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Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes Líquidos orgânicos A análise dos líquidos orgânicos é uma ferramenta importante para o diagnóstico, monitoramento e prognóstico de processos infecciosos, inflamatórios, hemorrágicos e neoplásicos. Líquido pleural: A pleura é formada por duas membranas que revestem os pulmões (pleura visceral) e a parede interna do tórax (pleura parietal). O líquido pleural, um ultrafiltrado de plasma, tem a função de lubrificar a superfície pleural, facilitando, assim, o deslizamento das pleuras visceral e parietal durante os movimentos respiratórios. O líquido pleural apresenta uma baixa concentração de proteínas - as principais são a albumina, as globulinas e o fibrinogênio - e de células - os principais tipos celulares são os monócitos, os linfócitos e as células mesoteliais. Esse líquido é renovado constantemente por um balanço entre a pressão hidrostática e a pressão osmótica da microcirculação e do espaço pleural. Para a toracocentese, é importante obedecer às recomendações a seguir: ✓ A seringa utilizada para a aspiração deve ser heparinizada; ✓ O volume coletado (50 a 60ml) deve ser distribuído em tubos apropriados; ✓ A amostra deve ser encaminhada imediatamente ao laboratório. Se não for possível, deve-se manter o material em geladeira comum (4 a 8ºC) até o encaminhamento. Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes Para classificar os derrames pleurais em transudatos ou exsudatos, a coleta de sangue é recomendada para que a relação pleural-sérica de proteínas e desidrogenase lática seja confiável. Os transudatos não se coagulam espontaneamente e podem ser límpidos, amarelo-claros ou discretamente hemorrágicos. Já os exsudatos se coagulam, devido à presença de fibrinogênio, e podem ser turvos, purulentos ou hemorrágicos. Exsudatos branco-leitosos, geralmente, indicam quilotórax ou pseudoquilotórax. No exame físico, é importante observar o aspecto do líquido pleural: ✓ Amarelo-citrino; ✓ Turvo: derrame inflamatório; ✓ Leitoso: quilotórax; ✓ Purulento: empiema; ✓ Hemorrágico: acidente de punção e tuberculose; ✓ Odor de urina: urinotórax. Observa-se também, nos exames laboratoriais, os níveis de: ✓ Proteínas totais; ✓ Lactato-desidrogenase (LDH); ✓ Albumina; ✓ Glicose: níveis <60mg/dl são decorrentes, dentre outras causas, de derrame parapneumônico, tuberculose pleural e neoplasia; ✓ pH: valores menores que 7,2 sugerem derrame parapneumônico. Na coleta, a amostra deve ser colhida em seringa heparinizada e em condições anaeróbicas. O transporte deve ser realizado em recipiente com gelo e a amostra deve ser processada em até uma hora; ✓ Celularidade total: geralmente, transudatos apresentam celularidade inferior a 1000/mm3 e exsudatos níveis superiores. Número de células superior a 10000/mm3 pode indicar derrame parapneumônico e pancreatite, por exemplo; ✓ Celularidade diferencial: No estudo microbiológico, deve-se realizar: baciloscopia de Gram, culturas para bactérias aeróbicas e anaeróbicas e pesquisa de micobactérias e fungos. Para a análise microbiológica, são necessários de 7 a 10ml de líquido (ou 20 a 30ml para pesquisa de micobactérias e fungos), coletados com seringa heparinizada e encaminhados em frasco estéril, de hemocultura ou na própria Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes seringa de coleta, em condição estéril e em temperatura ambiente. Líquido peritoneal: O líquido peritoneal, um ultrafiltrado do plasma, tem a função de proteger a cavidade abdominal, reduzindo o atrito entre os órgãos e permitindo uma melhor mobilidade. Em condições normais, é um líquido transparente, amarelo-claro, estéril e viscoso. Para realização da paracentese, observar: ✓ Linha mediana, em um ponto central, equidistante da sínfise púbica e da cicatriz umbilical; ✓ Ponto lateral, na meia distância da linha que une a cicatriz umbilical à crista ilíaca. Para a análise do líquido ascítico, é necessário coletar três tubos: ✓ O primeiro deve conter EDTA ou heparina para a contagem global e diferencial; ✓ O segundo é utilizado para as análises bioquímicas e não contém anticoagulante; ✓ O terceiro deve ser estéril e é destinado à microbiologia. A amostra destinada ao exame citológico deve ser refrigerada entre 2ºC e 8ºC, caso a análise não possa ser realizada imediatamente, de modo a manter suas características morfológicas por até 48h. As características físicas, como volume, coloração e aspecto, são importantes na análise do líquido peritoneal. Os principais exames realizados incluem: ✓ Proteínas totais e frações: calcular o gradiente entre a albumina do soro e a albumina do líquido ascítico (GSAA). É um dado de baixa especificidade; GSAA ≥ 1,1g/dl Hipertensão portal GSAA > 1,1g/dl Proteínas totais ajudam a diferenciar ascite por causas cardíacas ou Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes pós-sinusoidais (>2,5g/dl) de ascite por cirrose (<2,5g/dl) GSAA < 1g/dl Proteínas totais ajudam a diferenciar ascite por peritônio inflamado (>2,5g/dl) de estados hipoalbuminêmicos (<2,5g/dl) ✓ Bilirrubina: suspeita de causa biliar (perfuração de alça ou de vesícula biliar). Relação líquido ascítico/soro ≥ 0,6 indica exsudato; ✓ LDH: > 130U/L sugere exsudato; ✓ Celularidade com diferencial: mais que 500leucócitos/mm3 ou 250polimorfonucleares/mm3 indicam infecção. Aumento de celularidade com predomínio linfocítico sugere ascite neoplásica ou por tuberculose; ✓ Citologia oncótica: suspeita de carcinomatose peritoneal; ✓ Adenosina-deaminase (ADA): > 40U/L sugere tuberculose; ✓ Triglicérides: suspeita de ascite quilosa; ✓ Amilase: suspeita de causa pancreática; ✓ Glicose; ✓ Creatinina e ureia: útil na diferenciação de líquido peritoneal e urina. Uma alta concentração de nitrogênio ureico e creatinina no líquido peritoneal, associada a níveis séricos elevados de ureia e níveis séricos normais de creatinina, sugere ruptura de bexiga urinária; ✓ pH: diferença de pH sérico e ascético > 0,1 ou pH < 7,32 é sugestivo de peritonite bacteriana espontânea; ✓ Fibronectina.
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