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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CAMPOS DOS GOYTACASES/RJ MARCUS (SOBRENOME), brasileiro, estado civil (ou existência de união estável), profissão, portador do RG nº ... e inscrito no CPF/MF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., portador do título de eleitor nº... residente e domiciliado ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório em ..., endereço que indica para fins do art.77, V, do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 e da Lei nº 4717/65, vem ajuizar AÇÃO POPULAR, em face dos atos comissivos do PREFEITO AUGUSTO DA SILVA e do SECRETÁRIO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE GUSTAVO SILVA, ambos do município de Campos dos Goytacases/ RJ, com endereços funcionais ..., pelos fatos e fundamentos que passa a expor. I- DOS FATOS No dia 12.03.2021, foi noticiado em rede nacional e amplamente divulgado na mídia que o 1º Réu negligência a saúde pública do município, deixando de realizar os investimentos constitucionais obrigatórios, referentes aos hospitais da região e postos de saúde, bem como na compra de medicamentos. Utilizando os recursos para se autopromover. Razão pela qual elaborou a estratégia de instalar um grande painel de publicidade (outdoor) na encosta de um dos morros da cidade, o que é vedado pela legislação ambiental federal. Tal ato foi aprovado pelo 2º Réu, que ocupa a posição de Secretário Municipal do Meio Ambiente, em procedimento administrativo formalmente instaurado às custas do erário e sob o subterfúgio de publicidade institucional. Além disso, o outdoor foi instalado em área de proteção ambiental e notório ponto turístico municipal, com ampla visibilidade para todos que passam pelo local. Sendo certo que, logo após a conclusão das obras, ambientalistas filiados a uma Organização Não Governamental (ONG), chamada de Meio Ambiente é Vida, compareceram ao local e identificaram que dentre outras consequências prejudiciais, que a iluminação usada no outdoor durante o período noturno traria resultados nocivos à biodiversidade, ameaçando a sobrevivência de espécies animais da região. Essa nocividade se tornaria irreversível caso a iluminação viesse a ser utilizada por algumas semanas Ante a todo o exposto o Autor, residente no município e indignado com inércia das autoridades locais competentes, recorre ao Poder Judiciário buscando a proteção ao meio ambiente e o ressarcimento ao erário pelos atos praticados pelos Réus. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA O Autor é eleitor regular e ativo do município de Campos dos Goytacases/RJ, e participa ativamente da defesa da administração pública e do meio ambiente, estando em dia com seus direitos políticos, conforme documentação anexa, portanto satisfaz plenamente o requisito de cidadania, presente no art. 1º, § 3º da Lei nº 4717/65. III – DA LEGITIMIDADE PASSIVA O polo passivo da ação popular é formado por litisconsórcio necessário, conforme estabelece os arts. 1º e 6º da Lei nº 4717/65, do dispositivo extrai-se o porque todas as duas autoridades devem responder a presente ação. IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência na Ação Popular está presente no art. 5º, § 4º, da Lei nº 4717/65. Para muitos doutrinadores trata-se de uma verdadeira tutela cautelar/liminar. A probabilidade do direito é comprovada pelos fatos narrados, amplamente divulgados na mídia, e pelos documentos que acompanham a presente ação. Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo é evidente diante dos atos praticados que prejudicam não só a população do município com o desvio do dinheiro destinado a saúde, mas também ao meio ambiente da região, a moralidade e impessoalidade da administração pública. Destacamos que conforme laudo da ONG, em anexo, caso iluminação do outdoor colocado pelo 1º Réu venha a ser usado por mais algumas semanas a nocividade a sobrevivência de espécies e animais da região se tornará irreversível. Sendo medida de urgência a retirada do referido outdoor para a preservação ambiental, V – DOS FUNDAMENTOS O art. 5º, LXXIII, da CRFB/88, prevê que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e de ônus de sucumbência. Ademais, o direito a ação popular foi reafirmado pelo STF. Vejamos: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. CONDIÇÕES DA AÇÃO. AJUIZAMENTO PARA COMBATER ATO LESIVO À MORALIDADE ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO QUE MANTEVE SENTENÇA QUE JULGOU EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR ENTENDER QUE É CONDIÇÃO DA AÇÃO POPULAR A DEMONSTRAÇÃO DE CONCOMITANTE LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO MATERIAL. DESNECESSIDADE. CONTEÚDO DO ART. 5º, INCISO LXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 1. O entendimento sufragado no acórdão recorrido de que, para o cabimento de ação popular, é exigível a menção na exordial e a prova de prejuízo material aos cofres públicos, diverge do entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal. 2. A decisão objurgada ofende o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, que tem como objetos a serem defendidos pelo cidadão, separadamente, qualquer ato lesivo ao patrimônio material público ou de entidade de que o Estado participe, ao patrimônio moral, ao cultural e ao histórico. 3. Agravo e recurso extraordinário providos. 4. Repercussão geral reconhecida com reafirmação da jurisprudência. (ARE 824781 RG, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 27/08/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 08-10-2015 PUBLIC 09-10-2015) A referida ação também se encontra regulamentada pela Lei nº 4717/65 e é um importante instrumento em defesa de direitos difusos, conforme extraímos de seu art. 1º. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público a à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações, na forma do art. 225, caput da CRFB/88. Devendo o Poder Público, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente, preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e proteger a fauna e flora, pelo que dispõe o art. 225, §1º, I e VII da CRFB/88, exigindo-se uma atuação ativa do Estado nessa defesa e não que a prejudique. É também visível e alarmante ofensa ao princípio da moralidade e da impessoalidade da administração pública, como previsto no texto constitucional: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) Isso porque, o 1º Autor utiliza-se do outdoor como forma de autopromoção às custas do erário e sob subterfúgio de publicidade institucional. Na publicidade estão elencadas as ações e investimentos da prefeitura relacionados à área da saúde durante a gestão do Réu, ferindo diretamente o princípio da impessoalidade e da moralidade pública. Devendo o ato de aprovação do 2º Réu ser considerado nulo, pelo que dispõe o art. 2º, alínea “e” da Lei 4717/65, em razão do desvio de finalidade que se caracteriza quando o agente pratica ato visando fim diverso daquele previsto. Por fim, a competência para o julgamento dessa ação é de competência da Vara de Fazenda Pública da comarca do município de Campos dos Goytacases/RJ em razão do interesse municipal, na forma do art. 5º, caput, da Lei 4717/65. VI – DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer-se: a) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA para determinar a imediata retirada do outdoor, na forma do art. 5º, §4º, da Lei 4717/65; b) Que seja julgado procedente o pedido para fins de declaração de nulidade do atoque permitiu a colocação do outdoor indevido, em local proibido e lesivo ao meio ambiente, bem como ao ressarcimento ao erário pelos Réus dos custos e danos causados a área de preservação ambiental, segundo o art. 11, da Lei 4717/65; c) A citação dos Réus nos endereços profissionais acima indicados, de acordo com o art. 7º, inciso “I”, alínea “a”, da Lei 4717/65; d) A intimação do Representante do Ministério Público, como prevê o art. 7º, inciso “I”, alínea “a”, da Lei 4717/65; e) A condenação dos Réus em custas e em honorários advocatícios, na forma do art. 12, da Lei 4717/65; f) A juntada dos documentos, conforme o art. 320, do CPC. VII – DAS PROVAS O autor requer a produção de todas as provas em Direito admitidas, em especial a prova documental e pericial, na forma do art. 319, inciso VI, do CPC. Em cumprimento ao art. 319, inciso VII, do CPC, o autor opta pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. Valor da causa de acordo como art. 291 do CPC. Termos em que, pede deferimento. Local ... e Data ... Advogado OAB
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