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CAPÍTULO 1 "Se considerarmos o canal auditivo-oral da linguagem por crianças surdas como o único meio de acesso às informações linguísticas, a aquisição da linguagem por crianças surdas na língua oral será prejudicada, pois não possibilita o acesso às informações e o desenvolvimento linguístico equivalente ao processo das crianças adquirindo quaisquer outras línguas, uma vez que depende do ensino formal da língua falada. (...) A criança surda tem possibilidade de adquirir a linguagem por meio do canal visuoespacial. A língua de sinais é a língua acessada pela criança surda de forma natural e espontânea; diferente da língua oral que exigirá atendimento clínico-terapêutico. (QUADRO; CRUZ. 2011, p. 29)" Considerando o que a autora Emanuelle diz em seu relato sobre a 'estranheza' da língua oral e o que as autoras discutem sobre aquisição de linguagem no trecho acima, como descreveria a experiência da pessoa surda com a comunicação através da língua oral? E por que podemos entender a defesa do uso da língua de sinais na educação das crianças surdas? CAPÍTULO 2 1 "A família não tem informação nem é informada sobre a problemática da surdez, aceitando-a em geral como uma tragédia que sofre com maior ou menor envolvimento, com maior ou menor distanciamento. A incapacidade para apreender e compreender a distinção entre o 'modelo patológico' e o 'modelo cultural' da surdez, reflecte-se necessariamente no segundo grande dilema: inserir a criança num ambiente de língua falada ou num ambiente de língua gestual. A família não tem condições, nem meios, nem apoios para uma opção consciente, acabando por não fazer absolutamente nada e condenando a criança surda ao isolamento e ao abandono.(BAPTISTA, 2008, p.170)." "Os pais, diante da surdez, perdem a perspectiva de futuro e não sabem como ser pais de filhos surdos. Surgem perguntas básicas em relação à vida do seu filho: ele vai aprender a ler? Ele vai poder trabalhar? Ele vai casar? Ele vai aprender a dirigir? Ele vai aprender a ouvir? Ele vai aprender a falar? É uma situação única para os pais e eles se encontram diante de um impasse." (QUADROS; CRUZ; 2011. p.37) Os pais de Emanuelle recebem a notícia sobre a surdez da filha e reagem com raiva, medo e dúvidas sobre o futuro da filha. Essa reação influencia no tratamento que passam a dispensar à criança e nas decisões quanto à sua saúde e educação. Como a relação pais ouvintes x filha surda - no contexto descrito no livro neste trecho, de distanciamento - podem interferir no desenvolvimento da pessoa? E qual papel médicos e outros terapeutas podem ocupar neste cenário? CAPÍTULO 2 2 "O problema dos surdos não está tanto em não comunicar, mas antes e acima de tudo em não construir a mente de forma organizada e em tempo útil, em não construir os mecanismos do conhecimento, da linguagem, do pensamento e do raciocínio, segundo um modelo de cognição integrado. O suporte cerebral existe, saudável e intacto, mas faltam as condições ambientais para a sua activação. (...)" (BAPTISTA, 2008, p. 145). Laborit nos fala sobre o 'caos' de informações que está na sua cabeça durante este período (antes dos sete anos de idade). O que esse relato nos diz sobre a linguagem e sua importância no desenvolvimento do sujeito? CAPÍTULO 5 "Sabe-se, há muito tempo que os gestos são a primeira forma de linguagem mesmo entre mãe e bebê ouvintes. O mesmo percurso de comunicação não-verbal acontece entre a mãe ouvinte e a criança surda; a diferença é que na díade ouvinte a linguagem evolui para uma comunicação linguística com uma gramática própria, que é a gramática da língua falada pela mãe, e no caso da criança surda com sua mãe ouvinte, estes gestos primitivos não evoluem para uma gramática de sinais, permanecendo uma linguagem capaz de comunicar apenas conteúdos imediatos, simples, mas não simbólicos ou abstratos." (LAMOGLIA, 2009, p. 9) Ao longo da vida construímos diversas referências que nos auxiliam na compreensão de fatos e ideias. A falta destas referências nos faz pensar apenas no conceito aparente de determinada informação. A autora fala da sua dificuldade em compreender a morte, em compreender sua trajetória de vida e até mesmo o humor de um programa de tv. Que papel a língua ocupa nestes casos? Por que a comunicação que já ocorria entre pais e filha não foi suficiente nestes casos? Quando a mãe passa o bilhete por baixo da porta do banheiro, a menina entende em parte o que a mãe quer dizer. O que esta situação comunicativa pode nos dizer sobre os processos de compreensão das ideias no caso de limitação no uso de códigos em comum? CAPÍTULO 7 1 "A intenção de que as crianças surdas sejam, em um hipotético futuro, adultos ouvintes, originou um doloroso jogo de ficção nas identificações e nas identidades surdas".(SKLIAR, 2010. p. 21) O processo de aprendizagem da língua oral pode ser penoso. Como essa aprendizagem acontece e que limitações em relação à compreensão, vocabulário e interação pode trazer? É uma prática que deve ser condenada sempre? CAPÍTULO 7 2 "Ao 'trabalhar' com crianças surdas em um contexto escolar ou clínico onde não existem adultos surdos, desconhecem os processos e os produtos que determinados grupos de surdos geram em relação ao teatro, ao brinquedo, à poesia visual e à literatura em língua de sinais em geral, à tecnologia, etc. As crianças surdas têm o direito a sua entrada nessa comunidade e nesses processos culturais, sem nenhum condicionamento." (SKLIAR, 2010. p.29) Cultura e identidade são termos discutidos em várias vertentes. Comumente pensamos na identidade como um conjunto de características construídas, que não advém de um espaço em branco. Mas expõem os ambientes em que crescemos, aprendemos e interagimos. A cultura, de forma mais ampla, pode evidenciar características de grupos e indivíduos que são passadas e continuadas nas interações entre as pessoas. Pensar em 'cultura surda', considerando estas perspectivas, envolve que questões? Como a presença do outro nos ajuda a criar a nossa identidade? Por que foi tão significativo (e estranho, a princípio) para Laborit encontrar adultos surdos pela primeira vez? CAPÍTULO 7 3 "A criança surda, com pais fluentes na língua de sinais, integra-se à família como participante, pois participa do dia a dia, quer saber e consegue saber o que está sendo dito pelas pessoas e pelos meios de comunicação. Os pais, então, estabelecem uma relação comunicativa efetiva com o seu filho, fortalecendo a relação pai e filho. Nesse processo, os pais passam a compreender o filho e o filho passam a compreender os seus pais. As crianças têm a oportunidade de expressar para a família o que pensam, sentem, imaginam e o que não sabem, estabelecendo trocas comunicativas efetivas. Além das relações fortalecidas, há um desenvolvimento linguístico e cognitivo mais consistente, pois a criança começa a elaborar as informações por meio da língua de sinais e ter acesso às informações cotidianas não restritas apenas ao espaço clínico e/ou escolar". (QUADROS; CRUZ, 2011, p. 39) O pai de Emanuelle opta por levá-la ao encontro do grupo de surdos e por aprender a língua de sinais junto com a filha. Como a família pode interferir na formação da identidade do surdo? Como esta atitude pôde contribuir para a compreensão do 'eu', por parte da autora? CAPÍTULO 27 1 "Infelizmente, o povo surdo tem sido encarado em uma perspectiva exclusivamente fisiológica (déficit de audição), dentro de um discurso de normalização e medicalização, cujas nomeações,como todas as outras, imprimem valores e convenções na forma como o outro é significado e representado". (GESSER, 2009, p. 46) "As actuais opiniões de ouvintes acerca da melhor maneira de descrever, educar e reabilitar crianças e adultos surdos estão estreitamente ligadas, refere Lane, assim como as inúmeras profissões que, advindo destas opiniões, moldam e até regulam as vidas dos surdos. Estas opiniões revelam uma premissa comum: os surdos são deficientes. A comunidade surda tem uma premissa bem diferente: a comunidade surda é uma minoria linguística."(BAPTISTA, 2009, p. 106) Os termos surdo, surdo-mudo, mudo e deficiente auditivo são sinônimos? No texto, Laborit afirma se espantar com expressão 'surda-muda'. Por que ela se espanta? Em que situações podemos utilizar os termos 'mudos' ou 'deficientes auditivos'? E o que o termo surdo pode significar, para além da questão física - de não ouvir? CAPÍTULO 27 2 "O discurso médico tem muito mais força e prestígio do que o discurso da diversidade, do reconhecimento linguístico e cultural das minorias surdas. A surdez é construída pela perspectiva do déficit, da falta, da anormalidade. O 'normal' é ouvir, o que diverge desse padrão deve ser corrigido, 'nomalizado'. Nesse processo normalizador, abrem-se espaços para a estigmatização e para a construção de preconceitos sociais. E, como um discurso tão forte e tão reforçado pela grande maioria, fica difícil pensar a surdez sob outro prisma, ou seja, pensar a surdez como diferença." (GESSER, 2009. p.67) Os repórteres fazem diversas perguntas a Laborit sobre sua vida cotidiana e sobre a 'sua surdez'. Muitos de nós, quando em contato com o tema pela primeira vez também temos questões semelhantes. Como estas dúvidas podem revelar o discurso recorrente sobre os surdos na sociedade?
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