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Que dor de barriga

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Que dor de barriga! 
Francisco, 20 anos, morador do Bairro Universitário, SCS, está com episódios de dor 
abdominal associada à vômitos e diarreia com sangue há 3 dias. 
Sua irmã Karina, de 5 anos, estava com sintomas semelhantes, porém sem sangue 
nas fezes e parecia estar melhor que o irmão. Ambos voltaram de viagem de Capão da Canoa 
no último final de semana. 
Devido aos sintomas tão intensos, Francisco consultou no plantão da UPA e recebeu 
probióticos e ciprofloxacina por 5 dias. Ao chegar em casa com os remédios, questionou sua 
mãe se não deveria levar Karina para consultar também para receber a receita dos mesmos 
remédios. 
Quinolonas 
Introdução 
● Atuam inibindo a duplicação do DNA bacteriano. 
● São divididas em dois grupos: quinolonas e fluoroquinolonas (adição da molécula de 
flúor). 
● São divididas em quatro gerações, assim como as cefalosporinas. 
● Devido ao uso indiscriminado das quinolonas houve um aumento da resistência 
antimicrobiana. 
● Seu uso é reservado para casos onde os benefícios superam os riscos, pois são 
antibióticos que apresentam muitos efeitos colaterais que foram descobertos pós-
comercialização como infecção por clostridioides, tendinopatia, neuropatia e outros. 
Mecanismo de ação 
● Atravessam a parede bacteriana por meio de canais de porina. 
● Exibem efeitos antimicrobianos em duas enzimas: DNA-girase (topoisomerase II) e a 
topoisomerase bacteriana IV. Essas enzimas são essenciais à sobrevivência bacteriana. 
→ DNA-girase ou topoisomerase II 
A DNA-girase torna o DNA compacto e biologicamente ativo. Dessa forma, a sua 
inibição resulta em relaxamento do DNA promovendo quebra da fita de DNA e tornando-o 
muito grande para os limites da membrana bacteriana, causando morte da bactéria. 
→ Topoisomerase bacteriana IV 
A topoisomerase IV é responsável por separar as fitas de DNA geradas na replicação, 
que estão interligadas com a fita mãe (de onde foi feita a replicação). A inibição da 
topoisomerase IV tem como consequência a desestabilização cromossomal durante a divisão 
celular, interferindo na separação do DNA recém-replicado ocasionando morte da bactéria. 
● O mecanismo de ação difere com o tipo de microrganismo de que será “atacado”. 
○ Bactérias gram-negativas: inibição da DNA-girase é mais significativa. Ex.: E. coli. 
○ Bactérias gram-positivas: inibição da topoisomerase IV é mais significativa. Ex.: S. 
auseus. 
 
 
Mecanismo de resistência 
Os mecanismos de resistência mais importantes são: alteração do local de ligação, 
diminuição no acúmulo. 
● A alteração do local de ligação é ocasionada por mutações cromossômicas dos genes 
que codificam as enzimas DNA-girase e topoisomerase IV, o que diminui a afinidade das 
quinolonas pelo local de ação. 
● A diminuição do acúmulo está relacionada com a diminuição da concentração intracelular 
da droga, pois acontece uma diminuição do número de porinas na membrana externa 
das células resistentes, o que impede o acesso do fármaco às topoisomerases, além de 
haver um bombeamento das fluoroquinolonas para fora da células (bomba de efluxo). 
Algumas espécies têm mostrado crescente resistência às fluoroquinolonas como 
Pseudomonas, estafilococos, C.jejuni, salmonelas, N. gonorrhoeae e S. pneumoniae. 
Espectro de ação 
São agentes bactericidas (provocam a morte bacteriana). 
De forma geral são eficazes contra bactérias: 
● Gram-negativas (E.coli, P. aeruginosa, H. influenzae, Salmonella sp., Shigella sp., 
Enterobacter sp., Campylobacter sp., Neisseria). 
● Gram-positivos (estreptococos). 
● Micobactérias (Mycobacterium tuberculosis). 
Classificação em gerações 
Primeira geração 
● Ácido oxolínico, cinoxacina, ácido piromídico, ácido piperimídico e flumequina. 
● São eficazes contra bactérias gram-negativas aeróbias como Pseudomonas, porém 
apresentam fraca atividade nas demais bactérias. 
● Seu uso foi descontinuado pela enorme gama de efeitos colaterais que acarretavam, 
além de terem sido produzidos melhores antimicrobianos. 
Segunda geração 
● Ciprofloxacino e norfloxacino. 
● São eficazes contra gram-negativos aeróbicos e bactérias atípicas. 
Ciprofloxacino: possui eficácia no tratamento de várias infecções sistêmicas causadas por 
bacilos gram-negativos. Possui formulações orais e intravenosa (IV), podendo ser utilizado 
para o tratamento de diarreia do viajante (E. coli) e febre tifóide (Salmonella typhi). 
Norfloxacino: utilizado para infecções do trato urinário, gonorreia, prostatites, febre tifoide e 
como segunda linha para tuberculose pulmonar. Medicamento pouco prescrito, pois possui 
biodisponibilidade oral pobre e meia-vida curta. 
Terceira geração 
● Levofloxacino. 
● Ativo contra bactérias gram-negativas e gram-positivas (Haemophilus influenzae, 
Moraxella catarrhalis, S. aureus). 
● É utilizada no tratamento de infecções do trato respiratório (bronquite crônica, sinusite 
bacteriana aguda, pneumonia adquirida na comunidade e pneumonia nasocomial) e 
infecções na pele e geniturinárias. 
Quarta geração 
● Moxifloxacino, gatifloxacina e gemifloxacina (fluoroquinolonas). 
● São eficazes contra gram-negativos, anaeróbios gram-positivos, organismos suscetíveis 
à penicilina e à resistentes à penicilina. 
● São úteis nas pneumonias adquiridas na comunidade, sinusite aguda, bronquite crônica, 
pois abrangem S. pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae. 
● São bastante utilizadas na terapêutica oftalmológica, como conjuntivite, úlcera de córnea 
e endoftalmite. 
Moxifloxacino: é um medicamento com um grande espectro de ação, possui uma maior 
atividade contra os gram-positivos além de ser excelente contra os anaeróbios. Porém, não 
se concentra na urina e, assim, não é indicado no tratamento de ITU. 
 
Farmacocinética e farmacodinâmica 
● As quinolonas podem ser administradas por via oral ou por via intravenosa. 
● Apresentam duas grandes propriedades farmacocinéticas: alta biodisponibilidade oral e 
grande volume de distribuição. 
● Quando utilizadas por via oral, são bem absorvidas pelo trato gastrintestinal. 
● Distribuem-se amplamente pelos tecidos (alto volume de distribuição), em especial: rins, 
próstata e pulmão. 
 
● As drogas desse grupo, em sua maioria, não conseguem ultrapassar a barreira 
hematoencefálica, exceto a ofloxacina, que consegue penetrar no líquido 
cefalorraquidiano (LCR). 
● Os alimentos não reduzem de forma substancial a absorção dessas drogas, mas podem 
atrasar o tempo de administração do medicamento e o pico de concentração sérica. 
● Laticínios, antiácidos, multivitaminas (em especial as que contém zinco), e outras fontes 
de cátions divalentes (magnésio, cálcio e alumínio) podem interferir significativamente na 
absorção. 
● A eliminação das quinolonas, mais especificamente, da ciprofloxacina e da norfloxacina 
ocorre parcialmente pelo metabolismo hepático e parcialmente por eliminação renal. No 
entanto, o volume de distribuição das quinolonas é alto, podendo exceder o volume total 
de água no corpo, fazendo com que a droga se acumule em alguns tecidos (efeito pós-
antibiótico prolongado). 
● A dose deve ser ajustada em casos de insuficiência renal e não devem ser utilizadas as 
quinolonas em indivíduos com insuficiência hepática. 
● Seu uso não é indicado para crianças e adolescentes, grávidas e lactantes 
principalmente por causa de efeitos adversos sobre as articulações. 
 
Efeitos adversos 
No geral, as fluoroquinolonas são bem toleradas, mas seus efeitos adversos mais 
comuns são: náuseas, êmese e diarréia, ou seja, sinais e sintomas gastrointestinais. Além 
disso, os pacientes podem relatar, ocasionalmente, tontura, cefaleia e exantemas cutâneos. 
Os efeitos colaterais dessas drogas podem ser separados por sistemas. Desse modo: 
● No trato gastrointestinal, os possíveis efeitos são: distúrbio transitório gastrointestinal 
leve (o efeito adverso mais comum das quinolonas, como: anorexia, náuseas, vômitos e 
desconforto abdominal). 
● Doença associadaao C. difficile; hepatotoxicidade (associadas com elevações leves das 
transaminases). 
● Distúrbios neurológicos (estão entre os mais comuns também, consistindo em: cefaleia, 
tontura, alterações no humor e no sono, mas efeitos menos comuns também podem 
ocorrer, como alucinações e convulsões). 
● Neuropatias periféricas (que cursam com: dor, queimação, formigamento, dormência, 
fraqueza ou alteração das sensações). 
● Outros efeitos neurológicos (convulsões, pseudotumor cerebral e exacerbação da 
miastenia gravis). 
● Cardiovascular (prolongamento do intervalo QT, aneurisma e dissecção aórtica e 
regurgitação mitral e aórtica). 
● Muscoloesquelético (tendinopatias, rotura de tendão e artropatia). 
● Outros efeitos adversos, como: hipo ou hiperglicemia, descolamento de retina, 
fototoxicidade e reações de hipersensibilidade controlada e idade avançada. 
Riscos e benefícios 
Foram observados alguns riscos relacionados às quinolonas, embora para a maioria 
elas sejam bem toleradas. Os efeitos adversos mais comuns são os de: fototoxidade, 
distúrbios gastrointestinais, cefaléia, tontura, alterações transitórias de humor e sono. 
Outros riscos: 
● Erosão da cartilagem articular, podendo levar à artropatias e tendinites (quando 
administrados em menores de 18 anos), são menos comuns, porém devem ser 
evitados na gestação e na lactação, bem como nos menores de 18 anos. 
● Prolongamento do intervalo QT, e, por isso, não devem ser utilizados em pacientes 
predispostos a arritmias ou naqueles sob tratamento com outros medicamentos que 
causam prolongamento desse intervalo, ruptura do tendão, neuropatia periférica e, 
possivelmente, dissecção e rotura de aorta. 
Diante disso, devido a sua alta toxicidade, as quinolonas não são indicadas para 
infecções não complicadas, sendo seu uso prescrito apenas para infecções mais severas. O 
risco de dissecção ou rutura de aorta é raro, mas potencialmente devastador. Por isso, 
mesmo que seja pequeno, não é recomendado o uso de quinolonas em pacientes com 
aneurismas aórticos conhecidos e aqueles com fatores de risco para aneurisma, como as 
síndromes de Marfan, Ehlers Danlos, além de doenças ateroscleróticas periféricas, 
hipertensão não controlada e idade avançada. 
Interações 
● As quinolonas devem ser evitadas em pacientes em uso de varfarina, pois podem 
aumentar sua concentração sérica, bem como a concentração de outras substâncias, 
como a cafeína e ciclosporina. 
● O ciprofloxacino pode interagir com a teofilina, inibindo a sua biotransformação e assim 
aumentar seus níveis séricos. Ademais, deve-se evitar a administração via oral dessa 
classe quando o paciente está em uso de antiácidos com alumínio e magnésio, pois eles 
interferem na absorção. Além disso, o ciprofloxacino inibe uma isoenzima do citocromo 
P450 hepático, o que pode prejudicar a eliminação de algumas drogas, como: clozapina, 
erlotinibe e da teofilina e cafeína. 
● Por fim, vale lembrar que o uso concomitante com AINES, pode aumentar os efeitos das 
quinolonas no sistema nervoso central, deslocando o neurotransmissor GABA de seus 
receptores, o que pode diminuir o limiar convulsivo.

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