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Insuficiência renal aguda

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Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(3): 272-82
Simpósio: Condutas em enfermaria de clínica médica de hospital de média complexidade - Parte 2
Capítulo VI
InsufInsufInsufInsufInsuficiência riciência riciência riciência riciência renal aenal aenal aenal aenal agudagudagudagudaguda
Acute renal failure
Tiago F. Nunes1,3, Denise M. Brunetta1,3, Christiane M. Leal2, Paula C. B. Pisi1, Jarbas S. Roriz-Filho2,4
RESUMO
A Insuficiência Renal Aguda (IRA) pode estar associada a várias etiologias no organismo humano,
sendo este um dos motivos da importância dispensada àa esta doença. A prevenção é a principal
ferramenta do médico e quando esta não foi possível, o tratamento visa afastar as principais causas,
com investigação das demais e medidas de suporte para manter a viabilidade renal, muitas das vezes
com êxito. A taxa de mortalidade em pacientes com IRA não se alterou muito nos últimos 30 anos. Os
óbitos podem ocorrer em consequência da doença de base e não da própria IRA, pois o rim é um dos
poucos órgãos cuja função pode ser substituída em parte por longos períodos (ex. diálise).
Palavras-chave: Lesão Renal Aguda. Diálise. Creatinina. Clearance de Creatinina, Hiperkalemia.
Hiperpotassemia. Necrose Tubular Aguda.
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
No início do século XX, insuficiência renal agu-
da foi descrita em Willian Osler's Textbook for Medi-
cine (1909) como "Bright's disease", mas o termo in-
suficiência renal aguda foi creditado a Homer W. Smith
descrito no capítulo "Acute Renal Failure related to
traumatic injuries" no livro The Kidney-Structure and
Funcional in Health and Disease (1951).1 Atualmen-
te o termo Lesão Renal Aguda tem sido proposto.
Insuficiência renal aguda (IRA) é definida como
perda rápida da função renal, com azotemia (eleva-
ção de uréia e creatinina).1 Existem mais de 35 defini-
ções na literatura.2 Lesão Renal Aguda tem sido pro-
posta em substituição a IRA por ser mais amplo.
Abrange desde pequenas alterações na função renal
até mudanças que necessitam de terapia de substitui-
ção renal (TSR).2
Na tentativa de normatização da definição e
classificação da IRA a Acute Dialysis Quality
Initiative (ADQI) desenvolveu o critério de RIFLE
(Tabela 1). Os três estágios de gravidade são basea-
dos nas alterações da creatinina sérica ou no volume
urinário, sendo considerado o pior resultado; já os dois
critérios de evolução são definidos pela duração da
perda de função renal.3
A creatinina sérica é o marcador mais usado
para avaliação da função renal, ela sofre influência de
fatores como massa muscular, hipercatabolismo e
drogas, portanto pode superestimar ou subestimar
a taxa de filtração glomerular (TFG). Além disso,
há de se saber que pequenos aumentos no valor da
creatinina correspondem a grandes perdas de TFG.
Ferramentas como a fórmula de Cockcroft-Gault
são usadas para a estimativa do clearence de crea-
tinina (ClCr).4
1 Médico Assistente da Área de Clínica Médica do Hospital Esta-
dual de Ribeirão Preto.
2 Ex-Médico Assistente da Clínica Médica do Hospital Estadual
de Ribeirão Preto.
3 Pós-graduando da Área de Clínica Médica da FMRP-USP.
4 Professor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade
de Fortaleza (CE)
Correspondência:
Tiago Ferolla Nunes
Hospital Estadual de Ribeirão Preto
Avenida Independência, 4750.
14026-160- Ribeirão Preto - SP
Telefone: 16-3602-7100
Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(3): 272-82
http://www.fmrp.usp.br/revista
273
Nunes TF, Brunetta DM, Leal CM, Pisi PCB, Roriz-Filho JS.
Insuficiência renal aguda
No futuro espera se que o uso de biomarcado-
res possa ser útil no diagnóstico da disfunção renal
mesmo antes do desenvolvimento de alterações clíni-
cas e/ou laboratoriais.5 Um biomarcador promissor é
a Cistaina C sérica, cuja dosagem não é afetada pela
idade, peso corporal, inflamação ou infecção.4
Epidemiologia
A IRA é uma complicação em cerca de 5%
das hospitalizações e até 30% das internações em
Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Necrose Tubular
Aguda (NTA) é responsável por mais de 50% da IRA
em pacientes hospitalizados e mais de 76% dos casos
nos pacientes em UTI, sendo sepse a condição mais
comumente associada.4,6,7
A prevalência de IRA varia de acordo com os
valores de creatinina utilizados no diagnóstico em cada
estudo e tem importante impacto na mortalidade (Fi-
gura 1).8
A incidência de IRA aumenta com a idade, sen-
do 3,5 vezes maior nos pacientes acima de 70 anos4,
Tabela 1
Critérios de RIFLE para lesão renal aguda, TFG, taxa de filtração glomerular; Creat, creatinina sérica; Vol,
volume urinário. Os critérios são preenchidos conforme mudança na creatinina sérica em relação ao valor
basal. Modificado de Kellum JA1.
TFG Volume urinário
Risco Aumento da Creat 1,5x ou queda de 25% na TFG Vol <0,5ml/Kg/h por 6h
Lesão Aumento da Creat 2x ou queda >50% na TFG Vol <0,5ml/Kg/h por 12h
Falha (Insuficiência) Aumento da Creat 3x ou queda >75% na TFG ou Vol <0,3ml/Kg/h por 24h ou anúria por 12h
Creat >4 com aumento agudo >0,5mg/dl
Perda (Loss) IRA persistente: perda completa da
função renal >4 semanas
Rim terminal (ESKD) ESKD, rim em estado terminal
le
sã
o 
re
na
l a
gu
da
M
or
ta
lid
ad
e
Figura 1: Diferentes definições de lesão renal aguda e efeito sobre a incidência e mortalidade O mesmo grupo é classificado como IRA
por nove diferentes definições, indicado no eixo horizontal: aumento absoluto da creatinina sérica de, respectivamente, ≥ 0,3 mg/dl,
≥ 0,5mg/dl, ≥ 0,5mg/dl. (quando creatinina basal sérica de <2mg/dl) ou ≥ 1,0mg/dl (quando creatinina basal sérica de ≥ 2,0mg/dl e 5,0mg/dl),
1,0mg/dl, e 2,0mg/dl, ou aumento relativo da creatinina sérica de 25%, 50%, 100%, ou 50% para um pico mínimo de 2,0mg/dl OR, odds
ratio. Modificado de Hoste EAJ.8
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Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(3): 272-82
http://www.fmrp.usp.br/revista
Nunes TF, Brunetta DM, Leal CM, Pisi PCB, Roriz-Filho JS.
Insuficiência renal aguda
justificada pela perda progressiva da TFG com a ida-
de, (1ml/min/1,73m2 por ano após os 30 anos), associ-
ada à maior prevalência de comorbidades como Dia-
betes mellitus, Hipertensão arterial e hiperlipemia.9,10
Pacientes que já possuem insuficiência renal crônica
(IRC) tem chance maior de evoluir com rim terminal
após episódio de agudização da insuficiência renal.11
IRA tem importantes implicações em saúde
pública. Estágios avançados de RIFLE correspondem
a maior tempo de permanência hospitalar11,12,13, ne-
cessidade de TSR e maior mortalidade (Figura 2).8
EtiologiaEtiologiaEtiologiaEtiologiaEtiologia
A IRA pode fazer parte de diversas doenças.
Para fins de diagnóstico e tratamento costuma ser di-
vidida em três etiologias.14
• Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão re-
nal, sem comprometer a integridade do parênqui-
ma, cerca de 55% ;
• Renal: doenças que afetam diretamente o parênqui-
ma renal, cerca de 40%;
• Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato
urinário, cerca de 5%;
Insuficiência Renal Aguda - Pré-renal
IRA pré-renal é a etiologia (Quadro 1) mais
comum e representa resposta fisiológica à hipoperfu-
são renal leve a moderada, não há defeito estrutural
nos rins. A dilatação auto-reguladora das arteríolas
aferentes é máxima quando a pressão arterial sistê-
mica media é de 80mmHg, portanto quando esta se
encontra abaixo desses níveis pode precipitar queda
na taxa de filtração glomerular (TFG)15, graus meno-
res de queda da pressão arterial sistêmica média po-
dem acometer indivíduos idosos ou pessoas com algu-
mas comorbidades. Outro fator que pode levar a esta
situação é o uso de fármacos como: AINEs e IECA.
O diagnóstico é de suma importância, pois há reversi-
bilidade do caso em um a dois dias, mas se persistir
pode levar à NTA. Na tentativa de conservação hi-
drossalina a angiotensina II aumenta a reabsorção de
água e sódio pelo néfron proximal, a aldosterona au-
menta a reabsorção de água e sódio no néfron distal e
a vassopressina aumenta a reabsorção de água no
néfron distal, tudo isso levando a oligúria, urina con-
centrada, com mínimaquantidade de sódio.14
Síndrome Hepatorrenal é uma forma particular
e agressiva de IRA que acomete pacientes com
Figura 2: Mortalidade conforme estágio no critério de RIFLE em diferentes estudos. Modificado de Hoste EAJ8.
 Risco Lesão Falha
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Insuficiência renal aguda
cirrose hepática ou outras hepatopatias, ocorre vaso-
constricção intra-renal e retenção acentuada de sódio.
Pacientes com hepatopatia avançada apresentam au-
mento no volume plasmático, mas redução no volume
circulante efetivo em consequência da vasodilatação
sistêmica e retenção portal de líquido. No paciente
cirrótico é um sinal de mau prognóstico, sendo neces-
sário recuperação da função hepática para melhora.14
Insuficiência Renal Aguda - Renal
IRA renal (Quadro 1) pode complicar diversas
doenças que afetam o parênquima renal. A maioria
dos casos (90%) é desencadeada por isquemia ou
nefrotoxinas que induzem NTA. Apenas 20 a 30% da
IRA renal não apresentam evidências clínicas ou mor-
fológicas de NTA. Pode cursar com oligúria (NTA
Quadro 1: Causas de IRA14
IRA pré-renal:
1- Hipovolemia: hemorragias, perdas gastrointestinais, perdas para terceiro espaço, queimaduras, excesso de diuréticos,
febre, desidratação.
2- Diminuição do débito cardíaco: insuficiência cardíaca (IC), infarto agudo do miocárdio (IAM), tamponamento cardíaco,
arritmias, ventilação mecânica com pressão positiva.
3- Alteração da relação entre resistência vascular sistêmica e renal: choque distributivo, uso abusivo de anti-hipertensi-
vos, sepse, anafilaxia, noradrenalina, anfotericina B, ciclosporina, síndrome hepatorrenal.
4- Drogas: anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), ciclospo-
rina, contraste iodado.
5- Hiperviscosidade: mieloma múltiplo, macroglobulinemia, policitemia.
IRA pós-renal:
1- Obstrução ureteral bilateral: neoplasia de próstata, neoplasia de colo uterino, fibrose retroperitoneal idiopática, iatrogenia,
obstrução intraluminal (cristais, edema, coágulos).
2- Obstrução na bexiga: neoplasia de bexiga, infecção, neuropatia.
3- Obstrução uretral: válvula congenital, hipertrofia prostática benigna (HPB), funcional.
IRA renal:
1- Obstrução vascular renal (bilateral ou unilateral com rim único funcionante): obstrução de veia renal ( trombose,
compressão), obstrução de artéria renal ( aterosclerose, trombose, embolia, vasculite).
2- Doenças do glomérulo ou da microvasculatura renal: glomerulonefrite, vasculite, síndrome hemolítica urêmica, púrpura
trombocitopênica trombótica, coagulação intravascular disseminada, esclerodermia, lupus eritematoso sistêmico.
3- Necrose tubular aguda: isquemia (igual a IRA pré-renal), toxinas (meios de contraste, antibióticos, ciclosporina, quimi-
oterápicos, acetaminofen, rabdomiólise, hemólise, ácido úrico, oxalato, discrasia de leucócitos).
4- Nefrite intersticial: alérgica (antibióticos como betalactâmicos, sulfonamidas, trimetropim, rifampicina, AINEs, diuréti-
cos, captopril), infecções (bacterianas, virais ou fúngicas), infiltração (linfoma, leucemia, sarcoidose) e idiopática.
5- Depósito e obstrução intratubular: proteínas do mieloma, ácido úrico, oxalato, aciclovir, metotrexato, sulfonamidas.
6- Rejeição de aloenxerto renal.
isquêmica, rabdomiólise, glomerulonefrites), anúria
(necrose cortical aguda, algumas glomerulonefrites) e
não oligúrica (NTA por aminoglicosídeos, fase de re-
cuperação de NTA).14
Na NTA por hipoperfusão, há lesão isquêmica
das células intraparenquimatosas renais, principalmen-
te do epitélio tubular, podendo ocorrer recuperação
em uma a duas semanas após recuperação da perfu-
são renal. Caso não ocorra recuperação da perfusão
renal pode haver evolução para necrose cortical renal
bilateral e insuficiência renal irreversível.14
A IRA isquêmica possui três fases: início, perí-
odo inicial de hipoperfusão renal com duração de ho-
ras a dias; manutenção, tipicamente de uma a duas
semanas onde ocorre lesão das células renais com
débito urinário e TFG mínimos e a recuperação quan-
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Nunes TF, Brunetta DM, Leal CM, Pisi PCB, Roriz-Filho JS.
Insuficiência renal aguda
do ocorre o reparo e regeneração das células paren-
quimatosas renais, pode ocorrer acentuado período
poliúrico.14
A IRA renal por nefrotoxinas é aumentada nos
idosos e nos pacientes com doença renal pré-existen-
te4. Geralmente é reversível, previsível e passível de
correção se identificada precocemente. As nefrotoxi-
nas endógenas mais comuns são o cálcio, a mioglobina,
a hemoglobina, o urato, o oxalato e as cadeias leves
do mieloma. A vasoconstricção renal é o evento fun-
damental na IRA provocada por meios de contraste
radiológico e ciclosporina.14 Ver drogas associadas à
IRA na Tabela 2.
As características patológicas clássicas da IRA
renal consistem em necrose focal do epitélio tubular
com descolamento de sua membrana basal e oclusão
da luz tubular por cilindros constituídos de células
epiteliais íntegras ou em degeneração, restos celula-
res ou mucoproteínas.14
Prevenção de lesão mediada por contrastes
radiológicos iodados
A administração de contrastes para exames
radiológicos constituem importante causa reversível e
prevenível de IRA, esta pode iniciar logo após a admi-
nistração do contraste (Quadro 2). Existem contras-
tes iônicos, não iônicos de baixa osmolaridade e não-
iônicos com isoosmolaridade.16,17
Não há tratamento específico quando a IRA já
está instalada e o manejo deve ser feito como em ou-
tras causas de necrose tubular aguda (NTA), visando
manter o equilíbrio hidroeletrolítico e a volemia. O
melhor tratamento é a prevenção. Manifesta se por
elevação aguda (início 24 a 48 horas), porém reversí-
vel (máximo de três a cinco dias com reversão no
decorrer de uma semana) dos níveis sanguíneos de
uréia e creatinina.17
O tipo de contraste iodado é um fator impor-
tante na possibilidade de desenvolvimento de IRA, o
principal benefício do uso dos contrastes não-iônicos
é nos pacientes de alto risco (p. ex. creatinina sérica
≥1,5 mg/dl ou taxa de filtração glomerular <60 ml/min/
1,73m2), particularmente se diabéticos.16
Hidratação é a principal ferramenta de preven-
ção, porém ainda não está bem estabelecida qual é a
melhor solução, se salina isotônica ou bicarbonato de
sódio. Salina isotônica mostrou-se melhor que salina
0,45%, e o principal benefício foi visto em diabéticos e
naqueles que receberam mais de 250ml de contraste.
Uso de bicarbonato de sódio tem sido estudado desde
Tabela 2
Drogas associadas à IRA. Modificado de Thadani R21.
Mecanismo
Redução da perfusão renal com alteração da hemodinâmica
intrarrenal
Toxicidade tubular direta
Toxicidade tubular induzida por heme pigmento (rabdomi-
óise)
Obstrução intratubular por precipitação de agentes ou
metabólitos
Nefrite intersticial alérgica
Síndrome hemolítica urêmica
Droga
AINEs, IECA, ciclosporina, tacrolimus, agentes de radio-
contraste, afotericina B
Aminoglicosídeos, agentes de radiocontraste, cisplatina,
ciclosporina, tacrolimus, anfotericina B, metotrexate, fos-
carnet, pentamidina, solventes orgânicos, metais pesados,
imunoglobulina intravenosa
Cocaina, etanol, lovastatina
Aciclovir, sulfonamidas, etilenoglicol, metotrexate
Penicilinas, cefalosporinas, sulfonamidas, rifampicina, ci-
profloxacina, AINEs, diuréticos tiazídicos, furosemida,
cimetidina, alopurinol
Ciclosporina, tacrolimus, quinidina, estrogênios conjuga-
dos
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Insuficiência renal aguda
a demonstração que a alcalinização da urina pode pro-
teger contra os radicais livres. O uso de 3ml/kg/hora
uma hora antes do uso do contraste seguido de 1ml/kg
nas próximas seis horas mostrou-se benéfico na pre-
venção da IRA. A hidratação oralnão deve ser usada
isoladamente.17,18,19
Acetilcisteína é considerada com propriedades
antioxidantes e vasodilatadoras. Considerando ser bem
tolerada, baixo custo pode ser usada em pacientes de
alto risco, sempre acompanhada de outras medidas
preventivas. A dose a ser usada é questionável atual-
mente, recomenda se uso de 600-1200mg via oral duas
vezes ao dia no dia anterior e no dia do exame, o uso
intravenoso não costuma ser recomendado.17
Uso de contraste de RNMUso de contraste de RNMUso de contraste de RNMUso de contraste de RNMUso de contraste de RNM
A maioria dos contrastes usados em RNM é de
gadolínio, cuja principal excreção é renal. Nos pacien-
tes com insuficiência renal moderada a grave existe o
risco de fibrose sistêmica nefrogênica além do risco
de nefrotoxicidade semelhante ao ocorrido com os
contrastes iodados. Estes fatos ocorrem principalmente
quando os pacientes possuem TFG <30ml/min.14
Insuficiência Renal Aguda - Pós-renal
Tem a menor prevalência dentre os três tipos
(Figura 3) de IRA e exige a ocorrência de obstrução
com repercussão renal bilateral, ou unilateral com rim
único, como ocorre na obstrução uretral, do colo vesical,
ureteral bilateral ou unilateral em rim único. A obstru-
ção do colo vesical é a causa mais comum e em geral
é decorrente de doença prostática, bexiga neurogênica
ou tratamento com anticolinérgicos. A obstrução agu-
da inicialmente produz vasodilatação arteriolar com
aumento da TFG, em seguida, são produzidas subs-
tâncias vasoconstrictoras reduzindo a TFG. Se a obs-
trução permanecer por mais de duas a quatro sema-
nas pode ocorrer fibrose intersticial, atrofia tubular
progressiva e nefropatia obstrutiva crônica.14 O diag-
nóstico da obstrução é usualmente feito pela ultrasso-
nografia, com sensibilidade e especificidade de 98% e
78% respectivamente.20
Manifestações clínicas
Inicialmente é importante estabelecer se a insufi-
ciência renal estabelecida é um processo agudo ou crô-
nico, isso é fácil de estabelecer caso os exames de labo-
ratório demonstrem elevação recente de uréia e crea-
tinina. Achados de insufuciência renal crônica (IRC)
inclui, neuropatia, anemia, rins diminuídos de tamanho
ao exame ultrassonográfico. Lembrando que podemos
ter IRC com rins de tamanho normal na nefropatia
diabética, amiloidose e doença renal policística.14
IRA pré-renal se manifesta com sede, hipoten-
são ortostática, redução de pressão venosa jugular,
sinais de desidratação. Considere sempre buscar a
causa base, como insuficiência cardíaca avançada,
sepse, hepatopatia crônica com hipertensão portal ou
causas de diminuição do volume sanguíneo efetivo,
lembrando de avaliar também uso de IECA e
AINEs.14,21
Quadro 2
Sumário de recomendações na prevenção da nefropata por contraste17.
• uso, quando possível, de exame de ultrassonografia, ressonância nuclear magnética (RNM) sem gadolinio ou tomografia
computadorizada (CT), sem o uso de contraste;
• uso de baixas doses de contraste, evitar exames contrastados de repetição em espaço de tempo curto, usar pequena
quantidade de contraste;
• evitar contrastes de alta osmolaridade;
• se possível, usar contrastes isoosmois;
• evitar depleção de volume e uso de anti-inflamatórios não-hormonais (AINE);
• se não há contraindicações, realizar expansão volêmica. Solução salina isotônica antes e após a realização do exame;
• uso de bicarbonato de sódio 3ml/kg uma hora antes do exame e 1ml/kg nas próximas seis horas após o procedimento. A
solução pode ser preparada com 150mEq de bicarbonato de sódio (1mEq/ml de bicarbonato de sódio) adicionada a 850ml
de solução glicosada ou água;
• uso de acetilcisteína;
• uso de contraste não-iônico de baixa osmolaridade ou isosmol.
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Insuficiência renal aguda
 
Figura 3: Manejo da IRA.Modificado de Cheung CH4.
A IRA renal, quando isquêmica costuma se
manifestar como complicação de hipoperfusão grave,
já a nefrotóxica exige extensa revisão das medicações
em uso e dos procedimentos realizados pelo paciente.
Apesar da IRA renal nefrotóxica e isquêmica corres-
ponderem à maioria dos casos, devemos pela história
e exame físico buscar informações que poderiam le-
var ao diagnóstico de outras causas. Dentre estas in-
formações podemos encontrar: dor no flanco associa-
do há fibrilação atrial ou IAM recente pensar em
oclusão de veia ou artéria renal; presença de nódulos
subcutâneos, placas retinianas, livedo reticularis,
isquemia digital, manipulação recente da aorta pode
ser indício de ateroembolização; sedimento urinário
ativo, edema, hipertensão e oligúria considerar hipóte-
se de glomerulonefrite; hipertensão grave com cefa-
léia, retinopatia, papiledema sugerem hipertensão ma-
ligna; ingestão recente de drogas, febre, exantema ou
artragias sugerem nefrite intersticial aguda.14,21
A IRA pós-renal costuma apresentar-se com
dor suprapúbica ou em flanco associada à bexiga pal-
pável, dor no flanco em cólica que se irradia para a
bexiga pode sugerir obstrução ureteral; nictúria, pola-
ciúria e hesitação costumam ocorrer na síndrome pros-
tática. O diagnóstico propriamente dito ocorre com a
rápida melhora da função renal após a desobstrução e
realização de exames radiológicos que comprovem
essa obstrução.14,21
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
História clínica
Exame físico
Investigações
- Urina: análise e sedimento
- Laboratório: uréia e creatinina
- Imagem renal: excluir obstrução e ver tamanho do rim
- Biópsia renal: deve ser avaliada pelo nefrologista
Pré-renal
- Sedimento urinário acelular
- FENa <1%
- UOsm >500mOsm/Kg
Renal (intríseca)
- Sedimento urinário ativo
- FENa>1%
- UOsm cerca de 300mOsm/Kg
Pós-renal
- História clínica e exame
 físico sugestivo
- Exame de imagem diagnóstico
Depleção de volume
verdadeira:
- Diminuição de
ingestão
- Hemorragia
- Perda gastrointestinal
- Diuréticos
Diminuição do
volume circulante
efetivo:
- Diminuição da função
sistólica cardíaca
- Doença hepática
descompensada
- Vasodilatação
sistêmica
Hemodinâmica
- AINEs
- IECA
- Estenose de artéria
renal
- História de lesão
isquêmica ou
tóxica
- Cilindros
granulares
- Hipertensão
arterial,
proteinúria,
hematúria
dismórfica
Exposição a
drogas,
infecção,
eosinofilúria,
eosinofilia, febre
Necrose
tubular aguda
Isquêmica:
sepse
Nefrotóxica:
- Gentamicina,
agentes de
radiocontraste
- Mioglobina,
proteínas de
cadeia leve
Doença
glomerular
- Rapidamente
progressiva
- Glomerulonefrite
- Vasculite
- Glomerulonefrite
pós-infecciosa
Vascular
- Hipertensão
maligna
- Aterotrombose
- Síndrome
hemolítico
urêmica
- Púrpura
Nefrite intersticial
aguda
- Drogas
- Infecção
Obstrução:
 Trato superior
 - Cálculos
 - Neoplasia
Trato inferior:
- HPB
- Neoplasia
(bexiga, próstata
e estruturas
pélvicas)
- Hipertensão
arterial,
proteinúria,
trombocitopenia
Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(3): 272-82
http://www.fmrp.usp.br/revista
279
Nunes TF, Brunetta DM, Leal CM, Pisi PCB, Roriz-Filho JS.
Insuficiência renal aguda
Diagnóstico diferencial
A análise bioquímica do plasma e urina pode
contribuir para o diagnóstico diferencial entre as duas
principais causas de insuficiência renal14 (Tabela 3).
Exame de urina
Anúria costuma acompanhar a IRA pós-renal,
mas também pode ocorrer nos casos graves de IRA
renal ou pré-renal.14 A IRA pode ser oligúrica (diurese
inferior a 400ml/24h), não oligúrica ou anúrica (menos
de 100ml/24h).22
A análise da urina é considerada o teste não-
invasivo mais importante na investigação etiológica da
IRA.22 O sedimento urinário costuma ser sem células
na IRA pré-renal, com formação de cilindros hialinos.
Na IRA pós-renal o sedimento também costuma ser
inativo, apesar de poder ocorrer hematúria e/ou piúria
nos casos de obstrução intraluminal ou doença pros-
tática. Proteinúria (<1g/dia), geralmente cilindros he-
máticos indicam lesão glomerular, cilindros leucocitá-
rios e granulosos não pigmentados sugerem nefrite
intersticial e cilindroslargos indicam doença renal crô-
nica. Proteinúria >1g/dia sugere lesão da barreira de
ultrafiltração glomerular ou excreção de proteínas de
cadeia leve do mieloma.14
A presença de hemácias dismórficas no sedi-
mento urinário, principalmente na forma de acantócitos
pode sugerir hematúria de origem glomerular. Os ci-
lindros encontrados na urina têm na sua composição a
proteína de Tamm-Horsfall. A classificação dos cilin-
dros é feita conforme sua composição e aparência à
microscopia óptica sendo:
• hialinos: compostos apenas por proteínas de Tamm-
Horsfall, ocorrem em desidratação, exercícios físi-
cos intensos, ou associados à proteinúria glomeru-
lar;
• hemáticos: compostos de glóbulos vermelhos, mos-
trando origem glomerular, como nas glomerulone-
frites e vasculites;
• algodonosos: compostos de leucócitos, como nas in-
flamações parenquimatosas;
• granulares: compostos por células epiteliais tubula-
res, restos celulares associados à debris, caracte-
rísticos de pacientes com NTA;
• lipóides: ocorrem em casos de proteinúria maciça,
como nas síndromes nefróticas.22
Índices de insuficiência renal
O sódio (Na) sofre intensa reabsorção do fil-
trado glomerular na IRA pré-renal, no intuito de res-
taurar o volume intravascular, já na IRA intrínseca (re-
nal) isso não ocorre devido à lesão das células tubula-
res. A creatinina não é reabsorvida em nenhuma das
duas situações. Portanto, o paciente com IRA pré-
renal possui fração de excreção de sódio (FENa) <1%
exceto quando estes pacientes estão em uso de diuré-
Tabela 3
Diagnóstico diferencial na IRA renal x IRA pré-renal pelos índices urinários.
Índice diagnóstico IRA pré-renal IRA renal intrínseca
Fração de excreção de Na
UNa x P Cr x 100 < 1 > 1
PNa x U Cr
Concentração urinária de Na mmol/l < 10 > 20
Razão entre creatinina urinária e plasmática > 40 < 20
Densidade urinária > 1020 Cerca de 1010
Osmolalidade urinária mosmol/Kg H2O > 500 Cerca de 300
Razão uréia/ creatinina plasmática > 40 < 20 - 30
Índice de insuficiência renal
UNa < 1 > 1
UCr/PCr
Sedimento urinário Cilindros hialinos Cilindros granulosos acastanhados
UCr - creatinina urinária, PCr - creatinina plasmática, UNa - sódio urinário, PNa - sódio plasmático, Na - sódio, índice mais sensível 27
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ticos. A FENa também costuma ser <1% na IRA cau-
sada por obstrução do trato urinário, glomerulonefrite
e doenças vasculares.14,23
Biópsia renal
É considerada nos casos onde a IRA pré-renal
e pós-renal foram excluídas mas a avaliação clínica e
laboratorial sugere diagnósticos que não lesão isquê-
mica ou nefrotóxica, como por exemplo, glomerulone-
frite, vasculite, síndrome hemolítico urêmica, púrpura
trombocitopênica trombótica e nefrite intersticial alér-
gica.14
Exames radiológicos
São muito úteis na exclusão, principalmente na
IRA pós-renal, a dilatação pelvicalicial tem sensibili-
dade de 98% na presença de obstrução do trato uri-
nário, mas pode não estar presente imediatamente após
a obstrução ou em pacientes com obstrução uretral.14
Radiografia simples de abdome e ultrassono-
grafia (USG) de rins e vias urinárias devem ser reali-
zados nos casos de IRA. A radiografia raramente é
útil mas pode mostrar cálculos. USG é o exame de
escolha para analisar inicialmente obstrução do trato
urinário, lembrando que pode ocorrer um prazo variá-
vel de alguns dias até que se verifique dilatação pielo-
calicial na USG. A tomografia de rins e vias urinárias
pode mostrar dados não visualizados na USG como
alguns cálculos e obstruções, e ainda na fase contras-
tada, a tomografia pode mostrar pielonefrites agudas
ou tromboses venosas. Angioressonância pode ser de
grande auxílio no caso de lesões vasculares.22
Prevenção
Como não existe tratamento específico, a pre-
venção assume importante papel. A restauração do
volume intravascular diminui significativamente a in-
cidência de IRA após grandes cirurgias, traumatismos,
queimaduras e diarréia.
A incidência de IRA por nefrotoxinas pode re-
duzir significantemente quando se individualiza as
medicações, com o uso de doses dos antibióticos con-
forme a TFG, lembrando que o uso isolado da creatini-
na pode superestimar a TFG, portanto para fins poso-
lógicos aconselha se o uso de fórmula de Cockcroft-
Gault:
Diuréticos, AINEs, IECA, e outros vasodilata-
dores devem ser usados com cautela.14,24
TTTTTrrrrraaaaatamentotamentotamentotamentotamento
O tratamento da IRA é multifatorial, visando
aperfeiçoar a recuperação da função renal e preven-
ção de novas lesões, mesmo antes da definição da
causa da IRA, inicia se com a correção da volemia,
restabelecimento do equilíbrio eletrolítico e controle
das manifestações de uremia.4
Sempre se tenta afastar IRA renal e pós-renal,
pois simples medidas podem ter grande impacto sobre
a evolução do paciente. Deve-se logo proceder a co-
leta de sangue e urina visando o diagnóstico etiológico,
pois procedimentos seguintes como o uso de diuréti-
cos podem comprometer essa avaliação.22
A nutrição é fundamental, os idosos são parti-
cularmente susceptíveis, pois estima se que 1% dos
idosos da comunidade, 20% dos hospitalizados e 37%
dos institucionalizados estão subnutridos.25 Pacientes
com IRA são de alto risco nutricional, pois são fre-
quentemente hipercatabólicos e com baixa ingestão
de nutrientes.26 A ingestão de líquidos e eletrólitos deve
ser monitorada e a orientação dietética deve controlar
também algumas consequências da uremia. Nutrição
enteral ou parenteral deve ser instituída assim que
possível. A infusão de grandes quantidades de amino-
ácidos e glicose, na fase inicial da IRA, pode aumen-
tar o consumo renal de oxigênio, agravando a lesão
tubular e a disfunção renal.27
Tratamento das complicações
Evitar iatrogenia: todas as medicações em uso
pelo paciente devem ser revisadas, a dosagem e fre-
quência de administração devem ser corrigidas pela
função renal caso seja necessário. Evitar uso de agen-
tes nefrotóxicos como AINEs, meios de contraste ra-
diológicos e aminoglicosídeos.4,14
Hipercalemia é uma emergência médica pelo
risco aumentado de arritmias e quando as medidas
clínicas não são suficientes o paciente pode ser enca-
minhado à hemodiálise (Quadro 3).
Otimizar fluidos e hemodinâmica: quando de-
tectada a hipovolemia, o volume intravascular deve
(140-idade) x Peso(kg) x 0,85 (para mulheres)
72 x creatinina sérica
Clearence de Creatinina =
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ser restituído com solução salina, não havendo indíci-
os que o uso de colóides ou outros expansores sintéti-
cos de plasma acrescentem qualquer be-
nefício. Caso não seja possível atingir a
pressão arterial média adequada mesmo
com a volemia otimizada, deve conside-
rar o uso de drogas vasoativas, sendo a
noradrenalina preferencial em relação a
dopamina.22,28
Oligúria: não há indícios que a conversão de
IRA oligúrica para não oligúrica com uso de diuréti-
cos (furosemida é o mais usado em nosso meio) mo-
difique a evolução ou a mortalidade dos pacientes.
Porém o manejo do paciente é melhor quando o mes-
mo tem bom volume urinário, além de diminuir as com-
plicações advindas da hipervolemia.22
Acidose metabólica pode acarretar em vasodi-
latação sistêmica, aumentar o risco de arritmia e hi-
percalemia.4 Geralmente a acidose metabólica secun-
dária a IRA não é grave, não é necessário o trata-
mento caso o bicarbonato sérico seja superior a
15mEq/L ou o pH superior a 7,2. A quantidade de bi-
carbonato a ser administrado, se necessário é calcu-
lada pela equação de déficit de bicarbonato:
Quadro 3
Tratamento da hipercalemia30,31.
1. Confirmar a hipercalemia (coleta de sangue sem torniquete);
2. Interromper a administração de potássio;
3. Realizar eletrocardiograma (ECG);
4. Se tiver alteração eletrocardiográfica,realizar infusão endovenosa (EV) de cálcio: gluconato de cálcio 10%, 10ml, EV, em
dois a três minutos, pode ser repetido se permanecerem as alterações;
5. Glicose + Insulina: insulina regular 10UI em Glicose 50%, 100 ml em cinco a 10 minutos, EV. Início de ação com 30min, pico
em 60min;
6. Beta 2 agonista: inalação de salbutamol;
7. Bicarbonato de sódio: se tiver acidose, deve calcular o déficit ( formula de Ash: Peso x BE x 0,3) e infundir metade do
déficit, quando não existe acidose pode se usar doses menores. A infusão deve ser Bicarbonato de sódio 8,4% EV em 15
a 20 minutos;
8. Diurético de alça: furosemida 40 a 80 mg EV em bolus;
9. Resina de troca iônica: a mais usada em nosso meio é o poliestirenosulfato de cálcio (Sorcal ™), elimina o potássio nas
fezes. Posologia habitual de 15 a 30 gramas via oral a cada 6 a 8 horas, também pode ser feito via retal.
10. Diálise.
Déficit de HCO3 (mEq/L) = 0,5 x peso (kg) x (24 – HCO3 sérico atual)
DiáliseDiáliseDiáliseDiáliseDiálise
Deve ser indicada de urgência quando: hiper-
volemia sem resposta com terapia diurética; hiperca-
lemia ou acidose metabólica refratária ao tratamento
clínico; intoxicação por drogas ou toxinas dialisáveis
quando indicado; uremia (encefalopatia, pericardite,
diástase hemorrágica); e azotemia persistente sem
causa específica.29 O prognóstico dos pacientes com
IRA necessitando de diálise continua sombrio, com
taxas de mortalidade altas. O momento ideal para o
início da diálise e o método dialítico de escolha depen-
de de cada paciente29 e não pertence ao escopo desse
artigo.
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Insuficiência renal aguda
ABSTRACT
The Acute Renal Failure (ARF) can be related to several etiologies in the human organism, being one of
the reasons of the importance given to this disease. The prevention is the doctor's main tool and, when
it is not possible, the treatment looks forward repelling the main causes, also investigating the others
and keeping supportive care to maintain the renal viability, most of the times, successfully. The mortality
rate in patients with ARF did not change much in the last 30 years. The deaths can occur as a result of the
underlying disease and not of ARF, because the kidney is one of the few organs which function can be
substituted, in part, for long periods (ex. dialysis).
Key words: Acute Kidney Injury. Dialysis. Creatinine. Creatinine Clearance. Hyperkalemia. Kidney Tubular
Necrosis, Acute.
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