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EPIDEMIOLOGIA VETERINÁRIA A U L A 1 E 2 - 0 8 / 1 1 E 2 2 / 1 1 EDUARDA CAROLINE GOSTINSKI EPIDEMIOLOGIA É o estudo do que ocorre sobre ou a respeito de uma população, estudo da saúde e doenças nas populações. Sua unidade de estudo é a população. É uma disciplina básica para o estudo da saúde pública. Trabalha a campo, vai buscar as informações, colher dados e trabalhá-los. Sua definição clássica "é o estudo da ocorrência e distribuição dos estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas, incluindo o estudo dos determinantes que influenciam esses estados e a aplicação desse conhecimento no controle dos problemas de saúde." Distribuição - se refere à tempo, lugar, grupos de indivíduos afetados. Eventos - doenças, causas de morte, comportamentos, prevenção, taxa de cobertura vacinal. Epizootiologia: é o estudo sobre a saúde e as doenças exclusivamente de animais. Diagnóstico Epidemiológico: Segundo Payne em Princípios da Epidemiologia "É o reconhecimento da multiplicidade de fatores na etiologia das enfermidades". A epidemiologia é uma ciência de esforço criativo. A partir de bases como questionamentos, imaginação e exploração, faz-se a tentativa de eliminar as evidências empíricas e testar idéias, estudando questões e formulando hipóteses. Determinação da origem de doenças de causas conhecidas; Estudo e controle de doenças que tem causa desconhecida ou não claramente definida; Aquisição de conhecimento sobre a ecologia e história natural das doenças; Proposição e aperfeiçoamento de planos de vigilância; Avaliação dos efeitos sócio- econômicos das doenças e análise do custo-benefício das diversas estratégias de controle; Como instrumento de planejamento e avaliação das atividades dos serviços; Vigilância, coleta e tratamento de informações que permitem a construção de indicadores de otimização do uso de meios e recursos. Uma pergunta pertinente te leva ao caminho de uma resposta pertinente. OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA É importante para manter uma visão ampla da saúde única, ao atuar em todos os seus pilares (saúde pública, saúde animal e saúde ambiental; planejar, implantar e monitorar programas de prevenção e controle de doenças e promoção da saúde animal e humana. Eduarda Caroline Gostinski como instrumento diagnóstico; Avaliação da validade de procedimentos diagnósticos nos estudos observacionais; Como instrumento de pesquisa. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA PROCESSO EPIDÊMICO É definido como uma sucessão de eventos necessários para que ocorra uma doença, pressupõe que a compreensão do que é estrutura epidemiológica e caracteres epidemiológicos. ESTRUTURA EPIDEMIOLÓGICA É a interação entre o ambiente, o hospedeiro e o agente. Determina o comportamento da doença na população e no Tempo x Espaço. CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS São resultantes da estrutura epidemiológica em cada momento. Expressa a frequência e distribuição da doença por população e Tempo x Espaço. AGENTE EPIDEMIOLÓGICO Precisa estar presente, ou o produto do seu metabolismo, para que ocorra a doença. → Agentes Físicos: traumas, queimaduras, radiações. → Agentes Químicos: venenos, tóxicos, alergias. → Agentes Biológicos: infecções e infestações. CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO É importante para entender a associação com o hospedeiro. → Morfologia: é importante no desencadeamento da doença. Ex: Leptospirose. Tamanho, motilidade. → Infecciosidade ou infectividade: capacidade de causar infecção, ou seja, invadir, se instalar e se desenvolver/multiplicar no organismo do hospedeiro, causando ou não agravos à saúde. Ex: Febre Aftosa, Peste Suína Clássica - Infecciosidade alta; Tuberculose, Micoses - Infecciosidade baixa. → Infestação: É a presença externa do agente etiológico. No caso da pele e mucosas são usadas por pulgas, carrapatos e piolhos. Também pode ser utilizado para a presença de animais reservatórios de doenças como os roedores, morcegos e pombos. → Contaminação: mera presença do agente etiológico na superfície de seres animados ou inanimados. Se a pessoa/animal está infectado, o que está contaminado é o sangue. Ex: Leite, fezes, sangue, fômites. → Patogenicidade: é a capacidade do agente de acarretar agravos ao organismo do hospedeiro. Seria o aumento no número de casos clínicos, independente da gravidade do quadro. Relacionada com a mortalidade, quanto maior a patogenicidade maior a mortalidade. Ex: Diarréias virais, pneumonias bacterianas - Alta Patogenicidade; Mastite, Brucelose (machos) - Baixa Patogenicidade. → Virulência: é a severidade da manifestação clínica. Possui relação com a letalidade, quanto maior a virulência maior a letalidade (maior a possibilidade de óbito). Varia pela cepa do agente, a idade, raça, e espécie do animal. Ex: Enterotoxemia, Febre Aftosa (jovens), Raiva - Maior Eduarda Caroline Gostinski Imunidade ativa - produzida pelo próprio hospedeiro. Imunidade Natural - após sobrevivem a infecção, como na cinomose. Imunidade Artificial - é a vacina. Reduz a patogenicidade do agente, para que após a aplicação não produza casos clínicos e sim que estimule a resposta imune e produção de anticorpos. Imunidade Passiva - transferência de anticorpos prontos formados em outro animal, natural como por exemplo transplacentária ou colostral. No caso do artificial é o soro hiperimune. intimidade do seu organismo ou em sua superfície, um determinado agente etiológico com o qual estabelece várias interações. No caso dos invertebrados são classificados como vetores ou hospedeiros intercalados. O hospedeiro pode ser susceptível (capaz de sofrer a infecção) ou resistente (aquele que não sofre a infecção). → Suscetibilidade: falta de mecanismos de defesa frente a um agente etiológico. É capaz de contrair a infecção quando entra em contato com o agente. → Resistência: Estado relativo de defesas específicas e inespecíficas de um hospedeiro contra a infecção por um agente etiológico. → Refratariedade: Capacidade de resistir a uma doença independente da existência de anticorpos ou reação dos tecidos (características anatômicas e fisiológicas). Grau extremo de resistência. Ex: equinos - febre aftosa; machos - aborto. → Resistência específica ou imunidade: reação específica do hospedeiro a um agente etiológico. → Resistência inespecífica ou natural: virulência; Doença de Aujeszky/Pseudo Raiva (suíno adulto) - Menor virulência. → Imunogenicidade ou Capacidade imunogênica: é a capacidade do agente em produzir resposta imune no hospedeiro. Ex: Cinomose, Febre Amarela - Alta imunogenicidade; Febre Aftosa, Leptospirose, Influenza - Baixa imunogenicidade. → Resistência ou viabilidade: é a capacidade do agente em suportar as adversidades do ambiente. Ex: bactérias esporuladas, oocistos. Vírus da raiva: no organismo possui letalidade de 100% mas no ambiente tem pouca resistência, menos de 24hrs é destruído. → Persistência: é a capacidade do agente, uma vez introduzido em um ecossistema, nele permanecer por tempo prolongado ou indefinido. Ex: botulismo, carbúnculo hemático, mastite estafilocócica, micoplasmose - Maior persistência. → Especificidade: é a exigência que o agente apresenta para sobreviver. Ex: Clostridium spp que vivem em anaerobiose; Anemia infecciosa equina que tem especificidade por equídeos; Febre aftosa que tem especificidade em animais biungulados; Cinomose em canídeos. → Variabilidade: é a capacidade do agente em se adaptar às condições do hospedeiro ou ambiente. Para isto, ele pode sofrer ou não alterações nas suas características (mutação, resistência). Durante a conjugação pode ser passado o gene de resistência e assim propagar a resistência para outras linhagens. Ex: gene de resistência a antibióticos - plasmídeo; AIE, HIV, Influenza. HOSPEDEIRO Animal vertebrado capaz de abrigar, na Eduarda Caroline Gostinski Manejo adotado pode representar risco devido a densidade dos animais. Emprego de tecnologia. Ex. inseminação artificial, transferência de embrião, transfusão de sangue, transplante de órgãos. Hábitos culturais e religiosos.Ex. ingestão de alimentos crus. Primeiras inter-relações: potenciais agente etiológicos, hospedeiros susceptíveis, fatores ambientais. Relacionamento harmônico: reações do hospedeiro são amenas - evolução subclínica. Necessita de métodos diagnósticos apropriados - identificação Relacionamento desarmônico: Processo de incompatibilidade entre parasita e hospedeiro. Reação mais ou para o trânsito de animais e notificações de doenças. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA LEAVEL E CLARK É o modelo descritivo elaborado através das informações capazes de explicar como e por que determinados eventos acontecem e participam do processo de saúde-doença. Permite estabelecer um perfil descritivo das possíveis causas e mecanismos de atuação. → Fase Preliminar ou Período Pré- Patogênico - Inicia antes mesmo do envolvimento do hospedeiro, antes que ele receba o estímulo doença. Ex: Carbúnculo hemático e os campos malditos; babesiose e carrapatos; dengue e aedes aegypti. → Fase intrínseca ou período patogênico - resultante da reação desencadeada no organismo do hospedeiro, a partir do estímulo à doença. Processo dinâmico de interação com dois tipos de relacionamento: Próprias ou invariáveis - não influenciadas pelo ambiente e sim pela genética. Como a raça, espécie, sexo, idade, resistência individual. Variáveis - sujeitas a modificações por influência do ambiente. Estado fisiológico: puberdade, gestação, lactação. Ex: Prenhez vs Brucelose. Lactação vs Mastite. Forma de utilização: ex: vacas leiteiras vs mastite. Densidade: número de indivíduos por área. Ex: Doenças respiratórias, diarréias. Clima: temperatura, umidade, pluviometria, insolação, ventos. Topografia: latitude, longitude, relevo, geologia, hidrografia. Flora: tipo, diversidade e abundância. Fauna: hospedeiros, reservatórios, vetores, agentes etiológicos. Surgem como consequência da ação humana, como por exemplo a estrutura de produção pecuária. Ex: grandes latifúndios. Comercialização de animais e POA. Ex. leilões, feiras, exposições, abatedouros - animais de origem diferente. Consciência sanitária. Ex. educação sanitária e higiene ambiental. Meios de comunicação importantes independe de estímulo específico. Está relacionada a características do hospedeiro. AMBIENTE Conjunto de fatores físicos, químicos, biológicos e socioeconômicos-culturais que cercam um ser vivo. → Fatores físicos e químicos: → Fatores biológicos: → Fatores socioeconômicos-culturais: Eduarda Caroline Gostinski Doente típico: Hospedeiro vertebrado que manifesta sintomatologia característica da doença. Doente atípico: Hospedeiro vertebrado que manifesta sintomatologia pouco característica da doença. Doente em fase prodrômica: Hospedeiro vertebrado que manifestam sintomatologia do início da doença, mas ainda não é suficiente para caracterizar o diagnóstico. menos intensa - sinais clínicos da doença. LIMIAR DO RECONHECIMENTO CLÍNICO Momento da infecção até o aparecimento dos primeiros sinais ou sintomas da doença → período de incubação. CADEIA EPIDEMIOLÓGICA É definido como um sistema cíclico através do qual um agente etiológico é eliminado da fonte de infecção e atinge o hospedeiro susceptível. Seu objetivo é emonstrar, de forma sumária, o processo de propagação das doenças transmissíveis nas populações. Elementos que a compõe: Fonte de Infecção (FI), Via de Eliminação (VE), Meio de Transmissão (MT), Porta de Entrada (PE), Hospedeiro Susceptível (HS). FONTE DE INFECÇÃO Hospedeiro vertebrado que alberga um agente etiológico, dando condições deste agente se multiplicar e ser eliminado para o meio ambiente. Tipos: → Doente: Hospedeiro vertebrado que alberga e elimina o agente etiológico, manifestando sintomatologia relacionada ao agente. Pode ser: → Portador: Hospedeiro vertebrado que está albergando e eliminando um agente Portador são ou sadio: Hospedeiro vertebrado que não apresentou nem está apresentando manifestações clínicas da doença e tão pouco se encontra no período de incubação da mesma, entretanto é capaz, de eliminar o agente etiológico. Portador em incubação: Hospedeiro vertebrado que, durante o período de incubação de uma determinada doença, é capaz de eliminar o seu agente etiológico. Portador convalescente: Hospedeiro vertebrado que, mesmo após o restabelecimento dos sintomas da doença que o acometeu, continua eliminando o seu agente específico. Pode ser temporário ou crônico. Secreções oculares; Secreções oro-nasais; Excreções; Leite; Placenta, líquidos fetais e fetos; Humores (sangue e demais fluídos orgânicos); etiológico, em ausência de sintomas típicos da doença. Pode ser: → Reservatório: Hospedeiro vertebrado que alberga o agente etiológico e pode ou não apresentar sintomas da doença. É sempre uma espécie diferente daquela que habitualmente hospeda o agente. Tem papel fundamental na perpetuação da doença. VIA DE ELIMINAÇÃO É o meio através do qual o agente etiológico abandona seu hospedeiro para alcançar o meio exterior e, assim, um novo hospedeiro suscetível (Patogenia). Está associada com o local de multiplicação ou desenvolvimento do agente. São elas: Eduarda Caroline Gostinski Exsudatos e descargas purulentas; Descamações cutâneas; Tecidos animais (carcaças e órgãos internos); Aerossóis ou perdigotos: são partículas em suspensão que se formam no ar. Gotículas de Pflugge: diâmetro maior que 0,1 milímetro (100 µm), incapazes de atingir grandes distâncias em virtude de seu elevado peso, sendo depositadas no solo. Núcleo Infeccioso de Wells: Diâmetro bastante pequeno, entre 0,01 e 0,001 milímetros (10 µm e 1 µm). Podem atingir hospedeiros a MEIO DE TRANSMISSÃO É o elemento vivo ou inanimado que pode levar o agente etiológico até um novo hospedeiro suscetível. Pode ser por: ⭐ Transmissão vertical (congênita). ⭐ Transmissão horizontal (de um animal para outro). Existem dois tipos básicos: → Contágio Direto ou Imediato: Precisa existir contato físico entre a fonte de infecção e o hospedeiro. É um mecanismo favorável a agentes pouco resistentes. Pode ser: Mordedura, lambedura, arranhadura, monta natural, transplacentária, transmamária, beijo. → Contágio Indireto ou Mediato: Não há contato físico direto entre o hospedeiro e o agente, sendo necessário alguns fatores ambientais para colocar o agente e o hospedeiro em contato. ⭐ Transmissão Aerógena: O agente permanece por um período relativamente longo no ar, em suspensão, não ocorrendo a presença concomitante da fonte de infecção e do hospedeiro. Pode ser por: Poeiras: os agentes com certa resistência suportam uma dessecação mais lenta e ressuspendem, sob a forma de poeira, no ar atmosférico. longas distâncias, favorecendo os agentes mais frágeis. ⭐ Transmissão pelo solo: Alguns agentes usam o solo para realizar parte do seu ciclo e se tornarem infectantes ou apenas permanecem neste até atingirem um novo hospedeiro. ⭐ Transmissão por alimentos: Podem se contaminar naturalmente em contato contínuo com o solo, e outros por serem processados de forma inadequada. ⭐Transmissão por água: A água pode ser contaminada por vários tipos de agentes. ⭐ Transmissão por vetores: Invertebrado que leva o agente até o hospedeiro. Tem papel ativo na epidemiologia da doença. Pode ser mecânico, que transporta mecanicamente o agente etiológico, ou biológico, quando o agente se multiplica ou se transforma no vetor. ⭐ Transmissão por hospedeiro intercalado: Invertebrado no qual o agente etiológico passa uma etapa fundamental do seu desenvolvimento. Parasitismo intermediário. Não tem papel ativo na transmissão da doença. ⭐ Transmissão por comunicante ou contato: Animal que esteve exposto ao risco e pode vir a se tornar uma fonte de infecção. ⭐Transmissão por fômites: São materiais inanimados (abióticos) que carregam o agente etiológico até o hospedeiro. ⭐ Transmissão por veiculadores animados: É quando parte do corpo Eduarda Caroline Gostinski Mucosa do aparelho respiratório; Mucosa do aparelho digestório; Mucosa do aparelho urogenital; Mucosa da conjuntiva ocular; Pele; Canal galactóforo;Ferida ou cicatriz umbilical. humano ou de algum animal (biótico) serve como meio de transmissão para o agente. ⭐ Transmissão por produtos biológicos: Soros e vacinas. ⭐ Transmissão por produtos de origem animal não comestíveis: pena, couro, lã. ⭐ Transmissão por materiais de multiplicalção animal: sêmen, óvulos, embriões. PORTA DE ENTRADA É o local de penetração do agente etiológico no novo hospedeiro. As principais portas de entrada são: HOSPEDEIRO SUSCEPTÍVEL É todo hospedeiro vertebrado que é susceptível à infecção por um determinado agente etiológico, criando condições para que este venha a se tornar uma futura fonte de infecção. A susceptibilidade do hospedeiro varia de acordo com a infectividade e a especificidade do agente. Fonte de Infecção Via de Eliminação Meio de transmissão Porta de entrada Hospedeiro susceptível Cadeia Epidemiológica Eduarda Caroline Gostinski
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