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Microbiologia endodôntica (resumo)

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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução: 
A endodontia é a área de tratamento dentro dos canais 
radiculares, que busca ajudar a prevenir a lesão de origem 
endodôntica. A endodontia possui microrganismos envolvidos. Esses 
microrganismos são a principal via de infecção e causadores das 
doenças na boca. 
▪ A principal via de contaminação da polpa dentária é a 
continuidade da cárie dentária. É uma infecção recorrente que 
passa por esmalte, dentina e chega até a polpa. 
▪ Na endodontia, os microrganismos terão acesso ao maior 
volume da câmara pulpar, causarão a colonização, ocorre em 
maior volume no local que era preenchido pela câmara pulpar, 
depois migra para o terço cervical, médio e chega até o ápice. 
▪ Esses microrganismos vão causar alterações na polpa 
(pulpites, que pode ser reversível ou irreversível). Depois que 
ocorre a necrose, acontecerão as periapicopatias (atingindo 
os tecidos de sustentação). Os microrganismos são 
responsáveis por perpetuar as lesões de origem endodôntica. 
▪ Quando não é feito o tratamento de canal, a lesão evolui, a 
infecção chega ao osso, alcança os espaços faciais, pode cair 
na circulação sanguínea, pode causar uma sepse e o paciente 
pode vir a óbito. 
OBS: As alterações da polpa e do periápice, devem ser tratadas 
para prevenir a ocorrência de lesões nos tecidos perirradiculares. 
Com o êxito na terapia endodôntica, é possível aumentar a 
longevidade do dente na boca. 
Os microrganismos: 
As infecções de origem endodôntica necessitam de 
microrganismos, que são os responsáveis por causar as patologias 
pulpares e perirradiculares. 
▪ São responsáveis pela colonização bacteriana (biofilmes 
bacterianos) – passando do terço cervical para o terço 
médio, até chegar no terço apical (que teóricamente terá 
menos espécies bacterianas, porém elas podem ser mais 
resistentes). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
▪ O problema: a infecção bacteriana: 
→ A infecção pode ser causada por fatores 
transitórios (que podem ser de natureza 
química ou física); 
→ As bactérias são fonte de agressão 
persistente para a polpa e os tecidos 
perirradiculares; 
→ Esses microrganismos são capazes de induzir 
patologias e também de perpetuá-las. 
Vias microbianas de acesso: 
▪ Túbulos dentinários; 
▪ Cavidade aberta (exposição pulpar); 
▪ Membrana periodontal; 
▪ Corrente sanguínea. 
 
 
 
 
 
 
▪ A principal via de acesso microbiana é os túbulos 
dentinários; 
▪ Se dá em decorrência da perda de: esmalte e dentina; 
▪ Com a dentina exposta: ocorre a entrada de substâncias 
nocivas e as bactérias iniciam uma ação externa; 
▪ Quando essa agressão chega até a polpa, ela vai induzir 
um processo de resposta pulpar, isso pode levar aos 
estímulos de reparo ou ao quadro de necrose pulpar; 
 
endodôntica 
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▪ Quando a polpa morre, o seu espaço é ocupado pelos 
microrganismos. 
OBS: os microrganismos podem chegar até a polpa através da 
cárie ou recessão gengival (por conta de uma escova que causa 
danos à gengiva, por exemplo). Com o cemento exposto na cavidade 
oral, ele tende a ser dissolvido de forma mais rápida, expondo os 
túbulos dentinários. 
 
 
 
 
 
 
 
Exposição dentinária: 
▪ Causas: macro e microfissuras do esmalte –> podem 
permitir a passagem de microrganismos –> como a 
dentina apresenta permeabilidade alta, a lesão evolui –> 
se a dentina ficar exposta: pode levar ao acesso do 
tecido pulpar. 
▪ Os túbulos dentinários próximos ao nível do esmalte, 
possuem um diâmetro menor, já os túbulos dentinários 
próximos da polpa, possuem maior diâmetro. 
▪ Esse diâmetro é compatível com as bactérias, porém 
esses túbulos não são facilmente invadidos, por conta dos 
mecanismos de defesa da dentina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Túbulos dentinários no esmalte e na dentina. 
 
▪ Contaminação da dentina exposta por saliva; 
▪ Formação de biofilme sobre superfície exposta; 
▪ Cárie. 
▪ São facilmente invadidos por bactérias; 
▪ Não possuem mais tantos mecanismos de defesa; 
▪ São mais sensíveis à contaminação. 
A polpa será invadida de forma mais fácil, quando não há 
resistência (mecanismos de defesa) os agentes agressores 
chegam mais rápido. 
Assim, as bactérias chegam até a polpa, quanto mais profunda vai 
ficando a lesão, menos microrganismos aeróbicos estarão 
presentes, haverá predomínio de bactérias anaeróbias (que 
conseguem sobreviver com baixas concentrações de oxigênio). 
Ocorrerá a sucessão bacteriana, com predomínio de bactérias 
gram negativas: Prevotella e Porphyromonas. Esses 
microrganismos também podem ser encontrados em lesões de 
cárie sem exposição e com sintomas clínicos de pulpite reversível 
e irreversível. Devido a presença desses microrganismos: 
▪ Ocorre intensidade da resposta inflamatória; 
▪ Difusão de produtos bacterianos tóxicos (quando a 
defesa não pode controlar, pode acontecer danos 
maiores). 
 
 
 
 
Intensidade da resposta inflamatória pulpar: 
▪ Dependerá da relação de equilíbrio entre: 
→ Produtos bacterianos que alcançam a polpa; 
 
→ Capacidade de drenagem da microcirculação 
pulpar. 
 
▪ Dependerá também: 
→ Da virulência da bactéria; 
→ Da concentração de produtos bacterianos que 
atingem a polpa; 
→ Da duração da agressão; 
→ Do estado geral pulpar. 
Proximidade 
com a polpa 
Aumento do 
calibre 
Maior interação com 
a polpa/troca de 
fluidos 
Os sinais cardinais da inflamação são: dor, calor, rubor, tumor 
e perca de função (consequência principal do que acontece na 
inflamação, é um mecanismo de defesa que serve para 
controlar a infecção). 
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Se não tratar a cárie, os microrganismos vão atingir a polpa! 
 
 
 
A exposição pulpar: como pode ocorrer? 
▪ Exposição da dentina na cervical 
→ Causas: perda do esmalte e/ou cemento. 
▪ Evolução da colonização -> dificuldade na remoção de 
biofilmes/potencial patogênico. 
 
 
 
 
 
Quanto maior a evolução do bioflme, maior será a dificuldade para 
remoção do biofilme. 
▪ Os microrganismos que vão estar presentes nos canais 
radiculares ou na lesão de origem perirradicular, se não 
forem removidos, vão continuar a causar a lesão de 
origem endodôntica; 
▪ Quanto maior a lesão perirradicular, maior é a 
organização do biofilme. 
Microganismos implicados com as 
infecções endodônticas: 
▪ Fusobacterium; 
▪ Enterococcus; 
▪ Streptpcoccus; 
▪ Candida; 
▪ Actinomyces; 
▪ Eubacterium. 
Podem estar presentes também: 
▪ Prevotella; 
▪ Porphyromonas; 
▪ Veillonella; 
▪ Peptoestreptococcus; 
▪ Lactobacillus. 
 
 
 
▪ A colonização vai depender: 
→ Do suporte nutricional, anatomia dos canais e 
as bactérias que estão infectando os canais. 
As bactérias colonizam os túbulos e as paredes do canal (por isso 
as limas devem raspar as paredes do canal). Ao cortar as raspas 
de dentina infectada, ela vai eliminar os microrganismos que estão 
ali presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se o tratamento de canal não é realizado, a lesão vai se difundir 
para os tecidos perirradiculares, causando mais danos. Todas as 
doenças, nesse caso, são causadas por biofilme. 
 
Ocorrem pressões seletivas que favorecem o crescimento de 
algumas espécies. Esses fatores de crescimento são influenciados 
pela presença de: oxigênio, nutrientes disponíveis, interações 
bacterianas, pH do microambiente, mecanismos de defesa do 
hospedeiro. Por meio desses mecanismos de seleção, vai haver a 
diminuição na quantidade de bactérias que conseguem sobreviver. 
Esses determinantes ecológicos, realizam uma seleção das 
espécies microbianas 
 
 
 
 
 
 
A principal via de contaminação/infecção pulpar: túbulos 
dentinários expostos. Os túbulos dentinários ficam expostos 
especialmente por meio da evolução da lesão de cárie. 
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Tipos de infecção endodôntica: 
▪ infecções que se localizam nointerior do 
sistema de canais radiculares. 
→ Infecção primária: 
o Lesões perirradiculares crônicas 
assintomáticas; 
o Lesões agudas e sintomáticas: 
1. Periodontite apical aguda; 
2. Abscesso periradicular 
agudo. 
→ Infecção secundária (quando as infecções 
sessam o processo e em algum momento 
podem reagudizar); 
→ Infecção persistente (quando o tratamento de 
canal não é feito de forma adequada, e ficam 
microrganismos no canal): 
o Essa infecção pode ser uma 
continuação da infecção primária ou 
da infecção secundária. 
▪ são as infecções que se localizam fora 
dos canais radiculares ou podem se originar da 
continuidade das infecções intrarradiculares. 
Os microrganismos ficam dentro dos canais radiculares. Os 
principais gêneros bacterianos que vão estar relacionados com as 
infecções intrarradiculares e extrarradiculares são: Cocos e 
Bacilos + Fusobacterium nucleatum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cocos e Bacilos Fusobacterium nucleatum 
▪ Os microrganismos vão atingir a polpa por continuidade 
da cárie e vão causar lesões; 
▪ O terço apical do canal radicular é considerado “território 
crítico” – pois muitas vezes há dificuldade para limpar 
próximo ao forame; 
 
▪ Causada por microrganismos que colonizam o tecido 
pulpar necrosado; 
▪ Infecção inicial; 
▪ Tem microbiota variável: depende do tempo de infecção 
e do tipo de lesão (aguda ou crônica). 
▪ Predomínio de Porphyromonas, Peptostreptococcus, 
Prevotella e Fusobacterium. 
Na entrada do forame (estrutura que fica no ápice do dente) – 
microrganismos saindo de dentro para fora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses microrganismos podem estar retidos dentro dos túbulos 
dentinários (organizados em formato de cachos de uva). 
Intrumentação precisa ser bem feita para “arrancar” esses 
microrganismos dos túbulos. 
 
 
 
 
 
 
 
▪ Tratamento de canal inadequado – microrganismos 
presentes no canal e procuram um meio de continuar 
crescendo. Eles vão em direção ao ápice e causam 
infecções; 
▪ Em alguns casos, a infecção não progride, isso acontece 
por conta que a infecção depende da resposta do 
hospedeiro (nesse caso, o reparo é muito eficaz); 
 
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▪ Microrganismos resistentes e de alta virulência; 
▪ Microrganismos em nichos inacessíveis; 
▪ Pode se dar por fratura ou infiltração do material 
restaurador/curativo; 
▪ Pode se dar por meio de fratura dentária; 
▪ Pode acontecer contaminação cruzada – 
microrganismos que estavam em um local, são deslocados 
para um outro local; 
▪ Causada por microrganismos que não estavam presentes 
na infecção primária; 
▪ Penetram no canal durante o tratamento endodôntico; 
▪ Se dá após a intervenção do profissional; 
▪ Contaminação se dá pela quebra da cadeia asséptica 
(lugar que estava sem microrganismos). 
 
 
 
 
 
 
▪ Microrganismos que resistiram aos procedimentos intra-
canais de desinfecção; 
▪ São difíceis de serem distinguidas clinicamente das 
secundárias. 
Como identificar: 
▪ Desenvolvimento de abscesso periradicular agudo; 
▪ Aparecimento de lesão a um dente já tratado; 
▪ Exudação e sintomatologia persistente; 
▪ Flare-ups – agudização de um processo inflamatório 
infeccioso; 
▪ Persistência do aparecimento de lesão perirradicular ; 
▪ Enterococcus faecalis: 29-77% dos casos de infecções 
persistentes e secundárias associadas ao fracasso do 
tratamento; 
▪ Actinomicose periapical: Actinomyces israelli, A. 
naeslundii, A. viscosus, A. Radicidentis; 
▪ Candida albicans, Candida glabrata; 
▪ Cultura: Anaeróbios facultativos gram-positivos (75%): 
estafilococos, estreptococos, enterococos, Actinomyces 
spp. Anaeróbios estritos (17%): peptoestreptococos. 
(HIRSHBERG et al., 2003; ADIB et al., 2004; FERRARI, CAI, BOMBANA, 
2005) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(SIQUEIRA, RÔÇAS, LOPES, 2002) 
Terço apical contaminado por leveduras – várias espécies juntas 
(por isso o bifilme endodôntico é conhecido por ser 
polimicrobiano). 
Essas infecções podem se tornar persistentes: 
 
 
 
 
 
Esses microrganismos perirradiculares vão migrando de dentro do 
canal radicular e vão causar infecção fora do canal radicular: 
 
 
 
 
 
▪ Resposta a infecção intrarradicular; 
▪ Barreira eficaz contra a disseminação da infecção para 
o osso alveolar e outras regiões do corpo; 
▪ Forma mais comum: Abscesso perirradicular agudo; 
▪ Uma das causas do fracasso do tratamento Endodôntico ; 
▪ Pode ser dependente ou independente da intrarradicular; 
▪ Tipos de bactérias: 
 
 
Assim, vão aparecer outras espécies bacterianas: 
Gram-positivos anaeróbios facultativos (tanto faz o ambiente, 
qualquer um serve) e/ou anaeróbios estritos (só sobrevivem 
em baixas concentrações de oxigênio) - Enterococcus spp., 
Streptococcus spp., Peptostreptococcus spp., Actinomyces 
spp. 
Principal microrganismo capaz de perpetuar a infecção 
endodôntica: Eterococcus faecalis. 
Canal 
infectado 
Forames 
apical e 
foraminas 
laterais 
Infecção no 
tecido 
perirradicular 
População de 
microrganismos aderidos ao 
cemento e/ou à dentina na 
porção apical da raiz, 
externamente ao canal 
Infecção 
extrarradicular 
 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto 
 
→ Anaeróbios estritos 
Peptostreptococcus micros, Fusobacterium 
nucleatum, Prevotella intermedia; 
→ Anaeróbios facultativos 
Staphylococcus, Enterococcus, Enterobacter, 
Pseudomonas, Actinomyces (A. israelii, A. 
naeslundii, A. viscosus). 
(SUNDHE et al., 2002) 
▪ Tronstad et al. analisaram 40 lesões refratárias à 
terapia endodôntica; 
▪ Bactérias mais isoladas: BPPN mais freqüentes; 
▪ Dados curiosos (são bactérias resistentes, difíceis de 
remover, associadas com infecções periodontais): 
→ Pseudomonas aeruginosa; 
→ Candida albicans; 
→ A. Actinomicetemcomitans; 
→ Bacteroides fragilis. 
Sobrevivência de bactérias em ambiente hostil: 
▪ Causam infecção de longa duração; 
▪ A microbiota endodôntica definida possui (número): 
→ Cepas bacterianas envolvidas (virulência); 
→ Defesas orgânicas menos eficazes 
(resistência). 
▪ Infecções perirradiculares. 
Essas bactérias por terem a capacidade de sobreviver em um 
ambiente hostil, vão causar: um cisto periapical, granuloma etc. 
Essas bactérias alojadas em áreas de biofilme, ficam protegidas 
por fagócitos, causando a perpetuação do processo infeccioso. 
▪ Bactérias podem formar colônias coesas (A. israelli) ; 
▪ Bactérias alojadas em áreas de fibrose ficam protegidas 
de fagócitos; 
▪ Bactérias organizadas em biofilme 
→ causa da perpetuação do processo infeccioso. 
▪ Os mecanismos de defesa não eliminam a lesão, mas 
evitam sua disseminação graças às inúmeras células 
imunológicas e ao encapsulamento. 
Tratamento: 
Quando os microrganismos não são removidos na primeira 
tentativa do tratamento endodôntico, pode ser necessário realizar: 
▪ Retratamento endodôntico; 
▪ Terapia antibiótica; 
▪ Cirurgia parendodôntica. 
 
 
Referências: 
Aula teórica de Clínica de Endodontia. Faculdade 
Maurício de Nassau, Professor Reinaldo Dias da Silva 
Neto, Odontologia, 2021.

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