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8ª ETAPA – MÓDULO 01 – PROBLEMA 04: ABDOME AGUDO E PANCREATITE DOR ABDOMINAL INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO • Abdome agudo é um diagnóstico sindrômico, definido como toda condição dolorosa de início súbito ou de evolução progressiva, localizada no abdome, que requer decisão terapêutica rápida, preferencialmente após definição diagnóstica. • Cuidado: Existe Abdome Agudo Traumático! o Normalmente proveniente de Traumas Ab. Fechados o Sangue leva a irritação peritoneal. • É caracterizado por uma dor abdominal, que leva o doente a procurar um pronto-socorro. o Se não for tratado, levará a uma deterioração do estado geral. • OBJETIVO PRINCIPAL: excluir causas potencialmente graves e cirúrgicas! • A dor abdominal pode ter múltiplas etiologias, representando um desafio diagnóstico. • É importante no departamento de emergência (DE) descartar causas potencialmente graves de dor abdominal. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA • A maior parte das etiologias de dor abdominal envolve patologias dos tratos gastrointestinais e geniturinários. • As diferentes patologias são percebidas por meio de três mecanismos distintos, que dividem as etiologias de dor abdominal • O sistema nervoso é capaz de receber e interpretar inúmeras informações do ambiente interno e externo. • Essas informações são percebidas através de cinco receptores sensoriais: o 1) Mecanoceptores – tato, equilíbrio, pressão arterial. o 2) Termoceptores – frio, calor. o 3) Nociceptores – dor. o 4) Receptores eletromagnéticos – luz. o 5) Quimioceptores – gustação, olfato, oxigênio arterial, osmolalidade, etc. • Para entender o mecanismo da dor, são os nociceptores que nos interessam. • Eles nada mais são que terminações nervosas livres, presentes na pele e em outros tecidos mais profundos, que podem ser estimuladas por fatores mecânicos, térmicos ou químicos. • Os principais estímulos químicos são: o Bradicinina o Serotonina o Histamina o Potássio o Ácidos o Acetilcolina o Enzimas proteolíticas o Prostaglandinas o Substância P • Falando especificamente da dor abdominal, reconhecemos três tipos principais, de acordo com a sua origem: DOR SOMÁTICA (PARIETAL): • Originada da pele e do peritônio parietal. • É transmitida principalmente por fibras mielinizadas do tipo Aδ que conduzem a “dor rápida”, aguda, bem localizada e percebida nos dermátomos correspondentes à área que recebeu o estímulo. DOR VISCERAL: • Originada do estímulo aos nociceptores viscerais. • As fibras são predominantemente não mielinizadas do TIPO C, que conduzem a “dor lenta”, mal localizada, insidiosa e persistente. • É muito comum vir acompanhada de resposta vagal o Bradicardia o Hipotensão o Sudorese o Náusea • A dor visceral é percebida no segmento medular em que o nervo espinhal responsável pela inervação do órgão se insere. o Por isso, dor originária do trato gastrointestinal é geralmente percebida na linha média: devido à inervação bilateral destas vísceras. • Já as dores mais lateralizadas se relacionam a órgãos de inervação unilateral: o Rim o Ureter o Ovários • Os plexos nervosos perfazem exatamente o mesmo trajeto que os grandes troncos arteriais, já que seguiram o mesmo “caminho” na origem embriológica dos órgãos. o Órgãos referentes ao intestino anterior (estômago, duodeno) são vascularizados pelo tronco celíaco, inervados pelo plexo celíaco e tendem a gerar dor visceral no epigastro. o Intestino médio (jejuno, íleo e cólon direito e transverso), vascularizados pela a. Mesentérica superior, inervados pelo plexo m. superior, gerando dor em mesogastro o Intestino posterior (cólon esquerdo, sigmoide e reto), vascularizados pela a. Mesentérica inferior, inervados pelo plexo m. inferior, gerando dor em hipogastro • Os nociceptores viscerais estão presentes na: o Superfície das serosas o Mesentério o Camadas musculares • Caracteristicamente, esses receptores são muito sensíveis à tensão, distensão, inflamação e isquemia, mas não para cortes, lacerações ou queimaduras. APENDICITE AGUDA • No início do quadro, temos uma inflamação somente no apêndice (visceral), e por isso, temos um estímulo visceral. o Ou seja, como o apêndice é derivado do intestino médio, ocorre o estímulo no plexo mesentérico superior, gerando inicialmente uma dor mais imprecisa em região periumbilical. • Com a evolução do quadro, temos o acometimento parietal, e agora sim, temos uma dor mais específica, localizada em fossa ilíaca direita (FID). • Esse é o motivo pela famosa história da dor que migrou da região periumbilical para a FID na apendicite aguda. • Pacientes que sentem dor após alguns procedimentos, como a colonoscopia, mesmo que tenham sido extraídos fragmentos para biópsia, o principal mecanismo de dor é a distensão do órgão pelo ar instilado. DOR REFERIDA: • A dor é percebida longe do estímulo de origem. • Um exemplo comum é a dor referida no ombro quando o diafragma é lesado. • Isso ocorre porque o estímulo gerado pelo músculo diafragmático é captado nos mesmos segmentos medulares (C3,C4,C5) em que chega o estímulo dos dermátomos da região do ombro o Existe até um sinal muito comum na ginecologia, decorrente da irritação por sangramento do diafragma: sinal de Lafond Sinal de Laffont: Dor referida no ombro direito. É indicativo de hemorragia retroperitoneal, pois o sangue na cavidade peritoneal irrita o nervo frênico. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À TOPOGRAFIA • Elas podem ser divididas em intra-abdominais e extra-abdominais. INTRA-ABDOMINAL • Inflamação (localizada ou bloqueada): colecistite, apendicite, diverticulite, pancreatite. • Peritonite: contaminação bacteriana (apendicite perfurada, doença inflamatória pélvica) ou irritação química (úlcera perfurada, mittelschmerz). • Obstrução intestinal • Alterações vasculares: isquemias, rupturas, vasculites. Distensão visceral (cápsula hepática e renal). EXTRA-ABDOMINAL • CARDÍACA: isquemia miocárdica, miocardite, endocardite, insuficiência cardíaca. • PULMONAR: pneumonia, pleurodinia (doença de Bornholm), pneumotórax, empiema, TEP. • ESOFÁGICA: esofagite, ruptura de esôfago, síndrome de Boerhaave, espasmo esofagiano. • GENITURINÁRIA: torção testicular, nefrolitíase, infecção urinária, distensão vesical. • HEMATOLÓGICA: anemia falciforme, anemia hemolítica, púrpura de Henoch- Schönlein, leucemia aguda, hemofilia. • INFECCIOSA: febre tifoide, faringite estreptocócica (crianças), mononucleose infecciosa, osteomielite. • METABÓLICA: cetoacidose (diabética, alcoólica), porfiria, uremia, insuficiência suprarrenal aguda, doença tireoidiana, hiperparatireoidismo, hipertrigliceridemia. • INTOXICAÇÃO EXÓGENA: chumbo, metanol. Neurogênicos: tabes dorsalis, radiculites (tumores, doença degenerativa), epilepsia- -enxaqueca abdominal, causalgia. • PAREDE ABDOMINAL: muscular (espasmo, hematoma, infecção) e herpes zóster. • OUTROS: o Animais peçonhentos: picadas de escorpião e da aranha viúva-negra; o Funcional (síndrome do intestino irritável); o Glaucoma; o Angioedema hereditário (deficiência do inibidor de esterase C1); o Desordens psiquiátricas; o Abstinência de narcóticos; o Febre familiar do Mediterrâneo; o Hipertermia. QUANTO AO PROCESSO DESENCADEANTE: • A síndrome do abdome agudo é classificada didaticamente em 5 tipos: inflamatório, obstrutivo, perfurativo, vascular e hemorrágico. ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO • É o tipo mais comum de abdome agudo. • Habitualmente, o processo se inicia coma obstrução mecânica de vísceras ocas normais, ou anatomicamente alteradas (divertículos, por exemplo), originando diversos fenômenos inflamatórios na parede da víscera, com tendência à progressão para infecção franca e comprometimento da vascularização do órgão. • O início do quadro geralmente é insidioso, com sintomas a princípio vagos o Dor abdominal incaracterística o Náuseas o Anorexia o vomito o alteração do trânsito intestinal • A dor abdominal pode levar de uma a várias horas para atingir seu pico, ocasionalmente até dias, sendo inicialmente mal definida. • Com o evoluir da doença, e com o acometimento do peritônio parietal adjacente ao órgão afetado, a dor torna-se bem localizada e piora progressivamente. • Exame físico: o Inspeção: Abdome em tábua o Palpação: Sinais de irritação peritoneal o Ausculta: redução de ruídos o Percussão: Hipersensibilidade • É comum a presença de massas à palpação do abdome o resultantes da reação do peritônio à agressão, na tentativa de limitar o processo e preservar o restante da cavidade. • Caso o peritônio não consiga bloquear o processo, e o tratamento adequado demore a ser instituído, observa-se evolução para peritonite disseminada. • Principais causas: o Apendicite o Colecistite o Colangite o Pancreatite o Diverticulite o Peritonite o Doença Inflamatória Pélvica o Linfadenite mesentérica o Mega cólon tóxico o Tiflite o Pielonefrite o Gastrenterite. • A apendicite constitui a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico. o Fase inicial: dor epigástrica ou periumbilical – visceral o Associado: anorexia, náuseas, vomito e constipação o Fase posterior: localização da dor em QID - somática. o Febre: baixa o Leucocitose moderada (até 15.000), com desvio para a esquerda. o A ultrassonografia apresenta uma sensibilidade de 94%, confirmando o diagnóstico clínico ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO • Síndrome caracterizada por presença de obstáculo mecânico ou funcional que leve a interrupção da progressão do conteúdo intestinal. • Etiologias: hérnia estrangulada, aderências, doença de Crohn, neoplasia intestinal, diverticulites, fecaloma, impactação por bolo de arcaris, íleo paralítico, oclusão vascular. • O sintoma cardinal do abdome agudo obstrutivo é a cólica intestinal, demonstrando o esforço das alças para vencer o obstáculo que está impedindo o trânsito normal. • A dor é visceral, localizada em: o Periumbilical: obstruções de delgado o Hipogástrica: obstruções de cólon • Intercalada com períodos livres de dor no início da evolução. • Os episódios de vomito surgem após a crise de dor, inicialmente reflexos, e são progressivos, na tentativa de aliviar a distensão das alças obstruídas. • Etiologias comuns: corpo estranho, bridas, hérnias, neoplasias, bolo de áscaris. • O peristaltismo está aumentado, exacerbado, e é chamado de peristaltismo de luta. o Aumento de ruídos hidroaéreos na tentativa de desobstruir • Este é mais bem caracterizado quando se ausculta o abdome no momento da crise dolorosa e se manifesta por uma cascata de ruídos. • Quanto mais alta a obstrução, mais precoces, frequentes e intensos serão os vômitos, menor a distensão abdominal e mais tardia a parada de eliminação de gases e fezes. • Quanto mais baixa a obstrução, maior distensão abdominal, mais precoce a parada de eliminação de flatos e fezes, e, devido ao supercrescimento bacteriano no segmento obstruído, os vômitos, que são tardios, adquirem aspecto fecaloide. • Febre normalmente não está presente. • Desidratação é acentuada pelas perdas provocadas pelo vomito, sendo pior nas obstruções mais altas. • Com o progredir da doença, ocorre o comprometimento da vascularização do segmento obstruído, surgindo irritação do peritônio parietal, manifesta por dor somática, continua, e contratura da parede abdominal, o que geralmente indica sofrimento de alça. • A presença de necrose triplica a mortalidade operatória e aumenta em 10 vezes o risco de complicações. • Não existem, entretanto, sinais radiológicos, clínicos ou laboratoriais capazes de predizer com certeza a presença de sofrimento de alça no pré-operatório, apesar de dor continua, mudança da característica da dor, febre, leucocitose, irritação peritoneal e acidose metabólica serem consideradas sugestivas. • Os exames laboratoriais são inespecíficos, prestando-se mais para avaliar as condições clinicas do paciente, além de orientar a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos. • Na abordagem inicial, mais importante do que diagnosticar a causa da obstrução, é responder a três questões: o SE A OBSTRUÇÃO É PARCIAL OU COMPLETA o SE É ALTA OU BAIXA o SE HÁ NECROSE OU NÃO • Tais fatores irão nortear a decisão terapêutica. • O método de imagem de eleição são raios X simples de abdome em três incidências, que revelam: o Níveis hidroaéreos o Edema o Distensão das alças o Localiza o nível e o grau de obstrução o Identificação de corpos estranhos • Os raios X de abdome não detectam sinais precoces de complicação isquêmica • Radiografia contrastada tem valor limitado, podendo entretanto ser utilizada em casos de obstrução intestinal parcial. • A ultrassonografia não é de uso rotineiro. • A tomografia é útil em distinguir as obstruções simples das em alça fechada (hérnia, vólvulo), que tendem a estrangular mais facilmente e devem ser operadas precocemente. • O tratamento inicialmente é clínico, com descompressão gástrica e do intestino proximal através de sonda nasogástrica, hidratação venosa vigorosa e antibiótico de largo espectro. • Nos casos de obstrução parcial, ocorre melhora de 75% dos casos em 24 h apenas com o tratamento clínico, indicando-se cirurgia se não ocorrer melhora após 48 h. • Nos casos de obstrução completa, o tratamento clínico prepara o paciente para a cirurgia, que deve ser imediata, principalmente se há sinais de estrangulamento de alças. ABDOME AGUDO PERFURATIVO • Terceira causa de abdome agudo, depois do inflamatório e do obstrutivo. • A dor em geral é de início súbito e difuso e frequentemente vem associado com choque e septicemia. • Etiologias: decorrente de processos infecciosos, neoplásicos, inflamatórios, ingestão de corpo estranho, traumatismos, iatrogênicas. • Trata-se de uma das causas mais frequentes de cirurgia abdominal de urgência. • Os pacientes costumam precisar a hora exata do início do sintoma. • O problema advém do extravasamento de secreção contida no trato gastrintestinal para a cavidade peritoneal, o que é traduzido por peritonite. • A dor tipo somática vem da irritação química do peritônio, e, quanto menor o pH, maior a irritação. • O exame clínico demonstra silêncio abdominal e rigidez muscular, detectada como “abdome em tábua”. • A temperatura é normal, e náuseas e vomito podem estar presentes. • A radiografia simples revela pneumoperitônio, sendo o exame de imagem de escolha para o diagnostico. • Em 12 h de evolução do quadro, a peritonite química torna-se bacteriana, aparecendo os sinais de infecção. • As perfurações costumam ser divididas em: o Altas (gastroduodenal e delgado proximal) ▪ Dor abdominal é mais discreta ▪ Sinais de irritação peritoneal são menos exuberantes, mas originam quadros sépticos mais precoces, em função da flora bacteriana local. ▪ Perfurações do delgado proximal comportam-se como as gastroduodenais, com dor abdominal intensa e grande irritação peritoneal. o Baixas (delgado distal e cólon). ▪ Perfurações do intestino grosso traduzem manifestações clinicas e peritoneais intensas, com evolução rápida para peritonite fecal, devido ao conteúdo altamente infectado desse segmento. • O tratamento é sempre cirúrgico, sendo o prognóstico pior quanto maior o tempo de perfuração.• Devem-se sempre associar antibióticos de largo espectro ao tratamento cirúrgico. • A causa mais comum de perfuração é a úlcera péptica, e a perfuração é a primeira manifestação da doença ulcerosa em 30 a 40% dos casos. • Os pacientes idosos são os mais afetados, devido ao uso crônico de anti- inflamatórios e ácido acetilsalicílico. • O paciente procura manter-se imóvel, com restrição respiratória, devido à irritação peritoneal. • Os exames laboratoriais revelam leucocitose e possível hiperamilasemia. • O pneumoperitônio está presente em 80% dos casos. • Quando a suspeita de perfuração é forte e não se observa pneumoperitônio, pode-se insuflar ar através de sonda nasogástrica. ABDOME AGUDO VASCULAR • Dor abdominal intensa, desproporcional as alterações do exame físico. • Os fatores de risco associados é idade avançada, doença vascular, fibrilação arterial, doenças valvares, cardiopatias, hipercoagulação. • Embora seja raro, possui uma alta mortalidade. • Etiologias: isquemia mesentérica aguda e crônica; colite isquêmica • Exame Físico pobre e sem muito valor • Exame Físico Geral com sinais sistêmicos de hipovolemia • Sangue no Toque Retal • Caracterizado por dor abdominal intensa de origem vascular, sendo uma urgência não-traumática grave por redução súbita do fluxo sanguíneo intestinal. • Etiologias comuns: embolia e trombose mesentérica com isquemia intestinal, redução do débito cardíaco, gastroenterites. • O abdome agudo vascular constitui doença grave, às vezes pouco lembrada no momento do exame clínico, com mortalidade atingindo 80% na maioria dos estudos. o Diagnostico quase sempre tardio o Acomete principalmente pacientes idosos o Frequente progressão da isquemia após as cirurgias de revascularização. • A fisiopatologia envolve uma lesão isquêmica inicial, decorrente da redução do fluxo arterial ou venoso, perpetuada pelo vaso espasmo reflexo da circulação mesentérica e completada pela lesão de reperfusão o Formação e ação de radicais livres de oxigênio o Desencadeiam a síndrome da resposta inflamatória sistêmica o Evolui para falência de múltiplos órgãos • A dor abdominal é o sintoma inicial, geralmente muito intensa, fora de proporções com os achados clínicos, que são inespecíficos. • A chave para o diagnostico precoce é valorizar os sinais, ainda que inespecíficos, em pacientes com fatores de risco para isquemia mesentérica aguda o Maiores de 60 anos o Portadores de doença aterosclerótica o Infarto agudo do miocárdio recente o Arritmias cardíacas - fibrilação atrial o Passado de eventos tromboembólicos o Situações de baixo debito cardíaco o Estados hiperdinâmicos com má́ perfusão periférica o Uso de vasoconstritores o Nutrição enteral • Fase inicial: dor abdominal • Fase intermediária: peritonite • Fase Terciária: acentuam-se os sinais abdominais, surgindo a instabilidade hemodinâmica, o choque refratário e o óbito. • Os exames laboratoriais também são inespecíficos o Hemoconcentração, leucocitose e acidose metabólica • A radiologia convencional afasta outras causas de abdome agudo e pode mostrar espessamento da parede das alças intestinais, alças tubuliformes, fixas e imutáveis, e pneumoperitônio, o que indica lesões em fase bem avançada. • A ultrassonografia, principalmente associada ao recurso Doppler, pode identificar a obstrução vascular e estudar o fluxo dos vasos mesentéricos, especialmente dos segmentos proximais. • O diagnostico de certeza é dado pela arteriografia, que é considerada o padrão- ouro no estudo da isquemia mesentérica, por suas possibilidades diagnosticas e terapêuticas. • Se o paciente já apresenta sinais de irritação peritoneal no momento do diagnostico, a arteriografia está contraindicada, devendo o paciente ser encaminhado imediatamente à cirurgia. • O tratamento visa à reanimação agressiva (com correção da volemia, dos distúrbios eletrolíticos e suporte ventilatório), revascularização do intestino (com reversão da isquemia, se possível), além da ressecção dos segmentos inviáveis, quando o infarto já foi estabelecido. • Antibiótico de largo espectro, prevenindo as complicações sépticas, já que as lesões isquêmicas facilitam a translocação bacteriana, e considerando que a diminuição da população bacteriana aumenta a tolerância da alça à isquemia. ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO • Ocorre em qualquer idade, sendo mais comum entre a 5ª e 6ª décadas de vida; em geral a dor aumenta progressivamente e pode ser acompanhado de manifestações de choque hipovolêmico. • Etiologia: em jovens está mais associado a ruptura de aneurismas das artérias viscerais; em mulheres à sangramentos por causas ginecológicas e obstétricas e em idosos à ruptura de tumores, veias varicosas e aneurismas de aorta abdominal. • Dor intensa, com rigidez e sinais de hipovolemia, tais como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. • Como há sangramento, a depender do volume e a velocidade de instalação do quadro, pode haver prejuízo neurológico e a intervenção deve ser rápida • Nos quadros de abdome agudo hemorrágico, além da dor súbita, chama a atenção o rápido comprometimento hemodinâmico, com palidez intensa e hipovolemia acentuada. • Apesar da forte dor, não se encontra contratura muscular no hemoperitônio, visto que o sangue não é tão irritante para a serosa peritoneal. • Os exames mostram queda progressiva dos níveis hematimétricos. • A ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura vascular não são situações comuns, e o abdome agudo hemorrágico é mais frequentemente associado ao trauma, ao pós-operatório e a complicações pós-procedimentos (biopsias hepáticas, por exemplo). • Na mulher em idade fértil, sempre ponderar a possibilidade de gravidez ectópica rota. • O tratamento é a cirurgia imediata, mas a arteriografia pode ser terapêutica em alguns casos. • Nos casos de hematomas pós-operatórios estáveis, a conduta é expectante. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DO ABDOME AGUDO: CONDURA DA DOR ABDOMINAL: MULHERES Diag. Diferencial mais amplo ”Mulher em período fértil está grávida até que se prove o contrário". IDOSOS CRIANÇAS IMUNODEPRIMIDOS Maior probabilidade de um diagnóstico ameaçador à vida. Gama epidemiológica diferente Sempre pensar em apendicite Manifestações Atípicas
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