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Aleitamento Materno • Amamentar vai além do ato de nutrir uma criança, pois este ato engloba a relação entre mãe-bebê e repercussões para saúde da mãe de seu filho • Apesar de muitos estudos já comprovarem a importância do leite materno e da amamentação, a prevalência do aleitamento materno do Brasil está aquém das recomendadas. Isso se deve ao fato de muitas mulheres se sentirem desamparadas, com muitas dúvidas e incertezas durante o processo e não possuírem, por vezes, profissionais dispostos a dar um suporte ativos e informações precisas CONCEITOS → O leite materno é o melhor alimento para o RN, pois oferece NUTRIENTES e PROTEÇÃO. Alimento vivo e dinâmico e substâncias com atividades imunomoduladoras → Cada leite materno é ÚNICO, tendo uma composição exclusiva entre cada dupla mãe-bebê. É como se o leite fosse feito sob medida para o bebê → O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) concordam com a OMS no que diz respeito à duração ideal da amamentação ser EXCLUSIVA ATÉ OS 6 MESES E COMPLETMENTADA ATÉ OS 2 ANOS OU MAIS. Não há tempo máximo. É uma decisão da mãe- bebê-família (desde que não haja prejuízos para o bebê ou para a mãe) → Livre demanda: não existe horário ou intervalo mínimo ou máximo. A criança tem que tomar o leite quando quiser e o quanto quiser. Os bebês têm um sistema de saciedade bem estabelecido, mamam quando tem fome e param quando estão satisfeitos. Isso deve ser respeitado Tipos de aleitamento: • Aleitamento materno exclusivo: o bebê recebe exclusivamente leite materno • Aleitamento materno predominante: quando, além do leite materno a criança recebe água ou bebidas a base de água (chás, sucos etc.) • Aleitamento materno complementado: além do leite materno a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos com a finalidade de complementar e não substituir o leite materno • Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite BENEFÍCIOS • Melhor nutrição: o leite materno possui todos os nutrientes essenciais para o completo desenvolvimento e crescimento da criança, suprindo sozinho todas as necessidades nutricionais nos primeiros 6 meses. É importante fonte de proteínas, gorduras e vitaminas nos meses seguintes até o 2º ano de vida • Menor custo financeiro: não amamentar e comprar fórmulas infantis pode representar um grande gasto de renda, além de gastos com mamadeira, gás de cozinha, e até gastos com problemas de saúde que crianças não amamentadas costumam ter mais comumente • Efeito positivo no desenvolvimento cognitivo: a maioria dos estudos comprova que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, quando comparadas com não amamentadas • Evita diarreia: evidências mostram que o leite materno protege contra diarreia. Tal proteção diminui quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Crianças não amamentadas apresentam um risco 3 vezes maior de desidratarem e virem a óbito comparado com crianças amamentadas • Evita infecção respiratória: a proteção contra infecções respiratórias é maior quando a amamentação é exclusiva até os 6 meses • Diminui o risco de alergias: a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica, asma e outras alergias • Diminui risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes • Proteção contra o câncer de mama: estima-se que a chance de desenvolver a doença caia 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação. Tal proteção independe da idade, etnia e presença ou não de menopausa A HORA DE OURO (GOLDEN HOUR) → É a 1ª hora de nascimento do bebê. E é muito importante para o estabelecimento da amamentação → O contato precoce da criança com a mãe e a estimulação sensorial da mama ajudam a consolidação do reflexo da sucção → É papel de toda a equipe contribuir para que esse momento aconteça FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO • LACTOGÊNESE I: preparo das mamas durante a gestação - Estrogênio: responsável pela ramificação dos ductos lactíferos - Progestogênio: formação dos lóbulos mamários - Outros: lactogênio placentário, prolactina, gonadotrofina coriônica • LACTOGÊNESE II: ocorre após o nascimento e expulsão da placenta - Ocorre a queda acentuada do progestogênio - A prolactina (hipófise anterior) é o hormônio responsável pela PRODUÇÃO DE LEITE e terá seus níveis regulados pelo estímulo de sucção (pega adequada e frequência das mamadas). Não existe estoque, ou seja, quanto mais requisitado o leite, maior será a produção - A ocitocina (hipófise posterior) é responsável pela EJEÇÃO DO LEITE. É influenciada por fatores emocionais maternos: aumenta em situação de autoconfiança e conforto e diminui em momentos de ansiedade e insegurança → Depois de esvaziar o primeiro peito, a mãe deve oferecer-lhe o segundo. O completo esvaziamento da mama assegura a manutenção do estímulo de produção do leite → O tempo de esvaziamento da mama é variável para cada criança - Em geral, nos 3 primeiros dias a produção de leite é pequena, porém, suficiente. O leite é na verdade o COLOSTRO, que tem um aspecto diferente e ralo. É mais rico em proteínas do que em gorduras - Do 3º ao 5º dia ocorre a APOJADURA (descida do leite), processo que ocorre independente da criança realizar a sucção ou não. As mamas ficam maiores e aumenta a produção do leite. Podem ficar doloridas Obs: O leite materno pode variar de sabor de acordo com a alimentação da mãe Tipos de leite materno: • COLOSTRO (primeiros dias, em média 3-5) - Rico em imunoglobulinas (IgA) e proteínas - Pobre em lipídios - Menor teor calórico que o leite maduro - Confere imunidade aos RNs • LEITE DE TRANSIÇÃO - Intermediário entre o colostro e o leite maduro - Vai gradativamente se modificando • LEITE MADURO (por volta do 15º dia) - Rico em lipídios e carboidratos - Menor concentração de proteínas que o colostro Leite anterior x leite posterior: • Leite anterior: possui anticorpos e mais água, pois sua principal função é hidratar. Aspecto ralo, de água de coco • Leite posterior: possui mais gordura. Sua função é dar saciedade e ganho de peso à criança. Aspecto amarelado COMO PODEMOS AJUDAR? ✓ Discutir a importância e o manejo da amamentação com mulheres grávidas e suas famílias ✓ Facilitar contato pele a pele imediato e ininterrupto e apoiar as mães a iniciarem a amamentação o mais rápido possível após o nascimento ✓ Apoiar as mães para iniciar e manter a amamentação e superar as dificuldades mais comuns ✓ Não fornecer aos recém0nascidos amamentados outros alimentos ou líquidos além do leite materno, a menos que seja por indicação médica ✓ Possibilitar que as mães e seus filhos permaneçam juntos e pratiquem alojamento conjunto 24 horas por dia ✓ Ajudar as mães a reconhecer e responder aos sinais dos bebês para a amamentação ✓ Aconselhar as mães sobre o uso e os riscos de mamadeiras, bicos e chupetas!!! É totalmente contraindicado e pode atrapalhar todo o processo da amamentação ✓ Coordenar a alta para que os pais e seus filhos tenham acesso adequado à assistência e cuidados contínuos NÃO EXISTE LEITE FRACO! Todo leite é adequado, possuindo calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais nas doses certas para o crescimento e desenvolvimento adequado das crianças TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO → Sucção é um ato reflexo do bebê. Porém é essencial uma técnica correta para que a mamada seja eficiente e não machuque os mamilos → Para retirar o bebê do peito, recomenda-se introduzir gentilmente o dedo mínimo no canto da sua boca, para evitar lesão no seio da mãe ao desfazer o vácuo que é criado • Posição adequada - A mãe deve estar confortável,bem apoiada e não curvada, para não sentir dor - O corpo e cabeça do bebê devem estar alinhados, e bem apoiados pela mãe - A barriga do bebê tem que estar voltado para a barriga da mãe - A mama deve ser ofertada em formato de C • Pega adequada - Grande parte da aréola na boca do bebê, não apenas o mamilo - Queixo encostado no seio - Nariz não encosta no seio, respira livremente - Bochecha enche quando suga o leite - Lábios virados para fora Sinais de técnica inadequada: • Bochechas encovadas a cada sucção • Ruídos de língua (os ruídos devem ser apenas de deglutição) • Mama esticada ou deformada na mamada • Dor na amamentação • Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas quando a bebê solta CONTRAINDICAÇÕES Absolutas: • Mães infectadas pelo HIV, HTLV1 e HTLV2 • Uso materno de medicamentos antineoplásicos e radiofármacos • RN com GALACTOSEMIA Temporárias: • Infecção herpética (herpes) ativa nas mamas • Varicela materna de 5 dias antes do parto até 2 dias após. O bebê tem que receber a imunoglobulina anti-varicela zooster • Doença de Chagas aguda ou se sangramento por fissura mamária • Abcesso mamário • Uso de drogas de abuso. Depende de quanto tempo a droga demora para ser eliminada do leite materno Falsas contraindicações: • Tuberculose: Pode amamentar com máscara, pelo menos nas duas primeiras semanas de tratamento • Hanseníase: Após a 1ª dose de rifocina a mãe já não é mais infectante e pode amamentar normalmente • Hepatite B: Fazer profilaxia do RN e então amamentação normal • Hepatite C:Pode amamentar desde que não haja lesão sangrante nos mamilos • Dengue • Tabagismo: Os benefícios da amamentação superam os riscos da nicotina para o bebê • Consumo de álcool: Ideal esperar pelo menos 1 hora PRÁTICAS QUE PODEM DIFICULTAR A AMAMENTAÇÃO o Dar outros leites ou fórmulas infantis para “complementar” o LM o Começar com alimentos sólidos ou pastosos antes dos 6 meses de idade o Oferecer mamadeira e chupetas o Baby blues pós-parto (tristeza materna): Passageiro. Alteração hormonal e adaptação emocional. Apoio a mãe ajuda o Depressão pós-parto: Sintomas intensos e duradouros de alteração de humor. Apoio a mãe pode não ser suficiente, necessitando tratamento e acompanhamento especializado PRINCIPAIS DIFICULDADES NA AMAMENTAÇÃO • RN com dificuldade para sugar - Freio lingual curto na criança dificulta a mamada - Auxiliar a pega - Ordenhar se necessário • Mamilo plano ou invertido - Ajudar o bebê a abocanhar a aréola - Tentar diferentes posições - Massagem se a mama estiver cheia • Mamilos doloridos/machucados/fissurados - Comum nos primeiros dias, mas se persistir é sinal de alerta - Pode ser causados por pega ou posição inadequadas • Ingurgitamento mamário (leite empedrado) - Fazer massagens suaves, retirar leite manualmente e manter livre demanda - Ideal é liberar o leite seja por amamentação ou ordenha - Oferecer a mama ao bebê, pois ele terá dificuldade de fazer a pega sozinha, por a mama estar bem dura • Mastite (inflamação da mama) - Pode evoluir para infecção - Mama fica inchada, vermelha e dolorida - Pode causar dores no corpo, febre e mal-estar - Deve procurar serviço de saúde para tratamento o mais precoce possível - Não é preciso interromper a amamentação durante o tratamento de mastite • Candidíase • Bloqueio de ductos lactíferos - Caroços localizados, sensíveis e dolorosos. Com hiperemia e calor - Predisposição: sutiã apertados, cremes e esvaziamento inadequado
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