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Doenca ulcerosa peptica

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Beatriz Cavalcanti Regis 
Sanar Residência Médica 
Doença ulcerosa péptica 
INTRODUÇÃO 
• Definição: lesão profunda na mucosa do estômago ou duodeno; 
• Fisiopatologia: maior produção de gastrina → estímulo às células parietais → aumento da injúria 
ácida / diminuição de muco, bicarbonato, irrigação e turnover celular (substituição da camada 
mucosa a partir da lâmina basal); 
• Clínica: dor abdominal epigástrica em queimação, que pode acontecer durante a refeição (úlcera 
gástrica) ou 2h após a refeição (úlcera duodenal); dor noturna (úlcera duodenal); 
• Exame físico: pobre; positivo somente se houver perfuração; 
• Diagnóstico: endoscopia; 
• Incidência em queda: IBP e tratamento do H. pylori. 
ETIOLOGIA 
• AINES (diminui proteção devido a inibição de prostaglandinas); 
• H. pylori (aumenta acidez e diminui proteção). 
COMPLICAÇÕES 
• Sangramento (HDA): gástrica ou duodenal; classificação de Forrest (risco de ressangramento – 
dupla terapia na EDA); 
• Abdome agudo perfurativo: gástrica ou duodenal; peritonite difusa em todos os quadrantes; 
abdome em tábua; pneumoperitônio → laparotomia; 
✓ Se atingir outros órgãos: úlcera terebrante. 
• Estenose cicatricial: vômitos repetidos; alcalose hipoclorêmica; tratamento com dilatação na 
EDA e ponderar a ressecção. 
LOCALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 
• Classificação de Sakita: A – ativa / H – melhorando / S: cicatrizando; 
• Classificação de Borrmann: relevante para úlceras gástricas (diagnóstico diferencial de CA 
gástrico); 
• Classificação de Johnson: 
✓ Tipo I: corpo; pequena curvatura; incisura angularis (mais comum); 
 
✓ Tipo II: duodenal e/ou transição do corpo/antro (geralmente combinadas); 
 
✓ Tipo III: antro; pré-pilórica; 
 
✓ Tipo IV: alta; cárdia; transição esôfago-gástrica; 
 
✓ Tipo V: múltiplas; uso de AINES abusivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
CLÍNICO 
• Supressão ácida → IBP / alternativa: bloqueador H2 (cimetidina) → 4-8 semanas para cicatrizar 
a úlcera; 
• Pesquisar H. pylori → urease, biópsia ou teste respiratório → erradicação: claritromicina + 
amoxicilina ou metronidazol + omeprazol por 14 dias; 
• Suspender AINES! 
CIRÚRGICO 
• Falha endoscópica na úlcera complicada (HDA); 
• Perfurativa; 
Classificação de Johnson Acidez Tratamento 
I Normo/hipocloridia Gastrectomia 
parcial 
II Hipercloridia Antrectomia + 
vagotomia 
III Hipercloridia Antrectomia + 
vagotomia 
IV Normo/hipocloridia Gastrectomia 
(sub)total 
V Normo/hipocloridia Suspender AINE, 
repetir EDA e 
reclassificar 
 
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Beatriz Cavalcanti Regis 
Sanar Residência Médica 
• Estenose; 
• Intratabilidade clínica na úlcera não complicada (não cicatriza, reincidência e tratamento 
prolongado). 
MODALIDADES CIRÚRGICAS 
• Ulcerorrafia + epiplonplastia (urgência); 
• Ressecções (eletiva): antrectomia ou gastrectomia parcial + vagotomia 
• Vagotomia + piloroplastia. 
S ÍNDROME DE ZOLLINGER ELLISON 
• Tumor neuroendócrino produtor de gastrina → gastrinoma → pior doença ulcerosa péptica 
(múltiplas, refratárias e reincidentes); 
• Localização: pâncreas ou duodeno; 
• Clínica: diarreia, síndrome consumptiva com perda ponderal; 
• Diagnóstico: TC ou RM / gastrinemia (basal, cálcio ou secretina) / USG endoscópico ou 
intraoperatório; 
• Tratamento: 
✓ Se ressecável, operar! → gastroduodenopancreatectomia ou pancreatectomia distal; 
✓ Ocreotide (vasoconstritor abdominal): reduz intensidade da doença ulcerosa péptica 
quando ela é metastática, irressecável ou oculta. 
RECONSTRUÇÃO APÓS GAS TRECTOMIA 
• Billroth I: anastomose gastro-duodenal; 
• Billroth II: anastomose gastro-jejunal; 
• Y de Roux: anastomose gastro-jejunal em Y. 
 
 
 
S ÍNDROMES PÓS-GASTRECTOMIA 
• Seja péptica, oncológica ou bariátrica; 
 
1. Gastrite alcalina (BI ou BII): (re)fluxo biliar dentro do estômago; epigastralgia; não responde a 
IBP; 
2. Síndrome da alça aferente (BII): fluxo alimentar retrógrado; dor pós-prandial; vômito bilioso 
(alivia a dor). 
3. Síndrome de Dumping (BI, BII ou Y de Roux): velocidade que os carboidratos chegam no jejuno; 
em 20 min há distensão, dor, taquicardia e diarreia → após 2h → hiperinsulínica → hipoglicemia 
(sudorese fria, síncope). 
TRATAMENTO 
CLÍNICO 
• Para todos! → reeducação alimentar. 
CIRÚRGICO 
• Se refratário, converter BI ou BII para Y de Roux; 
• Síndrome de Dumping não há tratamento cirúrgico!

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