Buscar

Redação_7ano_Módulo12

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ainda estávamos a uma centena de metros de distância, mas ele insistiu em descer ali mesmo. Fizemos 
o resto do caminho a pé. A casa número 3 de Lauriston Gardens tinha um aspecto agourento e ameaçador. 
Juntamente com outras três, ficava um pouco recuada: duas delas estavam ocupadas e duas, vazias. Nestas 
últimas, duas filas de janelas, tristes e abandonadas, olhavam para a rua como outros tantos olhos vagos 
e mortiços, exceto nas vidraças turvas em que um papel com o “Aluga-se” fazia o efeito de uma catarata. 
Um pequeno jardim, salpicado aqui e ali de plantas mirradas, separava da calçada cada uma das quatro 
construções, e era atravessado por uma vereda estreita, amarelada, que parecia uma mistura de saibro 
e argila. Todo o terreno estava muito mole em consequência da chuva caída durante a noite. O jardim 
era fechado por um pequeno muro, com cerca de um metro de altura, rematado por grades de madeira. 
Apoiado a esse muro via-se um bravo policial, rodeado por um grupo de desocupados, que espichavam o 
pescoço e aguçavam o olhar na vã esperança de ver o que acontecia no interior da casa.
DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. Tradução de Hamílcar de Garcia. Disponível em: <https://kbook.com.br/wp-content/uploads/2016/08/
umestudoemvermelho.pdf >. Acesso em: 4 set. 2019.
36
K
e
y
s
to
n
e
-F
ra
n
c
e
/G
a
m
m
a
-K
e
y
s
to
n
e
/G
e
tt
y
 I
m
a
g
e
s
Arthur Conan Doyle nasceu na cidade de Edimburgo, na Escócia, em 1859. Era 
médico, profissão que exerceu até 1891, quando passou a se dedicar exclusivamen-
te a escrever histórias em que um assassinato acontece e ninguém sabe quem o 
cometeu. E é aí que entra seu personagem principal, Sherlock Holmes, inspirado, 
dizem, em um ex-professor. Sherlock é um detetive particular muito peculiar: extre-
mamente inteligente, dono de uma memória prodigiosa, cheio de excentricidades 
— um verdadeiro craque na arte de montar um quebra-cabeça com pequenas 
pistas do crime e de desvendar o mistério como um todo. Tudo isso (quase) sempre 
acompanhado do Dr. Watson, um médico fascinado pelo detetive e que o assiste no 
desvendamento dos misteriosos crimes. Conan Doyle faleceu em 1930.
1 Sobre o narrador, responda às questões a seguir.
a) Já na primeira linha do trecho lido, o que podemos 
perceber em relação ao foco narrativo? Justifique 
sua resposta.
Podemos perceber que o narrador é personagem e participa da
história, pois fala em 1a pessoa: “Confesso que fiquei bastante
desconcertado ante aquela nova prova quanto à utilidade prática 
das teorias do meu companheiro”.
b) Mais adiante no texto, o que percebemos de mais 
específico sobre esse foco narrativo? Justifique sua 
resposta com uma ou mais passagens do trecho.
Percebemos que o narrador é personagem, mas, pelo que se
pode depreender da leitura, não é o protagonista, já que em todo 
o trecho transcrito se dedica a acompanhar e a narrar o que diz e 
o que faz Holmes: “— Banal — disse Holmes, mas a sua expressão 
parecia indicar-me que a minha evidente surpresa e minha 
admiração lhe eram agradáveis”. Na realidade, trata-se do Dr. 
Watson, o assistente de Holmes.
2 A finalidade da parte introdutória de uma obra é, co-
mumente, apresentar a situação inicial e, em especial, 
os personagens. O trecho lido pertence ao terceiro ca-
pítulo do livro e ainda faz parte da introdução.
a) Embora não seja nomeado nesse trecho, quem está 
narrando a história é Dr. Watson, o assistente de Holmes. 
Qual é a importância dessa escolha para a ambienta-
ção do leitor com os personagens? Explique.
Nessa introdução, Watson está começando a interagir com 
Holmes, ainda o está conhecendo e não sabe exatamente 
o que pensar sobre o companheiro, pois estranha certos 
aspectos de sua personalidade tão peculiar. A escolha de um 
narrador desse tipo (personagem secundário) permite que o 
leitor seja conduzido por seus relatos, pois, à medida que Watson 
narra a história e descreve o protagonista, o leitor se sente 
mais ambientado com a dinâmica apresentada, conforme demonstra 
o seguinte trecho: “O meu respeito pelas suas faculdades 
analíticas aumentou enormemente. Todavia, ainda me restava no 
espírito a desconfiança de que aquilo poderia ter sido arranjado 
previamente a fim de me deslumbrar, embora eu não pudesse 
atinar por que motivo ele se daria ao trabalho de assim comprovar 
as suas asserções”.
Agourento: que 
traz mau agouro, 
isto é, más notícias.
Saibro: areia 
grossa.
140
PR
O
D
UÇ
Ã
O
 D
E 
T
EX
TO
 
M
Ó
D
UL
O
 1
2
PH_EF2_7ANO_PT_133a143_CAD2_MOD12_CA.indd 140 11/27/19 15:39
b) Nas narrativas policiais clássicas, o personagem do 
detetive costuma ser alguém admirável. De que ma-
neira a escolha do foco narrativo contribui para a 
construção dessa figura do detetive?
À medida que Watson vai conhecendo Holmes, este se revela 
cada vez mais admirável e causa mais deslumbre em seu 
assistente (e, consequentemente, em seu leitor): por seus jogos 
dedutivos, por sua calma, por sua erudição, por seu agudo senso 
de observação, etc. Tudo isso leva o leitor a enaltecer o 
protagonista e a se identificar com ele.
3 Para reforçar ainda mais o brilhantismo do detetive, o au-
tor usa também outra estratégia: o contraste entre Holmes 
e outros personagens. Explique como isso se dá.
Ao mencionar os personagens Gregson e Lestrade, ambos ligados à 
polícia de Londres (Scotland Yard), o autor aumenta, por contraste, o 
brilho de Sherlock. Nesse caso específico, Gregson, um profissional 
comprovadamente experiente no assunto, teve de pedir ajuda a 
Holmes para desvendar o mistério que envolve o assassinato do 
homem que jaz em uma casa localizada na Lauriston Gardens. 
Isso passa ao leitor a noção de que o detetive protagonista é mais 
competente que os demais, mesmo fazendo um trabalho individual 
e particular.
4 Qual é o conflito dessa parte do livro, isto é, qual é o 
enigma que terá de ser desvendado?
O crime cometido contra o homem que apareceu morto em uma 
casa vazia sem que houvesse, aparentemente, indícios de como foi 
parar ali nem de como morreu. O mistério consiste em descobrir 
a autoria do crime, a motivação e a arma, já que havia sangue no 
cômodo onde o cadáver foi encontrado, apesar da ausência de 
ferimentos em seu corpo.
5 Com que intenção o autor do texto teria reproduzido 
na íntegra a carta de Gregson a Holmes? Ao responder, 
leve em conta o gênero que estamos estudando e o 
envolvimento do leitor com a história.
A carta contém o ponto de partida do conflito: aparentemente não 
há pistas sobre os fatos que envolvem o crime, e é por isso que 
Gregson escreve a Holmes e lhe pede ajuda. Assim, ao reproduzir a 
carta na íntegra, o autor apresenta ao leitor o que será investigado, 
para que este possa criar as próprias pressuposições acerca do 
enigma. De fato, trata-se de uma espécie de desafio que o 
autor lança ao leitor: será este capaz de descobrir, com as pistas à 
disposição, como aconteceu o crime? Preferencialmente, não, pois o 
autor pretende surpreendê-lo ao final.
A metodologia de trabalho de Holmes é voltada 
para indícios práticos: ele só teoriza após ter todos 
os dados em mãos para não distorcer o raciocínio. 
Ou seja, ele primeiro coleta todas as informações 
possíveis e só depois monta a linha investigativa.
 ENTRELINHAS
6 “São rápidos e enérgicos, mas têm métodos convencio-
nais... terrivelmente convencionais.” Essas são palavras 
de Holmes para caracterizar o método de investigação 
de Gregson e Lestrade. O que elas revelam sobre a me-
todologia de Holmes? Explique.
Que a metodologia de Holmes é mais moderna, irreverente, talvez
até por não estar ligada a uma instituição ou ter de seguir instruções 
diretas de outras pessoas. Holmes parece se divertir trabalhando.
141
PR
O
D
UÇ
Ã
O
 D
E 
T
EX
TO
 
M
Ó
D
UL
O
 1
2
PH_EF2_7ANO_PT_133a143_CAD2_MOD12_CA.indd 141 11/27/19 15:39
7 Qual era o cenário do dia do início dainvestigação? Ao 
responder, considere os objetivos do gênero “narrativa 
policial” e explique a importância de descrever esse 
cenário para o leitor.
A investigação começa em uma manhã úmida e nebulosa,
consequência da chuva que caiu durante toda a noite, o que atrapalha 
a visão dos personagens. Isso combina com o clima de mistério 
em que Holmes e Watson — e os leitores também — estão 
envolvidos: o de um crime difícil de “enxergar” (desvendar). Ou 
seja: a descrição do cenário contribui para envolver o leitor nessa 
atmosfera.
8 Que relação existe entre a descrição objetiva e deta-
lhada da casa e o almejado desvendamento do crime, 
que supostamente ocorrerá no final da história?
A cena em que ocorreu o crime foi deixada intacta (Gregson afirma 
isso na carta), para que os responsáveis pela investigação pudessem 
perceber todo e qualquer vestígio nela presente. E é assim que a 
casa é descrita por Watson, mostrando ao leitor a forma como ele e 
Holmes a captaram visual e intelectualmente. O esperado é que, no 
final, essa dupla central desvende o enigma do delito, apresentando 
as relações lógicas estabelecidas com base nas pistas presentes na 
cena do crime.
DESENVOLVENDO HABILIDADES
1 Se as pressuposições feitas pelo leitor com os indícios for-
necidos devem, preferencialmente, ser desconstruídas no 
final revelador e surpreendente, uma característica que 
pode aparecer nas narrativas policiais com esse intuito é a:
a) incriminação de alguém.
b) presença de um cúmplice.
c) presença de falsas pistas.
d) indicação de um álibi.
Leia outro trecho do mesmo livro, desta vez um frag-
mento do segundo capítulo — anterior, portanto, ao 
lido na seção Aplicando o conhecimento.
[…]
— Você pareceu surpreso quando eu lhe disse, ao vê-lo pela 
primeira vez, que voltara do Afeganistão.
— Foi informado, sem dúvida.
— Nada disso. Eu vi que você voltava do Afeganistão. Devido 
a um longo hábito, a concatenação do raciocínio é tão rápida no 
meu espírito que cheguei àquela conclusão sem ter consciência 
dos elos intermediários. Mas esses elos lá estavam. E o fio que 
o meu raciocínio seguiu foi mais ou menos este: “Eis aqui um 
cavalheiro com ar de médico, mas ao mesmo tempo com gestos 
de militar. É evidentemente um médico do exército. Acaba de 
chegar dos trópicos, porque tem o rosto amorenado, e essa não 
é a cor natural da sua pele, visto que os 
punhos são brancos. Sofreu privações e 
enfermidades, conforme o demonstra o 
rosto emaciado. Além do mais, recebeu 
um ferimento no braço esquerdo, visto 
1
2
3
4
que o mantém numa posição rígida e pouco natural. Em que 
lugar dos trópicos um médico do exército inglês poderia ter 
passado por tantas dificuldades e ser ferido no braço? No Afega-
nistão, naturalmente”. Toda essa série de raciocínios não ocupou 
mais do que um segundo. Observei-lhe, consequentemente, que 
você regressava do Afeganistão e vi a sua surpresa.
— Explicada dessa forma, a coisa parece bastante sim-
ples — disse eu, sorrindo. — Você me faz lembrar Dupin, de 
Edgar Allan Poe. Não fazia a menor ideia de que tais pessoas 
existissem na vida real.
Sherlock Holmes levantou-se e acendeu o seu cachimbo.
— Julga, sem dúvida, fazer-me um cumprimento compa-
rando-me a Dupin — observou. — Pois, na minha opinião, 
Dupin era um tipo medíocre. Aquele seu estratagema de in-
tervir nos pensamentos do seu amigo, depois de um quarto 
de hora de silêncio, é pretensioso e superficial. Concedo-lhe, 
sem dúvida, certa capacidade analítica, mas não era de modo 
nenhum o fenômeno que Poe parecia imaginar.
DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. Tradução de Hamílcar de Garcia. 
Disponível em: <https://kbook.com.br/wp-content/uploads/2016/08/
umestudoemvermelho.pdf >. Acesso em: 4 set. 2019.
2 A lógica utilizada por Sherlock Holmes para descobrir que 
Watson era um médico do exército foi a mesma empre-
gada por ele para chegar à conclusão de que determi-
nado homem, descrito no trecho reproduzido na seção 
Aplicando o conhecimento, era sargento aposentado 
da marinha. Pela condução do seu pensamento nas duas 
situações, só n‹o podemos concluir que Holmes é:
a) observador.
b) sensível.
c) vidente.
d) inteligente.
5
6
7
Concatenação:
encadeamento.
Emaciado:
emagrecido.
142
PR
O
D
UÇ
Ã
O
 D
E 
T
EX
TO
 
M
Ó
D
UL
O
 1
2
PH_EF2_7ANO_PT_133a143_CAD2_MOD12_CA.indd 142 11/27/19 15:39
3 Você já sabe que esse trecho de O estudo em vermelho foi extraído do segundo capítulo do livro, 
intitulado “A ciência da dedução”. O método dedutivo, que está na base das investigações de Holmes 
e de outros detetives semelhantes a ele, consiste em seguir uma linha de raciocínio que parte:
a) do específico para o geral, pois as características da aparência e do jeito de Watson forçam 
Holmes a achar que todo médico do exército é como Watson.
b) do geral para o específico, porque as noções que Holmes tem sobre a maioria dos médicos 
em serviço militar no Afeganistão ajudam-no a interpretar os indícios presentes em Watson.
c) do específico para o geral, porque as noções que Holmes tem sobre a maioria dos médicos 
em serviço militar no Afeganistão ajudam-no a interpretar os indícios presentes em Watson.
d) do geral para o específico, visto que as características da aparência e do jeito de Watson 
forçam Holmes a achar que todo médico do exército é como Watson.
D
a
v
id
 G
. 
F
o
ré
s
/A
c
e
rv
o
 d
o
 i
lu
s
tr
a
d
o
r
A série televisiva House, M.D. (2004-2012) fez muito sucesso ao apresentar ao mundo uma versão médica de 
Sherlock Holmes, responsável por resolver enigmas ligados sempre a diagnósticos raros e complicados. O próprio 
nome do personagem, House, começa com a letra “H” em homenagem a Holmes, ao passo que o nome de seu 
melhor amigo e companheiro, Wilson, alude a Watson.
GOTAS DE SABER
4 Auguste Dupin, personagem citado no final do trecho transcrito, é um famoso detetive criado 
por Edgar Allan Poe, que, como você sabe, foi o primeiro escritor de narrativas policiais. A única 
alternativa que n‹o traz uma explicação para a menção à obra de Poe é:
a) dar maior aspecto de realidade à narrativa, pois contrapõe um Sherlock “real” a um Dupin 
fictício.
b) reconhecer a contribuição de Edgar Allan Poe para a narrativa policial e, consequentemente, 
para a própria obra em questão.
c) enaltecer a imagem de Sherlock Holmes, comparando-o a um detetive que é um ícone das 
narrativas policiais (Dupin).
d) negar a contribuição de Edgar Allan Poe para a narrativa policial, pois Sherlock diz que Dupin 
é “medíocre”.
Culto, cerebral, extraordinariamente inteligente e observa-
dor. Essas são as características principais de Auguste Dupin, 
o primeiro dos detetives particulares da literatura policial. Ao 
criá-lo, Edgar Allan Poe provavelmente não imaginava que o 
famoso chevalier (cavaleiro, em francês) serviria de inspiração 
e referência para tantos outros personagens das narrativas de 
detetive. Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, e Hercule 
Poirot, de Agatha Christie, são apenas os dois exemplos mais 
famosos.
GOTAS DE SABER
143
PR
O
D
UÇ
Ã
O
 D
E 
T
EX
TO
 
M
Ó
D
UL
O
 1
2
PH_EF2_7ANO_PT_133a143_CAD2_MOD12_CA.indd 143 11/27/19 15:39

Continue navegando