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MARIANA MARQUES – T29 INTRODUÇÃO • Sinais flogísticos da inflamação: edema, rubor, dor, calor e perda de função. • A inflamação é uma resposta do sistema imunológico do corpo que acontece quando o organismo se encontra frente a alguma lesão, trauma, radiação ou presença de micro-organismos. AINES: • São anti-inflamatórios não esteroidais que possuem três principais efeitos (analgésicos, antipiréticos e anti- inflamatórios), são usados, principalmente, no tratamento de problemas inflamatórios agudos. AIES - CORTICOIDES: • Usados quando é necessário causar uma imunossupressão no paciente, são sintéticos e produzidos com base em hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais, possuem potente ação anti-inflamatória e são usados, principalmente, no tratamento de problemas inflamatórios crônicos. INFLAMAÇÃO INFLAMAÇÃO AGUDA: • Causada por estímulos mecânicos, químicos, térmicos ou biológicos. • A reposta inflamatória aguda fornece proteção após a lesão tecidual e a infecção, restringindo o dano ao sítio localizado, recrutando células imunes para eliminar o patógeno invasor, iniciando o processo de reparo. • Após a lesão, várias proteínas plasmáticas são ativadas: ▪ Bradicimina: atua aumentando a permeabilidade vascular e ativando os receptores de dor. ▪ Macrófagos: iniciam o processo de fagocitose, passando a produzir, mediadores lipídicos, prostaglandinas (vasodilatação, quimiocinas, IL-1, IL-6 e TNF, os quais caem na circulação e geram efeitos sistêmicos (hipotálamo produz febre). ▪ Mastócitos: liberam principalmente histamina. INFLAMAÇÃO CRÔNICA: • É causada por infecções persistentes, doenças de hipersensibilidade ou por exposição prolongada à agentes potencialmente tóxicos. • É a inflamação de duração prolongada (semanas, meses ou até anos) em que a inflamação, a lesão tecidual e as tentativas de reparo coexistem em várias combinações. • Após a lesão, várias proteínas plasmáticas são ativadas: ▪ Macrófagos: células dominantes na inflamação crônica, secreta citocinas e fatores de crescimento que irão agir em diversas células, destruindo invasores estranhos e tecidos não reconhecidos. ▪ Linfócitos: fornecem defesa contra patógenos. Quando ativados tornam a inflamação persistente. CICLO- OXIGENASES • Ciclooxigenase (COX) é a enzima marca-passo na rota metabólica onde o ácido araquidônico é convertido em prostaglandinas. • COX-1 (constitutiva): está associada à produção de prostaglandinas e resulta em diversos efeitos fisiológicos, como vasodilatação, proteção gástrica, agregação plaquetária, homeostase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo renal. • COX-2 (indutiva): está presente nos locais de inflamação, (endotélio, cérebro, intestinos, rins, testículos, ovários, tireóide, pâncreas). • COX-3 (isoforma da Cox-1): está presente no sistema nervoso central (cérebro, medula espinal) e no coração, pode atuar nos processos de dor e febre e, por isso, sua inibição promove efeito antitérmico e analgésico. FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DOS PROSTANÓIDES • Os prostanóides são compostos principalmente pelas prostaglandinas (mediadoras do processo inflamatório e de reações anafiláticas) e os tromboxanos (mediadores da vasoconstrição). - PROSTAGLANDINAS: ▪ PGE2: atuam no aumento de muco e bicarbonato no trato gastrointestinal e na vasodilatação. ▪ PGD2: atuam na vasodilatação e na inibição da agregação plaquetária. ▪ PGI2 (prostaciclina): atuam na vasodilatação, na inibição da agregação plaquetária e no aumento do muco e do bicarbonato no trato gastrointestinal. ▪ PGF2: atua na contração do uterina. - TROMBOXANO: ▪ TXA2: atua na ativação da agregação plaquetária (efeito pró-agregante) e vasoconstrição. Observação: é importante que a quantidade de PGI2 seja superior à quantidade de TXA2 para que seja evitada a produção de trombos. Anti-inflamatórios MARIANA MARQUES – T29 EFEITO RENAL DAS PROSTAGLANDINAS • PGE e PGI mantém a vasodilatação compensatória na arteríola aferente em resposta à norepinefrina ou angiotensina II. • Os AINES, por bloquearem a ação desses prostanóides, causam redução do seu efeito vasodilatador, podendo reduzir a perfusão e a taxa de filtração glomerular nos rins, causando lesões renais que podem causar insuficiência renal. • Importante em pacientes com comprometimento renal, pacientes idosos, cardiopatas ou hepatopatas. AINES • São os anti-inflamatórios não esteroidais, os quais podem ser seletivos ou não-seletivos. • Possuem propriedades analgésicas, antipiréticas e anti- inflamatórias e são usados no tratamento dos sintomas da inflamação. ▪ Ação analgésica: reduz ou alivia o sintoma de dor. ▪ Ação antipirética: previne ou reduz a febre. ▪ Ação anti-inflamatória: reduz a vasodilatação, o rubor, a permeabilidade e o edema. • São classificados de acordo com suas ações: AINES ATÍPICOS: • Os fármacos dessa classe não possui as três características de ação. • Principais fármacos: AAS, dipirona e paracetamol. - Ácido Acetilsalicílico (AAS): ▪ É o AINE mais prescrito. ▪ Causa um bloqueio irreversível da COX-1. ▪ Muito usado como anti-agregante plaquetário em casos de eventos trombolíticos (IAM - infarto agudo do miocárdio, AVE, TEP - trombo embolia pulmonar) e em pacientes com alto risco de formação de trombos (fibrilação atrial e ataque isquêmico transitório). ▪ Usos: dor leve a moderada (cefaléia, mialgia), antitérmico, anti-agregante plaquetário (doses baixas) e anti-inflamatório (doses de 1g). ▪ Uso crônico: para cirurgias (suspender o uso 10 dias antes do procedimento). ▪ Contraindicações: não recomentado para crianças, pois pode causar síndrome de Reye (disfunção mitocondrial associada a encefalopatia e esteatose hepática microvesicular) e em casos de suspeita de dengue. ▪ Efeitos adversos: pode causar úlceras e hemorragias gástricas, nefrotoxicidade, lesão hepática, aumento da asma, alergias e intoxicação (em caso de doses elevadas). - Acetaminofeno (Paracetamol): ▪ É um AINE extremamente hepatotóxico (as doses diárias devem ser inferiores à 4g). ▪ Usos: utilizado como antipirético e analgésico. ▪ Possui baixo efeito anti-inflamatório. ▪ Afeta com menor intensidade as plaquetas e TGI. ▪ Efeitos adversos: hepatotoxicidade que pode ser controlada por lavagem gástrica. - Dipirona: ▪ Usos: muito utilizado como antipirético e analgésico. ▪ Possui pouco efeito anti-inflamatório. ▪ Sem risco elevado de lesão hepática (paracetamol). ▪ Efeitos adversos: pode causar agranulocitose (redução de neutrófilos, basófilos e eosinófilos), aplasia medular (deficiência na medula) e pode ocorrer hipotermia. AINES TÍPICOS NÃO-SELETIVOS: • Os fármacos dessa classe possuem as três características de ação (analgésica, antipirética e anti-inflamatória). • Por serem fármacos não seletivos, afetam a COX-1 e a 2. • Principais efeitos adversos: úlceras pépticas, lesão renal e problemas na agregação plaquetária. - Ácido Acético: diclofenaco, cetorolaco, indometacina, etodolaco. FÁRMACOS DICLOFENACO INDOMETACINA ETODOLACO Ação COX-1 e 2 COX-1 e 2 + seletivo para COX-2 Usos Artrite reumatoide Osteoartrite Bursite Pós-operatório Dismenorreia Dor (cálculo renal) Artrite reumatóide Gota Doença de Hodgkin Tocolítico Artrite reumatoide Osteoartrite Dores e inflamações gerais Efeitos adversos Sangramento e úlceras no TGI Alergias Edema Diminuição da função renal Reduz eficácia dos Anti- hipertensivos Cefaléia Neutropenia (inibe a motilidade) Trombocitopenia Reduz efeitos dos diuréticos tiazídicos, dos Beta bloqueadores, IECAs e BRA Gastrintestinais e reações de Hipersensibilidade Reduz eficácia dos Anti- hipertensivos MARIANA MARQUES – T29 - Ácido N-fenilantranílico:ácido mefenâmico (ponstan): ▪ É mais seletivo para COX-2. ▪ Usos: dismenorreia, artrite reumatoide, osteoartrite, cefaléia, pós-operatório e dores musculares. ▪ Efeitos adversos: reações gastrointestinais, reações trombolíticas e reações cutâneas. ▪ Contraindicação: pode causar redução da eficácia de anti-hipertensivos. - Ácido Propiônico: cetoprofeno (profenid), naxaprofeno (flanax), ibuprofeno (buscofem, advil, alivium) e flurbiprofeno FÁRMACOS CETROPROFENO NAXAPROFENO IBUPROFENO Usos Artrite reumatoide Osteoartrite Bursite Artrite reumatóide Tendinite Bursite Gota Dismenorreia Cefaleia Febre Dor branda Efeitos adversos Dispepsia Desconforto Gástrico Náuseas Vômitos Dispepsia Desconforto Gástrico Náuseas Vômitos Sonolência Pirose Dor epigástrica Náuseas Pirose Em gravidas: causa fechamento prematuro do ducto arterial e eventos cardiovasculares - Ácido Enólico: meloxicam, piroxicam e teloxicam FÁRMACOS PIROXICAM MELOXICAM Usos Artrite reumatoide Osteoartrite Espondilite Dismenorreia Pós-operatório Gota Osteoartrite Efeitos adversos Sangramentos e úlcera do trato gastrointestinal Lesões gástricas - Não Ácidos: nimesulida. ▪ Usos: tratamentos orais, dismenorréia, inflamações urológicas, inflamação do trato respiratório superior, artrite reumatóide e osteoartrite. ▪ Efeitos adversos: pode causar sangramento do trato gastrointestinal e hepatotoxicidade. AINES TÍPICOS SELETIVOS: • Os fármacos dessa classe possuem as três características de ação (analgésica, antipirética e anti-inflamatória). • Por serem seletivos, atuam somente sobre a COX-2. - Coxibes: etoricoxibe, celecoxibe, valdecoxibe. ▪ Usos: usados em casos de artrite reumatóide, osteoartrite e no pós-cirúrgico. ▪ Efeitos adversos: hipertensão, insuficiência renal e insuficiência cardíaca. AIES • São os anti-inflamatórios esteroidais, também conhecidos por glicocorticóides. • Os glicocorticóides são hormônios esteróides, sintetizados no córtex da glândula adrenal, e metabolizados no fígado e rim, afetando o metabolismo dos carboidratos e reduzindo a resposta inflamatória. • A produção de cortisol (glicocorticoide endógeno) está relacionada a diversos fatores, tais como: o sono, o estresse, a hipoglicemia, as emoções e ao frio, podendo ser produzido em outras condições como em casos de dor excessiva, traumas, queimaduras, hipovolemia, choque e cirurgias. • Mecanismo de ação: os glicocorticóides são lipossoluveis, assim, atravessam a membrana celular e se ligam aos receptores citoplasmáticos. Ondo ocorrerá uma dimerização do receptor ativando-o, o complexo atravessa a membrana nuclear e ativam ou inibem a transcrição gênica e a síntese de proteínas envolvidas com o processo inflamatório. • Efeito dos glicocorticóides na resposta inflamatória: • Usos: podem ser usados de forma tópica, oral, injetável, inalatória ou em spray. ▪ Tópico (dermatite seborreica, dermatite atópica, urticária e eczema): hidrocortisona, betametasona, mometasona, dexametasona, triancinolona. ▪ Oral (doenças endócrinas, osteomusculares, reumáticas, do colágeno, dermatológicas, alérgicas, oftálmicas, respiratórias, hematológicas e neoplásicas): predinisona, deflazacorte, dexametasona, betametasona. ▪ Inalatórios (asma, DPOC, alergias respiratórias): beclometasona, budesonide, fluticasona, ciclesonida, mometasona. ▪ Injetáveis (alterações osteomusculares, condições alérgicas e dermatológicas, doenças do colágeno e tratamento paliativo de tumores malignos): dexametasona, betametasona, hidrocortisona, metilpredinosolona. ▪ Spray (rinite e congestão nasal): fluticasona e mometasona. MARIANA MARQUES – T29 • Para evitar efeitos adversos relacionados à supressão do eixo HHA deve-se utilizar uma dose única matutina, um glicocorticoide de meia-vida curta ou intermediária, ou então de meia-vida longa em dias alternados. • Síndrome da retirada abrupta dos GC: quando a retirada do uso dos GC é realizada dessa forma pode causar o aparecimento de sintomas físicos (anorexia, náuseas, vômitos, letargia, cefaléia, artralgias, mialgias, fraqueza, perda de peso, hipotensão postural, taquicardia, descamação da pele e febre) e psíquicos (mudanças do humor, labilidade emocional, delírio e estados psicóticos) ou causar o restabelecimento da doença, por isso, a retirada deve ser gradual. • Efeitos adversos: retarda o crescimento (em crianças), glaucoma, distribuição centrípeta da gordura corporal, osteoporose, aumento do risco de infecções e de diabetes, aumento do apetite, distúrbios emocionais, hipopotassemia, hipertensão, edema periférico.
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