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SISTEMA NIGHTINGALE ENSINO DE ENFERMAGEM NIGHTINGALE Florence fez questão de que o grupo de alunas fosse pequeno, com alunas bem selecionadas. Dentre 1 mil ou 2 mil candidatas ao curso apenas quinze ou vinte estudantes eram admitidas. Se as candidatas selecionadas não pertencessem à classe alta, suas taxas eram pagas pelo Fundo Nightingale. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da Escola Nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. Inicialmente o curso era de um ano, mas logo passou a ser de dois anos para incluir a prática nas enfermarias do hospital. Os objetivos da Escola eram preparar enfermeiras para que elas pudessem atuar como multiplicadoras de conhecimento e para o cuidado aos doentes pobres. As qualidades buscadas por Florence nas candidatas eram principalmente as de caráter moral, ou seja, baseadas nos bons costumes, na honestidade, aliadas a outras habilidades tais como saber ler e escrever bem. Para aquelas que iriam trabalhar em supervisão de enfermarias, como ward sisters, era requerida também habilidade para ensinar. A escola admitia dois tipos de alunas: ─ As NURSES, moças de classe sociais menos favorecidas, que recebiam ensino gratuito, mas deveriam prestar serviços no hospital por um ano após o curso; ─ E as LADY-NURSES, jovens de classe social mais elevada, que podiam pagar seus estudos e eram isentas de estágio – eram preparadas para supervisão, ensino e difusão do Sistema Nightingaleano. A filosofia de vida de Florence permeava todo o currículo de sua escola. Ela acreditava que a saúde deveria estar presente tanto na alma como no corpo. Florence enfatizava que fazer enfermagem era ajudar a pessoa a viver. Para ela a escola deveria ensinar à enfermeira sua função de ajudar o paciente a viver. Seu currículo não tinha um conjunto de metas a serem atingidas, mas procurava estimular o desenvolvimento individual das alunas. Ela acreditava que cada pessoa tinha talentos e habilidades que precisavam ser desabrochados. Em seu livro “Notas Sobre Enfermagem”, publicado em 1859, Florence enfatizava que: – A Arte da Enfermagem consistia em cuidar tanto dos seres humanos sadios como dos doentes, entendendo como ações interligadas da Enfermagem, o triângulo cuidar-educar-pesquisar. – A cura não resultava da ação médica ou de enfermagem, mas era um privilégio da natureza; portanto as ações de enfermagem deveriam visar à manutenção do doente em condições favoráveis à cura para que a natureza pudesse atuar sobre ele. – O conhecimento e as ações de Enfermagem são diferentes das ações e conhecimento médico, uma vez que o interesse da enfermagem está centrado no ser humano e não na doença e na saúde propriamente ditas. Florence dizia que “A enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso como a obra de qualquer pintor ou escultura; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo – o templo de Deus? É uma das artes e, eu quase diria, a mais bela das Belas-artes”. Portanto, a enfermagem era uma arte que requeria treinamento organizado, prático e científico; e a enfermeira deveria ser uma pessoa capacitada a servir à medicina, à cirurgia e à higiene, e não a servir aos profissionais dessas áreas. Para o bem-estar dos pacientes, a enfermeira deveria saber adaptar suas habilidades ao trabalho da equipe. Para tanto, ela deveria obedecer de forma inteligente, sempre usando o discernimento. Florence queria ela mesma dirigir a escola, porém sua saúde precária não possibilitava isso. Assim, encontrou em Sarah Elizabeth Wardroper, que já era diretora da assistência de enfermagem no Hospital Saint Thomas, uma pessoa capacitada e de forte personalidade para executar seus planos e ser a primeira diretora da escola. Apesar do prestígio pessoal de Florence e do rigor da seleção das candidatas, a escola enfrentou muitas dificuldades, especialmente nos primeiros dez anos de fundação. Um a um os médicos acabaram se convencendo da importância da boa formação para enfermeiras, e a sociedade também aos poucos passou a entender o significado de uma boa enfermagem. Sarah Wardroper permaneceu como diretora da escola por mais de 25 anos e durante esse período formaram-se quinhentas enfermeiras, que foram trabalhar em diversos hospitais, dentro e fora do país, em geral para dirigir ou organizar os serviços de enfermagem. Com isso, Florence não só superou o período crítico da enfermagem na Inglaterra, mas também conseguiu proporcionar um serviço eficaz sem nenhum cunho religioso, e deu origem a uma total secularização da profissão. De fato, Florence possibilitou a criação de uma ocupação útil e adequada às mulheres que buscavam trabalho fora do círculo doméstico, elevou o status social da profissão, tornou-a uma ocupação digna e foi a fundadora da moderna educação de enfermagem. Os médicos viam com ceticismo o esforço de Florence em formar enfermeiras. Para eles bastava que elas soubessem cumprir ordens médicas, e não tentassem substituí-los. Apesar disso, o prestígio pessoal de Florence fazia com que eles se encarregassem do ensino teórico, especialmente sobre anatomia, fisiologia e farmacologia. Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Assim, à medida que a enfermagem se introduzia no hospital e que o nível de complexidade técnico-científica da medicina crescia, os médicos começaram a passar para a enfermagem as tarefas manuais de saúde que lhes cabia, ficando com a parte intelectual correspondente ao estabelecimento de hipóteses, diagnóstico, prescrição e tratamento. Desta forma, a Enfermagem Moderna nasceu como uma profissão complementar à prática médica, ou seja, como um suporte do trabalho médico, subordinado a este. Baseava-se na rígida divisão hierárquica, rigorosa disciplina e severo controle moral de quem a praticava, e se propunha a organizar e a administrar o espaço hospitalar, cenário do poder e do domínio médico. O SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO A Enfermagem idealizada por Florence Nightingale difundiu-se por todo mundo ocidental, influenciando decisivamente a estruturação da profissão. A iniciativa de Florence significou o surgimento de uma nova categoria profissional para as mulheres – A ENFERMEIRA MODERNA – formada por uma Escola de Enfermagem, fato inédito até então na Inglaterra, mudando, definitivamente o caráter de obscuridade e de degradação social e profissional no qual a enfermagem estava inserida. A formação das alunas se caracterizava em atender a uma vocação que existia há séculos, constituindo-se em: – Uma arte (habilidade); – Um ramo da ciência médica dedicada à prevenção da doença e cura dos doentes e do ambiente físico, mental e social dos mesmos; – Por ocupar-se dos indivíduos, famílias e coletividades, além de apresentar resultados pelo serviço e pela educação. Foi constituída uma ENFERMAGEM MODERNA pelo fato de: – Ser uma atividade social essencial à sobrevivência humana (práxis); – Buscar o desenvolvimento de técnicas para cuidar dos doentes (teckné); – Buscar o conhecimento da natureza, da doença e da cura (epistemé). Apesar das dificuldades que as primeiras Escolas de Enfermagem tiveram que enfrentar devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, elas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos, a primeira Escola de Enfermagem foi criada em 1873. Em 1877, as primeiras enfermeiras diplomadas começaram a prestar serviços a domicílio, em Nova York. As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola de Florence Nightingale, baseada em quatro idéias-chave: 1 – O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma de ensino, e deveria ser mantido pelo dinheiro público. 2 – As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua independênciafinanceira e administrativa. 3 – As Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de essoas não envolvidas em Enfermagem. 4 - As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital. As Escolas de Enfermagem conseguiram sobreviver às dificuldades enfrentadas graças aos seguintes pontos essenciais estabelecidos: – Direção da escola por uma Enfermeira; – Mais ensino metódico (modo de fazer as coisas de forma sistemática, baseada em um conjunto de princípios), em vez de apenas ocasional (casual, imprevisível); – Seleção de candidatas do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão profissional. Ideal criado por Florence para ser Enfermeira: 1- Pontualidade; 2- Discrição; 3- Confiabilidade; 4- Aparência Pessoal; 5- Higiene Pessoal; 6- Administração de enfermarias e organização. Na escolas, havia o Registro contínuo das atividades das enfermeiras, proibição de namoro e de saírem sozinhas à rua. As alunas que conseguissem desempenho satisfatório eram encaminhadas aos hospitais como Certificated Nurses. Com sua atuação, Florence transformou a visão da sociedade em relação à Enfermagem e ao estabelecimento de uma ocupação útil para a mulher. Através dela, a Enfermagem surgia não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vinha a atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica. MARCOS ANTÔNIO PEREIRA LIMA FLORENCE NIGHTIGALE Delmiro Gouveia – AL Março de 2020 MARCOS ANTÔNIO PEREIRA LIMA SISTEMA NIGHTIGALE Delmiro Gouveia – AL Março de 2020
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