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Ginecologia Anna Victória T17 1 INTRODUÇÃO Comentário do professor: • Infertilidade conjugal ✓ Primária (casal que nunca gestou) ✓ Secundária (casal que já teve uma gestação anterior e depois não consegue mais engravidar) • Esterilidade conjugal (o casal de alguma maneira tem alguma patologia e não consegue engravidar) CONCEITOS • Infertilidade conjugal: quando não surge uma gravidez após um ano de exposição ao coite, em casal sexualmente ativo e sem uso de métodos anticonceptivos (Larsen, 2005) • Primária: quando não se pode confirmar a existência prévia de alguma gestação; • Secundária: quando há registro confiável de pelo menos uma gravidez no passado; • Esterilidade conjugal: para aquelas condições nas quais existem uma causa que impede de modo definitivo a obtenção de uma gravidez. QUANDO INVESTIGAR? Um ano de coito regular sem proteção ou antes se: • Idade feminina maior que 35 anos (quanto maior a idade da mulher menor a capacidade reprodutiva dela) • História de oligomenorreia/amenorréia (ou diagnóstico de ovário policísticos) • Suspeita ou história prévia de endometriose III/IV (fator que dificulta gravidez) • Doença tubária e/ou uterina suspeitada ou confirmada • Parceiro sabidamente ou com suspeita de subfertilidade (criptorquidia bilateral, traumas, infecções, quimioterapia, radioterapia pélvica) ou quando o casal questiona a fertilidade masculina. EPIDEMIOLOGIA • A infertilidade conjugal acomete 10 a 15% dos casais; hoje em dia acomete até 35% dos casais • As mulheres vão pensar em engravidar hoje → idade avançada (com o passar da idade diminui a quantidade de folículos → maior dificuldade em engravidar) IDADE X DISFUNÇÃO OVULATÓRIA • Na vida embrionária a mulher já tem uma quantidade de folículos muito grande, esses folículos no nascimento já diminuem bastante (já na vida fetal começa a perder os 2 folículos, eles entram em processo de atresia) • Na puberdade, a mulher apresenta muito menos folículos e quando chega na menopausa ela irá ter menos de 1.000, consequentemente a ovulação dela irá ficar mais escassa e liberará menos ovócitos • Além de diminuir a quantidade de folículos com o passar da idade, a qualidade de ovócitos também diminui. Então, a mulher além de ter diminuição da fertilidade, consequentemente, engravidar com mais dificuldade vai ter abortamentos (as vezes de repetição), pois apresenta mais chances de aneuploidias (devido a má qualidade dos ovócitos). O QUE LEVA A INFERTILIDADE? • Fator masculino (sêmen) – até 30% • Fator feminino: ✓ Diminuição da reserva ovariana ✓ Fator ovulatório ✓ Fator tubário ✓ Fator uterino (corporal) ✓ Fator pélvico ✓ Causa inexplicada Comentários: • Hiperprolactinemia é uma causa de infertilidade, pois a prolactina é um hormônio que compete com o estrogênio (o receptor da prolactina é o mesmo do que o do estrogênio). Então, quando tem muita prolactina circulante ela se liga ao receptor de estrogênio, ficando muito estrogênio circulante e a mulher fica na primeira fase constante. • Na ovulação o estrogênio vai aumentando e quando chega no 13º dia numa mulher que tem o ciclo menstrual de 28 dias, ele dá uma subida, essa subida de estrogênio (pico de estrogênio) faz com que ocorra o pico de LH 24 horas depois. Quando ocorre o pico de LH o folículo rompe, a mulher ovula; • Quando o estrogênio está muito alto, como no caso da Hiperprolactinemia, ele está tão alto que não ocorre o pico, consequentemente não ocorre o pico de LH, então, a mulher não ovula. (QUESTÃO DE RESIDÊNCIA) • Fator ovulatório e fator tubário (é uma associação dos dois). ROTEIRO SEMIOLÓGICO MÍNIMO Anamnese • História menstrual • História obstétrica • História sexual • História cirúrgica • História familiar • Antecedentes patológicos Exame físico • Geral • Ginecológico Exame do parceiro (encaminhar para o urologista) • Homem: história reprodutiva e análise seminal • Mulher: ✓ História reprodutiva e avaliação ovulação (clínica e dosagem de progesterona) - avaliar se ela está menstruando ou não e indiretamente dosamos a progesterona (quando a 3 mulher tem a ovulação começa a produção do corpo lúteo, o corpo lúteo é responsável pela produção da progesterona. Se a progesterona está baixa a mulher não está ovulando, pois depois da ovulação a progesterona sobe; ✓ Avaliação permeabilidade tubária (HSG ou LPSC com cromotubagem) A investigação básica complementar visa responder, de modo preliminar, a quatro questões: 1- A avaliação seminal é normal? (solicitar espermograma) 2- A ovulação é normal? (tem 2 maneiras de avaliar a ovulação: dosagem da progesterona (pico 21-23 dia ciclo) e ultrassonografia transvaginal - USTV) 3- A reserva ovariana é adequada? (Ultrassonografia transvaginal de preferência, solicitar o FSH na 1ª fase do ciclo (3-5 dia do ciclo menstrual; <10), solicitar o hormônio antimulleriano nas mulheres com mais de 35 anos, é um exame mais caro) – contagem dos folículos 4- O canal reprodutor é normal? - Fator tubário (histerossalpingografia, USTV) - Fator uterino (USTV) - Laparoscopia reserva-se para aqueles casos com suspeita de endometriose (diagnóstico e retira os focos de endometriose) - Histeroscopia: exame padrão ouro para avaliar o endométrio. 5- Pelve é normal? ESPERMOGRAMA • Coleta: masturbação • Abstinência: 2-5 dias (máximo 7 dias) • Se exame alterado, colher pelo menos duas amostras com intervalo superior a 90 dias. • Concentração abaixo de 15 milhões → encaminhar para o urologista AVALIAÇÃO FATOR FEMININO Ovulação → Anamnese • Regularidade menstrual • Dosagem progesterona: confirma (sem definir qualidade) – na 2ª fase do ciclo • Previsão ovulação (US) Ciclo menstrual • Tudo que acontece a nível de ovário acontece no útero também, por isso conseguimos avaliar na ultrassonografia se está no período pré-ovulatório, 1ª fase do ciclo ou 2ª fase do ciclo; FUNÇÃO/RESERVA OVARIANA: COMO AVALIAR Contagem de folículos antrais (CFA) • Quanto maior a quantidade de folículos antrais maior é a chance de a mulher responder aos indutores de ovulação • A última imagem, onde se tem dois folículos, é de uma mulher que está na perimenopausa (quase não tem quantidade de folículo) 4 • CFA ✓ 7 a 20: normal ✓ < 7: má resposta ✓ > 20: hiper resposta AVALIAÇÃO CASAL INFÉRTIL RESERVA OVARIANA HORMÔNIO ANTIMULLERIANO • É importante dosar o hormônio antimulleriano na mulher que vai fazer indução de ovulação com medicações mais fortes, que não sejam orais, pois a partir de então, dá para ter uma noção se a paciente vai fazer uma hiper estimulação (hiper- resposta). AVALIAÇÃO DO FATOR TUBÁRIO • Avalia-se de duas maneiras: histerossalpingografia ou através da laparoscopia • Sem suspeita de comorbidades (doença inflamatória pélvica, prenhez ectópica prévia ou endometriose) → HSG (histerossalpingografia) Histerossalpingografia • Exemplo de questão: “Paciente teve abortamento, fez uma curetagem uterina, depois tentou engravidar e não conseguia mais. Realizou o exame de ultrassom e sugeriu que ela apresentava sinequia intrauterina, fez a histerossalpingografia e confirmou a sinequia” • Sinequias são umas “traves” que ficam no endométrio, o endométrio fica como se estivesse colabado com essas traves devido ao procedimento de curetagem → Síndrome de Asherman (é uma das causas de infertilidade). Suspeita de comorbidades (por exemplo endometriose) → oferecer laparoscopia. • Na imagem, essas partes mais roxinhas são focos de endometriose no ovário 5 FATOR CORPORAL (NO CORPO DO ÚTERO) • Pode ser devidoa mioma, pólipo, útero mal- formado, sinéquias. Ultrassom • Endometriose do ovário: forma-se uma cápsula ao redor do ovário, pega a cápsula do ovário e engloba nele → endometrioma; Histerossonografia • Hoje em dia estão fazendo menos esse exame. É um exame de ultrassonografia onde se injetava soro fisiológico no útero para visualizar melhor uma imagem que se estava na dúvida • Classificação dos miomas devido a localização: se estiver no endométrio é submucoso. Histeroscopia • Para dar diagnósticos de mioma submucoso, pólipos e sinéquias FATOR PÉLVICO Endometriose (principal causa do fator pélvico) • Incidência de 6 a 10% das mulheres em idade fértil • 25 a 50% das mulheres inférteis tem endometriose 6 • Peritônio, ovários e septo retrovaginal • Distorção anatômica • Laparoscopia – diagnóstico e estadiamento • Ultrassonografia • Aderências AVALIAÇÃO TIREÓIDE NA INFERTILIDADE • Solicitar anti-TPO e anti-tireoglobulina quando TSH > 2,5 IU/ml (grau C) • Considera-se o tratamento com levotiroxina se houver anticorpos presentes com TSH > 2,5 IU/ml ou TSH > 4,0 IU/ml (grau B-ASRM). TRATAMENTO DA INFERTILIDADE CONJUGAL 1. Indução de ovulação 2. Inseminação intra uterina 3. Fertilização in vitro 4. Tratar o parceiro Indução de ovulação – Quem indicar? • Fator ovulatório • Subfertilidade masculina (≥ 5.000.000 sptz móveis/ml) • ESCA Indicação coito programado: • Fator anovulatório Indicações de inseminação intra uterina: Citrato de Clomifeno – Inibidores da aromatase – Como usar? • Indução da ovulação – se for o citrato de clomifeno (o mais usado) a pct vai usar entre o 3 e 7º dia do ciclo, pode usar 50 a 150 mg/dia e o inibidor da aromatase a pct usa do 2 ao 5º dia do ciclo - letrozol (2,5 – 5 mg/dia); • Fica fazendo as ultrassons seriadas da pct e quando está prestes a ovular o ultrassonografista avisa que o folículo já está com 21 milímetros, prestes a romper → podemos fazer injeção de HCG para ajudar na ruptura Números de tentativas? • Indução da ovulação com coito programado: no máximo de 3 a 6 ciclos • IUI: 3 tentativas (6 tentativas) • Depois de 6 tentativas encaminhar para o serviço de reprodução humana QUESTÕES 1. Sobre a investigação básica complementar responda a correta: a) Pesquisa-se ovulação com a dosagem de estrogênio na primeira fase do ciclo menstrual. (dosagem de progesterona na 2ª fase do ciclo) b) Avalia-se a ovulação através da pesquisa de folículos antrais (folículos antrais avaliam a reserva ovariana) c) A pesquisa da reserva ovariana é realizada através da HSG (HSG é para fator tubário) d) Pesquisa-se o fator tubário através da HSG em pacientes sem comorbidades. 2. Sobre os conceitos de infertilidade marque a correta: a) Infertilidade primária é quando não se pode confirmar a existência prévia de alguma gestação excetuando-se abortamento b) Infertilidade secundaria é quando há registro confiável de pelo menos uma gravidez no passado excetuando-se abortamento 7 c) Esterilidade conjugal são aquelas condições nas quais existem uma causa que impede de modo definitivo a obtenção de uma gravidez d) Infertilidade conjugal é quando não surge uma gravidez após um ano de exposição ao coito, em casal sem uso de métodos contraceptivos há 06 meses. 3. A avaliação da reserva ovariana deve ser feita através da dosagem de: a) Estradiol na fase periovulatória b) Progesterona na fase lútea c) FSH no 3º dia do ciclo menstrual d) Prolactina na fase folicular 4. A indução da ovulação inicial está indicada: a) Em casal com infertilidade sem causa aparente b) Em mulheres com fator tubário c) Em mulheres com fator uterino d) Em mulheres com fator pélvico 5. O número de tentativas com indutor da ovulação citrato de clomifeno: a) Para coito programada no máximo 6 ciclos b) Para inseminação intra uterina no máximo 8 tentativas c) Para coito programado no máximo 2 ciclos d) Para inseminação intra uterina no máximo 2 tentativas.
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