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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO RESUMO DE JVD Definição · Inflamatória; · Crônica; · Autoimune; · O lúpus é o protótipo da doença autoimune. · Exacerbação/Remissão; · Pacientes que têm lúpus evoluem com período de exacerbação e, quando conseguimos controlar, remissão. · Apresentação heterogênea; · Por, por exemplo, ter predomínio de manifestações cutâneas ou mesmo acometimento exclusivamente renal. Epidemiologia · A maioria dos estudos é feita com adultos; a prevalência é relativamente menor em crian ças. Juvenil (quando em menores que 16anos) · Os dados são heterogêneos, devido a fatores como: · Definição de LES em cada um dos estudos pode variar; · Diferença entre etnias/populações dos estudos; · Fatores ambientais aos que os indivíduos do estudos estão expostos. · EUA: · Incidência: 2 a 7,6 / 100.000 · Prevalência: 19 a 159 / 100.000 · Europa · Incidência: 1 a 49 / 100.000 · Prevalência: 28 a 97 / 100.000 · Brasil · Natal: 8,7 / 100.000 (incidência). Prevalência estimada no Brasil = 0,5 a 1% Epidemiologia – pt 2 · Distribuição Universal; · Predomínio nas mulheres; especialmente após a puberdade até a menopausa. · Relação x Homem: 3/1 a 9 a 15 / 1 (depende da faixa etária). · Faixa etária: 15 – 45 anos (pico é 25 – 30); doença da mulher jovem, tende a diminui após menopausa. · Afrodescendentes; · Há maior prevalência de lúpus nessa população; · Também há tendência de terem doença mais grave. · Ásia (China ≠ Coreia): · Na Ásia como um todo, a distribuição parece ser homogênea; chama a atenção que na Coreia é bem menos incidente. · Formas clínicas do Lúpus · O Lúpus tem várias formas clínicas, e algumas delas merecem ser lembradas. · Lúpus cutâneo discoide: · Será detalhado a seguir; · Pode deixar áreas hipopigmentadas ou mesmo acrômicas; · Lúpus neonatal: · Pode acontecer em recém-nascido que tem autoanticorpos; geralmente são aqueles de mães que já tem lúpus (com Anti-Ro ou Anti-La); · Pode acontecer em gestantes com outras doenças também; na figura acima, ocorreu devido a Síndrome de Sjogren. · É reversível, o dano mais importante é o cardíaco. · Lúpus induzido por drogas (ou associado ao uso de medicamentos): · Procainamida; · Isoniazida; · Metildopa; · Anti-TNF’s. Falamos dessas entidades acima para exemplificar que há várias formas; mas o tema da aula será o Lúpus Eritematoso Sistêmico. O que causa o LES? · Diferentes fatores causam intensa desregulação do sistema imunológico. Ou seja, o fator imunológico listado abaixo é causado pelos demais fatores. · Há alterações desde a imunidade inata até a adquirida. · Dos fatores abaixo, as citocinas estão mais ligadas ao dano tecidual. Fatores genéticos · A herança é poligênica; · É uma das doenças mais estudadas no mundo em relação a autoimunidade; · Linfócitos, IFN-α e Apoptose. · Há mais de 40 alelos descritos relacionados a sinalização dos linfócitos B ou T, produ- ção de IFN-α e apoptose de células (fundamental na etiopatogenia, pois é responsável pelo surgimento dos neo-antígenos, importantes para desencadear a resposta autoi- mune). · Nos indivíduos com Lúpus, há maior prevalência de alelos do complexo HLA de Classe 2 (assim como na AR): · HLA DA1, B8 e DR 3 (mais importante). · História familiar de LES; · Autoanticorpos: · É comum de serem encontrados em familiares consanguíneos de pacientes com LES. · Estudos gêmeos: · Mono X Dizigóticos (25% versus 2%) · Associação com outras doenças genéticas: · Deficiências do complemento. LES: etiopatogenia · Hormonal: estrógeno; · O estrógeno age nas células imunológicas, potencializando as vias etiopatogênicas descritas acima, aumentando, portanto, a prevalência nas mulheres. · Raios ultravioleta → importante papel no LES; · Por quê? Apoptose de queratinócitos → formação de neo-antígenos. · Infecções virais; · Vírus EBV, CMV etc. → podem ser gatilhos da autoimunidade. · Medicamentos: Procainamida, isoniazida, metildopa, carbamazepina, anti-TNF etc. Figura 1 – O lúpus é um protótipo da doença autoimune. Nele, há alterações em todos os setores do sistema imunológico. Desta figura toda, vale a pena destacar o papel de uma célula: Célula Dendrítica Plasmocitoide. Ela é a principal envolvida na produção do interferon (tipo 1) alfa. É estimulada pelos próprios neutrófilos e células apoptóticas, além da imunidade inata, receptores Toll-like. Essa célula é fundamental para fazer o link com a imunidade adaptativa (linfócitos T e B), que são cruciais na patogênese, pois são protagonistas na produção de autoanticorpos. Etiopatogenia – Evolução Figura 2 – Um paciente com Lúpus pode ter autoanticorpos até 9 anos antes do início da doença. Quadro clínico · No LES, há uma alta frequência de sintomas gerais (53 a 77%). Habitualmente, ocorrem no início. São elas: · Fadiga; · É a mais frequente. · Febre; · Especialmente na fase precoce. Origem indeterminada · Linfonodomegalia; · Em diferentes sítios, mas especialmente na região cervical. · Mialgia; Pele · 80% dos casos têm manifestações na pele: · É a primeira manifestação em 25%. · Fotossensibilidade; · É muito característica a piora devido à exposição solar; · Já foi critério de classificação; não é mais; · A fotossensibilidade tem uma prevalência de cerca de 5% na população geral; portanto, bem mais frequente que o lúpus, de modo que não podemos associar a sua presença a uma confirmação de lúpus em alguém. · Divisão das manifestações cutâneas: · Específicas: serão as abordadas na aula. · Não-específicas: vasculites cutânea na forma de púrpura ou lesões urticariformes. · LE cutâneo: · Acomete exclusivamente a pele; · 10 a 13% desses pacientes evoluem para o LES; · Qualidade de vida; · Pacientes com lúpus e acometimento cutâneo têm a qualidade de vida muito compro- metida. · Às vezes, conseguimos controlar manifestações do LES consideradas mais graves, mas a pele continua com lesões. · Divisão das formas clássicas: Agudo, subagudo e crônico. # Pele agudo # Figura 3 – Pele (aguda) · Rash malar; · Poupa o sulco nasogeniano; · Maculopapular; · Bolhoso; · Necrólise Epidérmica Tóxica → mais raro · Associado com exposição solar # Pele subagudo # · Psoriasiforme ou Papuloesquamoso: · Lesões eritematosas que gostam de acometer colo, dorso, membros. Pode causa muita descaamassão e simular a psoríase. Figura 4 – Psoriafisorme (sinônimo de Papuloescamoso) – é caracteristicamente fotossensível. Tem associação com o Anti-Ro. Encontramos na biópsia células que estão entre a fase aguda (em que predominam infiltrado de neutrófilos) e a fase de infiltrado linfocitário. · Policíclico ou anular: · Vários ciclos na lesão de pele · Borda hiperemiada que marca mais a lesão c/ centro mais claro Figura 5 – Lesões mais hipercrômicas na borda. Policíclico ou anular. # Pele crônico # >3meses. · Lesão crônica discoide; resposta ao tratamento pode ser pobre se demorar a dar diagnóstico. · Outras formas: · Túmido; · Paniculite; · Pérnio. Figura 6 – Lesão mais desfigurante. Musculoesqueléticas · Artrite – primeira manifestação em 50%; · Prevalência – 95%; · Poliartrite – mãos (IFPs e MCFs), punhos e joelhos; · Forma clínica mais comum. · Simétrica, não erosiva e não deformante (é o mais comum). · Outras formas: · Tenossinovite e Artralgia; · Artropatia Deformante (Jaccoud); · Deformidades semelhantes à AR, mas são extra-articulares (ligamentos); é possível reduzir a manipulação. · Artropatia Erosiva (Rhupus); · É a sobreposição lúpus + AR. Figura 7 - Paciente com lúpus de longa data desenvolveu subluxação nas articulações MCF e de- formidades em pescoço de cisne dos dedos. Essas deformidades são redutíveis (provavelmente devido a tendões frouxos) e as radiografias não revelam erosões ou cistos, os quais diferenciam esses achados daqueles na artrite reumatoide. Osteonecrose – manifestação musculoesquelética muito marcante · Associação com: · Autoanticorpos antifosfolipídios; · Uso crônico do corticoide; · Principal sítio: · Quadril (cabeça femoral); · Outros locais que podem ser acometidos: · Joelhos, talus e carpo; · Forma de apresentação: · Bilateral e multifocal. Figura 8– Osteonecrose de joelho. Pulmonares e cardíacas · Serosite → acometimento mais comum quando se fala de pulmonares/cardíacas. · Inclui a pleurite e pericardite; · Outras também descritas: · Pneumonite ou Miocardite; · Endocardite (Endocardite verrucosa de Libman-Sacks); · Vasculite coronária → mais raro. · Disfunção endotelial. Nefrite · Manifestação grave da doença; é característica da doença. · Presente em 30 a 50%; · Apresentações possíveis: síndrome nefrítica, nefrótica, IRA... · Proteinúria; · Hematúria; · IRA; · Glomerular e tubulointerstício; · Pior prognóstico e maior mortalidade. Classificação Figura 9 – Representação de um podócito e Locais em que pode haver dano associado à nefrite lúpica. Dependendo de quais estruturas acomete, podemos fazer a classificação em 6 classes. LES Neuropsiquiátrico · Rara, porém grave; · Variável; muito polimórfica; · ACR 1999: 19 Síndromes de LES NPQ descritas; · Quando ocorre? Habitualmente no início da doença: 1 a 2 anos; · Apresentações: · Convulsão e vasculite SNC; · Neuropatia craniana/periférica e mielite transversa; · Estado confusional agudo e psicose. · Deve ser rapidamente tratada, devido a sua gravidade. Laboratório e autoanticorpos · Inicialmente, pedimos exames simples; · Hemograma: Anemia, leuco (linfopenia) e plaquetopenia; · Sumário de urina, ureia e creatinina; · VHS (aumentado no lúpus e tem boa relação com a atividade da doenaça) e complemento (C3, C4 e CH50, boa associação com a doença); · PCR: SEM correlação; · COMBs Direto (mais presente em pacientes c/ lupus se comparado aos pacientes sadios). FAN → teste de triagem individual, mas não populacional! · Alta sensibilidade; mas muito pouco específico. o 95 a 98%. · Método: IFI Hep-2; · Títulos altos: maior a concentração de alto anti-corpos. · Padrões nucleares e citoplasmáticos pensa mais em lupus. Autoanticorpos · Anti-DNA: bem importante o 70 a 95% · Alta especificidade, alto VPP · Monitorização da doença, especialmente na nefrite. · Serve p/ monitorizar a doença. Se aumenta atividade, aumenta. Se diminui, também diminui, · Anti-nucleossomo: · Associação com atividade doença · Quadro já associado a nefrite nesses casos · Maior sensibilidade ( fases mais precoces do lupus) · Anti-histona: · Baixa especificidade · LE induzido por droga · Anti-Sm: · Alta especificidade · Persistente · Anti-Ro/SSA · LE neonatal e LES início tardio · Lúpus cutâneo subagudo · Vasculite cutânea e hematológico · Anti-La/SSB · Anti-RNP · Fenômeno de Raynaud e · DPI (doença pulmonar instesticial, não muito comum no lupus) e menor gravidade nefrite · Anti-C1q · 17 a 46% (nefrite) · Presente nessa forma especial Urticária vasculite e AR · Anti-p Ribossomal · Específico para LES · LES 13 a 20% · Psicose, nefrite (classe V) e Hepatite LES. SAF: Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide · É uma “comorbidade” ou associação de doenças que é comum no lúpus. · Antes era um subtipo do LES, hoje se sabe que muitos pacientes com SAF não tem LES. · Tem componente inflamatório e imunológico que parece ser o ponto inicial. Linfo B hiperativo produzindo auto-ac antifosfolípedes, esse Ac tem afinidade específica p/ B2 GPI. · A disfunção endotelial está associada a ativação e inflamação de outras células como monócitos, neutrófilos.. · Diferença do LES: maior chance de acontecer trombose na SAF. · O diagnóstico é dado pelas manifestações clínicas: · Antifosfolipídio · Anticardiolipina · Anticoagulante lúpico · Anti B2 GP I: podem mudar de conformação ao se ligar ao antifosfolípede, quando acopladas podem grudar na célula endotelial causando disfunção endotelial. · Morbidade gestacional: interação com trofoblastos e células teciduais morbidade · Trombose · Venosa · Arterial · Microcirculação Quadro clínico · Formação recorrente de trombose (MMII é a principal, que pode complicar com TEP) · Trombose arterial (associada ao AVC) · Maior ou igual a 3 abortos, pensar em SAAF · parto prematuro <34s · óbito fetal maior ou igual 10s · Eclâmpsia, pré eclâmpsia ou insuficiência placentária · Outras manifestações: cefaleia, coreia, demência, nefropatia SAAF, doença valvular cardíaca, vasculopatia livedoide, livedos reticulares (piora c/ o frio) e ulceras cutâneas de difícil cicatrização AFLs clinicamente significativos 1. LAC: anticoagulanete lúpico: maior risco de trombose (aCL e anti-B2). 2. Títulos moderados altos: IgG > IgM 3. Triplo positivo > duplo ou único confere maior risco de trombose SAF de laboratório · Plaquetopenia leve a moderada sem sangramento · Alargamento do TTPA · São paradoxais, dado que poderiam levar ao risco de sangemento, mas só interferem no risco de trombose. Diagnóstico de SAAF 1 critério clínicos e 1 laboratorial 1. Trombose vascular (arterial, venosa e pequenos vasos) 2. Morbidade gestacional: óbito fetal, parto prematuro, três abortos 1. Anticoagulante lúpico 2. Anticardiolipia IgG ou IgM >40 UI 3. Anti B2 GP Obs: dois resultados positivos 12 semaans · Diagnóstico do Lupus · Manifestações clínicas; · Paciente sem nenhuma manifestação cutânea ou articular, devemos repensar o diag- nóstico de lúpus. · Testes laboratoriais; · Testes imunológicos; · Exames de imagem; · Pode ajudar em situações específicas, como serosite e osteonecrose. · Biópsia tecidual; · Realizar especialmente na nefrite. · Diagnóstico diferencial. Critérios de Classificação Por simultaneo quer dizer que se ocorreu no passado, ainda entra como componente do quadro clínco. FAN IFI Hep-2 Título ≥ 1/80 · Critério entrada – OBRIGATÓRIO; · Se o FAN é negativo: não é LES. Febre – entrou no critério novo (EULAR/ACR 2019) · T > 38,3º C · Sem explicação (infecção) · PCR normal Domínio hematológico só pontua o maior. · Leucopenia < 4.000/mm3 peso 3 · Plaquetas < 100.000/mm3 peso 4 · Hemólise autoimune: peso 4 · Reticulócitos; · Haptoglobina; · Bilirrubina indireta; · DHL; · Teste de Combs Direta (+). Neuropsiquiátrico peso · Delirium: peso 2 · Consciência; · Atenção (concentração); · Horas a < 2 dias; · Flutuação dos sintomas; · Cognição; · Comportamento, humor ou afeto. · Psicose; esses dois últimos são mais típicos do LES peso 3 · Crise convulsiva: peso 5 · Generalizada / Parcial. Domínio Mucocutâneo – alopecia não cicatricial · Seja aguda ou subaguda. Peso 2 Úlceras orais peso 2 · Prevalência no LES: 8 a 45%; · Retirado úlcera nasal: · Forma isolada (raro); · Falta padrão: · Especificidade limitada. Domínio Mucocutâneo · Lúpus cutâneo subagudo; peso 4 · Anular ou psoriasiforme OU · Lúpus discoide; peso 4 · Lúpus cutâneo agudo; peso 6 · Rash malar; · Rash maculopapular. Fotossensibilidade. Não entra no critério Domínio Serosa · Derrame pleural ou pericárdico; peso 5 · Diagnóstico – Imagem; · Pericardite aguda ≥ 2 peso 6 · Dor torácica; · Atrito pericárdico; · ECG típico (elevação ST / depressão PR); · Piora derrame pericárdico. Domínio articular peso 6 · Sinovite > ou igual a 2, edema · Artralgia maior ou igual 2 rigidez matinal >30min Domínio Renal · Proteinúria > 0,5g/24h; peso 4 · Bx Classe II ou V; peso 8 · Bx Classe III ou IV. Peso 10 Domínios Imunológicos · Antifosfolipídios positivos: peso 2 · Anticardiolipina IgA, IgM ou IgG (>40 ou >percentil-99) OU · Anti-β2 Glicoproteína I (IgA, IgM ou IgG) OU · Anticoagulante lúpico. · Complemento baixo: peso 3 ou 4 · C3 ou C4 diminuídos; · C3 e C4 diminuídos. · Anti-DNAds (Ensaio ≥ 90% de especificidade) OU Anti-Sm: peso 6 LES: planejamento terapêutico · Educação do paciente; · Evitar exposição solar; · Comorbidades; maior chance Has e DM · Exercícios físicos: melhora do SI · Adesão ao tratamento · Planejamento familiar · Vacinação Exercícios físicos; adesão ao tratamento; planejamento familiar; vacinação. Tratamento · EULAR 2019; · GLADEL 2018. · LES grave: CCt IV, os demais + ciclofosfoamida e rituximabe. · LES moderado: comprometimento hematológico mais grave, acrescenta MMF: molimumabe, inibidores de calcineurina, micofenolato mofetil · LES leve: cutâneo e articular. CCt oral ou IM, metotrezato e AZA · LES com compoenente nefrítico· Ciclofosfamida ou micofenolato · Micofenolado + inibidor do calcineurina: multitarget · MMF + belimumabe · MMF + voclosporina: inibidor de calci c/ menos toxicidade que a calci Mortalidade · Precoce: · Doença ativa (SNC, renal ou cardiovascular). · Infecção: pode causar mortalidade devido imunossupressão · Tardia: · Risco cardiovascular; · Doença renal e neoplasia.
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