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ARTRITE SÉPTICA RESUMO DE JVD Introdução Conceito · Invasão e reprodução bacteriana causando inflamação e/ou necrose de tecidos articulares. Tipos · Hematogênica: a distância · Por exemplo, uma amigdalite pode gerar uma artrite séptica. · Inoculação direta; · Contiguidade: · A própria osteomielite pode levar a uma artrite séptica por contiguidade. Patógeno X Sistema imune · O desenvolvimento da doença depende do equilíbrio de fatores relativos ao paciente e à cepa bacteriana. A artrite séptica e a osteomielite são doenças muito relacionadas aos fatores socioeconômicos e ambientais. Epidemiologia · Adultos: · É a faixa etária em que a artrite séptica é mais frequente. · Crianças: · Nelas ocorrem sequelas mais graves→destruição articular e epifisária. · Idosos: · Muitas vezes, nem manifestam sintomas sistêmicos, como febre, pois o sistema imune já é comprometido. · Alderson et al. – demonstraram em aves imaturas que vasos epifisários transitam entre a metáfise e epífise permitindo contaminação da cavidade articular secundariamente a uma osteomielite diafisária. · Em humanos isso também ocorre! Até 2 anos de idade, os vasos epifisários vão cruzar a barreira epifisária e vão para a articulação. Isso é um fator de inoculação por contiguidade. · Articulações de carga são as mais comprometidas (até 80%); · Em recém-nascidos: · Costumam ter focos à distância como infecção de cordão umbilical, pneumonia, prematuridade. · A flora varia de acordo com a idade – fisiopatologia; · Segredo para o tratamento: · Diagnóstico precoce e abordagem imediata. Fisiopatologia 1. Disseminação hematogênica 2. Contigüidade ou inoculação direta 3. Hiperemia sinovial c/ proliferação de PNM 4. Derrame articular com aumento da pressão e congestão vascular 5. Destruição da cartilagem articular 6. Necrose · Destruição por agressão direta ao patógeno; · Aumento da pressão intra-articular com congestão venosa; · Diminuição de proteoglicanos e lesão de colágeno; · Lesão condral é irreversível. · Condrócito não se regenera. Por isso, devemos parar o processo antes da destruição dele. Microbiologia – varia de acordo com a idade RN internados Até 2 anos de idade Adultos jovens Idosos 1. S. aureus incluindo o MR– CATÉTERES; 2. GRAM negativos; 3. Estreptococos. 1. Haemophilus influenza – diminuindo com a vacina; 2. S. aureus; 3. Estreptococos. 1. Neisseriagonorrhoeae– 75% em sexualmente ativos; Respondem bem a ATB e normalmente não são necessárias drenagens; pode melhorar espontaneamente. 2. S. aureus respondem por 50% dos outros casos dos adultos jovens; 3. Usuários de drogas – Pseudomonas. 1. S. aureus – 50% dos casos; 2. Casos poliarticulares, pensar hemofilia e imunossuprimidos, pois são casos graves normalmente. · Professor falou que, se perguntar na prova etiologia de modo geral, o mais comum em qualquer faixa etária é Staphylococcus aureus e epidermides. · Nos adultos jovens, a mais frequente é a Neisseriagonorrhoeae (gonocócica): · Frequentemente autolimitadas, sem necessidade de drenagem. · Pseudomonas é mais encontrada em usuários de drogas, MAS não é a mais frequente nesse grupo... a mais frequente continua sendo Neisseriagonorrhoeae ou Staphylococcus aureus, a depender da idade. Figura 2– Etiologia no adulto, percentuais. Dados clínicos diferenciais entre artrite gonocócica e não gonocócica Comentários sobre a tabela · Os 10% referenciado na tabela do adulto: pioartrite. · Atenção para o padrão articular na artrite gonocócica: poliartralgias migratórias em 70% dos casos. Faz diferencial com febre reumática. · No tópico “líquido sinovial, os percentuais se referem a frequência com que são achados polimorfonucleares. · Na não-gonocócica, geralmente é necessário drenar a articulação; enquanto na gonocócica a evolução é boa. Quadro clínico Recém-nascidos e crianças até 2 anos · Difícil diagnóstico; · É necessário examinar articulação por articulação em busca de bloqueios articulares, tendo em vista que os sinais flogísticos nem sempre ajudam. · Febre, edema, hiperemia podem estar ausentes; · Normalmente associada a infecções à distância; · Irritabilidade, assimetria dos membros e bloqueio articular podem estar presentes. · Por vezes precisa lançar mão de exames de imagem. Crianças acima de 2 anos e adultos jovens [QUADRO CLÁSSICO] · Dor, edema, hiperemia e aumento de volume articular; · Bloqueio articular e flutuação local; · Febre e queda do estado geral; · Joelho e quadril são as mais frequentes. Critérios de Morrey para Artrite Séptica 2 critérios maiores OU 5 critérios menores Critérios Maiores Critérios menores Aspiração de pus da articulação Febre >38,3 VHS alto Dor Radiografias específicas envolvendo os locais positivos Edema Letargia, Mialgia, irritabilidade Resposta satisfatória a ATB Sem outros processos patológicos Figura 3 - VAI COLOCAR NA PROVA. Adultos jovens com artrite por Neisseria gonorrheae · Quadro insidioso; · Evolução lenta; · DD c/ TB · Nem sempre há aumento de volume tão evidente na articulação. Nos casos de S. aureus, o aumento de volume e hiperemia são bem clássicos. · Febre baixa; · Diagnóstico diferencial com artrite tuberculosa. Exame físico · Dor e bloqueio articular; · Hiperemia local e derrame articular visível, quando articulação superficial; · Queda do estado geral; · Nas artrites gonocócicas, o exame físico mostra aumento de volume e sinovite podendo mimetizar tenossinovite. Exames complementares · Elevação do leucograma: · Nem sempre esperada (40 – 50%), principalmente no caso da Neisseria. · Elevação do VHS e PCR: · Acima de 85% de sensibilidade, porém baixa especificidade; · Mais sensível e específico: estudo do líquido articular. · Faz USG, detecta o líquido e o aspira · USG – líquido articular de densidade heterogênea com debris em seu interior – descrição clássica; · A característica do líquido consumido por bactéria é: diminuição de glicose, aumento de proteínas e aumento de PMN. · RNM – alta sensibilidade, porém baixa especificidade – não se deve esperar para fechar o diagnóstico; · Com 48h de evolução de necrose dos condrócitos, ela já identifica; porém, é necessário fazer diagnóstico diferencial com outras condições. · Hemocultura – em casos de artrite secundária no RN. · Artrocentese Quando os ex. complementares não são capazes de dar o diagnóstico e hemocultura é negativa · Análise do líquido – bioquímica e celularidade; · Professor fala que, por falta de recursos em serviços públicos, muitas vezes ao aspirar e vir pus, já levamos para fazer a drenagem sem qualquer exame complementar (USG ou RNM); embora isso não seja o ideal. · Coloração de Gram; · Cultura. Análise do líquido – características do líquido séptico Figura 4– Atentar para as características. Coloração de Gram – guiar antibioticoterapia inicial Cultura · Literatura – 18 a 48% de culturas negativas; · Lyon e Evanich – crianças com quadro clínico compatível apresentaram 70% de culturas negativas; · Após 8 – 48h de evolução já há destruição dos proteoglicanos do colágeno podendo deixar sequelas→ por isso, não devemos esperar cultura para tratar!!! Criança com critérios preenchidos e punção articular positiva = sala de cirurgia Princípios de Nade – Tratamento (iguais para osteomielite) 1) Drenagem adequada da articulação; 2) ATB empírico para diminuir os efeitos sistêmicos da bacteremia (sepse); 3) Repouso da articulação em posição estável. Figura 5 - Fatores de risco que ajudam na definição de ATB empírico. Drenagem adequada · Smith et al. – Degradação enzimática do colágeno a partir de 8 horas de inoculação bacteriana. · Daniel et al. – Em coelho, a drenagem da articulação pós inoculação de bactérias reduziu em 40% o dano da matriz condral/ preservou a articulação. · Comentários do professor: · A drenagem pode ser feita por artroscopia, mas ele acha impróprio e faz artrotomia. ATB empírico para diminuir os efeitos sistêmicos da bacteremia (sepse) · Flora do hospital · Epidemiologia · Punção ou coleta aberta do líquido articular · Bioquímicae contagem de leuco · Coloração de gram · Cultura Bioquímica e contagem de Leuco · Leucócitos do líquido acima de 50.000 / mm3 · Polimorfonucleares acima de 90% · Diminuição da glicose e aumento da concentração de proteína. Sequência do tratamento · O tempo de antibioticoterapia é variável; · Em caso de culturas negativas, a resposta clínica ao ATB deverá guiar o tratamento; · Controle clínico e laboratorial; · Nos casos de artrite pelo N. gonorrheae a drenagem deve ser restrita aos casos de não resposta ao tratamento clínico, o que é raro. · Para tratar a artrite gonocócica, podemos usar ceftriaxone ou mesmo penicilina. Figura 6 – Quadro de ATB Imobilização da articulação em posição adequada · Quadril e joelho – semi-flexão; · Nem todo esticado, nem todo dobrado. · Tornozelo – 90°; · Ombro – 90°; · Cotovelo – 90°; · Punho – posição funcional do punho. · 30° de extensão do punho e 15-20° de flexão da metacarpofalangiana. · Isso para que, se houver rigidez, seja possível fazer a pinça. Diagnóstico diferencial Figura 7 - Só leu. Lembrou que vamos ver OMA. Sinovite transitória do quadril – chamou atenção. · Crianças de 2 a 6 anos; · Geralmente apresentam uma reação inflamatória secundária a uma virose, alergia etc. · Desenvolvem derrame articular pequeno e benigno · PRINCIPAL CAUSA DE CLAUDICAÇÃO NA INFÂNCIA → frequente em emergências. · Líquido livre articular de origem indeterminada ao US, mas não há febre, sinais flogísticos ou critérios que falem a favor da artrite séptica; · Espessamento sinovial transitório – possível causa viral; · Evolução benigna e tratamento expectante (anti-inflamatório + repouso de 3-4 dias + retorno com 4 dias) Complicações ortopédicas importante seguir de perto pois c/ 8h de inoculação de bactéria, já há destruição. · Necrose séptica articular em adultos e luxação patológica em crianças. · A solução é aguardar a criança crescer e colocar uma prótese. OSTEOMIELITE Definição · Infecção da região cortical e/ou medular do osso. · Cronificação é comum, 70%. Apenas 30% cura. Histórico · O termo osteomielite foi introduzido por Nelaton em 1844 e define uma infecção do osso e medula óssea, geralmente são de origem bacteriana. · Até os dias atuais não há consenso quanto ao tratamento, podendo evoluir de uma OM Aguda para Crônica em até 70% dos casos. · Baixa mortalidade; · Alta morbidade: · Vai destruindo aos pouquinhos o osso; · Quando intervir? Quando estiver secretando (em atividade) ou com risco eminente de fratura. Epidemiologia · Todas as idades: · Crianças – OHA; · Adultos – OMC. · Mais frequente em ambientes com menor condição de higiene; · Fatores nutricionais e imunológicos; · Doenças associadas – DM (pé diabético é fonte imensa de OM), Vasculopatias, IRC; · Cuidados com ferida operatória; · Bacteremia. Osteomielite hematogênica aguda Fisiopatologia: desequilíbrio entre patógeno e imunodeficiência/nutrição. · Hematogênica é a causa mais comum; · Bacteremia na infância; · Fatores imunológicos. · Hematogênica é de dentro pra fora, (criança c/ amigdalite e posterior dor na perna). Instalação via hematogênica reprodução p/ falha imunológica abscesso na região medular tentativa de exteriorizar por aumento de pressão forma fístula c/ meio externo. Evolução de aguda pra crônica. Em torno de 3-4 sem que a bactéria se ligou ao osso, há a formação de um biofilme que impede o ATB penetre. Perde a oportunidade de tratar. · Contigüidade: fora pra dentro (fratura exposta c/ penetração do MO). OMA em crianças · Em crianças compromete mais frequente a metáfise dos ossos longos; · Menos células fagocitárias na metáfise; · Placa epifisárias funcionam como barreira nas crianças maiores; · Crianças menores de 2 anos – vasos cruzam a epífise. · Artrite séptica associada (fêmur, úmero, rádio). Patógenos mais frequentes na hematogênica – CQP = 80% · Staphylococcus aureus é o mais frequente; · Psedomonas mais comum em usuários de drogas intravenosas; · Salmonella está associada a hemoglobinopatias; · Atenção, nos dois casos acima, S. aureus continua sendo o mais comum. Pseudomonas e Salmonella estão mais associados a essas condições mas não significam que sejam as mais prevalentes. · Bebês prematuros com procedimentos de UTI – devemos cobrir Gram negativos, além dos positivos; · Streptococus grupo B em bebês sadios · Haemophilusinfluenzae em crianças de 6 m a 4 anos – queda em incidência após vacina Toda regra tem “secreção”... · Flora variada na FO por contaminação externa ou pós-operatória. Quadro clínico · Anamnese · Exame físico · Perfil epidemiológico Exames complementares · Na fase aguda, temos dificuldade de diagnosticar a osteomielite, principalmente se não tivermos acesso à RNM, que é o exame mais sensível. · Com 24-48h a ressonância já mostra alterações; · O problema é que osteomielite está muito associada a baixas condições socioeconômicas; justamente o paciente do SUS que não terá acesso rápido à RNM. · Nem leu os exames abaixo... só falou da RNM, mas estavam no slide. · Hemograma, VSH, PCR, Alfa-1, Glicoproteína ácida; · Radiografia; · Tomografia; · Cintilografia; · Ressonância magnética; · Punção aspirativa. Quadro clínico – depende da faixa etária · Recém-nascidos – irritabilidade, dor à mobilização do local, hiperemia. · Múltiplos procedimentos invasivos; · Infecção de cateter; · Rx não ajuda nas fases iniciais; · Gram negativo são os principais agentes; · Úmero proximal, quadril e joelho – mais frequentes. · Crianças até 2 anos possuem mais vasos cruzando a epífise de crescimento a partir da metáfise; · Nestes ossos, a epífise e metáfise estão dentro da capsula articular. · Em crianças mais velhas: · Deve ser feito diagnóstico diferencial com tumores como sarcoma de Ewing; · Outras situações (não abordou) · Infecções sistêmicas associadas; · Traumas associados como fator desencadeante – região Diafisária. · Hematogênica; · Pós-traumática; · Cronificação em 70% dos casos; · S. aureus; · Pseudomonas – adultos usuários de drogas. Imagem · Rx · Não espere ajuda rápida da imagem ao Rx · Para conseguirmos ver alteração no Rx, com descolamento periosteal, são necessários 15 dias; · Se esperarmos esse tempo todo, a bactéria já criou o biofilme que impede a chegada no ATB. · Cintilografia? · Sensível e específica, mas de difícil acesso; · Ressonância: · Seria o ideal para identificar precocemente. · Sensível, mas não específico. Sobre os exames... · VSH PCR, Alfa-1 Glicoproteina ácida – sensíveis, mas não específicos; · Leucograma – leucocitose não deve ser esperada; · Punção guiada por imagem e cultura do germe com coloração de Gram MUITO IMPORTANTE... “Ache o bicho”. Garantir sucesso terapêutico. Tratamento da Osteomielite Hematogênica Aguda · 1983, Nade propôs os 5 princípios do tratamento da OMA; 1) Antibiótico apenas na fase inicial– (difícil diagnóstico); · Fase inicial = até os 15 dias iniciais, período em que a bactéria não criou o biofilme (ATB penetra, não precisa drenar). Passados 15 dias... 2) Remoçãocirúrgica de tecidos necróticos; 3) Se tecido desvitalizado for retirado a contento, a ferida deve ser coberta (retalhos) e mantido o ATB; 4) Preservação de tecidos vascularizados; 5) Antibioticoterapia prolongada. 6-8 semanas. Antecipe-se ao adversário = diagnóstico precoce Biofilm · Ligação através dos glicocálix da parede bacteriana ao tecido ósseo osteomielite crônica. Osteomielite Subaguda · Evolui a partir de uma aguda não subdiagnosticada; · A bactéria chegou no osso e começou a se reproduzir, mas o sistema imune do paciente “bloqueou”. Bloqueou, mas não acabou com a bactéria; dessa forma, ela continua lá. Com isso, ela vai lentamente progredindo e afetando o osso. · Em até 35% das osteomielites agudas se tornam subaguda; · Quadro clínico insidioso, febre baixa, dor leve e moderada; · Exames laboratoriais levemente alterados; · Ausência de alterações nas radiografias antes de 2 semanas. Figura 8 – Osteomielite de Ulna com 3 semanas de evolução Situação hipotética: · “ Dr , levei meu filho na urgência e ele foi avaliado, masnão acharam nada nos exames de sangue nem na radiografia .... Então passaram esse antibiótico porque a perna estava um pouco vermelha ... Ele melhorou, mas depois que parou o remédio voltou a ter dor e ficar mais vermelho o local ” Figura 9 - Transição da Aguda para a Subaguda??? Exames complementares · VHS aumentado em apenas 50% dos casos; · Rx com alterações osteolíticas, descolamento periosteal; · Cintilografia hipercaptante; · Ressonância magnética com hipersinal em T2. · Osteomielite SA ou Tumor? →biópsia. → MUITO IMPORTANTE!!! Figura 10 - Possíveis diagnósticos diferenciais da Osteomielite Subaguda de acordo com a Classificação de Robert. Mais comentários sobre a osteomielite subaguda (também chamada abscesso de Brodie) · Forma localizada de infecção localizada na região Metafisária dos ossos longos de adultos jovens; · Recorrência das dores locais; · S. aureus pode ser isolado em 50% dos casos; · Diagnóstico diferencial com tumores; · Imagem lítica de bordos escleróticos arredondadas na região Metafisária. Tratamento – Ross e Cole: é o tratamento para o abscesso de Brodie Após diagnóstico confirmado ou afastado diagnóstico de tumor; · Lesões simples meta-epifisárias – ATB venoso por 48-72 horas e após processo “frio”, manter ATB por 8 semanas; · É muito difícil pegar um paciente nesse estágio. · Nos casos recidivantes ou não responsivos, curetagem óssea. · É o mais comum. · 87% de cura com seguimento de 1 ano; Complicações · Cronificação – 70% dos casos; · Deformidade osteoarticular; · Necrose óssea com perenização da infecção; · Amputações casos muito graves.
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