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Morfofisiologia e genética bacteriana 1 🦠 Morfofisiologia e genética bacteriana 1- Descrever a morfologia bacteriana e sua caracterização (importância e função) Células de animais, plantas e fungos são eucariotas. Bactérias, arquebactérias e algas azuis-esverdeadas são procariotas. O cromossomo de uma bactéria típica é uma molécula circular única, de dupla fita, de DNA; Os seres humanos têm 2 cópias de 23 cromossomos; As bactérias utilizam ribossomo menor, o ribossomo 70s e na maioria das bactérias, uma estrutura tipo emaranhado, a parede celular de peptideoglicano, que envolve as membranas para protegê-las do meio ambiente. Classificação Bacteriana: Distinção micrscópica e macroscópica: A distinção inicial das bactérias pode ser feitas pelas características de crescimento em diferentes meios nutrientes e seletivos. As bactérias crescem em colônias. O somatório das características individuais dos organismos determina as características coloniais, tais como cor, tamanho, forma e cheiro. A aparência microscópica; incluindo tamanho, forma e morfologia dos organismos (cocos, bacilos, curvos ou em espiral) e sua capacidade de reter a coloração gram positiva ou negativa são características primárias para diferenciar bactérias. Uma bactéria esferica é um coco; em forma de bastonete é um bacilo e semelhante a uma cobra é o espirilo. Morfofisiologia e genética bacteriana 2 Teste para a coloração gram: As bactérias são fixadas a quente ou deixadas secar sobre uma lâmina, coradas com cristal violeta,um corante que é precipitado com iodo (lugol), e, em seguida, o corante não ligado ou em excesso é removido por lavagem com descorante à base de acetona e água. Um contracorante vermelho, a safranina, é adicionado para corar as células descoradas. Esse processo leva menos de 10 minutos. Para as bactérias Gram‐positivas, que se tornam roxas, o corante fica preso em uma estrutura grossa e emaranhada, acamada de peptidoglicano, que circunda a célula. As bactérias Gram‐ negativas possuem uma fina camada de peptidoglicano que não retém o corante cristal violeta, e então as células são coradas com safranina e tornam‐ se vermelhas; obs.: a coloração gram perde a confiabilidade para bactérias que estão desnutridas por longo tempo ou que foram tratadas com antibiótico devido à degradação dos peptideoglicanos. Diferenciação metabólica, antigênica e genética O próximo nível de classificação baseia-se nas propriedades metabólicas; que incluem a necessidade de ambientes anaeróbicos ou aeróbicos, necessidade de nutrientes específicos, produção de produtos metabólicos e de enzimas específicas. Uma determinada cepa bacteriana pode ser diferenciada a partir da utilização de anticorpos para detectar antígenos característicos da bactéria (sorotipagem); é também utilizada para subdividir as bactérias além do nível de espécie, para fins epidemiológicos; O método mais precioso para a classificação das bactérias é através da análise de material genético. Estrutura Bacteriana: Estruturas Citoplasmáticas: O citoplasma contém o DNA cromossômico, o RNA mensageiro, ribossomos, proteínas e metabólitos. Ao contrário das eucariotas, a maioria dos cromossomos bacterianos é uma fita Morfofisiologia e genética bacteriana 3 única circular de cadeia dupla, que não está contida em um núcleo, mas em uma área definida conhecida como nucleóide; algumas bact. podem ter 2 ou 3 cromossomos circulares ou até mesmo 1 único cromossomo linear. As histonas não estão presentes para manter a conformação do DNA; e o DNA não forma nucleossomos. os plasmídeos, que são fragmentos extracromossômicos menores de DNA circular, também podem estar presentes; não são essenciais para a sobrevivência celular, mas fornecem uma vantagem seletiva: resistência. A falta de uma membrana nuclear simplifica as necessidades e os mecanismos de controle para a síntese de proteínas. Sem ela, a transcrição e tradução são acopladas; ou seja, os ribossomos podem ligar-se ao RNAm e a proteína pode ser produzida ao mesmo tempo que o RANm está sendo sintetizado e ainda ligado ao DNA; O ribossomo bacteriano consiste nas subunidades 30S + 50S, formando um ribossomo 70S (o eucariótico é 80S (40+80) ); As proteínas e RNA do ribossomo bacteriano são diferentes dos eucarióticos e são os principais alvos dos antimicrobianos; A membrana plasmática tem uma estrutura de bicamada lipídica semelhante à estrutura das membranas eucarióticas, mas não contem esteroides (ex.: colesterol), os micoplasma são a exceção a essa regra; A membrana citoplasmática é responsável por muitas funções atribuídas às organelas nos eucariotas; essas tarefas incluem o transporte de elétrons e a produção de energia; ela contém proteínas de transporte que permitem a absorção dos metabólitos e a liberação de outras substâncias, bomba de íons para manter o potencial de membrana e enzimas. O interior da membrana está alinhado com filamentos de proteínas do tipo actina, que ajudam a determinar a forma das bactérias e o local de formação do septo para divisão celular. Parede celular: A estrutura, componentes e funções da parede células distinguem as células gram negativas de positivas. Componentes da parede celular também são únicos para as bactérias; e as suas Morfofisiologia e genética bacteriana 4 estruturas repetitivas se ligam a receptores-padrão de patógeno de células humanas para induzir a resposta a imunidade inata. As camadas rígidas de peptidoglicano (mureína) circundam as membranas citoplasmáticas da maioria das procariotas; as exceções são a archaea (contém pseudoglicanos), os micoplasmas (não contém). Bactérias Gram-positivas: A gram-positiva apresenta uma parede celular espessa, de múltiplas camadas, que consiste principalmente em peptideoglicano em torno da membrana citoplasmática; esse peptideoglicano é tipo um exoesqueleto, mas suficientemente poroso para permitir a difusão de metabólitos até a membrana plasmática; O peptideoglicano é essencial para a estrutura, replicação e sobrevivência em condições normalmente hostis onde as bactérias crescem. O peptideoglicano pode ser degradado por lisozima; que é uma enzima presente na lágrima e no muco dos seres humanos, e também por bactérias e outros organismos; a lizosima cliva o esqueleto central de glicano do peptidoglicano, sem o peptidoglicano as bactérias não resistiriam às dificuldades; A parede celular das positivas também podem incluir outros componentes, como proteínas, ácidos teicoicos e lipoteicos e polissacarídeos complexos ; os ácidos teicoicos e lipoteicos são antígenos comuns de superfície bacteriana que distinguem sorotipos bacterianos e promovem a fixação das bactérias aos receptores específicos das superfície das células de mamíferos; Bactérias Gram-negativas: A parede celular dessas é mais complexa que da positiva, tanto estrutural como quimicamente. Estruturalmente, a parede celular da negativa possui 2 camadas externas à membrana citoplasmática; imediatamente externo a membrana citoplasmática existe uma fina camada de peptidoglicano; ácidos teicoicos ou lipoteicoicos não estão Morfofisiologia e genética bacteriana 5 presentes; Externa a camada de peptideoglicanos existe uma membrana externa, que é única para negativas; a área entre a superfície externa da membrana citoplasmática e a superfície interna da membrana exterior é chamada de espaço periplasmático. nele contém ferro, proteínas, açucares e outros metabólitos; e uma variedade de enzimas hidrolíticas que são importantes na clivagem de macromoléculas para o metabolismo; A parede celular das gram-negativas tbm é a atravessada por diferentes sistemas de transporte, incluindo os sistemas de secreção dos tipos I, II, III, IV e V; os sistemas de transporte oferecem mecanismos para captação e liberação de diferentes metabólitos e outros compostos; a produção de sistemas de secreção pode ser induzida durante a infecção e contribui para a virulênciado microorganismo., transportando moléculas que facilitam a adesão bacteriana ou o crescimento intracelular. o do tipo III é o principal fator de virulência; As membranas externas são exclusivas para gram-negativas; é como um saco de lona rígido em torno das bactérias que mantém a estrutura bacteriana e funciona como uma barreira de permeabilidade entre grandes moléculas e moléculas hidrofóbicas; ele também protege contra condições ambientais adversas; ela apresenta uma estrutura em bicamada assimétrica que difere de qualquer membrana biológica na monocamada exterior; A membrana interior contém fosfolipídeos normalmente encontrado; no entanto, a monocamada externa geralmente é composta por lipopolissacarídeos (LPS) (é o único local que elas são encontradas); O LPS também é chamado de endotoxina, potente estimulador da resposta imune e inata. é liberado pelas bactérias do hospedeiro; liga-se a receptores padrão de patógeno, ativa células B e induz macrófagos, células dendríticas e etc; liberam IL1 e 6, fator de necrose tumoral (FNT) e outros fatores; O LPS induz febre e pode causar choque; a reação de shwartzman (coagulação intravascular disseminada) ocorre após a liberação de grandes quantidades de endotoxinas no sangue; Morfofisiologia e genética bacteriana 6 O conteúdo de proteína total da membrana externa é de mais concentração que na membrana citoplasmática, apesar de ser limitada de variedade, é muito em quantidade; muita dessas proteínas localizam-se de forma transversal na bicamada lipídica e são denominadas de proteínas transmembranas; Um grupo dessas proteínas é conhecido como porinas, pois formam poros, que permitem passagem de metabólitos e moléculas pequenas de antimicrobianos hidrofílicos; A membrana externa é conectada à membrana citoplasmática em pontos de adesão e é unida ao peptidoglicano através de lipoproteína; A membrana externa é mantida unida por ligações de cátions divalentes (Mg+2 e Ca+2) entre os fosfatos das moléculas de LPS e as interações hidrofóbicas entre o LPS e as proteínas. Essas interações produzem uma membrana forte e rígida que só pode ser rompida por antibióticos (p.ex., polimixina) ou pela remoção dos íons Mg e Ca. Estruturas Externas: Algumas bactérias são envolvidos por polissacarídeos soltos ou por camadas de proteínas denominada cápsulas, algumas vezes referidas como slime ou glicocálix; elas não são necessárias para o crescimento das bactérias, mas são muito importantes para a sobrevivência no hospedeiro; a cápsula é fracamente antigênica e antifagocítica e é um importante fator de virulência; também pode atuar como barreira para moléculas hidrofóbicas tóxicas e pode promover a adesão a outras bactérias ou a tecidos; Algumas bactérias produzem um biofilme polissacarídeo (protege a comunidade bacteriana de antibiótico); Os flagelos são estruturas propulsoras tipo hélices, compostas por proteína helicoidal enrolada (flagelina), que são ancoradas nas membranas bacterianas, através de um gancho e estruturas do corpo basal e são orientadas por potencial de membrana; o potencial de membrana dá força ao motor proteico, que gira numa hélice em forma de chicote, composta de várias unidades de Morfofisiologia e genética bacteriana 7 flagelina; os flagelos promovem motilidade, permitindo que as bactérias se movimentem (quimotaxia) em direção a nutrientes. As fímbrias (pili) são estruturas semelhante a pelos, presentes na superfície externa das bactérias; são compostas de subunidades proteicas (pilina); são menores em diâmetro que os flagelos; não são estruturas enroladas; promovem adesão a outras bactérias e ao hospedeiro; a ponta delas pode conter proteínas (lectinas) que se ligam a açucares específicos; 2- Diferenciar as bactérias que fazem parte da microbiota do TGI, respiratório, urogenital e pele, das patogênicas de interesse clínico Morfofisiologia e genética bacteriana 8 Morfofisiologia e genética bacteriana 9 Morfofisiologia e genética bacteriana 10 3- Explicar a fisiologia, o crescimento e a reprodução bacteriana Os fatores necessários para o crescimento microbiano podem ser físicos e químicos; Fatores físicos: Temperatura: os m.o são classificados em 3 grupos na faixa de temperatura que eles preferem: (1) psicrófilos - micróbios que gostam de frio 0º 15º - (2) mesófilos - gostam de temperaturas moderadas 25 a 40º - (3) termófilos - gostam de calor 50 a 60º-; Morfofisiologia e genética bacteriana 11 Cada espécie cresce na temperatura mínima, ótima (cresce melhor) e máxima específica; pH: a maioria cresce em uma faixa estreita de pH próxima a neutralidade; pH entre 6,5 e 7,5; Mas existem bactérias acidófilas, extraordinariamente tolerante à acidez; Pressão Osmótica: Quando uma célula microbiana está em uma solução cuja concentração de solutos é mais elevada que dentro da célula (ambiente hipertônico), a água atravessa a membrana celular para o meio com a concentração mais elevada de soluto. Essa perda osmótica de água causa plasmólise, ou o encolhimento do citoplasma da célula; O crescimento da célula é inibido à medida que a membrana plasmática se afasta da parede celular; Alguns organismos (hialófilos extremos) se adaptaram tão bem a altas concentrações de sais que se tornaram hialófilos obrigatórios; Hialófilos facultativos são mais comuns; Se a pressão osmótica é anormalmente baixa (o ambiente é hipotônico) – como na água destilada, por exemplo –, a água ten- de a entrar na célula, em vez de sair. Alguns microrganismos que têm uma parede celular relativamente frágil podem ser lisados com esse tratamento. Fatores Químicas: Carbono: é o esqueleto estrutural da matéria viva; quimio- heterotróficos obtêm a maior parte do seu carbono de sua fonte de energia (materiais orgânicos como proteínas, carbo e lipídios); os quimio-autotróficos e os fotoautotróficos derivam seu carbono do CO2; Nitrogênio, enxofre e fósforo: A síntese de pt requer quantidades de nitrogênio e enxofre; a síntese de DNA e RNA requer nitrogênio e algum fósforo; assim como p/ síntese de ATP; Organismos utilizam nitrogênio essencialmente para formar o grupo amino dos aa das proteínas; O enxofre é utilizado para sintetizar os aa contendo enxofre e vitaminas; O fósforo é essencial para síntese de ácidos nucléicos e de fosfolipídeos das membranas celulares. Morfofisiologia e genética bacteriana 12 Elementos-traços: requerem qtds. muito pequenas de outros elementos minerais, como ferro, cobre, molibdênio e zinco; a maioria é essencial às funções de certas enzimas; Divisão Bacteriana: O crescimento bacteriano se refere ao aumento de bactérias e não ao aumento do tamanho das células; as bactérias normalmente se reproduzem por fissão binária; algumas por brotamento; Fases de Crescimento: Fase lag: durante certo tempo, o nº de células muda pouco, pois elas não se reproduzem imediatamente em um novo meio; esse período de pouca ou nenhuma divisão é chamado lag; Mas, as células não estão dormentes; a população microbiana passa por um período de intensa atividade metabólica, envolvendo principalmente a síntese de enzimas e várias moléculas; Fase log: as células começam a se dividir e entram em um período de crescimento, chamado fase log ou de crescimento exponnecial; a repdoução celular é mais ativa durante esse período e o tempo de geração atinge um mínimo constante; Fase estacionária: eventualmente, a velocidade de reprodução diminui e o número de mortes microbianas é equivalente ao número de células novas, e a população se estabiliza; a causa da interrupção do crescimento exponencial não é clara; o esgotamento de nutrientes, acúmulo de resíduos e mudanças do pH podem ser motivos; Fase de morte celular: o nº de mortes excede o nº de novas células e a população entra em fase de morte ou declínio logarítmico; ela continua até que a população tenha diminuído para uma pequena fração do número de células da fase anterior ou que a população morratotalmente; Reprodução: A maioria das bactérias se multiplica pelo processo de reprodução assexuada; na maioria, o modelo é a fissão binária Morfofisiologia e genética bacteriana 13 transversal (cissiparidade); na qual as células se dividem em 2 células filhas; previamente a divisão, os conteúdos celulares se duplicam e o material genético é replicado; a medida que a célula parental aumenta, a membrana plasmática se estende e o material nuclear se separa; A divisão celular (citoplasma) ocorre na região entre 2 nucleóides; assim, após todo o material duplicado, as células- filhas podem separar-se completamente; Outros tipos de Reprodução: Brotamento: uma pequena protuberância cresce na extremidade da célula; ele aumenta e eventualemnete torna-se uma nova células e então se separa da célula parental; Morfofisiologia e genética bacteriana 14 Produção de esporos: espécies de streptomyces e outros actinomicetos produzem cadeias de esporos chamados conídios; cada conídio dá origem a um novo organismo; 4- Descrever as vias metabólicas bacterianas Todas as células necessitam de suprimento constante de energia para sobreviver; essa energia é derivada da degradação controlada de vários substratos orgânicos; o processo de quebra (conversão em sua forma utilizável) é o catabolismo; A energia produzida pode então ser utilizada na síntese dos constituintes celulares, um processo conhecido como anabolismo; juntos, correlacionados, formam o Metabolismo Intermediário; O processo metabólico inicia com a hidrólise de grandes macromoléculas por enzimas específicas no espaço extracelular; as menores moléculas que são produzidas são transportadas através da membrana até o citoplasma por mecanismos de transporte ativo ou passivo; os metabólitos são convertidos por uma ou mais vias a um intermédio universal comum, o ácido pirúvico; a partir dele, carbonos podem ser destinados para a produção de enrgia ou síntese de outros carbiodratos, aa, lipídeos e ácidos nucleicos; Em vez de liberar toda a energia da glicose na forma de calor (como para combustão), as bactérias degradam a glicose em passos discretos e capturam a energia em formas químicas e eletroquímicas utilizáveis. A energia química ocorre tipicamente na forma de uma ligação de fosfato de alta energia, no trifosfato de adenosina (ATP) ou trifosfato de guanosina (GTP), ao passo que a energia eletroquímica é armazenada por redução (adição de elétrons) da nicotinamida‐ adenina dinucleotídeo (NAD) ao NADH ou da flavina‐adenina dinucleotídeo (FAD) para FADH2. O NADH pode ser convertido por uma série de reações de oxidação‐redução em gradientes de potencial elétrico (Eh) e químico (pH) através da membrana citoplasmática. A energia eletroquímica pode ser utilizada pela ATP sintase para propulsionar a fosforilação do ADP em ATP e também mover a Morfofisiologia e genética bacteriana 15 rotação de flagelos e o transporte de moléculas através da membrana. Bactérias podem produzir energia a partir da glicose por — em ordem de aumento de eficiência — fermentação, respiração anaeróbica (ambas ocorrem na ausência de oxigênio) ou respiração aeróbica. A respiração aeróbica é capaz de converter completamente os seis carbonos da glicose em CO2 e água (H2O) mais energia, enquanto os produtos da fermentação são compostos de dois ou três carbonos. Para uma discussão mais completa do metabolismo, é recomendado consultar um livro de bioquímica. Glicólise e Fermentação: A via glicolítica mais comum, a via Embden‐Meyerhof‐Parnas (EMP), ocorre tanto em condições aeróbias e anaeróbias. Essa via produz duas moléculas de ATP por cada molécula de glicose, duas moléculas de forma reduzida do nicotinamida‐ adenina dinucleotídeo (NADH) e duas moléculas de piruvato. A fermentação ocorre sem oxigênio, e o ácido pirúvico produzido pela glicólise é convertido em diversos produtos finais, dependendo da espécie bacteriana. Muitas bactérias são identificadas baseando‐se nos seus produtos finais da fermentação (Fig. 13‐2). Essas moléculas, mais que o oxigênio, são usadas como aceptores de elétrons para reciclar o NADH a NAD. Em leveduras, o metabolismo fermentativo resulta na conversão de piruvato a etanol e CO2. A fermentação alcoólica é incomum em bactérias, as quais usualmente utilizam a conversão, em uma etapa, de ácido pirúvico a ácido lático. Esse processo é responsável pela transformação de leite em iogurte e repolho em chucrute. Outras bactérias utilizam vias fermentativas mais complexas, produzindo diversos ácidos, álcoois e, frequentemente, gases (muitos dos quais possuem odores desagradáveis). Esses produtos conferem sabores a diversos queijos e vinhos, e odores a feridas e outras infecções. Respiração Aeróbica: Morfofisiologia e genética bacteriana 16 Na presença de oxigênio, o ácido pirúvico produzido na glicólise e no metabolismo de outros substratos pode ser completamente oxidado (combustão controlada) a H2O e CO2 utilizando‐se o ciclo do ácido tricarboxílico (ATC), o qual resulta na produção adicional de energia. O processo começa com a produção de acetil‐coenzima A (acetil‐CoA) e liberação de CO2, e também produz duas moléculas de NADH a partir do piruvato. Os dois carbonos restantes derivados de piruvato no acetil‐CoA, em seguida, entram no TCA acoplando ao oxaloacetato para formar a molécula citrato de seis carbonos. Em uma série de passos de reações oxidativas, o citrato é convertido de volta a oxaloacetato (ciclo). O rendimento teórico de cada mol de piruvato é de 2 moles de CO2, 3 moles de NADH, 1 mol de flavina‐ adenina dinucleotídeo (FADH2) e 1 mol de trifosfato de guanosina (GTP). O ciclo do ATC permite que o organismo produza substancialmente mais energia por mol de glicose que seria possível apenas pela glicólise. Adicionalmente ao GTP (um equivalente do ATP) produzido pela fosforilação ao nível do substrato, a conversão do NADH e FADH2 de volta a NAD e FAD contribui com elétrons para a cadeia de transporte de elétrons para produzir ATP. Nessa cadeia, os elétrons são transpostos passo a passo através de uma série de pares doador‐aceptor (p.ex., citocromos) e, finalmente, ao oxigênio (respiração aeróbica) para produzir 3 moléculas de ATP para cada molécula de NADH e 2 ATP para cada FADH2. Enquanto a fermentação produz apenas duas moléculas de ATP por glicose, o metabolismo com transporte de elétrons e o ciclo do ATC completo pode gerar 19 vezes mais energia (38 moléculas de ATP) a partir do mesmo material de partida (e com odor bem mais agradável). Além da produção eficiente de ATP a partir da glicose (e de outros carboidratos), o ciclo do ATC proporciona uma forma na qual os carbonos derivados de lipídios (na forma de acetil‐CoA) podem ser direcionados, tanto para a produção de energia, quanto para a formação de precursores biossintéticos. O ciclo ainda inclui diversos pontos nos quais aminoácidos desaminados podem ser inseridos. A desaminação do ácido glutâmico, por exemplo, Morfofisiologia e genética bacteriana 17 produz α‐cetoglutarato, enquanto a desaminação do ácido aspártico gera oxaloacetato, sendo ambos intermediários do ciclo do ATC. Assim, o ciclo do ATC apresenta as seguintes funções: 1. É o mecanismo mais eficiente para a geração de ATP. 2. Atua como uma via final comum para a completa oxidação de aminoácidos, ácidos graxos e carboidratos. 3. Fornece intermediários‐chave (i.e., α‐cetoglutarato, piruvato, oxaloacetato) para a síntese de aminoácidos, lipídios, purinas e pirimidinas. As duas últimas funções fazem com que o ciclo do ATC seja chamado de ciclo anfibólico (i.e., pode atuar tanto na degradação quanto na síntese de moléculas). Respiração Anaeróbica: Durante a respiração anaeróbia, outros aceptores de elétrons terminais são usados em vez do oxigênio. O nitrato pode ser convertido em NH4, sulfato ou enxofre molecular para H2S, CO2 a metano, íon férrico a íon ferroso, e fumarato e succinato. Menos ATP é produzidopara cada NADH que durante a respiração aeróbia, porque o potencial de oxidação‐redução é menor para essas reações. Essas reações são utilizadas por bactérias anaeróbias facultativas no trato GI e outros ambientes anaeróbicos. Via das Pentoses Fosfato: A via final de metabolismo da glicose aqui apresentada é conhecida como via das pentoses fosfato, ou desvio de hexose monofosfato. A função dessa via é gerar precursores dos ácidos nucleicos e poder redutor na forma de nicotinamida‐ adenina dinucleotídeo fosfato (forma reduzida) (NADPH) para uso na biossíntese. 5- Descrever os mecanismos de transferência gênica entre as células bacterianas Morfofisiologia e genética bacteriana 18 A troca de DNA entre as células permite o intercâmbio de genes e características entre elas, produzindo novas cepas bacterianas; o DNA transferido pode ser integrado ao cromossomo do receptor ou ser mantido de forma estável como um elemento extracromossômico (plasmídeo) ou vírus bacteriano (bacteriófago) e ser passado às bactérias-filhas como unidade autônoma de replicação; Plasmídeos são pequenos elementos genéticos que se replicam independentemente do cr. bacteriano; assim como o DNA do cr. bacteriano, os plasmídeos podem se replicar de maneira autônoma e por isso, são chamados replicons. alguns plasmídeos, como F. da E. coli são epissomas, o que significa que são capazes de se integrar ao DNA cromossômico do hospedeiro; eles podem não ser essenciais mas criam uma vantagem seletiva para as bactérias; Plasmídeos grandes, como o fator de fertilidade F. da E. coli ou fator de transferência de resistência podem mediar sua transferência de uma célula para outra por o processo de conjugação; Bacteriógafos são vírus bacterianos contendo genoma de DNA ou RNA normalmente protegidos por uma membrana ou um invólucro proteico; podem sobreviver fora de uma célula hospedeira e ser transmitido de uma célula para outra; bacteríofagos infectam uma célula bacteriana e, ou se replicam em grandes quantidades, causando lise celular (infecção lítica) ou se integram ao genoma hospedeiro sem matar o hospedeiro; Transpósons são elementos genéticos móveis que podem transferir DNA desntro de uma célula, tanto de uma posição para outra no genoma, quanto em diferentes moléculas de DNA; Transferência Gênica: Transformação: a bactéria absorve a molécula de DNA dispersas no meio e são incorporadas à cromatina; Conjugação: pedaços de DNA passam diretamente de uma bactéria doadora, o "macho", para uma receptora, a "fêmea". Isso Morfofisiologia e genética bacteriana 19 acontece através de microscópicos tubos protéicos, chamados pili, que as bactérias "macho" possuem em sua superfície. O fragmento de DNA transferido se recombina com o cromossomo da bactéria "fêmea", produzindo novas misturas genéticas, que serão transmitidas às células-filhas na próxima divisão celular. Tradução: moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria a outra usando vírus como vetores (bactériófagos). Estes, ao se montar dentro das bactérias, podem eventualmente incluir pedaços de DNA da bactéria que lhes serviu de hospedeira. Ao infectar outra bactéria, o vírus que leva o DNA bacteriano o transfere junto com o seu. Se a bactéria sobreviver à infecção viral, pode passar a incluir os genes de outra bactéria em seu genoma. Endosporos:
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