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anafilaxia geral

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Anafilaxia 
Introdução 
Anafilaxia pode ser denominada como uma reação alérgica grave que, geralmente, 
se apresenta de forma generalizada e súbita, acometendo dois ou mais órgãos ou 
sistemas com evolução rápida, podendo ser letal em até 5 a 30 minutos do início dos 
sintomas. 
Importante! 
Quadro clínico: manifestações munocutâneas (urticária, angiodema), respiratórias 
(sibilos, estridor), gastrointestinais (diarréia, dor abdominal) e cardiovasculares 
(hipotensão) 
O uso de substâncias como etano, sedativos, antidepressivos e drogas recreativas 
está associado com uma maior gravidade dos quadros anafiláticos. 
Fatores de risco 
 Faixa etária: mais comum em adolescentes e adultos jovens. 
 Presença de comorbidades: asma, doenças cardiovasculares, rinite alérgica, 
dermatite atópica e doenças psiquiátricas. 
 Cardiopatias ou uso de betabloqueadores e inibidores da enzimas conversora 
da angiotensina 
Causas de morte na anafilaxia 
 Choque distributivo: proveniente da intensa vasodilatação e redistribuição do 
volume circulante. 
 Insuficiência respiratória: secundária ao broncoespasmo ou à obstrução pelo 
edema de vias aéreas superiores. 
 Com a participação ou não de mecanismos IgE mediados. 
Etiologia e Patogênese 
Sua prevalência não é totalmente conhecida, variando de acordo com as regiões 
pesquisadas ao redor do mundo e, por razões ainda pouco conhecidas, está 
aumentando tanto em frequência quanto em gravidade. Através de estudos 
epidemiológicos é possível investigar-se melhor a doença, seus desencadeantes, os 
fatores a ela relacionados e sua prevenção. 
Em levantamento realizado em nove estados, a Associação Brasileira de Alergia e 
Imunopatologia – ASBAI (Bernd LAG et al 2010) registrou os seguintes agentes 
desencadeantes, em porcentagem: 
 Drogas 45,13% (Dipirona, AAS, AINH e antibióticos) 
 Alimentos 18,58% (leite de vaca, clara de ovo na infância; crustáceos em 
adultos) 
 Insetos 18,58% (formiga, abelha, vespa) 
 Latex 1,76% 
 Exercício 0,88% 
 Alimento + Exercício 0,88% 
 Imunoterapia 0,88% 
 Outros 2,65% 
 Não Identificados 10,61% 
Em cerca de 25% dos casos de anafilaxia não sabemos o agente causador, sendo 
denominada anafilaxia idiopática. 
Patogênese: reação de hipersensibilidade imediata medida por IgE: contato com o 
alérgeno desencadeia rápida e intensa ativação de mastócitos e basófilos. Além 
disso, há liberação de histamina, quimase, proteoglicanos, leucotrienos, 
prostaglandinas e fator ativador plaquetário (PAF). 
Vasodilatação, edema, prurido, contração da musculatura lisa, quimiotaxia e 
ativação de eosinófilos e neutrófilos. 
Manifestações Clínicas e Diagnóstico 
Peles e Mucosas Trato respiratório Trato gastrointestinais 
Urticária, angioedema, 
eritema, prurido, edema 
de extremidades, 
periorbital e perioral 
Congestão de mucosa 
nasal, prurido nasal, 
rinoreia, espirros, 
rouquidão, estridor, 
edema de laringe, 
supraglótico e infraglótico, 
tosse, sibilos e dispneia 
Disfagia, regurgitação. Dor 
abdominal, náuseas e 
vômitos, diarréia e 
tenesmo 
Cardiovascular Neurológicas Hematológicas 
Arritmias, parada 
cardíaca, hipotensão má 
perfusão, dor torácica, 
síncope e fraqueza 
 
Ansiedade, cefaléia, 
tontura, alteração do 
estado mental, convulsão e 
coma 
 
Sangramento mucoso e 
equimose 
 
 
Diagnóstico clínico 
1. Início agudo de doença (minutos ou horas) com envolvimento da pele, mucosas 
ou ambos (por exemplo, urticária generalizada, prurido ou eritema facial, edema 
lábios-língua-úvula). 
E pelo menos um dos seguintes itens: 
a) Comprometimento respiratório (dispneia, sibilos-broncoespasmo, estridor, 
hipoxemia). 
b) Pressão arterial reduzida ou sintomas associados de disfunção orgânica 
(hipotonia, síncope) 
2. Dois ou mais dos seguintes sintomas ocorrendo rapidamente após exposição a 
um alérgeno provável para o paciente (minutos a horas) 
a) Envolvimento de pele-mucosas (por exemplo, urticária generalizada, prurido-
eritema facial, edema lábios-língua-úvula). 
b) Comprometimento respiratório (dispneia, sibilos-broncoespasmo, estridor, 
hipoxemia). 
c) Pressão arterial reduzida ou sintomas associados de disfunção orgânica 
(hipotonia, síncope) 
d) Sintomas gastrintestinais persistentes (por exemplo, cólica abdominal persistente, 
vômitos). 
3. Queda da pressão arterial após exposição a um alérgeno conhecido para o 
paciente (minutos a horas): 
– Crianças: pressão arterial sistólica baixa (idade específica) ou uma queda na 
pressão arterial sistólica >30%. 
– Adultos: pressão arterial sistólica menor que 90 mmHg ou queda > 30% na 
pressão arterial sistólica basal. 
Tratamento 
Adrenalina (4C): Única medicação que reduz mortalidade e hospitalização 
 Dose 0.01 mg/kg (apresentação 1:1000 1mg/ml) sendo no máximo 0.5 mg 
(adulto) e 0.3 mg (criança) 
 Repetir em 5 a 15 minutos (5D) 
 Via IM (vasto-lateral) 1B 
 Em TODOS os paciente com anafilaxia (4C) ou clínica de provável evolução 
para anafilaxia (5D). 
 Não há contraindicação absoluta e deve ser feita o mais precocemente 
possível 
 Considerar administração de adrenalina EV em bomba de infusão contínua 
em pacientes refratários às doses iniciais (choque anafilático) (D). 
 Nesses casos, o paciente deve estar monitorizado e a infusão deve ser 
interrompida se efeitos colaterais graves ocorrerem. Lieberman et al. (J 
Allergy Clin Immunol 2010) recomenda uma diluição de 4 mcg/ml iniciada a 1 
mcg/min em BIC titulada pela resposta hemodinâmica até uma máximo de 
10mcg/min em adultos. 
 Síndrome do Ventrículo vazio 
As mortes por anafilaxia são decorrentes, além da constrição das vias aéreas, 
que será discutida adiante, do acometimento hemodinâmico e evolução para 
choque anafilático. 
 Nestes casos, todos os pacientes hipotensos devem ser colocados na 
posição de Trendelemburg ou decúbito dorsal com elevação de MMII, se 
tolerável, o que pode prevenir a progressão para o choque anafilático e a 
chamada Síndrome do ventrículo de vazio, devido à melhora do retorno 
venoso, uma vez que as mortes por hipotensão anafilática habitualmente são 
precedidas por síncope. Há ainda recomendação (5D) de expansão volêmica 
com cristaloide 10ml/kg a 20ml/kg em acesso calibroso. 
 Ajuste do decúbito: (5D): 
Acometimento hemodinâmico: Decúbito dorsal + elevação MMII / 
Trendelemburg 
Importante: observe se o paciente tolera, principalmente em caso de paciente 
com acometimento respiratório e/ou náuseas e vômito. 
 
ABCDE: simultâneo ou imediatamente após a adrenalina IM. 
Permeabilizar vias aéreas, garantir respiração e circulação efetivas, observar 
condições neurológicas e a pele 
Posição supina com membros inferiores elevados 
Oxigênio: máscara não reinalante com reservatório (preferência). Pode ser 
necessária ventilação mecânica. 
Monitoração cardiorespiratória e de sinais vitais 
Acesso venoso calibroso 
Expansão com soro fisiológico 10-20 ml/kg, se a hipotensão com falha de resposta à 
adrenalina 
Medicações adjuvantes 
 Broncodilatadores inalatórios: se brocoespasmos associado 
 Anti-histamínicos H1: difenidramina 
 Antagonista H2: ranitidina. Uso controverso 
 Corticóide: metilprednisolona. Não é útil no tratamento da fase aguda, mas 
pode prevenir a reação bifásica 
 Vasopressores: norepinefrina ou vasopressina, se a hipotensão refratária à 
adrenalina e expansão volêmica 
Observação clínica do paciente por pelo menos 4-6h após a adrenalina 
intramuscular, pelo risco de reação bifásica da anafilaxia, com 
recrudescimento tardio dos sintomas.

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