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Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Doença hemorroidária Vemos um componente externo com ingurgitamento vascular importante, mas completamente revestido por pele. No meio, temos os mamilos hemorroidais internos. Se imaginar como um relógio, tem o mamilo das 3h, das 7h e das 11h. Se formos ver o que é realmente um coxim, ele é um tecido fibroelástico, onde encontramos os vasos representados pelo plexo hemorroidário superior (ou interno, revestido por epitélio colunar transicional) e fibras musculares, esfíncter anal interno e o musculo longitudinal de Treitz. O plexo hemorroidário possui algumas funções (descritos no slide). - Em azul, tem o coxim vascular. Abaixo dele, tem a musculatura do esfíncter anal interno e mais abaixo ainda, o esfíncter externo. - Funciona como amortecedor para a passagem das fezes e ajuda na continência. Pacientes idosos que tem doença hemorroidária, se for removido os coxins vasculares, vai piorar a incontinência do paciente. - Podem ser internas (plexo hemorroidário superior). Normalmente não doem, só doem aquelas que estão abaixo da linha pectínea onde já são inervadas pelo nervo pudendo. - A classificação é feita de acordo com o prolapso e não pelo sangramento. - Hemorroidas externas estão abaixo da linha pectínea. - Epitélio ano cutâneo esta revestindo esse grande trombo. - Na imagem, existe ainda um plicoma na lateral esquerda e na direta, o trombo. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 O primeiro fator é a degeneração dos tecidos de sustentação. Na esquerda, tem as fibras integras de uma paciente de 9 anos, onde ela consegue sustentar as veias. A medida que envelhece, o tecido conjuntivo fica flácido e ocorre o rompimento das fibras musculares, assim, começa a ter o descolamento do coxim da musculatura longitudinal. Outro fator que gera a dilatação venosa é a hipertensão dos coxins. E pode levar a sangramento. - Paciente que faz esforço para evacuar e constipado. Aumenta a pressão nos coxins e pode sangrar. - Transitório: hipertensão abdominal, por exemplo, na gravidez. Útero comprime a cava e há um ingurgitamento dos vasos pélvicos. Mesma coisa com ascite e distensões abdominais. Prolapso e sangramento Deve definir se os sintomas são muito importantes, a partir disso é que definimos se vai ser tratamento simples ou cirúrgico. A maior parte da população não apresenta muitos sintomas. Orientar a alimentação com fibra, evitar a constipação, não ficar muito temo sentado e no celular, ou pode aumentar muito a pressão nos coxins. - Identificar os fatores de risco. Pode ter uma sintomatologia por mau habito intestinal, evacuação endurecida e com esforço. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Papel higiênico é um grande irritante, pode provocar fissuras e dermatites. - Nos pacientes sintomáticos: sangramento ou prolapso. - Hipertensão: tratar o sangramento, fazer tratamento clinico visto anteriormente, ou fazer o tratamento não cirúrgico com escleroterapia e ligaduras elásticas. Dependendo do caso, partimos pro cirúrgico. - Prolapso é difícil tratar de maneira não cirúrgica, uma vez que o prolapso já tenha acontecido, não tem como tratar apenas com medicação, uma vez que já enfraqueceu o tecido. Destruir o plexo hemorroidário interno. - Infusão de fenol na região do mamilo, destruindo o plexo. Vai haver reação inflamatória, formando fibrose e vai fixar o mamilo no local, mas tem muito grau de recidiva. Tratamento considerado paliativo. - ambulatoriamente, fazemos muito a ligadura elástica. Passa o anoscopio, e com ele fazemos a injeção de agentes químicos na submucosa, acima da linha pectínea, para que o paciente não sinta dor no processo inflamatório subsequente. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Identifica o mamilo, pinça ele e faz a ligadura da base, estrangulando o mamilo com uma fita elástica. Vai haver necrose do mamilo, cai em 7 dias. Isso faz fibrose e fixa o epitélio. Contraindicado em pacientes com anticoagulantes, hepatopatias crônicas com distúrbio de coagulação ou imunossuprimidos ou em uso de corticoides. Pode gerar sepse nesses pacientes. - Pode levar a choque hemorrágico, já que o plexo hemorroidário é ramo principal de vasos retais superiores, que vem da mesentérica superior, vaso direto da aorta. A pressão que existe nessa região é maior que no caso de ligadura elástica em esôfago, onde os hepatopatas estão aptos a fazer. Aqui, o sangramento é muito mais volumoso. Mucosa retal inferior é mais rósea, e próximo a linha pectínea é uma mucosa mais arroxeada onde encontramos os mamilos hemorroidários. Logo na linha pectínea vemos a região anocutanea, onde o canal anal começa a se fechar e expulsa o anoscopio. Tratamento definitivo onde fazemos a excisão dos mamilos. Faz remoção dos internos e externos. É feito ainda uma ligadura transfixante. Abaixo do mamilo tem vasos calibrosos, então fazemos a remoção e depois, uma ligadura transfixante desse pedículo. - Com a técnica fechada cicatriza mais rápido e muito menos doloroso. - A aberta deixa o esfíncter exposto. - Na semi-fechada, deixa uma parte em aberto pra drenar e não infectar a ferida. Local da incisão é em forma de raquete. A ferida é em forma de gota e as fezes escoam por ela. A cada evacuação, lavar bem e fazer banho de assento para que não haja acumulo de secreção dentro da ferida. Complicação: dor! Otimizar analgésico e anti- inflamatórios. Dipirona de 6 em 6h + Paco de 6 em 6, associado com anti-inflamatório de 12 em 12. Essa técnica é melhor para doenças hemorroidárias bem grandes e com edema. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Igual a anterior, mas a ferida fica complemente fechada. Grande parte delas sofrem deiscência e abrem. Melhor para hemorroidas mais discretas. Extremamente dolorosa por estar abaixo da linha pectínea, na região anoderma. Classificada em aguda ou crônica. - Aguda: paciente constipado, se esforçou e abriu fissura. A dor não é apenas por fissura, mas por exposição pelo esfíncter anal externo. É o esfíncter de repouso, que passa a ficar contraído constantemente pela dor. O espasmo dele é importante na fisipatogenia da dor. Há um processo inflamatório agudo com um pouco de fibrina. Tratar e cicatrizar. Tratar sempre o agente causal: constipação ou diarreia. - Acima de 6 semanas é crônico. Pode ter prurido e sinais anatômicos ao tentar proteger essa ferida com a tríade fissuraria (no slide). Fissura está à direita da foto debaixo, onde tem uma falha as 3 horas, com plicoma surgindo as 4h, junto com uma papila hipertrófica. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Existem fatores que desencadeiam e fatores que perpetuam. Aqui estão listados os desencadeantes. - Diarreias várias vezes por dia e por alguns dias. - Parede anterior e posterior são fatores anatômicos por serem mais fracas. Por conta disso, em homens é mais frenquente ter fissuras na parede posterior e em mulheres é mais anteriormente, por conta dessa fragilidade muscular que é diferente dos homens. Paciente que abriu a fissura, o esfíncter está exposto. O esfíncter contrai de tal maneira que quando a pessoa vai evacuar, essa hipertonia vai causar espasmo e vai gerar um quadro de dor muito intensa. Ele faz bloqueio da evacuação e uma impactação fecal. Vira um ciclo vicioso. Tratar sempre os fatores que causam e que perpetuam. Diagnóstico é feito na inspeção. Paciente vai deitar e delicadamente afastamos o glúteo. Aqui, vemos uma fissura anal posterior,com sangramento e já coma formação de um plicoma as 6h. A dor é o principal sintoma, junto do sangramento e do prurido anal, que pode aparecer. - Agentes formadores são os que vão ajudar o paciente a evacuar de forma satisfatória, dando fibra, e corrigindo o habito intestinal do paciente. Somente esse tratamento já vai gerar uma melhora bem grande desses pacientes. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Acima de 6 semanas: entra os fatores perpetuantes como a hipertonia do esfíncter anal interno. Para diminuir a pressão, temos algumas alternativas. Como é uma musculatura lisa, existem cremes a base de bloqueador de canal de cálcio para relaxar esse tipo de musculatura. Manda manipular na farmácia uma pomada a base de Nilfedipina ou de Diltiazen, associada a oxido de zinco que é cicatrizante existente no hipogloss. Isso evitaria um procedimento cirúrgico. Cortar esfíncter é difícil, e depois de anos, pode desenvolver uma incontinência fecal. Na esfincterotomia disseca o esfíncter anal interno. A segunda não corta o esfíncter. No flap, roda um retalho de pele para tentar cicatrizar a fissura. Normalmente encontramos o abscesso como agudo, e cronicamente, como uma fistula anal. É uma região úmida, não ventilada, que pode provocar crescimento bacteriano e formar furunculoses. A causa mais frequente é a teoria criptoglandular. Na linha pectínea tem glândulas anais, e elas podem obstruir e formar o abscesso que drena na região anocutanea. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Uma vez formados, os abcessos seguem, a partir da inflamação, nas criptas glandulares, que se estendem nos espaços dos esfíncteres. - O mais comum é o abscesso perianal (A), que surge na linha pectínea, em vermelho, e desce para a região perianal. Extremamente doloroso. Vamos observar tumefação e sinais flogísticos. - O isquiorretal atravessa o esfíncter retal e forma um abscesso (B). Pode dar muita dor e não dar apresentação tão florida. Sentimos na palpação mais profunda. Muito difícil fazer toque retal, já que é muito desconfortável e doloroso. - O submucoso sobe para a região submucosa. Só consegue diagnosticar com o toque. Paciente com dor retal. Vai ter um tenesmo muito importante. - D e E são mais raros e associados a patologias pélvicas. Na inspeção, vemos processo supurativo com edema e sinais flogisticos. A pele fica ingurgitada e com aspecto de casca de laranja No tratamento, fazemos uma drenagem ampla. É feita a incisão o mais próximo possível da região anal. Se o paciente desenvolver uma fistula, o trajeto vai ser menor se a incisão estiver mais próxima. - Lavar bem a cavidade + antibiótico, se necessário, para pacientes idosos, com DM e imunossuprimidos. Tem que pegar gram egativo e anaeróbicos por conta da flora dessa região. - Isso é a nível de PS. Mas pra tratar, é melhor no centro cirúrgico, para que seja feito uma drenagem efetiva e eficaz. Só uma anestesia local as vezes não é o suficiente. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Volta e meia, o orifício de drenagem pode voltar a trazer secreção, gerando dor, podendo ocorrer aí uma fistula ano retal. Caracterizada por orifício fistuloso que fica turgido e secretivo. Esse paciente teve um abcesso no passado. Provavelmente ele pode ter um trajeto fistuloso com um orifício interno Elementos básicos de uma fistula anorretal Tem o orifício debaixo, e quando fazemos a palpação, sai uma secreção purulenta pelo orifício interno, mostrando que existe um trajeto, e um orifício de saída internamente. 1. Múltiplos orifícios fistulosos 2. Afastamento dos orifícios da margem anal, falando a favor de um maior comprometimento esfincteriano. 3. Não é muito de origem criptoglandular, mas sim de origem secundaria a TB, DII, neoplasia... Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Temos aqui a disposição da linha pectínea, e na base, vemos as criptas com os cálices. Abaixo deles, temos as glândulas anais entre os esfíncteres interno e externo. Se obstruir esse canal, é quando gera o abcesso. EAI: continuação da musculatura lisa intestinal. EAE: em vermelho, uma musculatura mais externa que praticamente grudam um no outro. Tem um espaço entre eles, mas é muito difícil de visualizar. Classificação do trajeto das fistulas através da posição entre os esfíncteres. 1. Fistula que atravessa o esfíncter anal interno e desce no espaço esfincteriano: fistula interesficetriana 2. Fistula que atravessa o esfíncter anal interno e o esfíncter anal externo: fistula transesfincteriana. 3. Fistula supraesfinceriana 4. Fistula que não atravessa nenhum dos esfíncteres: fistula extra esfincteriana. Mais raras e difíceis de tratar. Levam a incontinência por comprometimento de esfíncter mais importante. Classificação que ajuda na cirurgia para classificar o orifício interno. Essa é a classificação horizontal chamada de regra de Goodsall. Traça uma linha na linha média. Os orifícios situados anteriormente (externos), tendem a ter um trajeto retilíneo à linha pectínea. Quando situados posteriormente, tendem a ter um trajeto mais curvilíneo. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Existem várias técnicas para fazer isso Fistulotomia é a abertura de todo o trajeto, cortando o EAI - Disseca o trajeto sem cortar o esfíncter - Faz o tratamento do trajeto Todos os abaixo são tratamentos mais conservadores, evitando o corte do músculo, mas tem recidivas maiores que os três primeiros. Em contrapartida, os primeiros promovem maior incontinência. Orifício externo mais anterior. Faz uso de agua oxigenada no orifício externo e sai no orifício interno. É passado um estilete nesse trajeto, e ele se abre por completo. Se for uma fistula interesficnteriana, ele não atravessou completamente os dois músculos. Corta apenas o esfíncter anal externo. Se atravessar também o externo, e for uma transesfinceriana, se for uma mais baixa, estamos autorizados a abrir também o esfíncter, porém corro o risco de ter incontinência. Promove fistulotomia, mas não usamos o bisturi, e sim uma borracha. Vamos identificar o orifício interno e externo, passamos esse material, e o amarramos de maneira apertada. Promove nesse musculo uma isquemia. Isso evolui para fibrose. Depois de um tempo, cortamos o trajeto, mas agora, os cabos musculares não vão afastar como no corte de bisturi. Usamos nas fistulas complexas, geralmente. Fistula anterior em uma mulher, com menos musculatura. Coloca o fio de algodão e depois de 30 dias, volta para a cirurgia e corta esse trajeto. Ao abrir, esse musculo não afasta muito, pois a fibrose já formou pela isquemia. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 1. adolescente com doença de Crohn. Tem edema de vulva, que é comum quando se tem um plicoma. 2. foi identificado com o estilete o trajeto 3. É passado o sedenho, mas não é apertado, na DII é mais frouxo pois não é a intenção abrir o trajeto nesse tipo de paciente com fibrose, e sim drenar o abscesso e usar o imunomodulador biológico 4. depois do pós-operatório 5. já fechado e sem a fistula com o uso do biológico. Quando secar, podemos retirar esse sedenho. Erroneamente chamada de cisto pilonidal. É uma doença adquirida e não hereditária. Temos o sulco Interglúteo, e nesse sulco, tem um orifício externo (foto abaixo), na linha media do sulco. Os orifícios são caracterizados pela grande quantidade de pelos, que crescem de maneira invertida, dentro do subcutâneo. Com os traumas, tem um processo inflamatório.Assim como nos abscessos e na fistula ano retal, você tem a doença pilonidal aguda (foto da esquerda), com um grande abscesso na região sacrococcígea, e as fotos da direita que são os orifícios secundários. - Muito estudado depois da segunda guerra. – Brearley: Os soldados que dirigiam, tinham traumas de repetição, principalmente os com mais pelos corporais, e o atrito gerava a inflamação. - Bascom: Os atritos faziam com que os pelos crescessem invertidamente e depois gerava um processo inflamatório com os abscessos. - Karydakis: infecção devido ao acumulo secundário de pelos soltos com atrito. - É comum depois de uma cirurgia, retirar uma gaze repleta de pelos com sangue. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 1. Método de incisão: É ok abrir o trajeto, pois não tem musculo ali. Após isso, precisa curetar a ferida. 2. Método de excisão: Tira toda a doença, faz excisão completa, deixando uma ferida grande de difícil cicatrização 3. Faz a incisão e da pontos nas bordas com a borda da pele virada pra dentro da ferida, marsupializando e fazendo com que o processo de cicatrização demore um pouco, mas evita recorrência da doença. Método fechado faz em doenças muito amplas, e opera junto com a equipe de plástica. Dx diferencial de doença anorretal: ISTs. O HPV é muito frequente. Observamos o aumento também de sífilis, gonorreia e AIDS. Essas doenças secundarias à AIDS tem vindo com frequência ao ambulatório. Alto risco: HPV tipo 16 e 18 Baixo risco: HPV tipos 6, 11, 42 e 44 HPV não tratado pode ter uma evolução como essa, que pode ser confundido com uma doença hemorroidária, ou fistula como a foto da direita. Os dois são câncer de canal anal, que fistulou para a região glútea.
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