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PROCESSO PREVIDENCIÁRIO à luz do CPC/2015 e da Emenda nº 103/2019 RENATO BARTH PIRES JUIZ FEDERAL MESTRE E DOUTORANDO EM DIREITO PELA PUC/SP PROFESSOR DA FACULDADE DE DIREITO DA PUC/SP Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Proposta de trabalho Razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88). Cabe aos operadores do Direito dar a sua contribuição para isso. É claro que nem todos têm interesse em uma rápida solução da causa (basicamente, quem deve ou quem teme) Quando se litiga contra o Estado, a situação é pior, diante das várias prerrogativas (“privilégios”) processuais: prazos, intimação pessoal, duplo grau de jurisdição, cumprimento da sentença, etc. Ao litigar contra o Estado, é preciso atuar para contrabalançar esse desequilíbrio Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Proposta de trabalho Isso significa: Redigir a petição inicial de forma tecnicamente correta, com clareza e objetividade Facilitar a compreensão dos fatos e da controvérsia Interpor os recursos adequados Enfim, ADVOGAR ESTRATEGICAMENTE Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL Artigo 319 do NCPC. Por que se exige do advogado redigir uma petição inicial formalmente apta? Defeitos da petição inicial: 321 (emenda). Indicação precisa; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL Paralelo inicial X sentença (489, § 1º). Fundamentação analítica. Litigância responsável e ética. Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL 1. O Juízo a que é dirigida. Competência: Delimitação da jurisdição Distribuição racional do trabalho Especialização Erro: Se incompetência relativa – prorroga se não alegada em preliminar de contestação (15 dias úteis ou 30 dias úteis para o INSS – art. 65); Se incompetência absoluta – pode ser alegada em preliminar de contestação, ou a qualquer tempo, e declarada de ofício – art. 64, § 1º. Nos dois casos: juiz ouve a parte contrária e decide “imediatamente”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Onde localizar critérios de competência? Constituição Federal Leis federais (CPC) Leis de organização judiciária dos Estados Provimentos dos Tribunais (TJ, TRF, TRT, TRE, etc). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Federal: CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; INSS é autarquia federal; Logo, a maioria das ações previdenciárias será proposta perante a Justiça Federal. Competência firmada pela qualidade da parte (autarquia federal) – é absoluta – pode ser declarada de ofício e arguida em preliminar de contestação. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Estadual: CF, art. 109 [redação original] § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. “Competência delegada”: recurso para o TRF. Direito subjetivo do segurado/dependente Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Estadual: Lei nº 13.876/2019: alterou o art. 15, III, da Lei nº 5.010/1966: Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual: III – As causas em que forem parte instituição de previdência social e que se referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de distância de município sede de Vara Federal. Vigência: a partir de 01.01.2020. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Estadual: CF, art. 109 [redação dada pela Emenda nº 103, publicada em 13.11.2019]. Art. 109. § 3º. Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. Mais uma “desconstitucionalização”. Comparação (Lei vs Constituição) leva em conta a data da promulgação da lei – ver RE 346.084, Rel. Marco Aurélio. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Estadual: E as ações antigas, já em tramitação quando do advento da Lei nº 13.876/2019: STJ, Conflito de Competência nº 170.051, Rel. Min. Mauro Campbell Marques: deferida medida liminar, suspendendo a remessa das ações à Justiça Federal, até o julgamento definitivo. Questão de ordem julgada em 25.9.2020: suscitado o IAC neste CC e ratificada a liminar deferida (manteve a suspensão). Recomendação CNJ nº 60, de 17.12.2019 – recomendou não enviar até o julgamento do CC. Resolução nº 603/2019, do CJF: a modificação da competência delegada alcançaria apenas as ações propostas a partir de 1º de janeiro de 2020 (art. 4º). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Estadual é opção do segurado/assistido. Observações: 1) Opção não pode ser exercida se o autor é domiciliado em cidade que é sede da Justiça Federal ou de JEF. 2) Não pode haver uma “quarta via”: por exemplo, Justiça Federal em outra Subseção (que não a da Capital). Exemplo: segurado domiciliado em Campos do Jordão, que não tem Justiça Federal, mas integra a jurisdição das Varas Federais de Taubaté; Segurado pode escolher propor a ação na Justiça Estadual em Campos do Jordão, na Justiça Federal em Taubaté ou na Justiça Federal em São Paulo – mas não pode propor na Justiça Federal em São José dos Campos (Súmula 689 do STF) TRF3 – pode ser declarada de ofício (alguns julgados). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Conceito legal de acidente do trabalho e doença profissional: artigos 20 e 21 da Lei nº 8.213/91: Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendidaa adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. [REVOGADO PELA MP 905/2019, mas que perdeu a eficácia] § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento. § 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo. § 2o A empresa ou o empregador doméstico poderão requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do empregador doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos da Previdência Social. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Cuidado: mandado de segurança. A competência para julgar o mandado de segurança firma-se de acordo com a categoria da autoridade impetrada e de sua sede funcional; Matéria previdenciária: autoridade do INSS (chefe da APS, gerente executivo, etc.) – sempre Justiça Federal (qual?) Mesmo se for em acidente do trabalho: STJ: prevalece a natureza da autoridade sobre a natureza do direito material controvertido. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida Cuidado: mandado de segurança. Mas julgados recentes do STF e STJ aplicam ao MS o artigo 109, § 2º, da Constituição Federal: § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. Ainda assim, na Justiça Federal. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 1. O Juízo a que é dirigida PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO. AUTARQUIA FEDERAL. APLICAÇÃO DA REGRA CONTIDA NO ART. 109, § 2º, DA CF. ACESSO À JUSTIÇA. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Tratando-se de mandado de segurança impetrado contra autoridade pública federal, o que abrange a União e respectivas autarquias, o Superior Tribunal de Justiça realinhou a sua jurisprudência para adequar-se ao entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, admitindo que seja aplicada a regra contida no art. 109, § 2º, da CF, a fim de permitir o ajuizamento da demanda no domicílio do autor, tendo em vista o objetivo de facilitar o acesso à Justiça. Precedentes: AgInt no CC 153.138/DF, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 22/2/2018; AgInt no CC 153.724/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 16/2/2018; AgInt no CC 150.269/AL, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, julgado em 14/6/2017, DJe 22/6/2017. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no CC 154.470/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2018, DJe 18/04/2018) Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 E o JEF? Lei nº 10.259/2001: “Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças”. Em resumo: todas as causas do art. 109 da CF, desde que não se encaixem em alguma das exceções da Lei nº 10.259/2001 ou se tratar de pessoa que não pode ser parte perante o JEF. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 “Até 60 salários mínimos” Qual salário mínimo? o fixado em lei federal válido para a data da propositura da ação (Enunciado nº 15 do FONAJEF). Hoje: R$ 66.000,00 (a partir de janeiro de 2021) Como medir o valor da causa no JEF? Se obrigações vincendas (futuro): a soma de 12 parcelas não pode ser superior a 60 salários mínimos. Se obrigações vencidas (passado) e vincendas (futuro): a soma do total, com juros e correção monetária, não pode passar de 60 SM (todas as vencidas e mais 12 vincendas). Se pedido incluir indenização por dano moral: obrigações vencidas, 12 vincendas e mais indenização. TRF 3ª Região (alguns julgados): para fixar competência do JEF, considera-se o dano moral em valor até o do dano material: Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 “Até 60 salários mínimos” Renúncia ao valor que supera 60 salários mínimos: Tema Repetitivo nº 1.030 do STJ: “Ao autor que deseje litigar no âmbito de juizado especial federal cível, é lícito renunciar, de modo expresso e para fins de atribuição de valor à causa, ao montante que exceda os 60 salários mínimos previstos no artigo 3º, caput, da Lei 10.259/2001, aí incluídas, sendo o caso, as prestações vincendas” (julgado em 28.10.2020). KarenMalavazzi Timpone - 34398003851 Valor da causa e dano moral no JEF “(...) . 2. Tendo o valor da causa reflexos na competência do Juízo para a demanda (art. 3º, § 3º, Lei nº 10.259/2001), bem como na verba de sucumbência e nas custas processuais, não pode o autor fixá-lo ao seu livre arbítrio. O valor da causa deve corresponder ao proveito econômico perseguido pela parte, podendo o magistrado, de ofício, com base nos elementos fáticos do processo, determinar a sua adequação. 3. É certo que, havendo cumulação dos pedidos de concessão de benefício previdenciário e de indenização por danos morais, os respectivos valores devem ser somados para efeito de apuração do valor da causa (inteligência do art. 259, II, do CPC). Contudo, a pretensão secundária não poderia ser desproporcional em relação à principal, de modo que, para definição do valor correspondente aos danos morais, deveria ter sido utilizado como parâmetro o quantum referente ao total das parcelas vencidas e vincendas do benefício previdenciário pretendido. 4. Sendo excessivo o valor atribuído à indenização por danos morais, vale dizer, ultrapassando o valor pretendido o limite equivalente ao total das parcelas vencidas mais doze vincendas do benefício (inteligência do art. 260 do CPC), é perfeitamente possível que o Juízo reduza, de ofício, o valor da causa, ao menos provisoriamente, com vistas à fixação da competência para o julgamento do feito (...) (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, AI 0034397-46.2012.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS, julgado em 20/05/2013, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/05/2013) Mesmo sentido: AI 00154691320134030000, Rel. RAQUEL PERRINI, TRF3 - OITAVA TURMA, e- DJF3 18.10.2013; AI 00338726420124030000, Rel. SOUZA RIBEIRO, TRF3 - NONA TURMA, e-DJF3 28.02.2013; AI 00142108020134030000, Rel. SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e- DJF3 04.9.2013. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 “Valor da causa” e “valor da condenação” É possível que, em razão do tempo decorrente do processamento da ação, o valor da condenação supere os 60 salários mínimos. Qual é a conduta do Juiz? Extinguir? Intimar o autor para renunciar ao excedente? Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 “Valor da causa” e “valor da condenação” Lei nº 10.259/2001: Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório. § 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput). (...). § 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1º, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 “Valor da causa” e “valor da condenação” 5ª Turma Recursal de São Paulo: “(...) II - VOTO Inicialmente, não há que se falar em incompetência do Juizado Especial Federal, em razão do valor da causa, pois não há nos autos comprovação de que o montante pretendido pela parte autora supera o limite de alçada estabelecido no artigo 3°, § 2°, da Lei federal n° 10.259/2001. Note-se que os conceitos de valor da causa e valor da condenação são inconfundíveis. A Lei nº 10.259/2001 permite expressamente a expedição de precatório no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 17, § 4º), razão pela qual nada impede que a execução seja realizada em valor superior a sessenta salários mínimos, conquanto a competência seja limitada a esse valor na data do ajuizamento da demanda. Tal é, inclusive, o entendimento já pacificado pelas Turmas Recursais: SÚMULA Nº 16 - É possível a expedição de precatório no Juizado Especial Federal, nos termos do artigo 17, §4º, da Lei nº 10.259/2001, quando o valor da condenação exceder 60 (sessenta) salários mínimos." (Origem Enunciado 20 do JEFSP)” (Processo 00294956220124036301, Rel. Juiz OMAR CHAMON, e-DJF3 24.5.2013). No mesmo sentido: Processo 00184566820124036301, Rel. Juíza FLAVIA PELLEGRINO SOARES, TR3 - 3ª Turma Recursal - SP, e-DJF3 09.5.2013; Processo 00095013120064036310, Rel. CRISTIANE FARIAS RODRIGUES DOS SANTOS, TR4 – 4ª Turma Recursal, e-DJF3 23.5.2013. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 A competência do JEF é absoluta: Lei nº 10.259/2201: “Art. 3º § 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta”. Consequências: Incompetência deve ser alegada em preliminar de contestação; Juiz pode declarar a incompetência de ofício (mesmo sem provocação do réu), a qualquer tempo (não preclui). Jurisdicionado não pode escolher onde propor (JEF ou Vara), se houver JEF e Vara instalados na cidade de seu domicílio. Conduta do Juiz: extinção do processo: (?). Enunciado nº 24 do FONAJEF: Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei n. 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei n. 9.099/95, não havendo nisso afronta ao art. 12, § 2º, da Lei 11.419/06. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 A competência do JEF é absoluta: Conflito de competência entre JEF e Vara dentro da mesma Região: Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. Perícia complexa? Lei nº 9.099/95: Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico. [não é perícia, portanto] No JEF? Súmula 20 das Turmas Recursais do JEF de São Paulo: “A competência dos Juizados Especiais Federais é determinada unicamente pelo valor da causa e não pela complexidade da matéria (art. 3° da Lei n° 10.259/2001)”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Competência para concessão de liminar e/ou tutela provisória A concessão de medidas liminares é, obviamente, do Juízo competente para aquele processo. Mas a doutrina entende que o “poder geral de cautela” é inerente à função jurisdicional. Assim, mesmo o Juiz incompetente pode deferir medida de urgência destinada a evitar o perecimento de direito. Essa medida de urgência pode ser revista, se for o caso, pelo Juízo competente. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 CPC Art. 64, § 4º: “Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente”. Ressalva importante. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Qualificação completa e correta: Maria Silva é diferente de Maria da Silva; Isso é essencial para o pagamento do precatório/RPV: se estiver errado, devolve. Nomes diferentes em diferentes bases de dados (RG, CPF, OAB) – orientar para corrigir, onde estiver errado Profissão: Informação fundamental para os benefícios por incapacidade (auxílio por incapacidade temporária, aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio-acidente). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número deinscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Domicílio e residência do autor (atualizados): alguns problemas administrativos na implantação do benefício; INSS manda uma carta pedindo complementação de algum documento, não obtém resposta e o “sistema” bloqueia o pagamento; Perícias domiciliares: (estudo sócio econômico em LOAS); Intimações pessoais (para prestar depoimento pessoal, para constituir novo advogado em caso de renúncia). Art. 274, parágrafo único, do CPC: Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo [...]. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; CPF: Importantíssimo: Na JF não se distribui ação sem CPF (indica possíveis ações anteriores, inclusive no JEF); Mesmo para incapazes Precatório/RPV: CPF inválido ou irregular faz com que a requisição de pagamento seja devolvida; Se “pendente de regularização”, impede o levantamento dos depósitos judiciais; CPF do advogado: Incluir na procuração; Precisa ser intimado para apresentar e aí passa o 1º de julho (só em 2019); Não recebe honorários (já cheguei a requisitar só do cliente do advogado que, intimado, não informou o CPF) CNPJ da sociedade de advogados: Incluir na procuração; É possível receber honorários no CNPJ da sociedade – artigo 85, § 14 do CPC (inclusive contratuais, com destaque na requisição). – destaque – artigo 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Informações não obrigatórias, mas importantes. 1) Número de Inscrição do Trabalhador (NIT), que é normalmente o mesmo número do PIS/PASEP ou do NIS (Número de Identificação Social). Número que o INSS usa no CNIS para relacionar aquela pessoa às suas contribuições, vínculos de emprego e benefícios (requeridos e/ou deferidos). 2) Filiação do autor (nome de pai e mãe): Correlação de nome do segurado/dependente + nome da mãe ajuda a identificar eventuais homônimos. 3) Número do benefício (NB) ou do protocolo do requerimento administrativo. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Artigo 319. § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. [dever de cooperação/auxílio para o Juiz!] § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Teoria da substanciação: a causa de pedir decorre tanto da relação jurídica/conflito de interesses como dos fatos (diferente da teoria da individualização – só os fatos). Bom advogado: claro, direto e preciso. É a causa de pedir: remota: fatos jurídicos. próxima: fundamentos jurídicos; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido FATOS: Descrever objetivamente o que interessa para a causa; ex.: tudo começou quando a mãe do autor, nos idos de 1950, conheceu o então futuro pai do autor.... Não é isso: são os fatos jurídicos relevantes para a causa. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido A descrição dos fatos deve ser um espelho do direito material. Comparar requisitos legais para a concessão do benefício X petição inicial. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Motivo do indeferimento CPC Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Auxílio doença (auxílio por incapacidade temporária): requisitos legais – incapacidade temporária para a atividade profissional habitual (mais de 15 dias), qualidade de segurado e carência (quando necessária): “O autor é segurado da Previdência Social, na qualidade de empregado, como faz prova a cópia da carteira de trabalho anexada (documento nº 2). Foi acometido de síndrome do túnel do carpo no membro superior direito, como fazem prova o relatório médico e os exames ora juntados (documentos nº 3 a 6), doença que é causa de incapacidade para o trabalho, por mais de 15 dias. O autor requereu administrativamente o auxílio-doença, que foi indeferido sob a alegação de que não haveria incapacidade, o que não corresponde a verdade. A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que são revestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provoca compressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo. No caso do autor, a extensão da doença é causa de parestesias (formigamentos) e dores constantes no membro superior direito, impedindo-o de executar tarefas como manipular objetos pequenos. Considerando que o autor exerce o ofício de montador, atuando na linha de produção de uma indústria de aparelhos eletrônicos, não consegue exercer sua atividade profissional habitual. Tendo cumprido a carência legal exigida (12 meses), tem direito à concessão do auxílio-doença”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Aposentadoria por incapacidade permanente: incapacidade definitiva, para qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, carência e qualidade de segurado. “O autor, segurado da Previdência Social, foi acometido de insuficiência renal crônica, doença que causou incapacidade definitiva para exercer qualquer atividade laborativa que lhe garanta a subsistência, já que não pode fazer quaisquer esforços físicos e sua sobrevida depende da realização de sessões diárias de hemodiálise. Requereu administrativamente o benefício, que foi indeferido sob a alegação de que ocorreu a perda da qualidade de segurado. Ocorre que a cessação de vínculos de emprego e de contribuições à Previdência Social decorreu, exatamente, da incapacidade para o trabalho, razão pela qual tem direito à aposentadoria por invalidez, já que se trata de nefropatia grave, sendo dispensada a carência”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Revisão de tempo de contribuição: “O autor requereu ao INSS a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que foi deferido. Apesardisso, o INSS deixou de computar, como tempo de contribuição, o período trabalhado à empresa XYZ, o que reduziu indevidamente a renda mensal inicial do benefício. Revisão pelo teto das Emendas nº 20/98 e 41/2003: “O autor é titular de aposentadoria por tempo de contribuição, cuja renda mensal inicial foi fixada no valor correspondente ao teto do salário de benefício; por força das Emendas nº 20/98 e 41/2003, foi elevado o valor desse teto, mas o INSS não aplicou esses novos valores aos benefícios concedidos em datas anteriores, o que se pretende obter”. Concessão de aposentadoria especial: “O autor é segurado da Previdência Social e requereu administrativamente a aposentadoria especial, que foi indeferida, sob a alegação de falta de tempo de contribuição. Ocorre que o INSS deixou de reconhecer, como especiais, os períodos de trabalho prestados às empresas X, Y, e Z, de tanto a tanto, o que impediu que alcançasse tempo suficiente para a concessão do benefício”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido Fundamentos jurídicos 1) Doutrina: não é necessária a referência à norma jurídica que ampara a pretensão (não precisa citar os artigos de lei). MAS: a citação de artigos de lei e da Constituição Federal é indispensável para RE e RESP. 2) Não é relevante a qualificação jurídica que o autor dá ao fato (pode ser mudada pelo Juiz, se achar que é o caso – jura novit curia – livre dicção do direito). Ex.: o autor afirma que o ato de concessão do benefício foi revogado (na verdade, foi anulado); consequências jurídicas distintas (revoga-se por razões de conveniência e oportunidade; anula-se no caso de invalidade – nulidade ou anulabilidade). MAS: não custa indicar corretamente a norma jurídica, nem dar a correta qualificação jurídica aos fatos em discussão. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Estratégia de bem advogar Facilitar o trabalho do Juiz: alguns milhares de processos; ex.: réplica: processualmente, serve para duas únicas coisa: manifestação sobre questões preliminares ou prejudiciais contidas na contestação (337 e 351) e sobre fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (350) Evitar só repetir o que está na inicial (solução Ctlr C Ctrl V). – serventuário vai juntar uma petição vazia de conteúdo – demora mais sem nenhum sentido; consome mais papel – frente e verso – ambientalmente correto. Apontar especificamente os problemas da contestação ou do laudo pericial. Instruir a petição inicial com prova documental desses fatos; ex.: reajustes de benefício já concedido: observar a data de início do benefício; ex.: revisão da renda mensal inicial do benefício: observar se o critério que se pretende rever alcança o período básico de cálculo; ex.: salário de benefício e salário de contribuição; reajuste do benefício em manutenção e revisão da renda mensal inicial; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Estratégia de bem advogar Outros cuidados: Organização correta e coerente dos documentos; facilita a vida do Juiz; Inclusive no PJe (“outros documentos 1”, “outros documentos 2” etc. – NÃO!) “I love PDF1”... Carta de indeferimento Contagem de tempo de contribuição INSS PPP Embraer/GM/Prefeitura Declaração médica 1 Declaração psiquiatra Laudo ressonância magnética. Requerimento de revisão Acórdão recurso administrativo (Junta de Recursos) Art. 425, IV: cópias de peças dos autos declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações É preciso saber pedir: Art. 322, § 2º: A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé [como se feito de boa fé, por princípio]. Mas princípio da correlação (congruência ou adstrição) entre a sentença e o pedido (arts. 141 e 492 do CPC): Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que foi demandado. Se não pedir, o juiz não concederá; isso é muito mais grave e muito mais frequente do que se imagina. ex.: pediu o “restabelecimento” do benefício que não foi concedido; pediu a concessão do benefício, mas não pediu o pagamento dos valores atrasados (o benefício deveria ter sido concedido lá atrás, quando do requerimento administrativo); pediu para não se sujeitar ao recolhimento da contribuição previdenciária, mas não pediu a devolução do que foi pago indevidamente. não especificou a data de início do benefício (o juiz fixou a partir da citação ou da propositura da inicial, mas ele era devido desde a data de entrada do requerimento administrativo). Pode até apelar disso: mas se especificar, o juiz precisa decidir e, se esquecer, embargos de declaração; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações “Fungibilidade” do pedido nos benefícios por incapacidade: [...] A concessão de auxílio-doença não se revela como julgamento extra petita, porque há visível fungibilidade entre aquele e a aposentadoria por invalidez, tendo em vista que ambos os benefícios possuem basicamente as mesmas exigências legais (com exceção do grau e duração da incapacidade) e, presentes os requisitos à concessão de qualquer deles, deve a benesse ser outorgada [...] (APELREEX 00270811620164039999, DESEMBARGADOR FEDERAL DAVID DANTAS, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/10/2016). [...] 1. Embora a parte autora tenha pleiteado o benefício de auxílio- acidente, nota-se que o MM. Juiz a quo houve por bem em conceder o benefício de auxílio-doença, atendendo ao princípio da fungibilidade do pedido, de forma a não caracterizar julgamento extra petita, devendo ser concedido o benefício adequado, implementados os requisitos necessários, tendo em vista o caráter social que está presente nesta ação [...]. (APELREEX 0112520520114036140, DESEMBARGADOR FEDERAL NELSON PORFIRIO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/06/2016) . Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações “Fungibilidade” do pedido nos benefícios por incapacidade: Paradoxo da EC nº 103/2019: alterou a RMI da aposentadoria por incapacidade permanente, mas não alterou a do auxílio por incapacidade temporária... AIP – média de 100% das contribuições (não mais 80% maiores); coeficiente de 60%, mais 2 pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder 20 (H) ou 15 (M) anos (exceto se acidentário, doença profissional ou do trabalho: 100% da média). AIT – média de 100% das contribuições (artigo 26 da EC nº 103/2019 – “dos benefícios do RPPS da União e do RGPS”); aplica coeficiente de 91% (art. 61 da Lei nº 8.213/91) – acidentário ou previdenciário. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações Cumulação de pedidos: Cumulação alternativa: quero A ou B. Estou satisfeito com qualquer um deles (326, parágrafo único). Cumulação sucessiva: quero A e B, mas o acolhimento de B depende do acolhimento de A. Cumulação subsidiária ou eventual: quero A; se não for possível, quero B; se não for possível, quero C (326, “caput”). ex.: aposentadoria por incapacidade permanente, auxílio por incapacidade temporária ou auxílio-acidente; ex.: aposentadoria especial ou aposentadoria por tempo de contribuição (com contagem de tempo especial, convertido em comum). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações Não precisa pedir: juros, correção monetária e verbas de sucumbência (art. 322, § 1º CPC) prestações periódicas (art. 323 CPC).despesas processuais antecipadas (art. 82, § 2º do CPC) honorários de advogado (art. 85 do CPC). Juros e correção monetária: se pedir e especificar o critério, provoca uma decisão do juiz a respeito, que faz coisa julgada; Evita rediscutir a matéria em impugnação ao cumprimento da sentença (só o cálculo, não o critério do cálculo); Manual de Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução CJF nº 658/2020. Art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960, de 29.6.2009 (“Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”). Incidente a partir de 30.6.2009. – inconstitucionalidade – STF, ADI 4357 e 4425 (Emenda nº 62/2009) – modulação só para correção de precatórios (não para condenações em geral) – 25.3.2015. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações O STF finalmente concluiu o julgamento do RE 870.947 (tema 810), em regime de repercussão geral, firmando, quanto ao assunto em discussão, as seguintes teses: 1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico- tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09; e 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações A ata do referido julgamento foi publicada no DJe de 22.9.2017. Artigo 1.035, § 11, do Código de Processo Civil: a publicação da ata valerá como acórdão; não é necessário aguardar a divulgação dos votos ou da ementa para que os efeitos processuais decorrentes de julgado sejam plenamente produzidos. Aplicação obrigatória: artigo 927, III, do Código de Processo Civil. Mesmo que, ontologicamente, seja possível diferenciar os recursos extraordinários repetitivos daqueles decididos em regime de repercussão geral, a vinculação de ambos os julgados é medida que se impõe, como consequência, inclusive, do dever atribuído aos Tribunais de que uniformizem sua jurisprudência e mantenham-na “estável, íntegra e coerente” (art. 926 do CPC). IPCA-E ou INPC? Naquele caso concreto, o STF acabou por determinar a aplicação do IPCA-E. Mas a tese (o precedente) limitou-se à declaração de inconstitucionalidade, que faz restabelecer o índice legal anterior para benefícios previdenciários (INPC). Como a vinculação que se estabelece é a fixação do precedente, não o julgamento do caso paradigma, tenho que o índice a ser aplicado é realmente o INPC. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018 (REPETITIVO) 1. Correção monetária: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. 1.1 Impossibilidade de fixação apriorística da taxa de correção monetária. No presente julgamento, o estabelecimento de índices que devem ser aplicados a título de correção monetária não implica pré-fixação (ou fixação apriorística) de taxa de atualização monetária. Do contrário, a decisão baseia-se em índices que, atualmente, refletem a correção monetária ocorrida no período correspondente. Nesse contexto, em relação às situações futuras, a aplicação dos índices em comento, sobretudo o INPC e o IPCA-E, é legítima enquanto tais índices sejam capazes de captar o fenômeno inflacionário. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018 1.2 Não cabimento de modulação dos efeitos da decisão. A modulação dos efeitos da decisão que declarou inconstitucional a atualização monetária dos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, objetivou reconhecer a validade dos precatórios expedidos ou pagos até 25 de março de 2015, impedindo, desse modo, a rediscussão do débito baseada na aplicação de índices diversos. Assim, mostra-se descabida a modulação em relação aos casos em que não ocorreu expedição ou pagamento de precatório. 2. Juros de mora: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, aplica-se às condenações impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018 3. Índices aplicáveis a depender da natureza da condenação. 3.1 Condenações judiciais de natureza administrativa em geral. As condenações judiciais de natureza administrativa em geral, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até dezembro/2002: juros de mora de 0,5% ao mês; correção monetária de acordo com os índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) no período posterior à vigência do CC/2002 e anterior à vigência da Lei 11.960/2009: juros de mora correspondentes à taxa Selic, vedada a cumulação com qualquer outro índice; (c) período posterior à vigência da Lei 11.960/2009: juros de mora segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança; correção monetária com base no IPCA-E. 3.1.1 Condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos. As condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos, sujeitam- se aos seguintes encargos: (a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização simples); correção monetária: índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção monetária: IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora: remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações 3.1.2 Condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas. No âmbito das condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas existem regras específicas, no que concerne aos juros moratórios e compensatórios, razão pela qual não se justifica a incidência do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), nem para compensação da mora nem para remuneração docapital. 3.2 Condenações judiciais de natureza previdenciária. As condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se à incidência do INPC, para fins de correção monetária, no que se refere ao período posterior à vigência da Lei 11.430/2006, que incluiu o art. 41-A na Lei 8.213/91. Quanto aos juros de mora, incidem segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança (art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009). 3.3 Condenações judiciais de natureza tributária. A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de indébitos tributários devem corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago em atraso. Não havendo disposição legal específica, os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN). Observada a regra isonômica e havendo previsão na legislação da entidade tributante, é legítima a utilização da taxa Selic, sendo vedada sua cumulação com quaisquer outros índices. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 4. O pedido, com as suas especificações 4. Preservação da coisa julgada. Não obstante os índices estabelecidos para atualização monetária e compensação da mora, de acordo com a natureza da condenação imposta à Fazenda Pública, cumpre ressalvar eventual coisa julgada que tenha determinado a aplicação de índices diversos, cuja constitucionalidade/legalidade há de ser aferida no caso concreto. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 5. Valor da causa Importante calcular: pode alterar a competência (JEF ou vara previdenciária); Em regra: valor das prestações vencidas MAIS doze prestações vincendas (artigo 292, §§ 1º e 2º do CPC); Se tiver dano moral – vencidas, 12 vincendas e valor da indenização; TRF 3ª: para fixação do valor da causa e competência, dano moral não pode ser maior do que o valor do benefício requerido (vencido e vincendas). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 5. Valor da causa [...] 1. Não obstante o valor do dano moral seja, em princípio, estimado pelo autor, se o propósito é o de burlar regra de competência, é evidente que o juiz pode alterá-lo de ofício, devendo, porém, indicar valor razoável e justificado. 2. O pedido de condenação por danos morais não pode ser excessivo, deve corresponder ao valor econômico do benefício pleiteado na ação, daí porque o valor da causa deve ser retificado, restando clara a competência do Juizado Especial Federal. 3. Agravo interno não provido. (AI 00023472520164030000, DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA, TRF3 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/02/2017) [...] 2. A temática trazida no conflito diz com a possibilidade de alteração de ofício, pelo magistrado, do valor atribuído à causa no tocante ao pleito de indenização por danos morais. 3. O valor atribuído à causa pode ser retificado, de ofício, pelo magistrado, não se tratando de julgamento do pleito, mas de correção da estimativa posta na exordial. 4. Esta Corte Regional vem admitindo a retificação de ofício do valor da causa, relativo à indenização por dano moral, quando a indicação da parte autora representar visivelmente exagero e prestar-se à violação da competência absoluta dos Juizados Especiais. 5. Conflito de competência julgado improcedente. (CC 00266971420154030000, DESEMBARGADOR FEDERAL VALDECI DOS SANTOS, TRF3 - PRIMEIRA SEÇÃO, e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/02/2017) [...] Como se trata de pedido que engloba prestações vencidas e vincendas, o valor da causa deve ser calculado conforme o disposto no art. 260 do CPC. 4. No que diz respeito ao dano moral, esta Corte vem se posicionando no sentido de que o pedido indenizatório, em ações previdenciárias, deve ser razoável, correspondendo ao valor econômico do benefício almejado, para que não haja majoração proposital da quantia indenizatória, com a consequente burla à competência dos Juizados Especiais Federais. 5. A cumulação de pedidos (incluindo dano moral) não pode servir de estratégia para excluir a competência dos Juizados Especiais. 6. Agravo legal a que se nega provimento (AI 00314496320144030000, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:04/03/2015) Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 6. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados Importante especificar; Parte da doutrina distingue: 1) protesto genérico da inicial (“Art. 319, VI: As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados”); 2) especificação (“Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado”). É uma especificação guiada por aquilo que for alegado pelo réu. A distinção não é meramente acadêmica: se as partes são especificamente instadas a indicarem as provas, e não o fazem, ocorreu a preclusão (pode ter indicado anteriormente – nova reflexão com o CPC/2015) Estratégia da boa Advocacia: especificar “de novo”, se necessário. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 7. A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...). § 4o A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não se admitir a autocomposição. Hipótese não aplicável inteiramente à Fazenda Pública (mesmo certos direitos indisponíveis admitem composição). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Audiência de conciliação ou mediação Fazenda Pública: princípio da legalidade Conciliação e transação mediante autorização normativa específica: Lei nº 9.469/97: Art. 1º O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e os dirigentes máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o dirigente estatutário da área afeta ao assunto, poderão autorizar a realização de acordos ou transações para prevenir ou terminar litígios, inclusive os judiciais. § 1º Poderão ser criadas câmaras especializadas, compostas por servidores públicos ou empregados públicos efetivos, com o objetivo de analisar e formular propostas de acordos ou transações. § 5º Na transação ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por intermédio de procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive os casos de extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, as partes poderão definir a responsabilidade de cada uma pelo pagamento dos honorários dos respectivos advogados. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Audiência de conciliação ou mediação Recomendação Conjunta CNJ/AGU/MTPS nº 01/2015. Portaria PGF nº 258/2016 (acordo em benefícios por incapacidade). Decreto nº 7.392/2010 (Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF). Artigo 10 da Lei 10.259/2001 (conciliação nos JEF’s). Artigo 8º da Lei 12.153/2009 (conciliação nos JE’s da FP). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Audiência de conciliação ou mediação Portanto: previsão legal que depende de especificação em regulamento ou ato administrativo. Mesmo quando admissível, pressupõe a colheita de provas (perícias, audiência de instrução, etc.). Ex: benefícios por incapacidade, pensão por morte (dependência econômica), aposentadoria por idade rural, etc. Consequências práticas: 30 dias úteis para realização da audiência que será fatalmente infrutífera; 30 dias úteis para contestar (prazo em dobro – artigo 183). Juiz pode dispensar a audiência de conciliação ou mediação? KarenMalavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória Razoável duração do processo e efetividade da jurisdição. Decisões “liminares”: “In limine”: no início (embora possam ser incidentais – no curso do processo). Decisões provisórias; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Espécies de decisões liminares Cautelar: Acautelatória: finalidade de assegurar o resultado útil do processo principal; não pode esgotar o objeto do processo (“satisfativas”). Ex.: suspensão da pensão deferida a outro pensionista, até o julgamento da ação principal. “Bife na geladeira”. Tutela antecipada (antecipação dos efeitos da tutela - tutela satisfativa): É a própria decisão de mérito, mas deferida antecipadamente. É exatamente o que o juiz daria na sentença Ex.: a concessão do benefício. “Bife na frigideira”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória no CPC/2015 Pode ser: Tutela provisória de urgência (arts. 300-310). Pode ser cautelar ou antecipada (satisfativa) Pode ser (em ambos os casos) antecedente ou incidental Tutela provisória de evidência (art. 311). Art. 297: juiz pode determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de urgência Requisitos (art. 300) “Probabilidade do direito” “Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo” Tutela provisória de urgência cautelar: resguarda o resultado útil do processo “qualquer outra medida idônea para asseguração do direito” (301) Tutela provisória de urgência antecipada/satisfativa: antecipa os efeitos da sentença de mérito Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de urgência Juiz pode exigir caução (artigo 300, § 1º) – dispensa se a parte não puder oferecê- la. Pode ser concedida liminarmente ou após audiência de justificação prévia (§ 2º). Não será concedida se houver risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão (§ 3º) Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de urgência Quer cautelar, quer antecipada/satisfativa, pode ser antecedente (pedida antes de formular o pedido de tutela definitiva) ou incidental (pedida junto com o pedido de tutela definitiva, ou depois do pedido de tutela definitiva). Tutela antecipada antecedente (303-304): Antes do processo principal. Inicial simples: requerimento da tutela e indicação do pedido de tutela final, exposição da lide, do direito que se quer realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Se tutela concedida: em 15 dias (ou prazo maior fixado pelo juiz), autor deve aditar a inicial, complementando a argumentação e documentos e pede a confirmação da tutela final, valor da causa final. Procedimento comum em seguida (audiência etc.) Se não aditar, extinto sem resolução do mérito. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de urgência Tutela antecipada antecedente (303-304): A tutela antecipada antecedente ficará estabilizada se o réu não interpuser agravo de instrumento (artigo 304). Processo será extinto. Qualquer das partes poderá demandar para rever a tutela estabilizada, no prazo de 02 anos, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo. Tutela cautelar antecedente (305): Inicial: indicação da lide e seu fundamento, exposição sumária do direito que se quer assegurar, perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Réu citado para contestar (05 dias) e indicar provas. Contestado, segue o procedimento comum. Efetivada a tutela cautelar, pedido principal deve ser feito em 30 dias, nos mesmos autos (pode aditar pedido, causa de pedir, outros documentos etc.). Com pedido principal, audiência etc. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de urgência Fungibilidade da tutela provisória de urgência: Artigo 305. [tutela cautelar antecedente]. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303” [tutela antecipada antecedente]. “Mão única” ou “mão dupla”? Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de evidência Tutela de evidência é outra hipótese de tutela provisória, mas não depende de prova do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo. São irrelevantes. Importante instrumento para efetividade da jurisdição Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de evidência Hipóteses (artigo 311). 1) Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; 2) Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; 3) Quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; 4) Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Decisão liminar: só nos casos 2 e 3. Nos demais, precisa ouvir a parte contrária Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória de evidência Em matéria previdenciária, podem ser mais frequentes: 1. Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte - caso em que o INSS sustenta em Juízo entendimento diverso do que consta do Decreto nº 3.048/99 ou da IN 77/2015. 2. Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; - caso do EPI em ruído; revisão da vida toda; tempo em auxílio por incapacidade temporária como tempo especial. 4. Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável (opor prova, não argumentos...). casos de aposentadoria especial baseados em PPP ou laudo técnico. casos de revisão (normalmente não se defere tutela de urgência – mas pode deferir tutela de evidência). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória posteriormente revogada E se a sentença for de improcedência? CPC: Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos; responsabilidade objetiva. Mas doutrina e jurisprudência – valores recebidos de boa fé e com caráter alimentar são irrepetíveis. STJ, AGA 1318361, Rel. Jorge Mussi, DJe 13.12.2010, AGA 1115362, Rel. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 17.5.2010, AGRESP 691012, Rel. Celso Limongi, DJe 03.5.2010. TRF 3ª Região, APELREE 1999.03.99.084840-6, Rel. Márcia Hoffmann, DJF3 18.8.2011, p. 1207, e a AC 2008.61.22.000901-6, Rel. Walter do Amaral, DJF3 03.8.2011, p. 1678. Súmula nº 34 da AGU: “Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 RESP repetitivo PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REVERSIBILIDADE DA DECISÃO. O grande número de ações, e a demora que disso resultou para a prestação jurisdicional, levou o legislador a antecipar a tutela judicial naqueles casos em que, desde logo, houvesse, a partir dos fatos conhecidos, uma grande verossimilhança no direito alegado pelo autor. O pressuposto básico do instituto é a reversibilidade da decisão judicial. Havendo perigo de irreversibilidade, não há tutela antecipada (CPC, art. 273, § 2º). Por isso, quando o juiz antecipa a tutela, está anunciando que seu decisum nãoé irreversível. Mal sucedida a demanda, o autor da ação responde pelo recebeu indevidamente. O argumento de que ele confiou no juiz ignora o fato de que a parte, no processo, está representada por advogado, o qual sabe que a antecipação de tutela tem natureza precária. Para essa solução, há ainda o reforço do direito material. Um dos princípios gerais do direito é o de que não pode haver enriquecimento sem causa. Sendo um princípio geral, ele se aplica ao direito público, e com maior razão neste caso porque o lesado é o patrimônio público. O art. 115, II, da Lei nº 8.213, de 1991, é expresso no sentido de que os benefícios previdenciários pagos indevidamente estão sujeitos à repetição. Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça que viesse a desconsiderá-lo estaria, por via transversa, deixando de aplicar norma legal que, a contrario sensu, o Supremo Tribunal Federal declarou constitucional. Com efeito, o art. 115, II, da Lei nº 8.213, de 1991, exige o que o art. 130, parágrafo único na redação originária (declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal - ADI 675) dispensava. Orientação a ser seguida nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil: a reforma da decisão que antecipa a tutela obriga o autor da ação a devolver os benefícios previdenciários indevidamente recebidos. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1401560/MT, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/02/2014, DJe 13/10/2015). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 STF: “DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA ALIMENTAR. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já assentou que o benefício previdenciário recebido de boa-fé pelo segurado, em decorrência de decisão judicial, não está sujeito à repetição de indébito, em razão de seu caráter alimentar. Precedentes. 2. Decisão judicial que reconhece a impossibilidade de descontos dos valores indevidamente recebidos pelo segurado não implica declaração de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei nº 8.213/1991. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (ARE 734242 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015, DJe-175 08.9.2015). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Benefício recebido por força de tutela provisória depois revogada. Novidades importantes: STJ: em dezembro/2018, afetou novos recursos especiais repetitivos: Pet nº 12482 / DF, Rel. Min. Og Fernandes (possível revisão do tema) – ainda não julgado. Lei nº 13.846/2019 Alterou o artigo 115 da Lei nº 8.213/91: Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios: II - pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou assistencial indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial, em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da sua importância, nos termos do regulamento; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Benefício recebido por força de tutela provisória depois revogada. Art. 115. § 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Geral Federal os créditos constituídos pelo INSS em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial pago indevidamente ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial, nos termos da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, para a execução judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) § 4º Será objeto de inscrição em dívida ativa, para os fins do disposto no § 3º deste artigo, em conjunto ou separadamente, o terceiro beneficiado que sabia ou deveria saber da origem do benefício pago indevidamente em razão de fraude, de dolo ou de coação, desde que devidamente identificado em procedimento administrativo de responsabilização. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) § 5º O procedimento de que trata o § 4º deste artigo será disciplinado em regulamento, nos termos da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e no art. 27 do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Tutela provisória em matéria previdenciária O “despacho” com o Juiz ou Desembargador Lei nº 8.906/94: “Art. 7º São direitos do advogado: (...) VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada (...)”. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Outros temas processuais importantes 1. Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. 2. Gratuidade de Justiça 3. “Reafirmação da DER” 4. Litisconsórcio no processo previdenciário 5. Prescrição e decadência 6. Provas. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. Constituição Federal: Artigo 5º, XXXV: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. “Inafastabilidade do acesso à jurisdição”, “proteção judicial efetiva”, “livre acesso à justiça”. Dois aspectos: monopólio da jurisdição pelo Poder Judiciário e direito de demandar + direito de responder. Inovações:tutela preventiva e tutela reparatória direitos de qualquer natureza (não só individuais). Art. 3º CPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. Na doutrina, temos várias consequências práticas que decorrem da garantia do direito de ação 1) Proibição de instâncias administrativas de curso forçado: Mas: a) habeas data (artigo 5º, LXXI, CF/88; Lei nº 9.507/97; Súmula 2 do STJ) b) reclamação por descumprimento de súmula vinculante (artigo 7º, § 1º, da Lei nº 11.417/2006 – “Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas”. c) prévio requerimento administrativo em benefícios previdenciários e assistenciais: Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos,a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão [...] (RE 631240, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-220 DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10- 11-2014) Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. Interesse “de agir” (terminologia do CPC de 1939). CPC para interpretar a Constituição Federal? Em resumo: Para concessão, precisa requerimento prévio (não exaurimento). Ameaça surgirá se exceder prazo legal para análise. Não se exige: Quanto o entendimento do INSS por notória e reiteradamente contrário ao pedido do segurado (ex.: LOAS com renda > ¼ sm/capita; ruído e problema da metodologia de aferição – “dosimetria” versus “NHO-1 da Fundacentro”). Nos casos de revisão, restabelecimento e manutenção do benefício antes concedido (INSS tem o dever de conceder o mais vantajoso) Exceto se depender da análise de matéria de fato ainda não submetida ao exame do INSS (por exemplo, novo vínculo de emprego, tempo especial etc.). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Condições da ação e o prévio requerimento administrativo. Nos casos de revisão, restabelecimento e manutenção do benefício antes concedido (INSS tem o dever de conceder o mais vantajoso) Exceto se depender da análise de matéria de fato ainda não submetida ao exame do INSS (por exemplo, novo vínculo de emprego, tempo especial etc.). Decadência? Se exige requerimento administrativo, como fixar o termo inicial do prazo de 10 dez anos do artigo 103 da Lei nº 8.213/91. STJ: RESP 1.612.818 (Tema 996): “sob a exegese do caput do artigo 103 da Lei 8.213/1991, incide o prazo decadencial para reconhecimento do direito adquirido ao benefício previdenciário mais vantajoso” (DJe 13.3.2019). Portanto, é um tema que pode ser levado ao STF (considerando o que ele decidiu sobre o prévio requerimento administrativo). Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. 2) Direito à assistência jurídica e integral Art. 5º [...] LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.... não só judiciária; CPC: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. § 1o A gratuidade da justiça compreende: I - as taxas ou as custas judiciais; II - os selos postais; III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse; V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. CPC: Art. 98. VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira; VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. § 2o A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. § 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. § 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. CPC: Art. 98. § 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. § 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. § 7o Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos emolumentos previstos no § 1o, inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital respectiva. § 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. § 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. § 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 4o A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. § 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. § 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos. § 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. Karen Malavazzi Timpone - 34398003851 Gratuidade da Justiça. Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com
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