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Aluna: Isabella do Socorro Neves Mergulhão RESUMO “SAÚDE E SANEAMENTO” Saúde e saneamento estão estreitamente relacionados, entretanto, o primeiro é um pouco mais abrangente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a saúde não é apenas não ter doenças, mas inclui também o bem estar físico, mental e social. As condições de alimentação, habitação, trabalho, saneamento, recreação e prevenção de doenças estão englobadas. Portanto, nos locais onde essas conjunturas existem há saúde. Como a falta de saneamento e saúde são problemas que causam doenças é importante uma ciência que estude essa questão. Para isso, existe a epidemiologia. Ela analisa como estão distribuídas e os fatores que causam as doenças, propondo medidas de prevenção, controle ou erradicação, além de suporte para o planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. As doenças são transmitidas para o ser humano a partir de uma pessoa ou animal infectado (hospedeiro) ou de um ambiente contaminado, por meio de um mecanismo de transmissão: por contato direto (pelas mãos, por relações sexuais, por exemplo), por meio de vetores (animais que veiculam os agentes infecciosos por meio de partes externas do seu corpo ou pelo trato gastrointestinal ou em cujos organismos os microrganismos desenvolvem uma fase do seu ciclo vital), por meio de fômites (objetos contaminados por doentes ou portadores) e a partir de dejetos. Os dejetos são parte importante da discussão do saneamento e são responsáveis por grande parte das doenças veiculadas pela água. Tendo em vista que ela é um item essencial para a sobrevivência humana, é correto associá-la a um importante ciclo de transmissão de doenças. Muitos microrganismos patogênicos vivem no intestino humano e são eliminados com as fezes. Por falta de adequados sistemas de esgotamento, muitas vezes os dejetos de origem humana alcançam mananciais superficiais ou subterrâneos de água, neles introduzindo microrganismos patogênicos. A água desses mananciais, ao ser utilizada para beber, lavar alimentos ou outros fins, pode resultar no acesso desses microrganismos ao organismo de uma pessoa, causando-lhe doenças e transformando-a em hospedeira, possibilitando que ela dissemine a doença para outras pessoas. As doenças transmitidas pela água são chamadas de doenças de veiculação hídrica. Entre aquelas transmitidas por microrganismos patogênicos destacam-se: febre tifóide, febre paratifóide, cólera, disenteria bacilar, amebíase, enteroinfecções em geral, hepatite infecciosa, giardíase e poliomielite. Entre aquelas transmitidas por meio do contato com a pele ou mucosas, tem-se: esquistossomose, doenças de pele, infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta. Há ainda as doenças transmitidas por mosquitos que se procriam na água: dengue, febre amarela, malária, filariose e elefantíase. Por fim, também existe a transmissão pelo carregamento de substâncias químicas e radioativas, por exemplo: saturnismo (envenenamento causado pelo chumbo), fluorose (devido ao excesso de flúor), câncer e outros. Existe um conceito de contaminantes emergentes que estão presentes na água e nele estão incluídos os protozoários Giardia spp. (associado à ocorrência de diarréia), Cryptosporidium spp. (relacionado a infecções graves com diarréia, perda de peso e dores abdominais) e a ocorrência de floração de cianobactérias, com consequente liberação de cianotoxinas. Mais recentemente, poluentes emergentes passaram a ser motivo de preocupação, sendo eles: interferentes (disruptores) endócrinos, os produtos farmacêuticos e os produtos de cuidado pessoal, os quais podem causar danos às pessoas e aos animais. A água para consumo humano não deve conter microorganismos patogênicos e para saber se ela está em condições de ser ingerida (padrão de potabilidade) exige-se a ausência total de coliformes fecais nas amostras de água destinada ao abastecimento da população. Para descobrir isso deve-se realizar a análise bacteriológica. Entretanto, com o objetivo de não realizar inúmeras análises da água, utiliza-se as bactérias do grupo coliforme como indicador, sendo a Escherichia coli uma das mais importantes pois existe em grande quantidade nos intestinos dos mamíferos. Ela é inofensiva nos intestinos mas quando consegue alcançar outros órgãos causam doenças. Os coliformes fecais não são, de um modo geral, patogênicos. No entanto, como existem em grande quantidade nas fezes, a sua presença na água indica que a mesma recebeu dejetos, podendo, então, conter microrganismos patogênicos. O lixo, assim como a água, está muito relacionado com o saneamento e ele pode ser um meio favorável para a transmissão de doenças, por via direta ou indireta. A transmissão direta ocorre por meio de microrganismos patogênicos (bactérias, vírus, protozoários, vermes), os quais, alcançando os resíduos sólidos, podem ali sobreviver por algum tempo. Essa transmissão se dá, principalmente, entre as pessoas que manipulam esses resíduos, podendo ocorrer a incidência de doenças epidérmicas, intestinais ou respiratórias. A transmissão indireta pode alcançar uma população maior, que não está diretamente associada aos resíduos sólidos e pode ocorrer por um dos seguintes mecanismos: meio ambiente poluído (ar, água, solo); insetos (moscas, baratas, mosquitos); roedores; suínos; aves; cães e gatos. Resíduos sólidos contendo produtos químicos nocivos dispostos no solo podem alcançar a água e contribuir com a transmissão de doenças de veiculação hídrica. Esses resíduos geralmente vêm de processos industriais mas também podem ser oriundos de pilhas, baterias, lâmpadas e outros, os quais não foram corretamente descartados. Além do lixo em si, existem também os lixiviados, compostos pelos líquidos resultantes da decomposição dos resíduos (chorume) e da água da chuva (percolados), os quais contém microrganismos e matéria orgânica em grandes quantidades, junto a produtos químicos tóxicos que podem causar problemas ambientais e de saúde pública. A queima do lixo também causa a poluição do ar com a liberação de produtos tóxicos. Um dos grandes problemas resultantes do lixo acumulado é a proliferação de insetos e roedores, transmissores de doenças, os quais encontram nos resíduos as condições adequadas de abrigo, alimentação e reprodução. Os animais cujas proliferações estão associadas ao lixo são moscas, baratas, mosquitos e ratos. A mosca funciona como vetor mecânico, transportando os agentes etiológicos pelas patas ou outras partes do corpo, ou no trato digestivo, e depositando-os nos alimentos, nos utensílios, ou na própria pele das pessoas. A barata também pode carregar agentes de doenças, dos resíduos para as pessoas, nas partes externas do corpo ou pelo trato gastrointestinal. Os ratos são responsáveis pela transmissão de muitas doenças, por meio da mordedura, das fezes e da urina, pela saliva ou pelas pulgas e piolhos. Outra forma de poluição que causa muitas mortes em várias partes do mundo é a poluição do ar e alguns poluentes atmosféricos podem ser citados: monóxido de carbono (pode causar náuseas, fraqueza, dor de cabeça, tonteira, deficiência de raciocínio e, em doses elevadas, até a morte), óxido de enxofre (em pequenas quantidades, provoca faringite, conjuntivite, bronquite, perda parcial e temporária do olfato e gosto; em concentrações elevadas, produz forte irritação nos olhos e no aparelho respiratório, podendo causar danos irreversíveis aos pulmões, quando combinado com material particulado), material particulado (pode provocar doenças cardíacas e respiratórias (enfisema, bronquites); proporcionam o carreamento de poluentes tóxicos para os pulmões) e outros. Acrescenta-se aos efeitos da poluição atmosférica os odores desagradáveis que alguns compostos podem causar e a perda da visibilidade resultante da presença de material particulado, que pode ocasionar acidentes. A poluição sonora também pode afetar a saúde humana. Os ruídos podem causar problemas físicos,psicológicos e sociais. Mas seus efeitos dependem do tempo de exposição ao ruído, nível de intensidade sonora, frequência, continuidade ou intermitência, idade e características do indivíduo (sensíveis, doentes, gestantes). Entre as consequências da exposição ao ruído, podem ser enumeradas: perda gradativa da audição; incômodo; irritabilidade; exaustão física; diminuição da capacidade de concentração e da eficiência; fadiga; insônia; aumento da adrenalina no sangue; aumento na produção de hormônio da tireoide; problemas cardiovasculares; estresse e acidentes de trabalho. A melhor forma de prevenir as doenças é garantir um ambiente às pessoas que possuam condições básicas de vida e onde os resíduos por elas produzidos sejam adequadamente tratados e dispostos. A prevenção primária inclui: - PROMOÇÃO DA SAÚDE: moradia adequada, escolas, áreas de lazer, alimentação adequada e educação em todos os níveis. - PROTEÇÃO ESPECÍFICA: imunização, saúde ocupacional, higiene pessoal e do lar, proteção contra acidentes, aconselhamento genético, saneamento ambiental, tratamento da água, tratamento do esgoto e do lixo e medidas de controle de vetores. Saúde Pública é definida como "a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física, mental e a eficiência, por intermédio de esforços organizados da comunidade, para o saneamento do meio ambiente, o controle de infecções na comunidade, a organização de serviços médicos e paramédicos para o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo de doenças, e o aperfeiçoamento da máquina social que irá assegurar a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde". Portanto, as ações de Saúde Pública têm como objetivo evitar as doenças, por meio de medidas preventivas, destacando-se, entre as mesmas, o saneamento. A Organização Mundial da Saúde define o saneamento como "o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-estar físico, mental ou social". Outra definição clássica de saneamento é: "o conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente, com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde". Ou seja, ele tem um caráter preventivo e tem como objetivo principal garantir às pessoas água de boa qualidade e adequado destino para os dejetos, compreendendo suas atividades básicas: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e transporte e tratamento de resíduos sólidos. Atualmente, devido ao crescimento da população principalmente nas grandes cidades as atividades do saneamento aumentaram e podem ser especificadas como: abastecimento de água; coleta, tratamento e destino final dos resíduos líquidos (esgotos); acondicionamento, coleta, transporte e tratamento/destino final dos resíduos sólidos (lixo); drenagem das águas pluviais; controle da poluição ambiental do solo, da água, do ar, sonora, de outras modalidades; controle de insetos e roedores; saneamento dos alimentos; saneamento dos locais de trabalho; saneamento dos locais de recreação; saneamento aplicado ao planejamento territorial; avaliação de impactos ambientais e gestão ambiental. No meio rural, são indispensáveis, também, os sistemas de saneamento básico, por meio de soluções individuais, bem como as medidas de controle da poluição resultantes de atividades ali desenvolvidas. Onde existem adequados sistemas de saneamento, há saúde. Onde as condições de saneamento são precárias, proliferam as doenças.
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