenho muita energia De 0 a 5 Não tenho nenhumaenergia Pontuação total Grau de obstrução das vias aéreas: o grau de limitação ao fluxo aéreo é quantificado pela queda do VEF1 em relação ao previsto após a prova broncodilatadora (pbd). Estadiamento GOLD GOLD I: leve VEF1/CVF < 70% pós-pbd VEF1 ≥ 80% do previsto GOLD II: moderada VEF1/CVF < 70% pós-pbd VEF1 50-80% do previsto GOLD III: grave VEF1/CVF < 70% pós-pbd VEF1 30-50% do previsto GOLD IV: muito grave VEF1/CVF < 70% pós-pbd VEF1 ≤ 30% do previsto VEF1 ≤ 50% com IR ou ICC direita Classificação integrada: a classificação combina escores de intensidade dos sintomas com exacerbações. O maior fator de risco para exacerbações é a história de exacerbações prévias. Classificação integrada Exacerbações CAT < 10mMRC 0-1 CAT ≥ 10 mMRC ≥ 2 0-1 C - Alto riscoPouco sintomático D - Alto risco Muito sintomático ≥ 2 ou 1 com internação A - Baixo risco Pouco sintomático B - Baixo risco Muito sintomático Filipy Rocha Tra����n�o �� c���e Na exacerbação da DPOC, ocorre piora aguda da dispneia, da tosse e/ou da expectoração. O paciente deve ser internado se: (1) IR aguda grave; (2) piora da hipoxemia/hipercapnia com acidose respiratória crônica agudizada; (3) complicações; (4) comorbidades; ou (5) ausência de resposta ao tratamento extra-hospitalar. O tratamento visa (1) tratar o fator associado (infecção, TEP, pneumotórax, isquemia cardíaca, arritmia, ICC); (2) melhorar a oxigenação; (3) diminuir a resistência das vias aéreas (broncodilatadores, corticoides); e (4) melhorar a função da musculatura respiratória (VNI ou VM). Antibioticoterapia: a maioria das exacerbações é causada por infecções virais com a participação de bactérias oportunistas; a antibiotico- terapia é indicada se houver pelo menos 2 critérios: (1) aumento do volume do escarro; (2) alteração do aspecto para purulento; (3) aumento da dispneia. Oxigenoterapia: em hipoxêmicos, a suplementação de O2 deve ser feita a partir de SatO2 ≤ 88% visando SatO2 88-92%. Estratificação da DPOC e microorganismos A Exacerbações leves sem fator de risco para prognóstico adverso H. influenzae S. pneumoniae M. catarrhalis Chlamydia pneumoniae Vírus B Exacerbação moderada com *fator de risco para prognóstico adverso Grupo A + S. pneumoniae resistente à penicilina Enterobacteriaceae (K. pneumoniae, E. coli, Proteus, Enterobacter) C Exacerbação com *fator de risco para Pseudomonas Grupo B + P. aeruginosa Fatores de risco para prognóstico adverso: comorbidade, DPOC grave, exacerbações frequentes (> 3/ano), uso de ATB nos últimos 3 meses Fatores de risco para P. aeruginosa: Hospitalizações frequentes, ADM prévia de ATB ANTIBioterapia nas exacerbações da DPOC VO IV A 1. Beta Lactâmicos; 2. Tetraciclina; 3. SMZ-TMP 4. BL + inibidor BLase 5. Macrolídeos 6. Cefalosporinas 2-3G B 1. BL + inibidor BLase2. Fluoroquinolonas 1. BL + inibidor BLase 2. Cefalosporinas 2-3G 3. Fluoroquinolonas C 1. Fluoroquinolonas 1. Fluoroquinolonas 2. BL com atividade antipseudomonas Broncodilatação: Os broncodilatadores usados são os SABA (salbutamol, fenoterol, terbutalina), por sua ação rápida, e o ipratrópio por sua ação prolongada, ADM via inalatória (NBZ ou MDI) de 4/4h ou 6/6h; Os corticóides sistêmicos usados são a prednisona 40 mg por 7-10 dias ou, em exacerbações graves, a metilprednisolona por 72h, seguida por prednisona. As teofilinas possuem efeito analéptico respiratório (aumenta contratilidade diafragmática), broncodilatador moderado e ativador do movimento ciliar e são usados como segunda linha. VNI: a VNI com CPAP e o BiPAP é indicada se houver pelo menos 2 critérios: (1) dispneia moderada a grave, com sinais de esforço; (2) acidose moderada a grave (pH 7,30-7,35) com hipercapnia 45-60 mmHg; (3) FR > 25 irpm. VM: a IOT e a VM são indicadas quando: (1) dispneia grave; (2) FR > 35 irpm; (3) hipoxemia muito grave (PaO2 < 40 mmHg após oferta de O2); (4) acidose grave (pH < 7,25 e PaCO2 > 60 mmHg); (5) sonolência, estado mental debilitado; (6) complicações graves (instabilidade hemodinâmica, sepse, pneumonia); (7) insuficiência da VNI. Tra����n�o �� m��u��nção Abstinência ao tabagismo O pulmão atinge sua capacidade máxima aos 20 anos, e começa a diminuir a partir dos 30. A VEF1 cai cerca de 20-30ml/ano, mas com o tabagismo, cai 60ml/ano, causando sintomas quando atinge metade do VEF1 máximo. Ao parar de fumar, a taxa de queda de VFE1 se iguala a do não tabagista em um ano; a doença para de progredir, os sintomas melhoram e a mortalidade é reduzida, mas lesões existentes são irreversíveis. O aconselhamento médico constante pode ajudaro paciente a abandonar o tabagismo (5-10%), enquanto drogas ajudam a reduzir os efeitos da abstinência (20-30%): ● Reposição de nicotina (goma de mascar, ADM inalatória, adesivo transdérmico). ● Bupropiona 150 mg 12/12h VO. ● Vareniclina 1 mg 12/12h VO. Oxigenoterapia O uso contínuo de O2 domiciliar em pacientes hipoxêmicos com DPOC melhora a sobrevida e a qualidade de vida proporcionalmente ao número de horas diárias. O fluxo deve ser 1-3 L/min e a oxigenoterapia é indicada quando: ● PaO2 ≤ 55 mmHg/SaO2 ≤ 88% em repouso; ● PaO2 56-59 mmHg/SaO2 88-90% com evidências de cor pulmonale ou policitemia. O O2 pode ser ADM por cânula nasal tipo óculos ou cateter transtraqueal; as fontes de podem provir de sistemas de O2 líquido, cilindros de compressão gasosa ou aparelhos concentradores. Tratamento de manutenção Broncodilatadores melhoram os sintomas e a qualidade de vida e previnem exacerbações . Beta2 agonistas: melhoram os sintomas e a qualidade de vida. LABA (salmeterol, formoterol) são a 1ª linha no tratamento; SABA (salbutamol, fenoterol, terbutalina) são usados em crises. Anticolinérgicos: melhoram os sintomas e a qualidade de vida. LAMA (brometo de tiotrópio) pode ser usado em associação com beta2 ou isolados; SAMA (ipratrópio) é usado nas crises. CI: não mostram benefício na progressão da DPOC, mas podem reduzir as exacerbações; são usados em pacientes do grupo C ou D. Inibidores da Fosfodiesterase-4 (iPDE4): roflumilast inibe a enzima fosfodiesterase-4 que tem ação anti-inflamatória; reduz o número de exacerbações em pacientes de alto risco. Estratégia terapêutica crônica Grupo A 1. SABA ou SAMA conforme necessidade 2. LABA 3. LAMA 4. SABA + SAMA Grupo B 1. LABA ou LAMA2. LABA + LAMA Grupo C 1. CI + LABA ou LAMA 2. LABA + LAMA 3. LABA + i PDE4 4. LAMA + i PDE4 Grupo D 1. CI + LABA/LAMA 2. CI + LABA + LAMA 3. CI + LABA + i PDE4 4. LAMA + i PDE4 5. LABA + LAMA Reabilitação cardiopulmonar A fisioterapia respiratória melhora a capacidade pulmonar do paciente. Cirurgia na DPOC As opções cirúrgicas são o transplante de pulmão e a Cirurgia Redutora Pulmonar, que vem se mostrando mais eficaz. Na pneumoplastia, 20-30% do pulmão é retirado, geralmente uma região muito afetada pela doença, o que melhora a mecânica diafragmática e o distúrbio V/Q. 🌬 B�O�Q��E���S�A� Fis���a��l��i� A bronquiectasia é causada por dilatação anormal e permanente dos brônquios, focal ou difusa devido a um processo inflamatório persistente na parede brônquica, que leva à destruição das estruturas de sustentação e fibrose pulmonar. As principais causas são infecciosas, mas também pode ser causada por obstrução de via aérea, broncoaspiração de conteúdo gástrico, inalação de gases tóxicos, mas em 50% dos casos não há etiologia definida. Qu�d�� �líni�� A principal queixa é a tosse persistente com grande expectoração purulenta, pode haver hemoptise (50-70%). Nas exacerbações há infecções respiratórias, piora da tosse, dispneia. A radiografia apresenta sinais sugestivos, mas a TC de tórax geralmente revela: (1) dilatação da via aérea (relação luz brônquica/vaso adjacente >1,5); (2) espessamento da parede brônquica; (3) plugs mucopurulentos nas vias, com aprisionamento de ar e cistos. Se a bronquiectasia for focal, deve ser feita uma broncoscopia para avaliar possível obstrução. Di�g�ós�i�� As provas de função pulmonar (PFP) avaliam a repercussão funcional da doença, geralmente apresentando padrão obstrutivo. Tra����n�o Os principais germes nas exacerbações são H. influenzae, P. aeruginosa e S. pneumoniae. Os antibióticos de escolha são as fluoroquinolonas, mas em pacientes críticos, são usadas 2 drogas antipseudomonas IV (ceftazidima, amicacina). A cultura e o Gram do escarro são indicados. Os broncodilatadores, como CI, são indicados quando há doença obstrutiva para reduzir a tosse e a expectoração e melhorar a PFP. As medidas de higiene brônquica indicadas são a fisioterapia respiratória, hidratação adequada e uso de mucolíticos (N-acetil cisteína), apesar de não revelarem melhora significativa. Nos pacientes refratários, a cirurgia com ressecção do segmento acometido é indicada quando o padrão é focal e o transplante pulmonar, quando o padrão é difuso. Filipy Rocha 🌬 P�E���PA���� IN���S���I��S �I��S�� (PI�) Fis���a��l��i� As PIDs são doenças, excluídas causas infecciosas ou neoplásicas, que acometem os septos alveolares de forma difusa e bilateral. A infiltração de macrófagos, linfócitos, neutrófilos pode causar alveolite, com espessamento e edema dos septos, ou formar nódulos de granuloma. Pode ocorrer exsudatos alveolares (pneumonia), lesão das vias aéreas distais (bronquiolite) e/ou lesão epitelial com degeneração de pneumócitos I e proliferação de pneumócitos II, que evoluem com fibrose, ocupando os septos e preenchendo seus espaços, destruindo o parênquima e formando múltiplas áreas císticas com paredes fibróticas. O quadro inicia com hipoxemia aos esforços (distúrbio de difusão alvéolo-capilar) e evolui com hipoxemia crônica (distúrbio V/Q), cor pulmonale e redução da complacência e dos volumes pulmonares. O teste de difusão com CO e CV e CPT reduzidas são os primeiros parâmetros a se alterar (padrão restritivo). Para manter o volume-minuto, o paciente aumenta a FR e o trabalho da mm. respiratória (taquidispnéia). Alveolite ± Ocupação Alveolar ± Fibrose Etiologia conhecida ● Pneumoconioses (silicose, asbestose etc.) ● Induzida por drogas ou por radioterapia ● Aspiração de gases ou fumos ● Doença enxerto versus hospedeiro ● SDRA residual ● Pneumonias eosinofílicas de causa conhecida Etiologia desconhecida ● Fibrose pulmonar idiopática (FPI) ● Pneumonite intersticial descamativa (DIP) ● Pneumonite intersticial aguda idiopática (AIP) ● BOOP ● Colagenoses ● Vasculites não granulomatosas ● Síndromes hemorrágicas pulmonares ● Síndromes pulmonares eosinofílicas idiopáticas ● Pneumonite intersticial linfocítica (LIP) ● Linfangioleiomiomatose (LAM) ● Proteinose alveolar Granuloma Etiologia conhecida ● Pneumonite por hipersensibilidade (HP) ● Aspergilose broncopulmonar alérgica ● Beriliose Etiologia desconhecida ● Sarcoidose ● Vasculites granulomatosas ● Histiocitose de células de Langerhans (LCH) ● Granulomatose linfomatóide Qu�d�� �líni�� As principais causas são FPI, colagenoses (AR, esclerodermia) e pneumoconioses. O quadro se inicia com dispnéia aos esforços, tosse e um infiltrado bilateral difuso, mas a progressão da doença é variável. Infiltrado reticulonodular ⅓ inferior ● Asbestose, induzida por drogas, pneumonite actínica, FPI, DIP, AIP, colagenoses ● Infecção: pneumonia atípica, pneumocistose ● Neoplasia: linfoma BALT, LPN Infiltrado reticulonodular em ⅔ superior ● Silicose, HP, sarcoidose, LCH ● Infecção: TB, histoplasmose, PCM (peri-hilar) Infiltrado com adenomegalia hilar ou mediastinal ● Silicose, beriliose, sarcoidose, induzida por fenitoína (pseudolinfoma) ● Infecção: TB, histoplasmose, criptococose; PCM ● Neoplasia: linfoma, LPN, sarcoma de Kaposi Infiltrado com derrame pleural ● Asbestose, induzida por nitrofurantoína, pneumonite actínica, AR, LES, LAM ● Infecção: TB, histoplasmose, criptococose; paracoccidioidomicose (peri-hilar) ● Neoplasia: linfoma, LPN, sarcoma de Kaposi Infiltrado com condensação alveolar ● BOOP, síndromes hemorrágicas; Infecção: todas ● Neoplasia: carcinoma bronquíolo-alveolar Infiltrado com predomínio periférico ● Pneumonia eosinofílica crônica Doença sistêmica que afeta o pulmão: sarcoidose, LES, colagenoses, Sjögren, síndrome hipereosinofílica, angeíte de Churg-Strauss. Principais drogas incriminadas na PID: nitrofurantoína, metotrexate, amiodarona, bleomicina, ciclofosfamida, busulfan, procarbazina, nitrosureias, fenitoína, sais de ouro, AINES. Contagem eosinofílica > 500/mm3: síndromes pulmonares eosinofílicas, pneumonites por hipersensibilidade ou por medicamentos. Di�g�ós�i�� A TCAR é sempre indicada, pois pode mostrar padrões característicos de certas doenças e orientar a biópsia para o exame histopatológico. Abroncofibroscopia com LBA com eosinofilia sugere síndrome pulmonar eosinofílica, a linfocitose sugere sarcoidose, síndrome de Sjögren, LIP, granulomatose linfomatóide ou linfoma BALT. A biópsia transbrônquica é o exame mais acurado para o diagnóstico da sarcoidose. Em outros casos, o diagnóstico é feito pela biópsia pulmonar a céu aberto ou guiada pela videotora- coscopia, que pode apresentar FPI, DIP, BOOP. Fibrose pulmonar idiopática (FPI) A FPI é a principal causa de PID e acomete pacientes entre 40-60 anos. O quadro apresenta dispneia de instalação insidiosa associada a tosse, estertores crepitantes em bases e baqueteamento digital (40-50%), que também aparece em outras colagenoses e pneumoconioses. A radiografia de tórax apresenta infiltrado reticulonodular bilateral em ⅓ inferior, que evolui com faveolamento, (múltiplos cistos de 0,5-1 cm), a TCAR apresenta múltiplas áreas com vidro fosco em ⅓ inferior nas regiões subpleurais e parasseptais que evolui com faveolamento. Doenças com padrões semelhantes são as colagenoses, a LES e a asbestose. Padrão definitivo de FPI na TCAR ● Predominância basal e subpleural; ● Alterações reticulares; ● Faveolamento; ● Ausência de achados inconsistentes (predomínio em ⅔ superiores ou peribroncovascular, micronódulos difusos, cistos, consolidações etc.). Se a TCAR não for definitiva, a biópsia pulmonar a céu aberto ou guiada por toracoscopia, apresenta a histopatologia clássica de Pneumonite Intersticial Usual (UIP) com padrão de “colcha de retalhos”: (1) alveolite com exsudato mononuclear; (2) fibrose alveolar; e (3) áreas de faveolamento. Os tecidos brônquico e vascular são poupados. O tratamento é paliativo (controle da tosse, suporte de O2, paliação da dispneia, fisioterapia respiratória), o paciente evolui com insuficiência respiratória em 3-8 anos (sobrevida média em 5 anos de 30-50%). A N-acetilcisteína 600 mg 3x/dia VO e a pirfenidona 40 mg/kg/dia em 3 doses VO podem ser usados, mas o tratamento definitivo é o transplante pulmonar em fase precoce. Pneumonite intersticial difusa (DIP) A DIP é menos comum do que a FPI, o quadro clínico é semelhante (sobrevida média em 10 anos > 70%), acomete a mesma faixa etária e está associada ao tabagismo. A histopatologia apresenta: (1) alveolite com exsudato mononuclear, (2) pouca fibrose. O tratamento é a abstinência ao tabaco e corticóides sistêmicos. Pneumonite intersticial aguda (AIP) A AIP é uma doença rara com compro- metimento alveolar viral agudo. O quadro apresenta febre, tosse e dispneia franca, que evolui em 7-14 dias com insuficiência respiratória, a radiografia apresenta infiltrado alveolar bilateral difuso e a TCAR apresenta um padrão em mosaico (consolidação + vidro fosco). O tratamento é a IOT + VM com altos PEEP e FiO2, a mortalidade é alta (> 60%), mas a função pulmonar pode se recuperar. Pneumoconioses (Silicose) A pneumoconioses são causadas por exposição a poeiras inorgânicas. A silicose ocorre por exposição à poeira de sílica, principalmente em Indústria extrativa (mineração), beneficiamento de minerais (corte de pedras, britagem, moagem, lapidação), indústria de transformação (cerâmicas, fundições, vidros, abrasivos, marmorarias, cortes e polimento de granito, cosméticos) e atividades mistas (protéticos, cavadores de poços, artistas plásticos, jateadores de areia, borracheiros). Silicose crônica simples: forma mais comum, ocorre com mais de 10 anos de exposição, os parentes também podem ser expostos pelo contato com a poeira das roupas. O quadro é assintomático, mas pode evoluir com dispneia aos esforços e tosse seca, a radiografia apresenta infiltrado nodular difuso em ⅔ superiores, os nódulos silicóticos pulmonares possuem até 1 cm, raramente ocorre adenomegalia hilar e calcificação dos linfonodos hilares. A histopatologia do nódulo apresenta um centro acelular, com material hialino e fibrótico contendo partículas de sílica envolvidas por um infiltrado mononuclear. Silicose crônica complicada: a silicose crônica simples evolui para complicada quando ocorre fibrose maciça em ⅔ superiores associada à hiperinsuflação compensatória em ⅓ inferior dos pulmões. A doença evolui mesmo após a parada da exposição e o tratamento é o suporte e o transplante de pulmão. Silicose aguda: a silicose aguda ocorre de alguns meses a 5 anos de exposição a grandes quantidades de sílica. O quadro evolui com insuficiência respiratória que leva à morte, a radiografia apresenta infiltrado alveolar bilateral em ⅓ inferior. A histopatologia apresenta alvéolos preenchidos por material proteináceo semelhante ao surfactante pulmonar (silicoproteinose). Pneumoconioses (Asbestose) A pneumoconiose dos mineiros de carvão ocorre por exposição à poeira de amianto em construção ou demolição de prédios, fabricação de telhas, tubulações e freios ou de isolantes térmicos, construção naval, profissão bombeiro encanador. A asbestose ocorre com mais de 15 anos de exposição e parentes também podem ser expostos pelo contato com a poeira de roupas. O quadro é semelhante ao da FPI, com dispneia insidiosa associada a tosse, a radiografia apresenta infiltrado reticulonodular em ⅓ inferior e pode apresentar placas de calcificação ou espessamento pleural. A histopatologia apresenta corpúsculos de asbesto. A doença evolui lentamente com insuficiência respiratória após a parada da exposição e o tratamento é o suporte e o transplante de pulmão. Filipy Rocha Mesotelioma pleural: tumor maligno muito raro relacionado com a exposição prolongada ao asbesto (30-35 anos). O quadro apresenta dor pleurítica e pode haver dispnéia e tosse seca, a radiografia apresenta grande derrame pleural unilateral e pode haver massas pleurais e espessamento pleural difuso nas cisuras interlobares, que evolui com pulmão encarcerado em casos avançados. A metástase costuma ocorrer localmente atingindo a parede torácica, onde causa destruição das costelas e retrações, o pericárdio e o diafragma, porta de entrada abdominal. Pneumoconioses (Beriliose) A beriliose ocorre por exposição aos sais de berílio, utilizados na indústria de alta tecnologia e na fabricação de lâmpadas fluorescentes e de armas nucleares. Outros casos de PID por hipersensibilidade a metais pesados são: dióxido de titânio, pó de alumínio, cromo, cobalto e tungstênio. A exposição causa uma reação de hipersensibilidade granulomatosa e o quadro é semelhante ao da sarcoidose ou da HP, a radiografia apresenta infiltrado reticulonodular difuso e adenomegalia hilar bilateral. A sensibilidade aos sais de berílio é confirmada pelo teste de transformação linfocitária ao berílio. O tratamento é a parada da exposição ao berílio e corticóides sistêmicos em casos muito sintomáticos. Pneumonite por hipersensibilidade (HP) A HP ocorre por exposição a poeiras como, esporos de actinomicetos no feno ou no bagaço da cana, proteínas em penas ou excretas de aves, bactérias termofílicas nos aparelhos de AC ou saunas, isocianato em indústrias. A exposição pode causar alveolite granulomatosa por reação de hipersensibilidade do tipo granulomatosa, mas é menos comum em fumantes. O quadro de exposição aguda apresenta febre, mal-estar, tosse e dispneia após 6-8h, com resolução em alguns dias. O quadro de exposição subaguda apresenta febre com dispneia grave e necessidade de hospitalização. O quadro de exposição crônica evolui com dispneia aos esforços, tosse e períodos de febre ou exacerbação do quadro, após novas e repetidas exposições ao agente. A radiografia apresenta infiltrado reticulonodular difuso ou em ⅔ superiores, a TCAR apresenta infiltrado nodular broncocêntrico. A histopatologia apresenta nódulos granulomatosos. O tratamento é a busca pelo antígeno e a parada da exposição, que melhora o quadro, mas corticóides sistêmicos podem ser usados em casos muito sintomáticos. Bronquiolite Obliterante com Pneumonia em Organização (BOOP) O quadro apresenta sintomas constitucionais (febre sudorese noturna, perda ponderal), a radiografia apresenta um infiltrado intersticial e alveolar bilateral, comáreas de condensação e a TCAR apresenta um padrão em mosaico (vidro fosco + consolidação + infiltrados nodulares). A histopatologia apresenta um padrão de preenchimento alveolar por tecido fibroso de granulação (pneumonia organizada) que causa obliteração bronquiolar. O tratamento é feito com corticoides sistêmicos (prednisona) e apresenta bons resultados, mas frequentes recidivas. Síndromes pulmonares eosinofílicas São marcadas por infiltrado eosinofílico pulmonar e resposta aos corticóides sistêmicos. Aspergilose broncopulmonar alérgica: apresenta infiltrados transitórios em ⅔ superiores, bronquiectasias centrais, asma brônquica alérgica e eosinofilia periférica pela hipersensibilidade aos antígenos do A. fumigatus, o diagnóstico é confirmado pelo teste intradérmico e a dosagem das precipitinas anti-Aspergillus. Síndrome de Löeffler: apresenta infiltrados migratórios bilaterais e eosinofilia periférica pelo ciclo larvário pulmonar helmíntico (A. lumbricoides, S. stercoralis, N. americanus, A. duodenale). Pneumonia eosinofílica aguda: apresenta pneumonia com febre alta, tosse, infiltrados, eosinofilia periférica e não resposta a antibióticos. Pneumonia eosinofílica crônica: apresenta sintomas constitucionais, tosse, infiltrado periférico e eosinofilia periférica. Síndrome hipereosinofílica: doença sistêmica com eosinofilia periférica > 1.500/mm3 por > 6 meses e lesões orgânicas, como CMP restritiva, pneumonite eosinofílica, hepatoespleno- megalia e neuropatia periférica. Angeíte de Churg-Strauss: vasculite sistêmica com sintomas constitucionais, mononeurite múltipla, infiltrados pulmonares com asma brônquica refratária, diarreia, miocardite aguda e eosinofilia periférica. Histiocitose de células de Langerhans (LCH) A HCL acomete pacientes entre 20-30 anos, homens e tabagistas. O quadro é uma PID insidiosa com pneumotórax recorrente, hemoptise pelo rompimento de cistos e padrão obstrutivo e restritivo associado à hiperinsuflação pulmonar. A radiografia apresenta infiltrado reticulonodular difuso e múltiplos cistos irregulares de 0,5-1 cm em lobos superiores. A histopatologia apresenta infiltrado granulomatoso e células com grânulos de Birbeck. O tratamento é a abstinência ao tabaco. Linfangioleiomiomatose (LAM) A LAM é uma doença rara que acomete mulheres jovens em fase menstrual. O quadro é uma PID insidiosa com pneumotórax recorrente pelo rompimento de cistos, derrame pleural e padrão obstrutivo e restritivo associado à hiperinsuflação pulmonar, exacerbados por gravidez e estrogênio. A radiografia apresenta infiltrado reticulonodular difuso e múltiplos cistos redondos em lobos superiores. A histopatologia apresenta infiltrado pulmonar de células mm. lisas na região peribroncovascular. A doença evolui com insuficiência respiratória em 10 anos e o tratamento é o suporte e o transplante de pulmão. Proteinose alveolar A proteinose alveolar é uma doença rara associada a leucemias, pneumoconioses e exposição a solventes. O quadro apresenta crises de tosse com eliminação de grande quantidade de líquido proteináceo, a radiografia apresenta condensação alveolar em ⅓ inferior. A histopatologia apresenta preenchimento dos alvéolos por material lipoproteináceo PAS positivo. O tratamento é a LBA maciça, mas a doença pode estabilizar ou evoluir com infecções pulmonares oportunistas recorrentes. Síndromes hemorrágicas pulmonares Síndrome de Goodpasture: doença autoimune com anticorpos antimembrana basal alveolar e glomerular que acomete homens jovens. O quadro apresenta dispneia, hemoptise franca, anemia ferropriva e glomerulonefrite com IRA. O diagnóstico é confirmado pela biópsia renal e o tratamento é feito com plasmaferese, corticóides e imunossupressores sistêmicos. Hemossiderose pulmonar idiopática: doença que acomete crianças e adolescentes. O quadro apresenta hemoptise recorrente, anemia ferropriva e infiltrados alveolares bilaterais, pode haver hepatoesplenomegalia. O paciente evolui com um infiltrado intersticial permanente associado à fibrose progressiva do parênquima. Pneumonites Linfocíticas (LIP) A LIP é uma doença rara associada a AIDS, hipogammaglobulinemia, síndrome de Sjögren ou idiopática, que evolui com piora progressiva, estabilização ou resposta ao corticóide sistêmico. Granulomatose linfomatóide: linfoma de células T angiocêntrico que promove infiltrado granulomatoso em pulmões, pele e SNC. Linfoma BALT: linfoma de células B com quadro oligossintomático, infiltrado misto difuso bilateral e boa resposta à quimioterapia. 🌬 SA����DO�� Fis���a��l��i� A prevalência mundial de sarcoidose é de 20-60 a cada 100.000 habitantes na população mundial e de 3% na população nórdica. A maioria dos casos não está relacionada à história familiar (95%) e ocorre em mulheres entre 20-40 anos, com um segundo pico aos 60, mas é menos comum em fumantes por abrandar a resposta imunológica. Os negros costumam apresentar a doença a doença cutânea associada à doença pulmonar e quadros mais graves, os japoneses possuem maior incidência de sarcoidose ocular (70% x 30%) e cardíaca (25% x 5%). A neurossarcoidose tem incidência igual (5-10%) nas populações. A sarcoidose é uma doença inflamatória crônica idiopática que causa o acúmulo de linfócitos e macrófagos, formando granulomas não caseosos e provocando desarranjo tecidual em vários órgãos: pulmões (> 90%), pele, olhos, linfonodos e fígado. Metade dos pacientes têm remissão espontânea em 2-5 anos, mas os demais têm evolução crônica e destruição orgânica irreversível. Acredita-se que a sarcoidose seja causada por inseticidas, bolores ou pelo P. acnes, pois as áreas mais afetadas estão em contato com o ambiente, além disso, bombeiros, trabalhadores da construção civil e indivíduos que participaram do resgate no 11 de setembro de 2001 têm risco aumentado de desenvolver a doença. Os granulomas da sarcoidose são um agregado de macrófagos circundados por LT CD4 + e/ou LB, semelhante aos gerados por infecções fúngicas, micobactérias, neoplasias e beriliose. Com o tempo, ocorre fibrose ao redor do granuloma, que distorce os tecidos vizinhos, por isso, os órgãos são afetados apenas quando existe uma grande quantidade de granulomas. Na SIDA avançada, a queda de LT CD4 + faz a sarcoidose regredir, enquanto a terapia antirretroviral ativa a doença. Na hepatite C, a terapia com interferon-alfa estimula a formação de granulomas. Qu�d�� �líni�� Assintomática: infiltrado com adenomegalia hilar bilateral simétrica em radiografia de rotina. Forma aguda: em semanas, surgem sintomas pulmonares (tosse, dispneia, desconforto retroesternal) e gerais (febre, astenia, anorexia). ● Síndrome de Löefgren: uveíte; eritema nodoso; adenomegalia hilar bilateral; artrite periférica aguda ou poliartralgia. ● Síndrome de Heerford-Waldenström: febre; aumento parótido; uveíte; paralisia facial. Forma crônica: em meses, surgem sintomas respiratórios. Filipy Rocha Lesões em órgãos específicos Pulmões (90%): sintomas pulmonares (dispnéia, tosse seca, desconforto retroesternal) pelo comprometimento do parênquima ou obstrução granulomatosa, que podem evoluir com pneumotórax, atelectasias, derrame pleural e HAP. A radiografia apresenta infiltrado intersticial ao redor de alvéolos, bronquíolos e pequenos vasos em ⅔ superiores e adenopatia hilar e paratraqueal bilateral simétrica. A PFP pode apresentar padrão restritivo (⅔) ou obstrutivo (½). Pele (⅓): eritema nodoso (nódulos eritematosos e dolorosos) na superfície anterior das pernas, granulomas sarcoidóticos (erupções maculopapulares com < 3 cm e superfície plana) na face, em torno dos olhos e dos nariz, no dorso e nas extremidades, placas (lesões indolores e violáceas) na face, na região glútea e em extremidades, nódulos subcutâneos no tronco e em extremidades, e lúpus pérnio (complexo de lesões endurecidas, azuladas e brilhantes) no nariz, bochechas, lábios e orelhas, com potencial para erodir ossos e cartilagens subjacentes. Vias aéreas superiores (20%): obstrução nasal, rouquidão, sibilos e dispneia alta obstrutivapor comprometida da mucosa nasal e oral. Linfonodos (90%): aumento dos gânglios intratorácicos, principalmente hilares, e adenopatias periféricas (cadeias cervicais, axilares e inguinais). Olhos (25%): uveíte anterior, fotofobia, lacrimejamento e turvação visual pelo comprometimento das estruturas oculares. MO (40%) e baço (10%): discreta linfopenia por sequestro dos linfócitos nas áreas de inflamação tecidual e esplenomegalia. Pâncreas, intestino e fígado (50%): acometimento alto com manifestações raras (hepatograma com aumento na fosfatase alcalina). Rins: acometimento raro, a produção de vitamina D pelos granulomas causa hipercalcemia que pode precipitar nefrocalcinose e nefrolitíase. Sistema nervoso (10%): paralisias de nervos cranianos (facial), cefaléia, ataxia, disfunção cognitiva, fraqueza e convulsões por comprometi- mento do SNC. Mononeuropatia ou polineuropatia periférica (perda sensorial, parestesias, fraqueza motora) por comprometimento do SNP. Glândulas endócrinas: aumento da glândula parótida (10%) e comprometimento do córtex suprarrenal (insuficiência glandular). Coração (25%): acometimento alto com manifestações raras (5%): bloqueios, arritmias, angina, aneurismas, derrame pericárdico, ICC. Sistema locomotor: comprometimento das falanges, metacarpos e metatarsos (deformidades dos dedos e unhas distróficas), osteoporose, formação de cistos, poliartrite migratória das grandes articulações, granulomas musculares. Manifestações radiológicas Estágio 1 Adenopatia hilar s/ infiltrados no parênquima Estágio 2 Adenopatia hilar + infiltrados no parênquima Estágio 3 Infiltrado parenquimatoso s/ adenopatia hilar Estágio 4 Fibrose (faveolamento +/- retração hilar). Di�g�ós�i�� Os critérios diagnósticos são: (1) quadro clínico característico; (2) radiografia de tórax típica; e (3) biópsia com granulomas não caseosos. Caso não haja acometimento cutâneo, o local mais indicado para realizar a biópsia é o pulmão, via transbrônquica, mediastinoscopia ou biópsia pulmonar a céu aberto. Os achados laboratoriais mais frequentes são linfopenia, hiperglobulinemia e hipercalcemia/hipercalciúria. Tra����n�o Os casos oligoassintomáticos podem ser apenas acompanhados sem tratamento. Corticoterapia Os casos sintomáticos são tratados com corticoterapia tópica (acometimento brando) ou sistêmica (acometimento extenso). ● Prednisona oral 0,5-1,0 mg/kg/dia. As principais indicações para o tratamento sistêmico são: (1) sintomas constitucionais importantes; (2) hipercalcemia; (3) acometimento ocular grave; (4) artrite; (5) acometimento do SNC; (6) acometimento do coração; (7) hepatite granulomatosa; (8) lesões cutâneas extensas; e (9) acometimento pulmonar progressivo. A duração da terapia é pautada pela resposta clínica, mas deve-se tentar desmamar o corticóide o mais rápido possível, mantendo a longo prazo sempre a menor dose efetiva. Pulsoterapia com metilprednisolona Os casos muito graves, com ameaça à vida ou à função orgânica são tratados com pulsoterapia com metilprednisolona: ● Metilprednisolona 500-1.000 mg/dia IV por 3-5 dias consecutivos. Imunossupressão Os pacientes que precisam de tratamento prolongado e casos refratários ou intolerantes ao corticóides são tratados com drogas poupadoras de corticóide. A droga de escolha é metotrexato, mas, para manifestações cutâneas, podem ser usadas drogas como hidroxicloroquina, e, para acometimento de órgãos internos, azatioprina, micofenolato, leflunomida e ciclofosfamida. 💨 ES����ME���� O espirômetro é um dispositivo composto por bocal, tubo e dispositivo de registro, que mede os volume, os fluxos e a duração de cada respiração para que sejam comparados com valores para cada sexo, peso, altura, idade. Principais parâmetros para pacientes de 40 anos Homem 1,75 cm 75kg Mulher 1,60 cm 60kg Volumes Estáticos Volume Residual (VR) Capacid. Residual Funcional (CRF) Capacidade Pulmonar Total (CPT) 1,5 L 2,2 L 6,4 L 1,2 L 1,6 L 4,9 L Volumes Dinâmicos Capacidade Vital (CV) Capacidade Vital Forçada (CVF) Volume Exp. Forçado no 1ºs (VEF1) Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) 4,9 L 4,8 L 3,8 L 75-80% 3,7 L 3,3 L 2,8 L 75-80% Fluxos Expiratórios Fluxo de pico (Peak Flow) (PFE) Fluxo Expiratório Forçado entre 25-75% do volume (FEF 25-75) 9,4 L/s 3,1 L/s 6,1 L/s 2,5 L/s Volumes respiratórios. Padrão obstrutivo: na asma e na DPOC, ocorre diminuição dos fluxos expiratórios e dos volumes dinâmicos e aumento dos volumes estáticos pelo represamento de ar (hiperinsuflação). O VEF1 está mais reduzido do que a CVF e o índice de Tiffeneau está baixo (< 0,75). Padrão restritivo: nas PDIs com fibrose do parênquima, ocorre diminuição dos volumes estáticos e dos volumes dinâmicos, mas com fluxos expiratórios normais pela restrição à ventilação. A CVF está mais reduzida ou proporcional ao VEF1 e o índice de Tiffeneau está normal ou elevado. 🌬 IN����CIÊN�I� ��S�I��TÓRI� A insuficiência respiratória é definida por PaO2 < 60 mmHg + PaCO2 > 50 mmHg e pode ser do tipo ventilatória (hipercápnica), quando ocorre por defeito na ventilação pulmonar, ou hipoxêmica, quando ocorre por defeito nas trocas gasosas. pO2 60-80 mmHg pCO2 35-45 mmHg SpO2 95-99% [HCO3] 22-26 mEq/L pH do sangue 7,35-7,45 Base excess -3,0 a +3,0 mEq/L In�ufi��ên�i� ��n�i��tóri� A insuficiência ventilatória tem várias causas, mas a principal é a falência da musculatura respiratória, que pode ser primária, quando ocorre devido a uma doença neuromuscular, ou secundária, quando ocorre devido à fadiga. Em uma pneumopatia aguda grave, o paciente entra em hiperventilação e apresenta sinais de esforço ventilatório (tiragem intercostal e supraclavicular, batimento de asa do nariz, uso da musculatura acessória ECM, intercostais e ABD), com hipocapnia e alcalose respiratória. A musculatura respiratória, submetida a um enorme gasto energético, começa a entrar em falência e apresenta sinais de respiração agônica (boca aberta, contração importante da musculatura cervical, extensão da cabeça, bradipneia), com hipercapnia e acidose respiratória que evoluem com hipóxia e PCR por carbonarcose. Hipercapnia e acidose respiratória: a hipoventilação causa má ventilação pulmonar com aumento da PACO2 e da PaCO2 (hipercapnia). Quando ocorre de forma crônica (DPOC), os rins retêm bicarbonato, que normaliza o pH às custas do aumento de BE. Quando ocorre de forma aguda, o pH cai devido à acidose respiratória com BE normal e o paciente evolui com síndrome da carbonarcose (acidose liquórica grave, redução do sensório, edema cerebral, instabilidade hemodinâmica e óbito por PCR). A acidose respiratória crônica agudizada ocorre de forma aguda em pacientes crônicos, com queda do pH e aumento do BE. Hipoxemia por hipoventilação: a hipoventilação causa queda da PAO2 e da PaO2, cursando com um gradiente alvéolo-arterial normal. A suplementação de O2 corrige a hipoxemia, mas não corrige a hipercapnia! Filipy Rocha Causas de insuficiência ventilatória aguda/agudizada Obstrução de vias aéreas superiores ● Corpo estranho na traqueia; ● Aspiração (conteúdo gástrico, hemoptise maciça); ● Traqueomalácia ou laringomalácia; ● Edema de glote; ● Tumor de traqueia ou laringe; ● Infecção submandibular (angina de Ludwig); ● Infecção do espaço retrofaríngeo; ● Difteria. Perda do drive ventilatório bulbar ● Hipertensão intracraniana c herniação transtentorial; ● Trauma de tronco encefálico; ● Lesão expansiva cerebelar ou de tronco encefálico; ● Paralisia bulbar progressiva (ELA); ● Poliomielite bulbar; ● Drogas depressoras do sistema respiratório. Lesão da origem medular do nervo frênico ● Trauma raquimedular alto (C2, C3); ● Poliomielite; ● Tumor ou hemorragia medular alta. Neuropatia periférica acometendo o nervo frênico ● Síndrome de Guillain-Barré Doença muscular ou da placa motora ● Miastenia gravis; ● Paralisia periódica hipocalêmica ou hipercalêmica; ● Polimiosite; ● Distrofia muscular. Fadiga da musculatura respiratória ● Crise asmática muito grave; ● DPOC descompensada; ● Pneumonia grave; ● Edema agudo depulmão; ● SDRA; ● Fibrose pulmonar idiopática; ● Tromboembolismo pulmonar. Comprometimento da expansibilidade do tórax ● Queimadura torácica circunferencial; ● Esclerodermia forma cutânea difusa. Colapso cardiorrespiratório ● PCR. O tratamento é a ventilação mecânica (VM) com pressão positiva: ● Paciente consciente com acidose leve- moderada (pH > 7,25) e sinais de esforço leve-moderado: ventilação não invasiva. ● Paciente com depressão da consciência, acidose grave (pH < 7,25) e sinais de esforço grave: ventilação invasiva. Em retentores crônicos de CO2, o centro respiratório se torna hipossensível à PaCO2 e o drive ventilatório depende da PaO2, então, se o paciente recebe muito O2, ocorre hipoventilação e hipercapnia. Por isso, eles devem receber O2 com fluxo baixo (1-3 L/min), para manter uma PaO2 60-80 mmHg ou uma SaO2 entre 90-92%. In�ufi��ên�i� ��s�i��tóri� ���oxêmi�� A hipoxemia pode ser causada por: (1) hipoventilação; (2) rarefação do ar (FiO2 < 21%); (3) distúrbio V/Q; ou (4) shunt arteriovenoso pulmonar; mas apenas (3) e (4) são insuficiência hipoxêmica. Distúrbio V/Q: ocorre quando um grupo de alvéolos recebe pouca ventilação (V), com perfusão (Q) normal devido à má distribuição de ar entre os alvéolos. A hiperventilação dos demais alvéolos compensa a alta PaCO2, mas a baixa SaO2 devido à mistura de sangue dos alvéolos bem ventilados com o sangue dos alvéolos mal ventilados não pode ser compensada, pois o sangue capilar não aumenta a SaO2 além de 100%. Shunt arteriovenoso pulmonar: ocorre pela passagem do sangue por áreas sem ventilação (V/Q = 0). O sangue venoso com PvO2 40 mmHg e SvO2 75% se mistura com sangue arterial com SaO2 100% dos alvéolos. Um shunt < 5% é fisiológico, mas um shunt > 5% causa hipoxemia. O shunt intraparenquimatoso pulmonar é causado pelo preenchimento total de alguns alvéolos com líquido ou pelo seu colabamento, como na EAP ou na SDRA. O shunt vascular pulmonar é causado pela passagem de sangue por vasos que comunicam artérias e veias pulmonares, bypassando os alvéolos, como na síndrome Osler-Weber-Rendu (MAV pulmonares congênitas) ou na síndrome hepatopulmonar (vasos da base pulmonar se dilatam e permitem a passagem de sangue sem contato com os alvéolos). P(A-a)O2 = PAO2 - PaO2 ● FiO2 de 21% → P(A-a)O2 = 15 mmHg ● FiO2 de 100% → P(A-a)O2 = 150 mmHg PAO2 = 150 - 1,25 x PaCO2 PaO2 esperado = 100 mmHg - 0,3 x Idade A hipoxemia por hipoventilação evolui com gradiente Alvéolo-arterial de oxigênio ou P(A-a)O2 normal (< 15 mmHg) associada à hipercapnia e acidose respiratória, enquanto a IR hipoxêmica evolui com P(A-a)O2 aumentado (> 15 mmHg). ● Hipoxemia por distúrbio V/Q: melhora com administração de O2 a 100%, pois os alvéolos mal ventilados aumentam a PAO2. ● Hipoxemia por shunt: não responde ao O2. O shunt pulmonar pode ser diferenciado do cardíaco pelo eco-Doppler. A cintilografia de perfusão revela a passagem de radioisótopo para coração e cérebro pelas comunicações arteriovenosas no shunt pulmonar vascular ou a sua retenção no shunt parenquimatoso. Quantificando a insuficiência hipoxêmica Normal PaO2/FiO2 > 400 SDRA PaO2/FiO2 < 300 Sup����n�ação d� ��i�êni� Dispositivos de baixo fluxo: ● Cânula nasal tipo óculos (fluxo 0,5-6 L/min): a FiO2 aumenta 4% a cada L (24-35%); ● Máscara de Hudson (fluxo 5-12 L/min): o acoplamento de reservatórios de O2 permite aumentar a FiO2. Dispositivos de alto fluxo: ● Máscara de Venturi (fluxo 2-12 L/min): direciona o fluxo pelo tubo constrictor, que permite que mais ar seja puxado pelo paciente (FiO2 25-50%); ● Máscara com reservatório de O2: usa uma bolsa coletora de O2 com válvula unidirecional, que só permite que o ar seja inspirado da bolsa (FiO2 70-90%). Ven����ção m��âni�� ��va���� A ventilação artificial aplicada por tubo traqueal (orotraqueal, nasotraqueal, traqueostomia), usa uma pressão transtorácica positiva para fazer o ar entrar nos pulmões. Indicações IOT e VM 1. Depressão do nível de consciência + instabilidade respiratória; 2. Instabilidade respiratória e hemodinâmica; 3. Obstrução de vias aéreas superiores; 4. Grande volume de secreção não depurado; 5. Sinais de grave esforço ventilatório; 6. Ressuscitação cardiorrespiratória prolongada; 7. PaO2 < 60 mmHg ou SaO2 < 90%, mesmo com suplemento de O2; 8. PaCO2 > 55 mmHg + pH < 7,25; 9. Capacidade vital < 15 ml/kg em pacientes com doença neuromuscular. Parâmetros de ventilação FR mínima (12-16 irpm) É controlada, mas se a FR do paciente for maior, dispara o aparelho por pressão negativa nas vias aéreas (ventilação assistida) Volume corrente S/ lesão pulmonar grave: 8-10 ml/kgSDRA: 6 ml/kg Pressão de pico É o somatório da pressão de distensão com a de resistência e não deve ultrapassar 50 cmH2O Pressão de platô É a pressão de distensão (sem o componente de resistência) e não deve ultrapassar 35 cmH2O Pressão positiva ao final da expiração (PEEP) Nível fisiológico: 3-7 cmH2O Nível terapêutico: 10-25 cmH2O Relação I:E 1:2 na maioria dos pacientes; 1:3 no paciente com asma ou DPOC (o aumento do fluxo reduz o tempo inspiratório e reduz a relação I:E) Modos ventilatórios Assisto controlado: a cada ciclo, o aparelho fornece um fluxo inspiratório, determinando um volume corrente que, quando cessa, permite a expiração espontânea. Ventilação a Pressão Controlada (PCV): o respirador insufla gás até atingir uma pressão predefinida e a ciclagem ocorre após ser atingido um tempo inspiratório predeterminado; no gráfico, o fluxo diminui ao longo da inspiração, se o pulmão for pouco complacente, a pressão máxima é rapidamente atingida. Ventilação a Volume Controlado (VCV): o respirador fornece um fluxo predefinido ao sistema e a ciclagem ocorre quando é atingido o volume corrente predeterminado; se o pulmão for pouco complacente, há risco de barotrauma. Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV): é usada para desmame, pois permite que o paciente faça ventilações espontâneas alternadas com controladas. Pressão de Suporte (PSV): uma válvula de fluxo inspiratório se abre mediante pressão negativa exercida pelo paciente e depois exerce pressão positiva, a ciclagem ocorre quando o fluxo inspiratório diminui a uma % do pico de fluxo predeterminado. É usado isolado ou associado com SIMV e, como estratégia de desmame, pode-se reduzir a PSV gradativamente (PSV ≥ 25 cmH2O quase não usa componente espontâneo, PSV = 8 cmH2O serve só para vencer resistência do TOT). PEEP e auto-PEEP A PEEP fisiológica previne atelectasias por colabamento. A PEEP terapêutica é usada na SDRA para recrutar alvéolos atelectasiados e redistribuir o líquido alveolar, além de aumentar a PaO2 e a SaO2, permitindo que seja usada uma menor FiO2 e evitando os efeitos tóxicos do O2. O auto-PEEP ocorre quando os alvéolos têm pouco tempo para se esvaziar, causando maior aprisionamento de ar e maior PEEP, principalmente na asma e na DPOC. A FR deve ser diminuída ou o fluxo inspiratório aumentado (reduz a relação I:E, ao reduzir o tempo inspiratório). A PEEP aumenta o risco de barotrauma e a pressão intratorácica média (prejudicando retorno venoso, que pode causar menor DC e maior pressão intracraniana). Filipy Rocha PCV, VCV, SIMV, PSV. Desmame da ventilação mecânica 10 passos para extubação 1. A patologia que levou à VM foi revertida? 2. A troca gasosa está adequada? (PO2 ≥ 60 mmHg, com FiO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5-8 cmH2O) 3. Há estabilidade hemodinâmica? 4. Apresenta drive respiratório? (capacidade de iniciar um ciclo respiratório) 5. Nível de consciência está adequado? 6. Possui tosse eficaz? 7. Está sem acidose? 8. Uma possível sobrecarga hídrica foi corrigida? 9. Os eletrólitos séricos estão normais? 10. Paciente sem previsão de intervenção cirúrgica? Se os critérios de extubação forem atendidos, deve-se reduzir a sedação e tentar a retirada do respirador o mais rápido possível: ● Método da peça T: desconecta-se o TOT do respirador, acoplando-o a uma fonte de O2 por períodos curtos; se o paciente tolerar, deve-se aumentar os períodos até 30 min, se falhar,tentar novamente após 24 horas; ● Troca para PSV: reduz progressivamente a pressão de suporte até 5-7 cmH2O, para o teste da respiração espontânea; ● VNI imediatamente após a extubação. Parâmetros favoráveis ao desmame da VM Índices de Capacidade Ventilatória Espontânea ● Volume-minuto espontâneo próximo ao em VM; ● Volume corrente (VC) espontâneo > 5 ml/kg; ● CV espontânea > 10-15 ml/kg; ● FR espontânea < 25 irpm ● Pressão negativa inspiratória <-30 cmH2O. Índices Combinados (Índice de Tobin) ● FR/VC < 100 irpm/L. Ven����ção m��âni�� �ão �n���iv� A VNI é uma ventilação artificial aplicada por dispositivos nasais ou máscaras faciais que permitem pouco ou nenhum escape de ar e pode ser usada se: (1) paciente desperto e cooperativo; (2) reflexos da via aérea superior intactos (evitar broncoaspiração); e (3) estabilidade hemodinâmica. Ventilação com Dois Níveis de Pressão (BiPAP): o paciente é acoplado a um aparelho que libera um fluxo inspiratório que Aumenta Pressão de Ar na Inspiração (IPAP) e mantém Pressão Positiva no Final da Expiração (EPAP). Pressão Positiva Constante nas Vias Aéreas (CPAP): um fluxo aéreo contínuo é mantido para garantir um único nível de pressão positiva, cerca de 10 cmH2O. A ventilação do paciente é espontânea e o volume corrente dependente dele. Ventilação c/ Pressão Negativa (pulmão de aço): paciente é acoplado a uma couraça ligada a um de vácuo que gera pressão negativa ao redor do tórax, para produzir inspiração. 🌬 SÍN��OM� �� �ES���F���O RE���R��ÓRI� ��U�� (S��A) A SDRA é uma grave inflamação pulmonar, onde ocorre: (1) edema pulmonar; (2) formação de membrana hialina; (3) colapso de vários alvéolos; e cursa com IR hipoxêmica por shunt parenquimatoso e distúrbio grave de troca gasosa (P/F < 300). A sepse está associada à maioria dos casos (50%): quando a sepse precede a SDRA, a causa costuma ocorrer por infecção intra-abdominal; quando a SDRA precede a sepse, costuma ocorrer por pneumonia bacteriana nosocomial. Causas de SDRA Injúria pulmonar direta 1. Infecção pulmonar (pneumonia); 2. Trauma torácico grave (contusão pulmonar); 3. Aspiração do conteúdo gástrico; 4. Afogamento; 5. Embolia; 6. Inalação de produtos tóxicos. Injúria pulmonar indireta 1. Sepse (50% dos casos de SDRA); 2. Hemotransfusão maciça; 3. Overdose de drogas; 4. Choque (independente do tipo); 5. Politrauma não torácico; 6. Grande queimado; 7. Edema pulmonar neurogênico; 8. Pancreatite aguda; 9. Circulação extracorpórea; 10. Pós-transplante pulmonar. Fatores de risco para SDRA Idade avançada Abuso crônico de álcool Acidose metabólica Gravidade doença de base Na SDRA, os neutrófilos se aderem ao endotélio dos capilares alveolares, liberando muitos mediadores pró-inflamatórios (citocinas, radicais livres, proteases), enquanto citocinas anti- inflamatórias e agentes antioxidantes estão reduzidos. A lesão histopatológica da SDRA é o DAD (Dano Alveolar Difuso). ● Fase Exsudativa (1°-7°dia): ocorre edema intersticial e alveolar com membrana hialina e infiltrado neutrofílico, além de necrose dos pneumócitos I. ● Fase Proliferativa (7°-21°dia): ocorre regeneração dos pneumócitos I pelos II e infiltrado mononuclear; se o paciente melhorar, é desmamados da VM; ● Fase Fibrótica (se o paciente não melhorar): ocorre fibrose intersticial e dos ductos alveolares associados a fibroproliferação intimal com hipertensão pulmonar. A principal consequência é o distúrbio V/Q, que evolui para shunt intraparenquimatoso (edema alveolar com membrana hialina e microatelectasias ou colapso alveolar). Em consequência, o trabalho respiratório aumenta enquanto a complacência estática se reduz. O paciente apresenta taquidispneia, taquicardia, cianose e agitação, que evolui em em 24h com alterações radiográficas e sinais de esforço ventilatório, seguida de falência da musculatura respiratória e hipoventilação. Febre alta, expectoração purulenta, sibilos, hipotensão arterial e choque, quando presentes, não são consequência da SDRA, mas da doença de base. O principal diagnóstico diferencial é o edema pulmonar cardiogênico (EAP), à medida da pressão capilar pulmonar aumentada indica origem cardiogênica. Os critérios clínicos para SDRA são: Critérios de Berlim para o Diagnóstico de SDRA Início e/ou evolução de sintomas respiratórios dentro de uma semana após um insulto clínico conhecido RX/TC de tórax: infiltrados bilaterais difusos que podem comprometer todo o pulmão, consistentes com edema pulmonar (não há derrame, atelectasias ou nódulos) Falência respiratória não explicada por falência cardíaca ou congestão volêmica (avaliação da função cardíaca se o paciente não possuir fatores de risco SDRA) Relação P/F reduzida (≤ 300); para estratificar a SDRA, consideramos a P/F + PEEP ou CPAP ≥5 cmH2O: ● SDRA leve: 300 ≥ P/F > 200; ● SDRA moderada: 200 ≥ P/F > 100; ● SDRA grave = P/F ≤ 100. O tratamento se baseia em medidas de suporte e reconhecimento e resolução da causa. Deve ser realizada VM com modo ventilatório assisto-controlado do tipo PCV (evita volutrauma e barotrauma). A melhor posição é em decúbito ventral (pronação), mas pelo risco de desposicionamento dos aparelhos, só é usado em casos mais graves. O melhor PEEP pode ser mensurado pelo aumento sucessivo dos níveis de PEEP (entre 3-5 cm/H2O) com avaliação da P/F; o PEEP ideal será o que obtiver a melhor P/F. Parâmetros de ventilação na SDRA Volume corrente < 6 ml/kg Pressão de platô Não deve ultrapassar 35 cmH2O Pressão de pico Não deve ultrapassar 50 cmH2O PEEP Nível terapêutico: 10-25 cmH2O Relação I:E Invertida (inspiração mais longa que aexpiração para insuflar os pulmões) Filipy Rocha
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