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Apostila Bichectomia

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Prévia do material em texto

BICHECTOMIA
Elaboração
Vinícius Teixeira Silva
Ben Hur Amaral Broll Filho
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................... 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA .......................................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO ................................................................................................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
ANÁLISE ESTÉTICA FACIAL ............................................................................................................................................................................ 12
CAPÍTULO 3
INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA (REMOÇÃO DO CORPO ADIPOSO BUCAL) .............................................................................. 16
UNIDADE II
ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS ................................................................................................................................................................... 21
CAPÍTULO 1
BIOSSEGURANÇA EM CIRURGIA ORAL ..................................................................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2
MATERIAIS NECESSÁRIOS............................................................................................................................................................................. 25
CAPÍTULO 3
ANATOMIA CIRÚRGICA DA FACE ................................................................................................................................................................. 27
CAPÍTULO 4
TÉCNICAS ANESTÉSICAS ................................................................................................................................................................................ 31
CAPÍTULO 5
FARMACOLOGIA APLICADA ........................................................................................................................................................................... 35
UNIDADE III
TÉCNICAS OPERATÓRIAS............................................................................................................................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
TÉCNICAS CIRÚRGICAS ................................................................................................................................................................................... 38
CAPÍTULO 2
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS ................................................................................................................................................................... 48
UNIDADE IV
COMPLICAÇÕES .................................................................................................................................................................................................................. 54
CAPÍTULO 1
COMPLICAÇÕES TRANSOPERATÓRIAS ................................................................................................................................................... 54
CAPÍTULO 2
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS ....................................................................................................................................................... 57
CAPÍTULO 3
CASOS CLÍNICOS ................................................................................................................................................................................................ 63
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................... 72
4
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como 
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia 
da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos 
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional 
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de 
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam 
tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta 
para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto 
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para 
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma 
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em 
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas 
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para 
a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do 
estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam 
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
6
ORGANIzAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando 
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a 
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo 
estudado.
7
INTRODUÇÃO
A procura por tratamentos estéticos é cada vez maior nos consultórios, por isso é de 
suma importância que o cirurgião-dentista, e sua equipe, esteja preparado e atualizado 
sobre o assunto, e domine conhecimentos de disciplinas básicas como anatomia, 
farmacologia, técnicas anestésicas e cirúrgicas, além de conhecer o diagnóstico e as 
complicações decorrentes do procedimento, objetivando, assim, a indicação correta 
e precisa para a realização de procedimentos estéticos cirúrgicos faciais. É importante 
lembrar que os procedimentos cirúrgicos de remoção de um tecido são, na grande 
maioria das vezes,irreversíveis e permanentes.
Objetivos 
 » Revisar a literatura sobre o tema.
 » Revisar princípios básicos de cirurgia.
 » Alertar sobre a importância do conhecimento de disciplinas básicas a fim 
de prevenir complicações operatórias.
 » Proporcionar o conhecimento sobre anestesia específica para a bichectomia.
 » Proporcionar o conhecimento da técnica cirúrgica adequada.
 » Evitar a sobreindicação do procedimento (indicações exageradas).
 » Abordar as indicações para o procedimento.
 » Indicar a prescrição pós-operatória.
 » Demonstrar o manejo das complicações trans e pós-operatórias.
9
UNIDADE I
CONCEITO 
E INDICAÇÕES 
DE BICHECTOMIA
Esta unidade tem como objetivo abordar os seguintes temas: 
 » história da cirurgia de bichectomia e revisão de literatura;
 » princípios de análise estética facial;
 » indicações para o procedimento.
CAPÍTULO 1
Conceito
Bichectomia ou remoção parcial do corpo adiposo de Bichat (corpo adiposo bucal) 
é o nome do procedimento de lipectomia do corpúsculo de Bichat alojado na região 
das mucosas jugais da cavidade oral, podendo ser de cunho estético que objetiva um 
adelgaçamento do terço médio da face podendo ser realizado como procedimento isolado 
e único em consultório, ou em hospital como procedimento coadjuvante associado a 
outros procedimentos estéticos faciais como ritidectomia ou lifting facial ou mesmo em 
cirurgias ortognáticas (VALENTE, D. S.; VALENTE, S. S.; PADOIN, 2018). A cirurgia 
de bichectomia também pode ser indicada de cunho funcional nos casos de pacientes 
que tenham o hábito involuntário de morder as mucosas das bochechas muitas vezes 
causando lesões traumáticas nas mucosas jugais. O primeiro termo utilizado para esse 
procedimento por Leonard Epstein foi “Lipectomia Bucal”.
Histórico
O corpo adiposo bucal, ou bola de Bichat (termo mais comum utilizado em países de 
língua não inglesa), foi descrito pela primeira vez por Heister, em 1732, como um tecido 
glandular que ele chamou de glândula molar. Em 1802, esse mesmo tecido foi descrito 
e classificado como tecido adiposo por Marie François Xavier Bichat, médico cirurgião 
e anatomista francês (1771-1802). Em 1884, Ranke descreveu que esse tecido adiposo 
permanece inalterado em casos de pessoas que tiveram emagrecimentos corporais 
10
UNIDADE I | CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA 
(BENJAMIN; REISH, 2018). A primeira descrição desse procedimento registrada 
na literatura foi em 1980 por Leonard L. Epstein para o tratamento de chubby cheeks 
“bochechas gordinhas”. Segundo esse autor, a presença de bochechas grandes mesmo 
em pessoas que apresentam um peso corporal adequado para sua altura acaba criando 
uma aparência de obesidade ou rosto infantilizado. Epstein ainda salienta que, mesmo 
com a cirurgia para remoção do excesso de pele (ritidectomia), não conseguirá resolver 
esse problema e ainda pode gerar um aspecto exagerado para este problema de face 
redonda. 
Figura 1. Marie François Xavier Bichat (1771-1802), médico-anatomista francês, o primeiro a descrever o corpo adiposo bucal.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Fran%C3%A7ois_Xavier_Bichat#/media/Ficheiro:Marie_Francois_Xavier_Bichat.jpg.
Figura 2. Desenho esquemático descrito pelo Dr. Leonard Epstein; técnica cirúrgica original para a cirurgia de lipectomia 
bucal, por exemplo de uma incisão em fundo de sulco vestibular em maxila posterior ao dente 16 ou 26, com extensão entre 
1 e 1,5 cm.
Fonte: Anual de cirurgia plástica 1980.
Hoje a cirurgia de bichectomia é um procedimento muito realizado nos consultórios 
assim como em hospitais tanto por médicos cirurgiões plásticos como cirurgiões 
dentistas especialistas em cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia oral, harmonização 
facial e também pelo clínico geral que possui conhecimentos técnicos suficientes 
11
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA | UNIDADE I
para a prática segura da cirurgia. O procedimento de bichectomia também tem sido 
indicado como um dos procedimentos dentro do campo da “harmonização orofacial” 
associado a outros procedimentos estéticos tais como a aplicação de toxina botulínica, 
preenchimentos com ácido hialurônico. Ainda dentro da odontologia, especificamente 
dentro da área de cirurgia bucomaxilofacial, a cirurgia de bichectomia pode ser indicada 
como procedimento secundário nos casos de cirurgias ortognáticas. Nos centros de 
saúde (principalmente na rede pública de saúde), como pronto-socorro, a bichectomia 
também é realizada quando da presença de um orifício, como uma comunicação 
buco-sinusal, por exemplo, em que a bola de Bichat pode ser removida e inserida 
dentro do orifício a fim de que haja ali uma base para enxertia ou cicatrização e também 
como adjuvante no controle de hemorragia e, por fim, bloqueando mecanicamente a 
entrada de alimentos e saliva vindas da boca em direção ao seio maxilar, sendo usado 
como um tampão.
Dentro do campo da cirurgia plástica, a bichectomia pode estar associada a cirurgias 
tais como “lifting facial” ou ritidectomia, lipoaspiração em região submentual (papadas), 
blefaroplastias, rinoplastias, otoplastias, alectomia, entre outros. 
Legalmente vale a pena lembrar que, segundo o Código de Ética Odontológico, para 
realização de qualquer procedimento odontológico não é necessário ser especialista, 
basta que o cirurgião dentista sinta-se capacitado e tenha conhecimentos suficientes para 
realização do procedimento. Sendo assim, o clínico geral pode exercer a bichectomia 
sem enfrentar problemas legais.
Se legalmente um cirurgião dentista clínico geral pode realizar a bichectomia, qual 
a necessidade de ser especialista? Por que buscar o título de especialista em HOF 
ou em CTMBF, sendo que um clínico geral pode executar o mesmo procedimento? 
Certamente você deve pensar que um especialista pode realizar a cirurgia muito 
melhor e ser muito mais assertivo na conduta, contudo o diferencial não está na 
técnica, mas sim no gerenciamento de complicações e na forma de conduzir as 
eventualidades e intercorrências, e isso é o que podemos classificar em termos 
de mercado como um “pós-venda” qualificado. Esse pós-venda especializado 
confere ao paciente segurança, conforto e principalmente confiança e fidelização.
12
CAPÍTULO 2
Análise Estética Facial
Albert e colaboradores relataram que a idade facial é principalmente atribuída ao 
crescimento dos ossos da face durante a juventude e à degradação de tecidos moles 
da face como a pele, ao surgimento de rugas e perda de tônus na musculatura 
da face, gerando rugas e aprofundamento de sulcos, como o sulco nasogeniano. 
Com o envelhecimento, há uma atrofia do tecido gorduroso subcutâneo das regiões das 
bochechas, levando a uma perda de volume e diminuindo o suporte para as estruturas 
faciais, além da perda de elasticidade da pele, tudo isso contribuindo para um aspecto 
com perda de volume nas regiões das bochechas (KAUR; GARG; SINGLA, 2015). 
Alguns pacientes acabam se sentindo incomodados e se queixam de um excesso de 
volume no sentido latero-lateral em região de terço médio de face (bochechas gordinhas 
ou o termo em inglês chubby cheek). Mesmo muitas vezes esse paciente apresentando 
uma boa relação de massa corporal, essa proeminência causada pela bola de Bichat 
em alguns pacientes acaba tendo como principal queixa a estética, sem contar que o 
paciente pode apresentar também uma queixa funcional de lesões traumáticas causadas 
por mordedura em regiões de mucosas jugais na altura do plano interoclusal em 
decorrência desse espessamento na região que algumas pessoas possuem por conta da 
bola de Bichat (corpo adiposo bucal).
Vale a pena ressaltar que muitos pacientes descrevem que sentem o rosto caído e 
associam erroneamente a bola de gordura mandibular à bola de Bichat, fato que deve 
ser esclarecido, pois a queixa de “bochechas de bulldog” não está relacionada com a 
bola de Bichat, e sim com a bola de gordura mandibular que está localizada na base da 
mandíbula mais próxima à pele, e não à mucosa.O conceito de beleza é algo extremamente subjetivo, relativo e varia entre 
regiões geográficas, etnias, povos e épocas. O que é belo ou bela para um 
determinado grupo não necessariamente poderá ser belo ou bela em outro grupo 
populacional. Por exemplo, o conceito de beleza dentro de uma tribo indígena é 
completamente diferente de um conceito para o padrão de beleza europeu, e este 
se distingue muito comparando com o conceito de beleza asiático, o qual não 
se encaixa no perfil de beleza entre povos afrodescendentes. Embora durante 
muitos anos tenha tido uma propagação do perfil de beleza euro-americano 
por meio de filmes majoritariamente oriundos dessas regiões, comerciais, 
atores, atrizes e modelos, esse não deve ser o único padrão de referência para 
um profissional.
13
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA | UNIDADE I
Na Grécia antiga, houve estudiosos que tentaram fazer uma espécie de mensuração da 
beleza do ser humano por meio de fórmulas matemáticas, sendo a mais conhecida a “razão 
áurea”, ou lei da divina proporção, simbolizada pela letra grega phi em homenagem ao 
escultor também grego chamado Phideas, que utilizava como um valor de mensuração 
o número de 1,618.
Figura 3. Símbolo grego que simboliza a letra “Phi”.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Phi_uc_lc.svg>.
O cirurgião plástico Steven Marquardt desenvolveu uma espécie de máscara facial 
que se baseia na lei da proporção áurea a qual ele denominou de máscara de Phi. O 
objetivo era fazer uma espécie de análise facial a qual utilizaria essa máscara como 
um padrão de encaixe para os rostos considerados “belos”, ou seja, caso o rosto do 
paciente não se encaixasse nessa máscara, seriam avaliados os “excessos de tecido” 
para que o rosto se encaixasse nessa máscara virtual ou, caso ficasse sobrando muito 
espaço ao colocar o rosto do paciente na máscara sobreposta, seriam avaliados os 
locais que deveriam receber alguma espécie de preenchimento até se “encaixar” com 
essa máscara.
Figura 4. Máscara Phi, espécie de máscara virtual desenhada com base de dados matemáticos e geométricos a partir dos 
princípios da proporção áurea.
Fonte: https://jem.unifesspa.edu.br/images/Anais/v1_2015/CC_20150979002_A_mscara_de_PHI.pdf.
14
UNIDADE I | CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA 
Figura 5. Exemplo de uso da máscara de Phi a fim de traçar um perfil frontal estético da face baseado nas proporções 
áureas.
Fonte: https://www.beautyanalysis.com/beauty-and-you/you-and-the-mask/repose-frontal-mask-application/.
Convém ressaltar que, mesmo com a utilização dessa máscara virtual, ela não pode 
determinar o que é bonito ou bonita, se sairmos da rua, e se pudéssemos tirar 
fotografias frontais de face de pessoas as quais achamos bonitas, muitas dessas faces 
não se “encaixariam” nessa máscara virtual, ou seja, o conceito relativo de beleza 
seria mantido.
Ao examinarmos o paciente na consulta, devemos fazer uma análise facial, numa 
vista frontal, em que analisamos as proporções entre os terços superior, médio e 
inferior da face, avaliamos os lábios, sua espessura, exposição dos incisivos centrais 
superiores com o lábio em repouso e também com sorriso forçado, muitas vezes o 
paciente pode possuir alguma assimetria facial, como um laterognatismo, que pode 
ser oriundo de uma hiperplasia de côndilo mandibular, em que, nessa situação, 
o mento acaba sendo desviado para o lado contralateral ao côndilo hiperplásico. 
Podemos avaliar se o paciente possui um sorriso gengival de origem esquelética, como 
nos casos de excesso vertical de maxila. Numa vista de perfil, avaliamos o padrão 
esquelético facial, se o paciente apresenta um prognatismo mandibular (classe III) ou 
um retrognatismo mandibular (classe II) ou ainda apresentar, concomitantemente, 
uma hiperplasia de maxila (maxila muito pra frente) ou uma hipoplasia de maxila 
(hipodesenvolvimento anteroposterior). Tudo isso porque muitas vezes o paciente 
pode ter indicação de fazer um procedimento de cirurgia ortognática associado à 
cirurgia de bichectomia. 
15
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA | UNIDADE I
Figura 6. Tipos de crânio em relação à face.
Fonte: https://pocketdentistry.com/orthodontic-assessment-and-treatment-planning-strategies/.
16
CAPÍTULO 3
Indicações de Bichectomia 
(Remoção do Corpo Adiposo Bucal)
Adultos com um terço médio de face volumoso os quais almejam refinamento ou 
ganho de projeções ósseas nessa região anatômica, como maior projeção do corpo 
do osso zigomático (maçã do rosto) e redução de volume nessa mesma região, são 
potenciais candidatos para a cirurgia de bichectomia (MATARASSO, 2006). Como 
já mencionado, esse procedimento pode ser realizado tanto em consultório como 
procedimento único, sob anestesia local, ou em ambiente hospitalar associado a 
outros procedimentos cirúrgicos estéticos faciais, como nos casos de ritidectomia 
ou lifting facial, além de cirurgias ortognáticas sob anestesia geral. Outra indicação 
como procedimento adjunto são nos casos de cirurgias de feminização facial, 
objetivando transformar as características de uma face mais masculinizada em 
uma face mais feminina. A face feminina usualmente possui uma forma triangular 
com a base deste triângulo de forma invertida, ou seja, traçando uma linha entre as 
proeminências dos ossos zigomáticos e o ápice desse triângulo voltado para o mento 
(MOURA et al., 2018). Outra indicação para a cirurgia de bichectomia são nos casos 
de herniação traumática ou pseudo-herniação do corpo adiposo bucal (bola de Bichat) 
(MATARASSO, 2006). Neste conteúdo, utilizaremos o termo “remoção do corpo 
adiposo bucal”.
Para a seleção do paciente, devemos nos atentar para a queixa do paciente e identificar 
quais as expectativas dele em relação ao procedimento cirúrgico. Uma anamnese 
rigorosa deve ser feita com o objetivo de saber o estado geral de saúde do paciente 
e se ele possui alguma doença de base ou alergia medicamentosa, explicar sobre a 
irreversibilidade do procedimento, embora haja artigo na literatura que relata a 
infusão de gordura líquida proveniente de abdômen ou das coxas com o objetivo de 
preenchimento das regiões de terço médio da face (COHEN et al., 2017). Pacientes 
que apresentam uma face de aspecto delgado e idosos, além de pacientes em fase 
de crescimento, não são candidatos à realização do procedimento de bichectomia. 
Outra indicação plausível para esse procedimento se dá para pacientes portadores 
de face arredondada que usualmente traumatizam as mucosas jugais excessivamente 
ao mastigar.
17
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA | UNIDADE I
Figura 7. Conceito de rosto redondo.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/825847650404363786/.
Devemos ter em mente que, quando se tratar de um procedimento de cunho estético 
e totalmente eletivo, pacientes com comorbidades sistêmicas importantes, tais como 
hipertensos e diabéticos não controlados, cardiopatas, portadores de discrasias 
sanguíneas, tabagistas, histórico de radioterapia em região de cabeça e pescoço ou 
alguma outra doença grave que possa aumentar o risco cirúrgico para esse procedimento 
cirúrgico, devem ser evitados. 
Devemos nos atentar em relação à queixa estética do paciente, o que ele gostaria que 
melhorasse em seu rosto até para que possamos lidar com o resultado da expectativa 
dele ou avaliar se ele precisa de mais algum outro procedimento estético facial. 
Além de uma boa anamnese e um exame físico minucioso loco-regional extraoral e 
intraoral, devemos avaliar se o paciente apresenta alguma deformidade dentofacial 
de origem esquelética ou assimetria facial e que possa precisar de cirurgia ortognática 
associada a bichectomia. Além disso, devemos realizar sessões de fotografias com 
qualidade do paciente, fotografias numa vista frontal, numa vista de ¾ de perfil, de 
ambos os lados, de maneira padronizada, para poder comparar de maneira fidedigna 
com o pós-operatório de pelo menos 6 meses ou até a regressão completa do edema.
Figura 8. Linha alba bemmarcada e espessa devido ao atrito dentário.
Fonte: http://oqueeissodoutor.blogspot.com/2017/04/linha-alba.html.
18
UNIDADE I | CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA 
Avaliação pré-operatória
A avaliação pré-operatória por meio de uma anamnese rigorosa e um bom exame físico 
tem como objetivo identificar doenças clínicas que possam comprometer o ato cirúrgico 
e consequentemente o pós-operatório. A avaliação tem que ser realizada em todos 
os pacientes, independentemente da idade. Durante a anamnese, devemos priorizar 
a detecção de doenças cardiovasculares, pulmonares, hepáticas, renais, endócrinas e 
hematológicas. Nos antecedentes pessoais, deve-se pesquisar se o paciente possui algum 
histórico de alergias, especificar as substâncias ou os medicamentos, pesquisar se o 
paciente já foi submetido a alguma cirurgia anterior e se houve alguma complicação, 
principalmente em relação a anestesia local, procurar saber hábitos e vícios, tais 
como tabagismo, o qual pode desencadear hemorragias pós-operatórias e prejudicar a 
cicatrização local, etilismo, drogas ilícitas e perguntar também se o paciente faz ou já fez 
uso de medicações contínuas, tais como antiagregantes plaquetários, anticoagulantes, 
bifosfonatos e se o paciente já recebeu radioterapia na região de cabeça e pescoço, caso 
o paciente tenha histórico de alguma doença maligna nessa mesma região.
Deve-se palpar o rosto do paciente e por intraoral, sendo que a maneira correta para 
a palpação da bola de Bichat é em forma de pinça realizada com o dedo polegar por 
dentro da boca e o indicador por fora da boca. Deve-se sentir o tamanho e a textura da 
bola de Bichat, encontrar sua localização. Com o paciente com a boca aberta, pode-se 
ainda empurrar a bola de Bichat com os polegares no sentido de fora para dentro da 
boca, para que ela seja projetada em direção à mucosa jugal e possamos analisar seu 
possível tamanho.
Observe também a espessura da linha alba na mucosa jugal e possíveis cicatrizes ou fibroses 
oriundas de possíveis ferimentos causados por mordeduras involuntárias. Uma linha 
alba muito espessa nos diz que ali existe compressão da mucosa contra os dentes, o 
que pode nos fornecer mais informação da necessidade da remoção da bola de Bichat.
Risco cirúrgico
Em 1963 a American Society of Anesthesiologists (ASA) propôs uma escala para 
avaliação de risco cirúrgico, a qual é muito utilizada até hoje.
ASA I: paciente jovem, saudável, sem comorbidades.
ASA II: paciente com doença sistêmica controlada a qual não afeta suas atividades 
físicas no dia a dia. Exemplo: hipertensos controlados.
19
CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA | UNIDADE I
ASA III: paciente com doenças sistêmicas múltiplas ou alguma doença a qual comprometa 
suas atividades diárias, porém sem risco de morte imediata. Exemplos: infartos do 
miocárdio prévio, diabetes mellitus descompensado, doente renal crônico em diálise.
ASA IV: paciente com doença sistêmica grave tem a vida ameaçada com ou sem cirurgia. 
Exemplo: insuficiência cardíaca congestiva (ICC), doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC) em estágio avançado.
ASA V: paciente moribundo, o qual não é esperada sua sobrevivência por mais de 24 horas 
com ou sem cirurgia. Exemplo: aneurisma roto, traumatismos cranioencefálicos graves.
ASA VI: paciente doador de órgãos.
Contraindicações locais:
 » Pacientes considerados obesos.
 » Pacientes idosos.
 » Histórico de radioterapia em região de cabeça e pescoço.
 » Paciente que já tenha sofrido alguma cirurgia com o uso da bola de Bichat 
para o fechamento de algum defeito ósseo, como fístulas oroantrais.
 » Pacientes com o rosto muito delgado.
Fotografia clínica
Um dos itens mais polêmicos em procedimentos clínicos é o uso de fotografias. 
Muitos profissionais não sabem como fotografar, não possuem equipamentos adequados 
ou simplesmente não gostam ou não possuem o hábito de fotografar os casos.
Devem-se fotografar todos os casos de bichectomia, para que o próprio paciente seja 
confrontado com as suas imagens em um pós-operatório.
Não é necessário que o equipamento seja de última geração, pois as fotografias clínicas 
podem ser bem feitas com o uso de smartphones.
A básica técnica é relativamente simples e será descrita abaixo para que você possa, 
a partir de hoje, realizar suas fotografias sempre que for operar.
O paciente deve ser posicionado de pé com as costas encostadas em uma parede com 
fundo branco, azul ou cinza (pode-se fixar um campo cirúrgico na parede para isso, 
20
UNIDADE I | CONCEITO E INDICAÇÕES DE BICHECTOMIA 
desde que, no pós-operatório, seja usada a mesma cor). Antes das fotos, deve-se 
remover qualquer tipo de interferência da parede usada como fundo, como quadros, 
posters ou relógios.
O paciente deve estar com a mandíbula paralela ao solo, evitando realizar fotos com 
o queixo levantado ou baixo demais.
Tira-se a primeira foto de frente, sem sorrir; a segunda foto de frente sorrindo; duas da 
lateral esquerda, sem sorrir e sorrindo; e duas da lateral direita, sem sorrir e sorrindo.
Por último, já com o paciente sentado em postura ereta, podemos fotografar de cima 
da cabeça, pegando a fronte e o arco zigomático no centro da foto.
As fotos devem ser realizadas novamente no pós-cirúrgico imediato, no pós para a 
retirada das suturas em 7 dias e também no pós-operatório de 4 ou 6 meses.
O uso das fotografias como forma de publicidade é permitido pelo Código de Ética 
Odontológico desde 2019, desde que seja autorizado pelo paciente por escrito, e não 
envolva fotos tiradas durante o ato cirúrgico, exceto sob pretexto acadêmico. 
As postagens em redes sociais das fotos dos pacientes após autorização por escrita 
devem conter o nome e o número do conselho regional do profissional executante. 
A cobertura dos olhos ou qualquer adorno gráfico que vise esconder a identidade do 
paciente pode ser usado, mas é opcional, deve ser acordado entre o profissional e o paciente.
É muito importante que os movimentos de sorrir nas fotos sejam realizados e capturados, 
pois, em caso de parestesia ou hemiparisia causada por ato cirúrgico, fica documentado 
o momento da paralisia, pois eventualmente, diante de um grande edema, podemos 
ter compressões nervosas, o que pode levar a paralisia temporária. Sabendo disso, 
o profissional pode ter tranquilidade para seguir com sua conduta de acordo com a 
demanda do paciente.
Devemos evitar propagandas excessivas, promoção exagerada dos procedimentos 
e principalmente prometer resultados clínicos. A superexposição dos profissionais 
é uma via de mão dupla, muitos pacientes vão ver seu trabalho e muitos vão 
desejar resultados idênticos aos das fotos. Outro ponto importante é que muitos 
colegas de profissão certamente vão ver seus trabalhos também, o que pode gerar 
críticas e até denúncias mal-intencionadas a fim de prejudicar sua carreira. Seja 
profissional, e não um blogueiro de moda em sua página. Lembre-se de que você 
precisa passar uma imagem séria, respeitosa e principalmente de alguém que 
presa pela saúde e pela ciência.
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UNIDADE II
ANATOMIA E 
FUNDAMENTOS 
BÁSICOS
Esta unidade tem como objetivo abordar os seguintes temas:
 » revisão dos conceitos de biossegurança em cirurgia bucal;
 » instrumentais cirúrgicos específicos;
 » aspectos importantes sobre anatomia da face;
 » técnicas de anestesia local;
 » farmacologia aplicada.
CAPÍTULO 1
Biossegurança em Cirurgia Oral
Os cuidados com a biossegurança devem ser rigorosamente executados como em 
qualquer procedimento cirúrgico, começando pela lavagem correta das mãos com 
sabonete à base de clorexidina degermante ou PVPI, seguida pela secagem das mãos 
com toalha estéril, pela colocação de aventais descartáveis estéreis e, por último, pelas 
luvas cirúrgicas estéreis.
Como em qualquer procedimento cirúrgico, seja ele realizado em consultório sob 
anestesia local ou em ambiente hospitalar sob anestesia geral, todos os cuidados com 
a biossegurança devem ser rigorosamente executados com o objetivode prevenir 
infecções pós-operatórias que muitas vezes podem ser graves e evoluir a óbito se 
não diagnosticadas e tratadas adequadamente. Deve-se ter cuidados básicos como, 
obviamente, o preparo e a esterilização correta dos instrumentais e materiais cirúrgicos, 
a paramentação da equipe cirúrgica, antissepsia intra e extraoral no paciente com 
preferência de solução a base de digluconato de clorexidina 0,12% ou polivinilpirrolidona 
(PVPI). 
Em relação à antibioticoterapia profilática, ela pode até ser questionável por alguns 
autores na literatura, porém, por se tratar de um procedimento totalmente estético 
e eletivo, é importante a prescrição pré-operatória, se enquadrada nos critérios do 
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
cirurgião e em relação ao risco de infecções cardiológicas como as classificadas nos 
protocolos da American Heart Association (AHA). Já a prescrição terapêutica (pós-
operatória) deve ser sempre feita, pois, ao abrirmos a mucosa jugal, impreterivelmente 
bactérias oriundas da cavidade bucal adentrarão na loja cirúrgica, o que pode levar a 
uma infeção mucocutânea pós-cirúrgica. Segue abaixo uma sugestão de prescrição:
Profilaxia antibiótica (apenas para os casos indicados pela AHA):
 » Amoxicilina 500mg: tomar 4 cápsulas 1 hora antes do procedimento cirúrgico.
Para pacientes alérgicos às penicilinas, pode-se prescrever Clindamicina 600 mg, 1 
comprimido 1 hora antes do procedimento cirúrgico.
É de boa praxe manter essa antibioticoterapia no pós-operatório por pelo menos 7 
dias (1 cápsula de Amoxicilina 500mg a cada 8 horas ou 1 cápsula de Clindamicina 
300 mg a cada 6 horas).
Em todos os casos se faz necessária a prescrição de anti-inflamatórios e analgésicos.
Para pacientes, comumente prescrevemos:
 » Predinisona 20mg – sendo 1 comprimido revestido a cada 8 horas por 5 dias.
Em alérgicos aos corticoides podemos usar os Aines (lembrando que o uso de Aines 
pode levar o paciente ao desconforto gástrico ou, em caso de pacientes com patologias 
gástricas já conhecidas, deve-se sempre utilizar os corticoides). Como sugestão de um 
Aine que possui ação efetiva no controle do edema e da inflamação pós-cirúrgica, 
podemos usar:
 » Cetoprofeno 100mg – 1 comprimido a cada 8 horas por 7 dias; ou
 » Diclofenaco Sódico 50mg – 1 comprimido a cada 8 horas por 7 dias.
Para o controle da dor, devemos escolher de acordo com o tempo cirúrgico gasto 
pela cirurgia, lembrando que, quanto maior o tempo cirúrgico maior o pós-
operatório, o tamanho da incisão, o índice de dor descrito pelo paciente como normal 
perante outros procedimentos. Como sugestão, podemos deixar indicado o uso das 
seguintes drogas, sempre lembrando que cada profissional tem seu próprio critério 
de prescrição:
 » Dipirona Sódica 500mg – 1 comprimido a cada 6 horas somente em caso 
de dor, durante no máximo 5 dias.
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ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS | UNIDADE II
 » Tramadol 50mg – 1 comprimido a cada 6 horas somente em caso de dor, 
durante no máximo 5 dias.
 » Paracetamol 750mg –tomando 1 comprimido a cada 6 horas somente em 
caso de dor, durante no máximo 5 dias.
É de suma importância lembrar que tanto a profilaxia antibiótica como a antibioticoterapia 
pós-operatória não são fatores que justifiquem qualquer negligência de quebra na 
cadeia asséptica cirúrgica, Topazian, 2006, em infecções orais e maxilofaciais, cita 
que Laufman afirmou uma máxima de forma bem suscinta: “O sucesso do trabalho 
nobre e pomposo da cirurgia depende do desempenho disciplinado de trabalhadores 
dedicados e da rotina rígida de técnicas assépticas”. Esse mesmo autor cita também 
que nenhuma técnica, aparelho, antisséptico, antibiótico, conferência ou encontro 
de comitê conseguiu tanto controle de infecção cirúrgica quanto o simples ritual de 
lavar as mãos. Bacilos Gram-negativos patogênicos podem sobreviver nas mãos por 
mais de duas horas.
Para a lavagem das mãos, podemos utilizar sabonetes degermantes à base de clorexidina 
ou iodo-povidona. A disciplina na vestimenta cirúrgica é tão importante quanto a 
lavagem correta das mãos. Lapsos na técnica asséptica na área de luvas, aventais, 
gorros e máscaras cirúrgicas podem levar à contaminação do sítio cirúrgico, porque 
micro-organismos facilmente são abrigados ou protegidos por cabelo, aventais ou 
calçados contaminados. O cabelo é muito contaminado, portanto todos os pelos do 
rosto e cabelos devem ser cobertos. 
A eficácia da descontaminação antisséptica pré-operatória com soluções aquosas 
de digluconato de clorexidina a 0,12% reduz momentaneamente a quantidade de 
microrganismos patogênicos na cavidade oral.
Em tempos de pandemia da Covid-19, devemos ainda mais redobrar os cuidados com 
a biossegurança em consultórios. Alguns hospitais da rede privada da cidade de São 
Paulo adotaram um protocolo de testagem de pacientes para Covid-19 antes de estes 
se submeterem a procedimentos cirúrgicos eletivos. Em média, três dias antes da data 
da cirurgia o setor de internação desses hospitais entram em contato com o paciente 
e o convoca para realizar o exame “RT-PCR sars-cov2”, no qual é feito a coleta de 
material de secreção respiratória em nasofaringe por meio de swab do paciente, além 
da testagem constante dos profissionais envolvidos nessas cirurgias, tais como médico 
anestesista, cirurgiões, enfermeiros e instrumentadores cirúrgicos.
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
Uma anamnese minuciosa deve ser realizada e direcionada ao paciente em relação 
à Covid-19, por meio da mensuração de temperatura, testes olfatórios para avaliar 
possível anosmia (perda ou diminuição do olfato). Os sintomas mais comuns da 
manifestação clínica do novo coronavírus são febre, tosse seca, falta de ar, dores 
musculares, desarranjos intestinais.
O uso de máscaras N-95 e face-shield é indicado para pacientes suspeitos ou testados 
positivamente para Covid-19 e para procedimentos que emitam aerossóis, como nos 
casos de uso de canetas de alta rotação. É de suma importância a utilização também 
de óculos de proteção durante o procedimento.
Para saber mais sobre a maneira correta de se paramentar para procedimentos 
em tempos de Covid-19, clique no link abaixo e assista ao vídeo: https://www.
youtube.com/watch?v=4dXJwIuKcq0. 
Figura 9. Exemplo de protocolo de um hospital privado no qual se observa um termômetro infravermelho e é realizado um 
teste olfatório de algodão com álcool para descartar anosmia.
Fonte: elaborada pelo autor.
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CAPÍTULO 2
Materiais necessários
Para uma cirurgia adequada, além da experiência do cirurgião é fundamental ter os 
instrumentais cirúrgicos necessários para a realização desse procedimento, seguindo 
sempre as manobras cirúrgicas fundamentais: diérese, exérese, hemostasia e síntese.
Instrumentais: lâmina de bisturi nº 15, 11, 15c; pinça Kelly curva delicada; afastadores 
de Minessota ou Lagenback; porta agulha; pinça para sutura; aspirador cirúrgico; fios de 
sutura, que podem ser de nylon ou seda (não absorvíveis) ou a base de ácido poligloico 
(absorvível); duas seringas do tipo Luer de 10 ml para mensuração de volume retirado 
de tecido adiposo dos dois lados das mucosas jugais (situação que nem sempre pode ser 
realizada, pois muitas vezes a gordura possui entremeados fibrosos, o que inviabiliza 
a aspiração por seringa convencional). 
Figura 10. Mesa cirúrgica montada com instrumentais necessários para a cirurgia de bichectomia; deve-se observar 
sempre a lógica na montagem da mesa seguindo os princípios das manobras fundamentais em cirurgia: diérese, exérese, 
hemostasia e síntese.
Fonte: elaborada pelo autor.
Figura 11. Fio de sutura de seda 4.0 (não absorvível).
Fonte: https://www.dentalpassaro.com.br/fio-de-sut-ethicon-seda-preta-trancada-40.
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
Figura 12. Fio de sutura vicryl® (absorvível).
Fonte: https://www.dentalmaster.com.br/fio-de-sutura-agulhado-ethicon-vicryl/p.
Figura 13. Porta agulha Mayo Haegar com ponta de vídea.
Fonte: https://magazinemedica.com.br/produtos/prta-agulha-mayo-hegar-com-videa-abc_18cm/.Figura 14. Fio de sutura Monocryl® é um fio de sutura cirúrgica monofilamento, absorvível e sintético elaborado a partir de 
um copolímero de glicolida e epsilon-caprolactona.
 Fonte: https://www.doctorshop.it/Prodotti/suture-assorbibili-ethicon-monocrylt-in-poliglecaprone-ago-38-da-19-mm-usp-30-filo-45-cm-non-
colorato-9400096.
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CAPÍTULO 3
Anatomia Cirúrgica da Face
O corpo adiposo bucal é uma estrutura anatômica localizada de forma majoritária no 
espaço facial no qual se localiza a porção principal do corpo adiposo bucal. Essa estrutura 
de aproximadamente 6 milímetros de espessura, de volume estimado de 10 mililitros 
e pesando em média 9,3 mg de peso, divide-se em 3 lobos: anterior, intermediário e 
posterior, sendo que esse posterior se divide em quatro prolongamentos, sendo eles: 
bucal, pterigoideo, pterigopalatino e temporais (superficial e profundo). O corpo 
adiposo bucal é fixado por 6 ligamentos, sendo eles ancorados nas seguintes regiões: 
maxila, região posterior de zigoma, porção interna e externa da fissura orbital inferior, 
tendão temporal e músculo bucinador. O espaço bucal é delimitado anteriormente pelo 
músculo orbicular da boca, medialmente pelo músculo bucinador e posteriormente é 
delimitado pelo espaço facial mastigatório massetérico e pela glândula parótida. Nesse 
espaço bucal, além da presença do corpo adiposo bucal, encontram-se outras estruturas 
anatômicas importantes como o ducto da glândula parótida (ducto de Stensen), artéria 
e veia facial, artéria bucal, ramo bucal do nervo facial (VII par craniano), músculo 
bucinador (medialmente) (YOUSUF et al., 2010).
A irrigação do corpo adiposo bucal se dá por meio de ramos oriundos da artéria bucal e 
temporal profunda, ambas ramos da artéria maxilar, e por ramos da artéria transversa 
da face, a qual é ramo da artéria temporal superficial (TOSTEVIN; ELLIS, 1995).
O nervo facial emerge pelo crânio por meio do forame estilomastoideo emitindo um 
ramo posterior que se chama ramo auricular posterior, um ramo para a inervação 
motora do ventre posterior do músculo digástrico e para o músculo estilo-hioideo. 
O trajeto do nervo facial segue por meio da glândula parótida, onde são emergidos 
5 ramos para a inervação dos músculos da mímica da face: ramo temporal que cruza 
o arco zigomático e inerva motoramente o músculo frontal. O ramo zigomático 
inervará motoramente o restante do músculo frontal e o músculo orbicular do olho. 
O ramo bucal (muitas vezes duplo) é o que está mais associado às injúrias durante os 
procedimentos de bichectomia, ele inerva motoramente o músculo bucinador, parte 
do músculo orbicular da boca e musculatura do lábio superior. Esse ramo bucal tem 
uma relação de proximidade com o corpo adiposo bucal, sendo que, em 73,3% dos 
casos, esse ramo passa superficialmente em relação ao corpo adiposo bucal e, em 26,3% 
dos casos, atravessa a extensão bucal do corpo adiposo bucal, sendo que, nesses casos, 
há maior chance de ocorrer algum dano ao ramo nervoso durante a exérese da bola 
de Bichat. Os outros ramos são o ramo marginal mandibular que passa na região de 
corpo de mandíbula aproximadamente 1 cm abaixo da basal mandibular e, após cruzar 
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
a artéria e veia facial, tem um trajeto ascendente, e sobre a região da base da mandíbula 
em sua parte mais anterior. O último ramo é o cervical, que inervará motoramente o 
músculo platisma (JOHNSON; MOORE, 1997; ELLIS; ZIDE, 2008). 
A relação do ducto salivar da glândula parótida (ducto de Stensen) com o corpo 
adiposo bucal é que, em 42% dos casos, o ducto passa superficialmente antes de 
atravessar o músculo bucinado adentrando a mucosa jugal para que ocorra o débito 
salivar na cavidade oral. Em 26% dos casos, o ducto atravessa o corpo adiposo bucal 
e, em 13% dos casos, o ducto passa superiormente ao corpo adiposo bucal (HWANG, 
K. et al., 2005).
Fisiologia
A funções do corpo adiposo bucal são preenchimento tecidual em região de espaço 
bucal, agir como um tecido que facilite o deslizamento da musculatura da mastigação 
e da mímica facial, além de exercer uma função de “coxim” nessa região. O corpo 
adiposo bucal ocupa uma grande área nas bochechas de crianças e tem um papel de 
suma importância durante o ato de amamentar em recém-nascidos, protegendo que a 
musculatura colapse durante o ato de sucção do mamilo. O volume desse tecido pode 
variar com o passar da idade, sendo que esse tecido é mais proeminente na infância 
do que na fase idosa (YOUSUF et al., 2010). Esse tecido adiposo não sofre variações 
de tamanhos com o decorrer de perda ou ganho de peso corporal. O peso médio do 
corpo adiposo bucal é de 9,3 mg, com um volume médio de 9,6 ml e espessura de 6 mm.
Patologias Associadas
A herniação traumática do corpo adiposo bucal acontece com mais frequência em 
crianças e pacientes jovens após a inserção de algum objeto traumático na mucosa jugal, 
onde acaba, por exemplo, gerando uma injúria e consequentemente uma pequena ruptura 
do tecido do músculo bucinador adjacente, o qual acaba ficando palpável na região da 
mucosa oral adjacente. Muitas vezes a herniação traumática do corpo adiposo bucal é 
confundida com o diagnóstico de lipoma na cavidade oral até por conta da aparência 
semelhante entre as duas entidades. Essa questão acontece muitas vezes por ter um 
lapso no tempo entre o trauma na região e até a exposição e palpabilidade do tecido 
adiposo na mucosa jugal adjacente. O termo pseudolipoma traumático também pode 
ser utilizado nesses casos. Outra alteração que ocorre é a pseudo-herniação do corpo 
adiposo bucal de origem não traumática que ocorre muitas vezes pela frouxidão da 
fáscia parotídeo-massetérica associada a atividades repetitivas musculares na região. 
29
ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS | UNIDADE II
O paciente, então, acaba apresentando uma “bochecha de esquilo”, e o tratamento para 
ambas as situações é a excisão cirúrgica desse tecido adiposo (MATARASSO, 2006).
Figura 15. Bochechas de esquilo (chipmunk cheeks).
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2mia#/media/Ficheiro:Tamias_striatus_CT.jpg.
O lipoma é uma neoplasia benigna de tecido gorduroso mais comum em outras regiões 
do corpo do que na própria cavidade bucal. Tem a aparência de um nódulo séssil ou 
pediculado, de consistência mole à palpação. Sua localização mais comum na cavidade 
oral é exatamente na região de mucosa jugal, seguida pelas regiões de lábios, língua e 
assoalho bucal, sendo essa lesão de crescimento lento . Os lipomas acometem indivíduos 
de ambos os sexos e qualquer etnia, pode surgir em qualquer idade. O tratamento para 
os lipomas é a excisão cirúrgica com consequente envio do material para exame de 
anatomia-patológica, por meio de biópsia excisional. (MARCUCCI, 2020). 
Usos Clínicos do Corpo Adiposo Bucal
O corpo adiposo bucal é uma estrutura que é muito utilizada quando pensamos 
em reconstrução de defeitos ósseos em maxila, como nos casos de fechamentos de 
comunicações bucosinusais após ressecção de cistos ou tumores em maxila posterior 
e em região palatina, ou até mesmo em casos pós-exodontias traumáticas de molares 
superiores, onde se desenvolveu uma comunicação bucosinusal de tamanho importante. 
Esse tecido pode ser utilizado como um retalho pediculado a fim de fechar esses defeitos. 
Na cavidade oral, ele irá sofrer um processo de metaplasia, adequando-se aos demais 
tecidos adjacentes da cavidade oral em algumas semanas. Esse tecido gorduroso também 
pode ser utilizado como enxerto livre de gordura para fechamento de defeitos ósseos. 
As vantagens de utilizar esse tecido do corpo adiposo bucal no caso de reconstruções 
orais são muitas, como: facilidade para obtenção do material e boa disponibilidade 
para o uso na reconstrução de defeitos oroantrais importantes. Esse procedimento é 
30
UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
possível ser realizado sob anestesia local, não há a necessidade da remoção do mesmo 
tecido contralateral por não causaruma assimetria facial visível após o uso nos casos 
de reconstruções, além de causar pouca morbidade para o paciente e redução do custo 
do procedimento cirúrgico (YOUSUF et al., 2010).
Figura 16. Retalho pediculado de bola de Bichat utilizado para fechamento de comunicação bucosinusal de tamanho 
importante, após a exérese de lesão tumoral nessa região.
Fonte: caso gentilmente cedido pelo Dr. Wladimir Gushiken de Campos.
31
CAPÍTULO 4
Técnicas Anestésicas
Figura 17. Seringa Carpule, a importância do domínio das técnicas anestésicas para a realização de bichectomia.
Fonte: https://www.sswhite.com.br/saibamais/sb12115.htm.
Os anestésicos locais são substâncias que agem impedindo a despolarização da fibras 
nervosas, a propagação da sensação dolorosa até o cérebro, ou seja, um bloqueio da 
condução nervosa.
Os anestésicos locais estão disponíveis como sais, contendo uma porção hidrofílica 
a qual é responsável pela difusão nos tecidos, uma porção lipofílica responsável pela 
penetração do sal anestésico por meio das fibras nervosas e uma cadeia intermediária 
que une as duas porções a hidrofílica com a lipofílica.
Essa cadeia intermediária pode ser a base de ésteres ou amidas. Os anestésicos locais 
com a base intermediária formada por ésteres foram os primeiros anestésicos locais 
sintetizados, tendo como grande precursor a cocaína. Além da cocaína, fazem parte 
desse grupo de anestésicos locais outros tipos ésteres: benzocaína, procaína, tetracaína 
e cloroprocaína. Normalmente esse grupo de anestésicos possuem uma toxicidade 
celular maior e por isso, de maneira geral, são utilizados como anestésicos tópicos, 
como a benzocaína.
Os anestésicos locais com base intermediária formada por grupo químicos do tipo 
amidas têm menor capacidade de desenvolver reações alérgicas e são menos tóxicos 
se comparados com os do grupo ésteres. Exemplos desse grupo de anestésicos são 
lidocaína, mepivacaína, prilocaína, articaína, bupivacaína, ropivacaína e etidocaína.
Os anestésicos locais produzem uma reação de vasodilatação no local injetado e, 
consequentemente, têm menor tempo de permanência ao redor das fibras nervosas, 
são absorvidos rapidamente por meio dos vasos para a circulação sanguínea, 
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
consequentemente gerando um pequeno tempo de anestesia, e sendo necessárias mais 
aplicações repetidas de anestésicos locais, podendo gerar maior reação de hiperdosagem 
e toxicidade tecidual desse anestésico no paciente. Por conta disso, foram associadas 
substâncias vasoconstritoras ao sal anestésico com o objetivo de diminuir essa 
vasoconstrição, promovendo maior tempo de contato desse anestésico com a fibra 
nervosa, consequentemente diminuindo a quantidade de tubetes anestésicos injetados 
e reduzindo as reações de hiperdosagem e toxicidade do sal anestésico. Outra função 
de suma importância dos vasoconstritores associados aos anestésicos locais durante o 
procedimento de bichectomia ou qualquer outro procedimento de cirurgia bucal é a 
melhora da hemostasia local, que reduz sangramentos e proporciona melhor campo 
operatório, além de prolongar o efeito anestésico e dar maior conforto para o paciente.
Os vasoconstritores podem ser classificados como catecolamínicos ou adrenérgicos, 
ou seja, com a presença de um anel catecol em sua estrutura molecular, por exemplo: 
adrenalina (epinefrina), noradrenalina (norepinefrina) e levonordefrina, sendo que 
a mais utilizada é a adrenalina (epinefrina) podendo ser na proporção de 1:100.000, 
1:200.000 e até 1:50.000.
Figura 18. Composição dos tubetes anestésicos, pacientes asmáticos tendem a alergia ao conservante do anestésico.
Fonte: https://www.tv.odontologiavirtual.com/2019/02/anestesicos-locais-conservantes.html.
Um exemplo de vasoconstritor não catecolamínico ou não adrenérgico é a “felipressina”, 
uma substância análoga à vasopressina que é um hormônio antidiurético. Esse tipo de 
vasoconstritor é encontrado associado ao sal anestésico “prilocaína”. A felipressina atua 
sobre os receptores V1 da vasopressina presentes no músculo liso da parede dos vasos 
sanguíneos, sendo essa ação mais acentuada na microcirculação venosa que na arteriolar, 
tendo menor hemostasia comparada com o grupo dos vasoconstritores adrenérgicos, 
33
ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS | UNIDADE II
como a adrenalina ou noradrenalina, porém pode ser uma opção nos casos em que seja 
contraindicado o uso de vasoconstritores adrenérgicos. Esse grupo das felipressinas 
não deve ser utilizado em gestantes, pois pode causar uma antecipação do trabalho de 
parto em doses altas. É importante lembrar que, por ser um procedimento totalmente 
eletivo, devemos esperar até o final da gestação para a realização desse procedimento, 
não justificando a sua realização durante a gestação por motivos e razões óbvias.
Como já mencionado, a bichectomia (remoção do corpo adiposo bucal) pode ser 
realizada em hospital sob anestesia geral e muitas vezes associada a outros procedimentos 
cirúrgicos estéticos faciais ou em consultório sob anestesia local. Para realizarmos 
esse procedimento em regime ambulatorial (consultório), é imprescindível uma boa 
anestesia infiltrativa na região a ser manipulada de preferência com vasoconstritor 
adrenérgico com o objetivo de obter uma melhor hemostasia no procedimento, desde 
que não haja empecilho do ponto de vista sistêmico do paciente para a utilização 
de vasoconstritor adrenérgico. Uma boa anestesia infiltrativa em fundo de sulco 
vestibular em maxila posterior almejando a anestesia do nervo alveolar superior pode 
se estender até a região do nervo alveolar superior médio, podendo complementar 
anestesiando o nervo bucal para uma melhor anestesia de toda a mucosa jugal. 
É importante sempre termos em mente a relação dose/Kg de peso para cada anestésico 
para evitarmos sobredosagens causadas pelo excesso de injeção de anestésico local. 
Uma técnica anestésica segura além do conhecimento da neuroanatomia dos ramos 
do nervo trigêmeo (V par craniano) são fundamentais para uma excelente anestesia 
para a realização desse tipo de procedimento, muitas vezes o paciente acaba sentindo 
um pouco de angústia durante o momento da exérese da bola de Bichat por conta de 
um desconforto psicológico, e não por dor.
O uso de anestesia tópica pré anestesia injetável, é uma boa prática que leva a um maior 
conforto do paciente e também exerce grande efeito psicológico. 
O uso de analgesia ou sedação consciente com uso de óxido nitroso tem demonstrado 
ser de grande valia aos cirurgiões dentistas no controle do medo e da ansiedade associada 
aos procedimentos odontológicos em geral. Contudo, deve-se lembrar que o óxido 
nitroso não é um anestésico, nem faz com que o paciente perca a consciência e adormeça 
durante o procedimento, mas sim diminui os reflexos, a atenção e principalmente o 
medo. Embora positivo, o óxido nitroso ainda vai exigir que se faça uma anestesia local 
bem feita. O custo da operação com óxido nitroso deve ser pensado como um fator no 
momento do cálculo do valor cobrado pelo procedimento, assim como a disponibilidade 
de um tempo maior para que o processo de sedação seja completamente realizado. 
34
UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
Além disso, devemos lembrar que apenas profissionais habilitados em sedação consciente 
podem exercer a técnica.
Para saber mais sobre sedação consciente com uso de óxido nitroso, suas aplicações 
e seus benefícios, clique no link e assista ao vídeo: https://www.youtube.com/
watch?v=TqqOUoFeHto.
A técnica anestésica usual para a bichectomia deve ser a infiltrativa em mucosa bucal, 
seguida de um bloqueio do nervo bucal e, caso necessário, ainda pode se realizar a 
anestesia pterigomandibular como complemento ou anestesiar por extraoral na região 
da bola de Bichat, assim como na região da glândula parótida, a fim de conferir um 
bloqueio mais completo. Contudo, a anestesia da mucosa jugal, músculo masseter, 
nervo bucal já se mostra suficiente,e pode ser executada exclusivamente por intraoral 
com bons resultados. Apenas para visualização, em caso de uso de uma agulha curta 
gengival, o comprimento total da agulha deve ser inserido na mucosa jugal no sentido 
da direção da bola de Bichat.
A quantidade de tubetes anestésicos ou ml é variável de acordo com a habilidade do 
profissional ou com a suscetibilidade do paciente ao produto, sendo que em média 
utilizam-se, em cada bola de Bichat (hemiface), aproximadamente 2 tubetes e meio, 
ou seja, aproximadamente de 3,6 a 4 ml por hemiface. 
Cabe lembrar ao cirurgião que existem parâmetros de dosagem de segurança e dosagem 
máxima para cada quilo de massa corporal do paciente, sendo que esse quesito se 
enquadra de acordo com cada anestésico (vide bula do anestésico), com o status de 
saúde geral do paciente bem como com seu peso corporal individualmente.
É comum o uso de anestesia transoperatória, ou seja, durante a cirurgia, muito do 
anestésico injetado é drenado junto com o sangramento, bem como absorvido pela 
própria bola de Bichat, assim como outros tecidos adiposos que costumam absorver 
o anestésico por uma afinidade química (lipossolubilidade) a bola de Bichat também 
costuma “roubar” o anestésico dos tecidos ao redor, sendo esse o motivo de dores 
durante o procedimento.
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CAPÍTULO 5
Farmacologia Aplicada
Como já mencionamos aqui, é de bom senso prescrever antibióticos pré-operatórios 
dentro das indicações já discutidas no capítulo anterior e pós-operatórios com o objetivo 
de prevenção de infecções pós-operatórias, e não podemos utilizar essa prescrição 
de antibióticos para não manter uma cadeia asséptica rigorosa no transoperatório. 
A primeira opção ainda de prescrição de antibióticos em cirurgias bucais são as penicilinas, 
sejam elas sintéticas ou semissintéticas, como no caso da amoxicilina. As penicilinas 
são antibióticos que possuem, em sua estrutura molecular, anel betalactâmico e, por 
isso, pertencem ao grupo dos antibióticos do grupo dos betalactâmicos, assim como 
as cefalosporinas. O mecanismo de ação das penicilinas é agindo na inibição da síntese 
da parede celular bacteriana, fazendo com que esta perca sua integridade e causando 
a morte da bactéria, por isso as penicilinas são consideradas antibióticos bactericidas. 
Seu espectro de ação atua principalmente em bactérias cocos Gram-positivos e em 
alguns anaeróbios Gram-negativos, tais como Porphyromonas gingivallis, Prevotella 
intermedia e Fusobacterium nucleatum. Estima-se que 5% da população pode desenvolver 
alguma reação alérgica às penicilinas, desde reações alérgicas mais leves, como reações 
cutâneas, e alguns casos de reações anafiláticas. Essas reações estão mais associadas às 
penicilinas injetáveis do que as prescritas por via oral.
Exemplos de penicilinas: Benzilpenicilina potássica, Penicilina G cristalina.
Exemplos de penicilinas semissintéticas: Amoxicilina prescrita por via oral e Ampicilina 
prescrita por via parenteral.
Em casos de pacientes alérgicos às penicilinas, podemos prescrever clindamicina. 
A clindamicina é um antibiótico pertencente ao grupo das lincosaminas, sendo derivada 
do antibiótico lincomicina (padrão desse grupo das lincosaminas).
A clindamicina é bem absorvida por via oral e age inibindo a síntese proteica bacteriana, 
por meio da ligação aos ribossomos 50S. A ação biológica da clindamicina de 300mg 
é bacteriostática, porém em concentrações mais altas, como, por exemplo, 600mg, 
torna-se bactericida sua ação. O espectro de ação da clindamicina é semelhante ao das 
penicilinas, com a diferença que atingem o Staphylococcus aureus e algumas bactérias 
produtoras de penicilinases. A clindamicina atua também contra bacilos anaeróbios 
Gram-negativos como o F. nucleatum. As reações adversas da clindamicina incluem 
diarreia (mais frequente), podendo causar em alguns pacientes uma doença intestinal 
chamada de colite pseudomembranosa.
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UNIDADE II | ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS
Podemos prescrever anti-inflamatórios não esteroidais (Aines) por até 15 dias no pós-
operatório, tais como Cetoprofeno 100mg, Diclofenaco de Sódio 50mg, por exemplo.
Podemos prescrever anti-inflamatórios esteroidais no pré-operatório a fim de minimizar 
o edema pós-operatório, por exemplo predinisona 20mg 1 hora antes da cirurgia. 
Podemos manter a predinisona, com a indicação de 1 comprimido de 20mg a cada 8 
horas por 7 dias. 
Analgésicos de ação periférica: podemos prescrever paracetamol 750mg a cada 6 horas 
ou Dipirona Sódica 500mg-1g a cada 6 horas.
Analgésicos de ação central
São representados pelos opioides, substâncias oriundas do ópio, tendo a morfina 
como droga padrão desse grupo. São empregados no controle da dor aguda grave, 
em pós-operatórios de cirurgias de maior porte e quando o paciente ainda reclama 
de dor mesmo com analgésicos de ação periférica de horário. Podemos prescrever 
esses analgésico se necessário, ou seja, intercalando com algum analgésico de ação 
periférica, e o paciente só irá tomar em caso de dores mais intensas, ou podemos 
deixar prescrito o horário para o paciente de acordo com o porte e a duração da 
cirurgia. Como reações adversas desse grupo de analgésicos citamos a depressão 
do sistema respiratório, principalmente quando associados a benzodiazepínicos, 
dependência e tolerância medicamentosa, por isso são prescritos em receitas do tipo 
notificação de receita tipo B (cor azul).
Exemplos de analgésicos de ação central: morfina (uso hospitalar) codeína e tramadol.
A codeína é associada ao paracetamol, como o Tylex® 30 mg, a cada 6 horas.
O tramadol (tramal®) é prescrito da dosagem de 50mg a 100mg a cada 8 horas, às vezes 
pode causar alguma reação de náusea no paciente.
A prescrição de uso de antisséptico à base de digluconato de clorexidina 0,12% no pós-
operatório, porém sem a realização de bochechos vigorosos, é um importante auxílio 
na higienização do sítio operatório. Para um menor desconforto causado pelo processo 
inflamatório fisiológico pós-operatório e redução de edema, podemos prescrever anti-
inflamatórios não esteroidais ou esteroidais por 3 dias, associado a um analgésico de 
ação periférica (Dipirona ou Paracetamol) de horário e podendo deixar prescrito um 
analgésico de ação central se houver necessidade (paracetamol + codeína ou Tramadol.
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ANATOMIA E FUNDAMENTOS BÁSICOS | UNIDADE II
Exemplos de prescrição: 
Antissepsia pré-operatória: bochechos por 1 minuto de solução aquosa de digluconato 
de clorexidina 0,12% e antissepsia de face com solução aquosa de clorexidina 2%.
Antibiótico: Amoxicilina 2g 1 hora antes do procedimento e estendendo na dose 
de 500mg a cada 8 horas por 7 dias caso o paciente não seja alérgico às penicilinas. 
Em caso de pacientes alérgicos, podemos prescrever Clindamicina 600mg 1 hora antes 
do procedimento e estendendo na dose de 300mg a cada 6 horas por 7 dias.
Anti-inflamatórios não esteroidais: Nimesulida 100mg a cada 12 horas por 3 dias ou 
Diclofenaco de Sódio 50mg a cada 8 horas por 3 dias.
Anti-inflamatórios esteroidais: Dexametasona 8 mg 1 hora antes do procedimento e 
estendendo na dose de 4 mg a cada 8 horas por 3 dias.
Analgésicos de ação periférica: Dipirona Sódica 1g a cada 6 horas ou Paracetamol 
750mg a cada 6 horas em caso de dor.
Analgésicos de ação central (somente se necessário): Paracetamol + Codeína 30mg a cada 
6 horas ou Tramadol 100mg a cada 8 horas, lembrando que, para a prescrição destes 
analgésicos, é necessária a realização em receitas com 2 vias (controle). (ANDRADE 
2006). 
O pós-operatório dessa cirurgia do ponto de vista de dor é muito leve, contudo o principal 
evento citado é o edema. Para isso podemos, além das prescrições medicamentosas 
típicas, sugerir que o paciente realize compressas geladas na região a cada 3 horas. 
Também devemos recomendar que o paciente fique o máximo de tempo sentado 
durante o período de repouso, a fim de evitar a vasodilatação da região de cabeça e 
pescoço causada pela posição. A alimentação deve ser exclusivamentelíquida e pastosa, 
gelada ou fria, durante os 2 primeiros dias, sendo, após esse período, liberada a dieta 
semissólida e de temperatura amena. A prática de atividades físicas deve ser evitada 
pelos primeiros 5 dias, assim como a exposição solar. Cuidados bem conhecidos pelos 
cirurgiões dentistas, pois se assemelha aos de uma exodontia de terceiro molar.
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UNIDADE IIITÉCNICAS OPERATÓRIAS
Esta unidade tem como objetivo abordar e revisar os seguintes assuntos:
 » técnicas cirúrgicas;
 » cuidados pós-operatórios;
 » complicações.
CAPÍTULO 1
Técnicas Cirúrgicas
A palavra cirurgia vem do grego Kheirourgos, derivada de Kheir (mão) e Érgon 
(trabalho), ou seja, trabalho manual, o que não deixa de ser uma arte. Como em 
qualquer procedimento cirúrgico, devemos sempre ter em mente as seguintes manobras 
fundamentais em cirurgia: diérese, hemostasia, exérese e síntese.
Diérese: a palavra diérese vem do grego que significa “dividir”, ou seja, diérese é o ato 
em que o cirurgião divide os tecidos, abrindo caminho para se chegar aos planos mais 
profundos e atingir, por meio desse primeiro passo, o objetivo da cirurgia. O exemplo 
de manobra de diérese na cirurgia de bichectomia é a incisão, quando ocorre o corte 
do tecido. Esse corte deve ser firme e contínuo, sempre com lâmina descartável, ou 
seja, uma lâmina para cada lado do paciente em cirurgia de bichectomia, para que 
possamos ter uma melhor precisão na incisão. Tendo em vista que as lâminas acabam 
perdendo o seu poder de corte muito precocemente, podemos utilizar a lâmina número 
15, associada a um cabo de bisturi. Cortes repetidos e principalmente com lâminas 
sem corte aumentam a lesão tecidual e consequentemente o edema pós-operatório. 
O cabo de bisturi deve ser segurado como uma caneta.
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TÉCNICAS OPERATÓRIAS | UNIDADE III
Figura 19. A empunhadura correta do bisturi.
Fonte: elaborada pelo autor.
Divulsão: ainda dentro do campo das manobras fundamentais de diérese, a divulsão 
consiste no afastamento dos tecidos sem seccioná-los, por meio de tesouras ou pinças 
rombas, um exemplo são as tesouras curvas de Metzembau do tipo curva ou as pinças 
Kelly do tipo curva, as quais são as recomendadas para a manobra de divulsão nas 
cirurgias de bichectomia. O instrumento é penetrado fechado, dentro do tecido a ser 
separado, e, logo após, esse instrumento é aberto delicadamente, proporcionando a 
divulsão e o afastamento dos tecidos. No caso específico das cirurgias de bichectomia, 
utilizamos essa manobra com uma pinça Kelly do tipo curva delicadamente divulsionado 
os tecidos submucosos após a incisão na mucosa suprajacente, divulsionamos separando 
as fibras do músculo bucinador até encontrarmos o tecido gorduroso (bola de Bichat, sua 
extensão bucal), o qual emergirá e aflorará na cavidade bucal; continuamos divulsionando 
delicadamente esse tecido gorduroso separando-o dos tecidos adjacentes, como fibras 
musculares, sempre delicadamente e sem movimentos bruscos, até conseguirmos 
divulsionar todo o tecido gorduroso a ser removido.
Hemostasia: a palavra hemostasia significa parar o sangue (hemo = sangue; stasis = 
parar). As manobras de hemostasia devem estar presentes durante todo o tempo 
cirúrgico fundamental, como na diérese (incisão + divulsão), na exérese do tecido 
(bola de Bichat) e na manobra de síntese (sutura). A hemostasia pode ser de maneira 
espontânea ou fisiológica, caso o paciente não possua nenhuma discrasia sanguínea 
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UNIDADE III | TÉCNICAS OPERATÓRIAS
ou provocada pelo cirurgião durante o ato operatório por meio de manobras. Uma 
boa hemostasia sanguínea é importante porque, além de ser fundamental para a 
segurança do procedimento e impedir grandes perdas sanguíneas, proporciona 
um bom campo de visão operatório e evita a formação de hematomas que acabam 
atuando como meio de cultura para a proliferação de microrganismos, podendo causar 
infecção pós-operatória importante. Manobras de compressão vão desde uma boa 
compressão com gaze no caso de vasos de pequeno calibre, pinçagem do vaso com 
pinça hemostática após a sua devida identificação, podendo fazer uma ligadura desse 
vaso ou sutura em massa, sempre tomando todo o cuidado para não lesarmos o ducto 
da glândula parótida durante essas manobras. Uma boa anestesia local associada a um 
vasoconstritor adrenérgico com adrenalina 1.200.000 ou 1.100.000 ajuda bastante, 
além de um bom controle anestésico e analgésico transoperatório, assim como uma 
boa hemostasia. É importante lembrar sempre no uso racional dos anestésicos locais. 
Por se tratar de uma cirurgia totalmente eletiva e não de caráter de urgência, devemos 
nos preocupar com a questão de saúde geral do paciente, além de realizar uma boa 
anamnese direcionada a saber se o paciente possui alguma doença hematológica 
que possa corroborar com um aumento do tempo de sangramento ou até mesmo a 
incapacidade de uma hemostasia, podendo ter riscos até de o paciente desenvolver 
um choque hipovolêmico, caso esse sangramento não seja cessado e também saber se 
o paciente toma algum medicamento que possa interferir no sangramento no trans e 
pós-operatório, tais como anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Nesse caso, 
devemos solicitar avaliação médica pré-operatória, e pacientes que possuam um risco 
cirúrgico intermediário e alto devem ser excluídos desse procedimento, de preferência.
Pode-se também solicitar exames hematológicos pré-operatórios, tais como hemograma, 
e alguns exames que fazem parte dos exames denominados como coagulograma, 
principalmente o tempo de protombrina (TP), exame que avalia os fatores da via 
extrínseca da cascata de coagulação, e o exame tempo de tromboplastina parcial ativada 
(TTPA).
Exérese: após obter um bom acesso cirúrgico do corpo adiposo de Bichat, por meio 
de manobras de diérese (incisão e divulsão e manobras de hemostasia), remove-se a 
estrutura de interesse. Assim que identificado o corpo adiposo de Bichat com seu caráter 
móvel, amarelo forte e encapsulado, a sua porção anterior deve ser imediatamente 
pinçada com uma pinça de Allis ou Halsted. Após a preensão da estrutura, são realizadas 
diversas divulsões ao redor da cápsula da gordura de Bichat; e com uma tração leve 
a estrutura deve ser puxada. Após completa exposição da gordura bucal, ela deve ser 
“liberada” das suas junções e fibras mais posteriores, com a separação desses tecidos 
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TÉCNICAS OPERATÓRIAS | UNIDADE III
fibrosos. Retira-se aproximadamente 95% da gordura, mantendo a sua porção mais 
posterior, que é a adesão do processo bucal da bola de Bichat ao ligamento zigomático 
posterior.
Síntese: a etapa final de um procedimento cirúrgico consiste em manobras que objetivam 
uma aproximação dos tecidos separados durante a diérese, a fim de que possa ter um 
favorecimento para a reparação tecidual deste tecido. Nesse caso, como o procedimento 
é exclusivamente realizado em tecidos moles, a manobra de síntese é realizada por 
sutura. Devemos utilizar fios agulhados; um bom porta-agulha, de preferência com 
pontas de vídea, podendo ser um porta agulha do tipo Mayo-Hegar; uma boa pinça de 
auxílio para sutura, como a pinça do tipo Adson com dente ou pinça do tipo Dietrich; 
além de uma boa tesoura para cortar os pontos aos cuidados do cirurgião auxiliar na 
cirurgia. O número de pontos deve ser o suficiente para obter um bom fechamento da 
ferida da mucosa, não é necessário suturas de planos profundos neste tipo de cirurgia de 
Bichectomia, apenas alguns pontos na mucosa incisada e de preferência suturas do tipo 
“ponto simples e separados”. Deve-se ter o cuidado de não suturar o ducto de Stensen, 
ou seja, o ducto da glândula salivar da parótida, o que poderia gerar uma estenose 
importante nesse ducto, com obstrução e consequentemente o desenvolvimento de 
lesões de sialocele, que são acúmulo de saliva nos tecidos adjacentes ao tecido glandular, 
em que o paciente pode apresentar um quadro de aumento de volume em região de 
parótida e mucosa jugal. Pode haver relatos deque o volume nessa região aumenta 
durante o período de alimentação, principalmente após a ingestão de alimentos ácidos, 
tais como sucos cítricos, saladas temperadas com vinagre, entre outros, tudo isso por 
conta de um aumento da produção salivar ao ingerir esses tipos de alimentos. Em 
relação aos tipos de fios de suturas, podemos utilizar tanto fios absorvíveis, como os de 
origem animal, por exemplo o “Categute”, os à base de ácido glicoico, como “Vicryl®” 
e Monocryl, ou fios de sutura não absorvíveis, como Nylon 4.0 ou Seda 4.0, os quais 
devem ser removidos entre 7 e 14 dias.
Reparação Tecidual
O reparo nos tecidos moles pode ocorrer por primeira intenção, por segunda intenção 
(casos de exodontias) ou até por terceira intenção.
A cicatrização por primeira intenção é aquela que ocorre nos ferimentos ou incisões 
onde conseguimos reposicionar as bordas da ferida. Esse tipo de cicatrização é a que 
almejamos ao realizarmos a sutura entre as mucosas rompidas durante o ato de diérese 
e onde ocorre a reepitelização mais rápida.
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UNIDADE III | TÉCNICAS OPERATÓRIAS
A cicatrização por segunda intenção é a que ocorre quando não conseguimos aproximar 
as bordas da ferida, e essa ferida é preenchida por tecido de granulação até que ocorra 
a reepitelização. Um exemplo clássico para esse tipo de cicatrização é o que ocorre 
durante uma exodontia de dentes molares com coroas íntegras, em que não conseguimos 
aproximar a mucosa gengival vestibular com a mucosa lingual/palatina e ocorre a 
formação de um coágulo intra-alveolar, o qual será responsável pela cicatrização de 
dentro para fora do alvéolo.
A cicatrização por terceira intenção também conhecida como cicatrização por 
primeira intenção “tardia”, é a que deixa a ferida aberta propositalmente em virtude 
de contaminação significativa e sendo suturada num segundo momento oportuno 
após melhora da infecção local neste sítio (FREITAS, 2006).
O reparo dos tecidos moles é composto por cinco fases: inflamatória, granulação, 
epitelização, fibroplasia e de contração.
Fase inflamatória: a inflamação é a reação natural e fisiológica após um trauma, seja 
ele cirúrgico ou não. Após a lesão tecidual, nos vasos ocorrem uma vasoconstrição 
local e a produção de substâncias teciduais que são expostas a cascatas dos fatores 
de coagulação e do sistema complemento. Os mecanismos de coagulação ativam a 
protrombina em trombina, que converte o fibrinogênio em fibrina. Essa fibrina, 
então, é polimerizada em um coágulo estável. Nessa fase é que ocorre a formação 
de um trombo.
Fase de granulação: é a fase na qual ocorre a formação do tecido de granulação, tecido 
de aspecto vermelho vivo consequente da migração e da divisão das células endoteliais 
com formação de novos capilares sanguíneos no local da ferida para que ocorra uma 
boa cicatrização.
Fase de epitelização: ocorre a formação de um tecido epitelial imaturo.
Fase de fibroplasia: é a formação propriamente do tecido cicatricial tanto superficialmente 
como nos casos de incisões e feridas em pele ou em tecido mucoso, incluindo tecidos 
profundos, muitas vezes ocorrendo um fenômeno denominado fibrose cicatricial em 
tecidos submucosos em cirurgias de bichectomia, que muitas vezes podem incomodar 
o paciente no pós-operatório.
Fase da contração: é a fase em que ocorre a contração desse tecido cicatricial. 
Segue um exemplo de descrição cirúrgica para o procedimento de bichectomia: 
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TÉCNICAS OPERATÓRIAS | UNIDADE III
Após a antissepsia de face e intraoral, realizamos a pré-anestesia, com anestésico 
tópico, seguida por uma boa anestesia infiltrativa na região, com anestésico associado 
a vasoconstritor adrenérgico, de preferência objetivando melhor hemostasia 
transoperatória. Devemos tomar cuidado durante a anestesia para não distendermos 
muito os tecidos adjacentes em mucosas jugais para não perdemos a referência do 
ducto de Stensen. 
Após a identificação da papila do orifício de saída do ducto de Stensen, com uma 
lâmina de bisturi número 15 ou a de preferência, desde que delicada, realizamos uma 
incisão horizontal em fundo de sulco vestibular de aproximadamente 1,5 cm a 2,0 cm, 
estendendo desde distal do primeiro pré-molar superior até a mesial do segundo molar 
superior ipsilateral. Uma divulsão cautelosa com um instrumento rombo, como uma 
tesoura de metzembaum curva ou pinça Kelly curva delicada, realizamos a divulsão 
da subumucosa, passando com cuidado pelo músculo bucinador até visualizar o tecido 
adiposo bucal, que se apresenta como uma pequena bolha de gordura (cabeça da bola 
de Bichat). Apreendemos delicadamente esse tecido adiposo com uma outra pinça do 
tipo Kelly curva delicada e continuamos realizando a sua divulsão até que a bola de 
Bichat fique froxa. Podemos também puxar a bola para um lado e para o outro como 
em um movimento pendular, e a bola de Bichat virá ensacada por uma membrana 
gordurosa que logo irá se desfazer. Mova a bola de Bichat e, caso escorregue, realize 
outro pinçamento, a bola estará presa pela sua base que fica inserida na região músculo 
masseter (é normal que o paciente se queixe de uma fisgada nessa hora, então você 
saberá que a bola de Bichat chegou ao final). Procede-se, então, com a exérese desse 
tecido usando tesoura ou bisturi para cortar a bola pela sua base, pois ela não cai sozinha 
nem sai ao puxar, ela deve ser cortada rente à base.
Figura 20. Localização aproximada da bola ou bolsa de Bichat.
Fonte: http://www.lipoesilicone.com.br/wp-content/uploads/2015/02/34r.jpg.
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UNIDADE III | TÉCNICAS OPERATÓRIAS
Podemos ter algum instrumento para medir o volume retirado, contudo isso é opcional. 
É normal que as bolas de Bichat sejam diferentes entre o lado direito e esquerdo, isso 
ocorre devido ao lado de trabalho e lado de balanceio durante a mastigação, em que 
o lado de trabalho deverá apresentar (não obrigatoriamente) uma bola de Bichat 
mais densa e fibrótica, enquanto o lado de balanceio uma mais macia e volumosa. 
Além da mastigação, outro fator que interfere no volume da bola de Bichat é o lado onde 
o paciente repousa durante o sono, pois o “amassamento” contínuo da bola de Bichat 
pode levar ao mesmo sistema de endurecimento e diminuição, como na mastigação.
Suturas delicadas devem ser realizadas tomando muito cuidado para não suturar o 
ducto de Stensen e, consequentemente, obliterando-o. Podemos utilizar tanto fios 
não absorvíveis, como Seda ou Nylon 4.0, ou fios absorvíveis, como à base de ácido 
poliglicoico ou Categute. 
Terminada a sutura, devemos fazer um bom curativo compressivo em face com 
Tensoplast®, por exemplo, a fim de reduzirmos a presença de espaço morto na região 
e impedir a formação de hematomas, os quais podem ser uma fonte de grandes edemas 
pós-operatória e muitas vezes precisam ser drenados cirurgicamente. Terminado o 
procedimento, antes de liberar o paciente para casa devemos checar pelo menos mais 
uma vez para ver se há algum sangramento ativo oriundo do acesso cirúrgico e orientar 
o paciente e o acompanhante sobre todos os cuidados locais que devem ser tomados 
e sobre a prescrição que deve ser utilizada no pós-operatório.
Figura 21. Ilustração do passo a passo cirúrgico da bichectomia.
Fonte: https://www.supersorriso.com.br/bichectomia.
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TÉCNICAS OPERATÓRIAS | UNIDADE III
Figura 22. Após a incisão e divulsão observamos o afloramento do tecido adiposo.
Fonte: foto cortesia da Dra. Mariana Pasculli Chagas.
Figura 23. Corpo adiposo exposto em cavidade bucal.
Fonte: foto cortesia da Dra. Mariana Pasculli Chagas.
Figura 24. Sutura – Pós-operatório imediato.
Fonte: foto cortesia da Dra. Mariana Pasculli Chagas.
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UNIDADE III | TÉCNICAS OPERATÓRIAS
Figura 25. Duas seringas do tipo Luer, alternativa para comparar o quanto de gordura foi removido de cada lado.
Fonte: foto cortesia da Dra. Mariana Pasculli Chagas.
A aplicação de laserterapia no pós-cirúrgico imediato tem demonstrado bons resultados 
na redução de edema pós-cirúrgico, trismo e dores associadas

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