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Anestesiologia emAnestesiologia em OdontopediatriaOdontopediatria A dor é reconhecida pelo SNC através da chegada de impulsos nervosos (potenciais de ação elétricos que são conduzidos pelo nervo desde o local do estímulo doloroso). O anestésico local atua reduzindo a geração e a propagação dos impulsos nervosos, tornando os tecidos adjacentes à aplicação insensíveis a estímulos. Teoria do Receptor Específico: os anestésicos locais de ligam aos receptores específicos nos canais de sódio, reduzindo a permeabilidade de íons sódio para o interior do axônio e, consequentemente, a despolarização elétrica, bloqueando a condução do impulso nervoso. @resumosdeju Crianças de até 2 anos de idade são mais sensíveis à dor, e até 11 anos têm dificuldade de distinguir entre dor e desconforto à manipulação. A dor pode ser desencadeada por estímulos táteis, visuais ou sonoros. O controle da dor em Odontopediatria é fundamental para evitar traumas e aversão ao ambiente odontológico. Particularidades anatômicas: Localização dos nervos durante a téc. anestésica; Menor densidade óssea e maior espaçamento medular (maior difusão do anestésico); Maturidade dos órgãos que realizam a metabolização do anestésico. Anestesia Local Farmacologia dos Anestésicos Locais Mecanismo de Ação Abertura dos canais de sódio ↑ Permeabilidade da membrana das células nervosas à entrada de íons sódio ESTÍMULO DOLOROSO Propagação do PA por todo o axônio Despolarização do nervo adjacente Início do potencial de ação (PA) no nervo IMPULSO NERVOSO "Anestesia": ausência de sensação, através do bloqueio dos receptores de sensibilidade tátil, pressão, térmica e dor. Indicada para todo procedimento que venha a causar dor. O limiar de dor da criança, que já é menor, reduz diante da ansiedade causada pela situação odontológica. Contraindicações: Pacientes alérgicos aos anestésicos; Pacientes com necessidades especiais sem condições de colaborar; Presença de anomalias que limitem a abertura bucal; Anomalia cardíaca congênita grave; Cirurgia bucal maior. As moléculas de anestésicos locais apresentam 03 partes: Extremidade lipofílica (aromática): Lipossolúvel; É responsável pela penetração da substância no nervo. Ácido benzoico (benzocaína); Ácido para-aminobenzoico (PABA); Xilidina (lidocaína, bupivacaína). Cadeia intermediária: Contém uma ligação aminoéster ou aminoamida; Determina a potência e a toxicidade; Determina a classificação do anestésico. Extremidade hidrofílica (amina): Porção ionizável da molécula; Influenciada pelo pH do meio; Determina a velocidade de ação no anestésico. @resumosdeju Os anestésicos do tipo éster são: Procaína; Propoxicaína; Tetracaína; Benzocaína (anestésico tópico). O grupo amida é constituído pelos anestésicos: Lidocaína; Etidocaína; Mepivacaína; Bupivacaína; Prilocaína; Articaína. Fatores relacionados com a absorção dos anestésicos locais: Local da injeção: quanto mais vascularizado, maior o nível plasmático esperado. Dose: relação direta com a concentração plasmática. Características farmacológicas do agente anestésico: Lipossolúveis: maior distribuição nos tecidos gordurosos, diminuindo os níveis plasmáticos. Vasodilatação: maior absorção e maiores níveis plasmáticos. Presença de vasoconstritor: aumenta o tempo do anestésico em contato com as fibras nervosas, retardando sua absorção. O tempo de ação dos anestésicos locais varia de acordo com: Presença ou ausência de vasoconstritores; Técnica anestésica empregada (infiltração maxilar e bloqueio mandibular); Tecido anestesiado (tecidos moles ou polpa dental. Propriedades dos Anestésicos Locais @resumosdeju Vasoconstritores Os anestésicos locais possuem uma atividade vasodilatadora significativa, levando à uma absorção mais rápida na corrente sanguínea e reduzindo a duração e profundidade da anestesia. A associação de anestésicos locais e vasoconstritores aumenta o tempo e a eficácia da anestesia, assim como reduz a toxicidade sistêmica e promove maior controle da hemostasia local. 02 principais classes de vasoconstritores: Aminas simpatomiméticas: ação sobre o sistema autônomo simpático, promove a vasoconstrição através da ligação aos receptores alfa-1 nos vasos sanguíneos do local. Derivadas das catecolaminas: Epinefrina (adrenalina): mais indicada na Odontologia. Norepinefrina (noradrenalina); Corbadrina (levonordefrina). Não derivadas das catecolaminas: Fenilefrina. Aminas não simpatomiméticas: Derivados da vasopressina; Felipressina (octapressina). Doses Recomendadas e Doses Máximas Concentração: preferência por soluções mais diluídas (1:100.000 ou 1:200.000), já que concentrações maiores (1:50.000) possuem maior risco de sangramento. Para calcular a dose, é importante saber: a dose máxima do anestésico, a quantidade em mg do anestésico no tubete e a massa corporal da criança. Quando forem utilizados anestésicos sem vasoconstritor, a dose recomendada deve ser reduzida em 30%. @resumosdeju Exemplo de cálculo da dose máxima: Paciente com 10kg, anestesia com lidocaína a 2% com epinefrina 1:100.000 Dose máxima da solução anestésica (lidocaína a 2% com epinefrina 1:100.000): 4,4mg/kg = 4,4mg x 10kg = 44mg do anestésico Quantidade de mg em 1 tubete: 36mg 440mg/36mg = 1,2 tubetes Paciente: encosto a 110º com o assento e a mandíbula quase paralela ao solo. O profissional deve estar sempre à frente e à direita, sentado de forma que a região anestesiada fique na altura do cotovelo do dentista, mantendo a mão apoiada. Técnica indicada para todos os dentes superiores e dentes anteriores inferiores. Pode ser utilizada para anestesiar os molares inferiores, desde que o 1º molar permanente não tenha erupcionado. Técnica de aplicação: 1 - Estirar o lábio do paciente; 2 - Colocar a agulha curta próximo da região apical do dente que se deseja anestesiar, na altura do fundo de vestíbulo; 3 - Tracionar o lábio contra o bisel da agulha; Téc. Anestésicas em Odontopediatria São semelhantes às preconizadas em adultos, devendo-se atentar às características anatômicas e fisiológicas. Manejo da Criança para Anestesia Técnica de dizer-mostrar-fazer, explicando os passos do procedimento e que os sintomas serão passageiros. Crianças traumatizadas por experiências anteriores devem ser preparadas de forma mais gradual e lenta. Estabelecer um código de confiança com a criança, como informá-la que pode levantar a mão quando quiser que pare. Evitar expressões como: "Não vai doer nada"; "É só uma picadinha"; "Se doer aperte a mão da mamãe". Iniciar o tratamento após a anestesia em 5 a 10 minutos. Evitar a visão da agulha. Em crianças pequenas que ainda não colaboram prontamente, solicitar ao acompanhante que segure as mãos da criança. Posicionamento adequado do paciente e do profissional: Maxila: Paciente: encosto a 150º com o assento e a maxila perpendicular ao solo. Mandíbula: Anestesia Tópica Previne a dor na puntura da agulha; Também pode ser utilizada previamente à remoção de dentes decíduos com raízes totalmente reabsorvidas, retidos apenas pela mucosa gengival. Os principais anestésicos tópicos são: Benzocaína (20%, Benzotop); Lidocaína (Xylocaína). É recomendado não utilizar anestésico tópico sobre lesões ulceradas ou erosões, pois aumentam a absorção do anestésico e consequentemente sua toxicidade. Técnica de aplicação: 1 - Secar a mucosa; 2 - Depositar o anestésico sobre a mucosa com o auxílio algodão ou cotonete (0,5g no máximo); 3 - Manter o sugador na cavidade oral, para evitar que o paciente degluta o anestésico; 4 - Mante o anestésico no local e aguardar, no mínimo, 3 minutos. Anestesia Infiltrativa @resumosdeju 4 - Depois de inserida a agulha, aprofundar delicadamente até a região periapical, aspirar e em caso negativo depositar vagarosamente a solução. Objetiva anestesiar a mucosa lingual ou palatina. Indicação: previamente a colocação de grampos de isolamento absoluto, matriz de aço e exodontias. Técnica de aplicação: 1 - Anestesia infiltrativa vestibular; 2 - Introdução da agulha curta paralela aoplano oclusal na papila gengival vestibular, penetrando até a lingual ou palatina; 3 - Quando as papilas interdentais estiverem anestesiadas, introduzir a agulha na lingual ou palatina para completar a anestesia. Anestesia Papilar ou Interpapilar Indicada para anestesia de molares decíduos e permanentes inferiores, quando a intervenção é no tecido ósseo inferior e no lábio inferior. Bloqueia o n. alveolar inferior, n. lingual e n. bucal. Considerações anatômicas (Mugnier): De 6 a 10 anos de idade, a língula situa-se no nível do plano oclusal e 10mm atrás do plano anterior do trígono retromolar; De 10 a 16 anos de idade, a língula situa-se a 5mm do plano oclusal e 12mm atrás do plano anterior do trígono retromolar; Acima de 16 anos, relações próximas às do adulto (10mm acima do PO e 14mm posterior ao trígono retromolar. Técnica de aplicação: Método indireto (n. alveolar inferior, lingual e bucal): 1 - Apalpar a linha oblíqua externa, usando o Anestesia Pterigomandibular Crianças pequenas (dentadura decídua e início da mista): agulha curta de calibre 25 a 27. Crianças maiores: agulha longa com calibre semellhante. Método Direto (o nervo bucal não é anestesiado): dedo indicador, buscando localizar a depressão que constitui a fossa retromolar; 2 - Introduzir a agulha tangenciando a linha oblíqua interna. 3 - Afastar a agulha do periósteo sem contudo retirá-la, e avançar cerca de 6mm, mantendo em contato com a linha oblíqua interna; 4 - Injetar o anestésico lentamente, visando bloquear o n. lingual e o n. bucal; 5 - Levar a seringa lentamente para o lado oposto, sem tirar a agulha da mucosa, até a altura dos molares decíduos ou pré-molares; 6 - Aprofundar a agulha, encostando ligeiramente na parede posterior do sulco mandibular; 7 - Recuar a agulha alguns milímetros e inclinar ligeiramente o corpo da seringa com o objetivo de aproximar ainda mais a agulha do forame mandibular (crianças com 6 anos); 8 - Aspirar e, em caso negativo, injetar vagarosamente o restante do anestésico; 9 - Se necessário completar a anestesia do n. bucal, a anestesia pode ser feita na prega mucosa do dente em questão ou na altura do trígono retromolar. 1 - Colocar a seringa na altura dos molares decíduos ou pré-molares do lado oposto a ser anestesiado; 2 - Atravessar o músculo bucinador, encontrando o espaço pterigomandibular do ramo ascendente da mandíbula. Técnicas Anestésicas Complementares Anestesia Intraligamentar: Indicada para todos os dentes permanentes, em exodontias. @resumosdeju Pouco utilizada em dentes decíduos, devido à incidência de hipoplasia ou hipomineralização, ou ambas, dos dentes permanentes após a injeção no ligamento periodontal; Contraindicada em locais com inflamação ou infecção severa, pois produz bacteremia significante; Produz anestesia pulpar e dos tecidos moles muito localizada, sem atingir lábios e língua. Técnica anestésica: Anestesia intrapulpar: Indicada em casos de inflamação ou infecção endodôntica em que o bloqueio do n. alveolar inferior pode não ser eficaz para anestesiar os molares inferiores permanentes; Desvantagens: Período inicial de dor; Gosto amargo do anestésico; Dificuldade de penetrar em alguns canais; Necessidade de uma pequena abertura na cavidade pulpar. Não recomendada para pulpotomia de dentes decíduos. Técnica anestésica: 1 - Introduzir a agulha no longo eixo do dente a ser tratado nas faces mesial e distal (unirradiculares) ou nas raízes mesial e distal (multirradiculares); 2 - Injetar o anestésico lentamente em ambas as faces. 1 - Introduzir a agulha na cavidade pulpar ou no canal radicular. Se necessário, curvar a agulha para facilitar o acesso; 2 - Injetar o anestésico e aguardar o efeito. Quando este não é obtido, deve ser feita uma pequena abertura para facilitar o acesso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUQUE, Cristiane et al. Anestesiologia em Odontopediatria. In: DUQUE, Cristiane. Odontopediatra: uma visão contemporânea. Santos, 2013. Cap. 10.
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