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Alex Lima e Luciano Sampaio 2 Neoplasias Testiculares Caso Clínico. AJ, 22 anos, aumento do volume do testículo, indolor. No USG, identificou-se massa sólida, e partiu-se para orquiectomia radical, porque não se faz biópsia por agulha em testículo em pesquisa de neoplasia. Até que se prove o contrário, nódulo sólido em testículo é neoplásico. · Histologia · Neoplasias Testiculares · 95% são tumores com origem nas células germinativas; · Idade: pico de incidência são nos pacientes jovens, de 15-40 anos · De acordo com a faixa etária, há as neoplasias mais frequentes · RN: tumor de células granulosas juvenil · Antes da puberdade: tumor do saco vitelino e teratoma · 15 a 50 anos: tumores de células germinativas · > 50 anos: tumor espermatocítico e linfoma Tumores de células germinativas · Seminoma · Tumor espermatocítico (antigo seminoma espermatocítico) · Carcinoma embrionário · Tumor do saco vitelino (seio endodérmico) · Coriocarcinoma · Teratoma · Idade 15-49 anos · Neoplasia mais comum do sexo masculino nessa faixa etária · 1% dos cânceres masculinos; · Predomínio na raça branca (5:1) · Padrão histológico · Único/puro (50% dos casos), ou · Múltiplo/misto (50%) Fatores predisponentes · Criptorquidia: presente em 10% dos pacientes com tumores testiculares · Quanto mais alta for a localização do testículo, maior o risco · Acredita-se que a alteração genética que levou a criptorquidia esteja associada à predisposição, embora também se sugira que seja a permanência do testículo no abdome o fator causador · Fatores genéticos: irmão acometido → risco 10x maior; · Subfertilidade · Microlitíase testicular com subfertilidade; · Pesticidas organofosforados (exposição ocupacional); · Cannabis sativa: provavelmente o uso frequente aumenta o risco; Etiopatogênese · Neoplasia de células germinativas in situ (ISGCN): lesão precursora da grande maioria dos tumores de células germinativas. 50% destas irão progredir para tumor invasor em 5 anos. · Exceções: tumor espermatocítico, tumor do saco vitelino pré-puberal, teratoma pré-puberal, cistos dermoides e epidermóides · A via de carcinogênese diferente, não passando pela neoplasia in situ, gera menor grau de agressividade Ausência de espermatozoide no lúmen – preenchidos por ISGCN · Célula germinativa primordial sofre mutação e dá origem à neoplasia; primeiro in situ · Depois torna-se invasora, adquirindo características muito semelhantes às do seminoma, que com o desenvolvimento só terá mais características invasoras e capacidade de dar metástase · A partir do seminoma, vão se acumulando novas mutações que darão origem aos tumores não seminomatosos OBS: na maioria das vezes, o diagnóstico já é feito em sua forma “final”, não flagra a transformação. · Frequentemente, os tumores são mistos (> 1 componente), porque todos surgem da mesma lesão que vai acumulando possíveis mutações genéticas · Todos que surgem da lesão in situ tem uma característica de invasividade, mas de todos o seminoma é o menos agressivo · As neoplasias que surgem direto da célula germinativa (não passam pela neoplasia in situ) costumam ter comportamento benigno ou baixíssima malignidade · Pode haver transformação do carcinoma embrionário em tumor do saco vitelino ou em coriocarcinoma · O tumor primário pode ser de carc. embrionário e a metástase ser de coriocarcinoma, por exemplo · SEMINOMA · Tipo mais comum de tumor de células germinativas; · Idade: 30-49 anos, raro em < 20 anos; Macroscopia · Massas volumosas (10x); · Homogêneo, lobulado, branco-acinzentado; · Necrose amarelada · Na maioria das vezes, são diagnosticados enquanto ainda são localizados, restritos à albugínea Microscopia · Lóbulos – lençóis celulares → células uniformes · Citoplasma claro → presença de glicogênio · Núcleo central · Septos fibrosos; · Infiltrado linfocitário; · Em 15% dos seminomas, pode haver sinciciotrofoblasto, gerando leve produção de HCG (que normalmente é um marcador para coriocarcinoma, mas nesse caso a produção é em níveis mais baixos); · “Seminoma anaplásico”: apesar de na maioria das neoplasias a anaplasia significar maior agressividade, no seminoma não tem importância, não altera tratamento ou prognóstico, o patologista nem deve mais colocar isso no laudo · CARCINOMA EMBRIONÁRIO · Dos tumores germinativos puros, é o 2º mais frequente · Idade: 3ª década; · Maior agressividade e letalidade que seminoma; Macroscopia · Massas menores, mas muito destrutivas · Heterogêneo – hemorragia e necrose; · Bordas irregulares; Microscopia · Arranjos glandulares, tubular, papilífero ou sólido; · Célula embrionária muito atípica · Núcleos volumosos, nucléolos proeminentes; · TUMOR DE SACO VITELINO (tumor do seio endodérmico) · Produção de alfa feto proteína (AFP) · Dois grupos etários · Pré-puberal · Tumor testicular mais comum – PURO; · Menor ou igual a 3 anos; · Bom prognóstico; · Pós-puberal · Forma pura é rara; · Componente de tumor misto – frequente; · Proveniente da ISGC; Macroscopia · Homogêneo; · Branco-amarelado e mucinoso; Microscopia · Múltiplos padrões morfológicos (reticulado é o mais frequente) · Corpos de Schiller-Durval: patognomônico, mas não está presente em todos. Simula estrutura presente no seio endodérmico embrionário, por isso esse tumor também pode ser chamado assim · Glóbulos hialinos → acúmulo de AFP; Corpos de Schiller-Durval · CORIOCARCINOMA · Idade: 3ª décadas; · Forma pura é rara (0,3%); · Presente em tumores mistos (6-17%); · Altamente maligno → metástases hematogênicas precoces e frequentes; · Produção de HCG (gonadotrofina coriônica) → produção muito elevada, diferente de quando tem sinciciotrofoblasto no seminoma; Macroscopia · Lesões pequenas (< 5 cm); · Tipicamente com muita hemorragia – tropismo por vasos; · Necrose; Microscopia · Sinciciotrofoblasto: células grandes, mutinucleadas, produtoras de HCG; · Citotrofoblasto: células uniformes, núcleo único; · TERATOMA · Neoplasia composta por diferentes tecidos originados das três camadas germinativas → endoderma, mesoderma e ectoderma · 2 formas · Pré-puberal · Não é proveniente da neoplasia in situ (ISGCN) · Tipicamente em crianças; · Frequentemente puro; · Benigno; · Pós-puberal · Proveniente da neoplasia in situ (ISGCN); · É muito raro na forma pura (2-3%); · Maligno → maduro e/ou imaturo · No testículo, não importa se os elementos do teratoma são maduros ou imaturos. O que define o comportamento biológico é se ele é pré-puberal ou pós-puberal, pois a via de carcinogênese é diferente. Macroscopia · Massas grandes (5-10cm); · Heterogêneo; · Cistos; Microscopia · Múltiplos elementos/estruturas organóides; · Elementos maduros ou imaturos; OBS: cistos dermoides e epidermoides (tem que ser puro) são sempre benignos (criança e adultos); · TUMORES MISTOS · 50% dos tumores germinativos; · Diferentes associações; Prognóstico · Elementos mais agressivos (coriocarcinoma e carcinoma embrionário); · Proporção dos componentes (> 30% desses componentes → maior agressividade); · TUMOR/SEMINOMA ESPERMATOCÍTICO · Raro (1%) · > 50 anos; · Não se origina de ISGCN; · Prognóstico muito bom: crescimento lento e metástases raríssimas; Macroscopia · Massas volumosas; · Macio; · Cistos mucóides; Microscopia · Células pequenas, médias e gigantes (essas células médias parecem muito com as células do seminoma, por isso era dado esse nome anteriormente); · ↓ coesão; · ↑ mitoses; · Evolução dos tumores de células germinativas · Disseminação linfática: · Linfonodos retroperitoneais (1º sítio de metástases) → para-aórticos; · Linfonodos mediastinais e supraclaviculares (M1); OBS: paciente jovem com massa retroperitoneal → descartar metástase de testículo · Disseminação hematogênica · Pulmões (M1); · Fígado, ossos ou outros locais (M2); · Divide em M1 e M2 porque as metástases pulmonares são muito frequentes · Coriocarcinoma é o que mais causa metástase hematogênica; Estadiamento Exemplo de laudo histopatológico · Aspectos clínicos · Quadro clínico de aumento indolor do testículo; · Por isso, é importante o autoexame,que seja detectada à palpação a possibilidade de ter nódulo · Diagnóstico · Níveis de marcadores tumorais séricos · USG: avaliação de massa testicular · Apesar de raro, pode ser que seja visualizada apenas uma cicatriz no testículo · Isso acontece porque os tumores de testículo, sobretudo o coriocarcinoma, podem sofrer um processo de burned out, que é o desaparecimento do tumor · Só sabe que existiu tumor naquele local porque ao redor está cheio de neoplasia in situ · Biópsia é contraindicada devido ao risco de disseminação tumoral · Massa tumoral = orquiectomia radical · Marcadores biológicos · Entram no estadiamento (o estadiamento de tumores de testículos é TNMs); · Diagnóstico; · Avaliação do tamanho tumoral; · Monitoramento de resposta terapêutica (juntamente com exames de imagem); · DHL · Pouco específico · Valores correlacionados com volume da massa tumoral · AFP · Tumor do saco vitelino · HCG · Coriocarcinoma Comparação Seminoma Tumores não seminomatosos Localizados, 70% diagnosticados em estágio I 60% diagnosticados com doença clínica avançada Metástases linfonodais Metástases mais precoces Via hematogênica tardia Via hematogênica Radiossensíveis Radiorresistentes Prognóstico melhor Prognóstico pior Cura em 95% se estágios iniciais Remissão: QT agressiva, 90% Tumores do cordão sexual – estroma gonadal · Tumor de células de Leydig · Tumor de células de Sertoli · Tumor de células granulosas (tipo juvenil – RN) · TUMOR DE CÉLULAS DE LEYDIG · Raro: 1-3% dos tumores testiculares; · Idade: todas as idades (+20 a 60 anos); · Produção hormonal; Quadro clínico · Tumefação testicular; · Ginecomastia; · Precocidade sexual; · Malignidade em apenas 10%; Macroscopia · Circunscritos; · Pequenos (< 5cm); · Homogêneo, marrom-dourado; Microscopia · Células grandes, redondas, citoplasma eosinofílico granuloso; · Cristais de Reinke – 25%; · TUMOR DE CÉLULAS DE SERTOLI · Raro: < 1% dos tumores testiculares; · Qualquer idade; · Produção hormonal; Quadro clínico · Tumefação testicular · Ginecomastia; · Apenas 10% são malignos; Macroscopia · Circunscritos; · Pequenos (< 5cm); · Homogêneo, branco-acinzentado; Microscopia · Células redondas, poligonais; · Trabéculas, cordões, túbulos;
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