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Cap. 24 - O Sistema Endócrino A - HIPÓFISE INTRODUÇÃO · A hipófise (ou pituitária) é formada por dois componentes morfológica e funcionalmente distintos: o lobo anterior (adenoipófise) e o lobo posterior (neuroipófise) · A produção da maioria dos hormônios hipofisários é controlada por fatores estimulantes positivos e negativos secretados pelo hipotálamo · Em cortes histológicos encontra-se: · Arranjo celular de colorações variadas · Células com citoplasma eosinófilo (acidófilo) · Citoplasma basofílico (basófilo) ou citoplasma fracamente corado (cromófobo) · Existem seis tipos de células com diferenciação terminal na adenoipófise, incluindo: · Somatotróficos, produtores do hormônio do crescimento (GH) · Mamossomatotróficos, produtores de GH e prolactina (PRL) · Lactotróficos, produtores de PRL · Corticotróficos, produtores do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e pró-opiomelanocortina (POMC), hormônio estimulante de melanócitos (MSH) · Tireotróficos, produtores de hormônio estimulante da tireoide (TSH) · Gonadotróficos, produtores do hormônio folículo estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). O FSH estimula a formação dos folículos de Graaf no ovário, enquanto o LH induz a ovulação e a formação do corpo lúteo no ovário. Os mesmos dois hormônios também regulam a espermatogênese e a produção de testosterona nos homens · Fatores de transcrição específicos que regulam a diferenciação de células-tronco pluripotentes dentro da bolsa · A neuroipófise consiste em células gliais modificadas (chamadas de pituicitos) e processos axonais que se estendem desde o hipotálamo, passando pela haste hipofisária, até o lobo posterior (terminais axonais) · Dois hormônios peptídicos são secretados pela neuroipófise, ocitocina e hormônio antidiurético (ADH, também chamado vasopressina) · Sintetizados no hipotálamo e armazenados dentro dos terminais axônicos encontrados na neuroipófise · A ocitocina liberada pela estimulação do mamilo no período pós-natal atua no músculo liso que circunda os ductos lactíferos das glândulas mamárias e facilita a lactação · A ocitocina sintética pode ser administrada a mulheres grávidas para induzir o parto · A função mais importante do ADH é conservar a água pela restrição da diurese em períodos de desidratação e hipovolemia · A pressão sanguínea diminuída, sentida pelos barorreceptores (receptores sensíveis à pressão) no átrio cardíaco e nas carótidas, estimula a liberação de ADH · De modo contrário, os estados de hipervolemia e de distensão atrial aumentada resultam em inibição da secreção do ADH MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Relacionados ao excesso ou deficiência de hormônios hipofisários · Hiperpituitarismo: · Surge do excesso de secreção dos hormônios tróficos · Causas: adenoma hipofisário, hiperplasia e carcinomas da adenoipófise, secreção de hormônios pelos tumores não hipofisários e certos distúrbios hipotalâmico · Hipopituitarismo: · Surge da deficiência dos hormônios tróficos · Causas: processos destrutivos, inclusive lesão isquêmica, cirurgia ou radiação, reações inflamatórias e adenomas hipofisários não funcionantes · Efeitos de massa locais: · Alterações radiográficas da sela túrcica, inclusive expansão selar, erosão óssea e ruptura do diafragma da sela · Causa: grande proximidade dos nervos ópticos e do quiasma da sela, as lesões hipofisárias expansivas geralmente comprimem as fibras cruzadas no quiasma óptico · Sintomas: anormalidades no campo visual, classicamente na forma de defeitos em ambos os campos visuais laterais (temporais), conhecidas como hemianopsia bitemporal · Crescimento assimétrico de tumores · Podem produzir adenoma, chamada de apoplexia hipofisária ADENOMAS HIPOFISÁRIO E HIPERPITUITARISMO · Causa mais comum de hipepituitarismo: adenoma que surge no lobo anterior · Adenomas hipofisários: funcionantes ou não funcionantes · Os adenomas hipofisários são geralmente encontrados em adultos, com o pico de incidência ocorrendo dos 35 aos 60 anos · Informações sobre anomalias genéticas associadas aos adenomas hipofisários: · As mutações na proteína G são algumas das alterações mais comuns nos adenomas hipofisários · Proteínas G desempenham papel na transdução de sinais, transmitindo sinais de receptores específicos da superfície celular para efetores intracelulares, gerando mensagens secundárias · Aproximadamente 40% dos adenomas de células somatotróficas abrigam mutações no GNAS que anulam a atividade GTPásica da Gsα, resultando em ativação contínua da Gsα, geração persistente de cAMP e proliferação celular descontrolada · A maioria dos adenomas hipofisários é esporádica em sua natureza, mas cerca de 5% dos casos surgem como resultado de um defeito genético hereditário · As anomalias moleculares associadas ao comportamento agressivo incluem aberrações nos genes do ponto de checagem do ciclo celular, como sobre-expressão de ciclina D1, mutações no TP53 e silenciamento epigenético do gene do retinoblastoma (RB) · Curso Clínico · Os sinais e sintomas dos adenomas hipofisários são relacionados às alterações endócrinas e aos efeitos de massa · Efeitos de massa local podem ser produzidos por qualquer tipo de tumor hipofisário · Morfologia · O adenoma hipofisário típico é macio e bem circunscrito · Pequenos adenomas podem estar confinados à sela túrcica, mas, com a expansão, frequentemente provocam erosão na sela túrcica e nos processos clinóides anteriores · Em geral, lesões maiores se estendem superiormente através do diafragma da sela na região suprasselar, onde frequentemente comprimem o quiasma óptico e as estruturas adjacentes, como, por exemplo, alguns nervos cranianos · Os macroadenomas são mais frequentemente invasivos que os tumores menores · Focos de hemorragia e necrose também são mais comuns nesses adenomas maiores · Histologicamente, os adenomas hipofisários típicos são compostos de células poligonais e uniformes, arranjadas em lençóis ou cordões · O tecido conjuntivo de suporte, ou reticulina, é esparso, responsável pela consistência gelatinosa e mole de muitas dessas lesões · A atividade mitótica é geralmente esparsa · O citoplasma das células pode ser acidofílico, basofílico ou cromófobo, dependendo do tipo e da quantidade de produtos secretórios nas células, mas, em geral, é uniforme por todo o tumor · Esse monomorfismo celular e a ausência de uma rede de reticulina significativa distinguem os adenomas hipofisários do parênquima da adenoipófise não neoplásica · Um subgrupo de adenomas hipofisários demonstra uma atividade mitótica intensa e expressão de p53 nuclear, característica que se correlaciona com a presença de mutações no TP53 · Esses tumores apresentam maior propensão para o comportamento agressivo, incluindo invasão e recorrência, e são denominados adenomas atípicos · Adenomas Lactotróficos · Adenomas lactotróficos secretores de prolactina (prolactinomas) são o tipo mais frequente de adenoma hipofisário funcionante, responsável por cerca de 30% de todos os casos clinicamente reconhecidos · Essas lesões variam de pequenos microademonas a grandes tumores expansivos associados a efeitos de massa substanciais · Curso Clínico · Os níveis séricos aumentados da prolactina, ou prolactinemia, causam amenorreia, galactorreia, perda de libido e infertilidade · Diagnóstico: feito mais prontamente na mulher do que no homem, especialmente na faixa etária de 20 a 40 anos, presumivelmente por causa da sensibilidade de a menstruação vir a ser interrompida pela hiperprolactinemia · Os níveis de prolactina também são elevados pelo estímulo do mamilo, como ocorre durante a sucção nas mulheres lactantes, e como resposta a muitos tipos de estresse · A hiperprolactinemia patológica pode surgir da hiperplasia lactotrófica causada pela perda de inibição mediada por dopamina da secreção de prolactina. Isso pode ocorrer com danos aos neurônios dopaminérgicos do hipotálamo, danos à haste da hipófise ou na exposição a drogas que bloqueiam os receptores de dopamina nas células lactotróficas· Qualquer massa no compartimento suprasselar (p. ex., adenoma hipofisário) pode perturbar a influência inibitória normal do hipotálamo na secreção de prolactina, resultando em hiperprolactinemia · Causas da hiperprolactinemia: falência renal e hipotireoidismo · Os adenomas lactotróficos são tratados por cirurgia ou, mais comumente, com bromocriptina, um agonista do receptor de dopamina que faz com que as lesões diminuem de tamanho · Morfologia · A maioria dos adenomas lactotróficos é composta de células cromofóbas com localização próxima ao núcleo do fator de transcrição PIT-1; estes são conhecidos como adenomas lactotróficos esparsamente granulados · Muito mais raros são os adenomas lactotróficos densamente granulados, caracterizados por localização da expressão de PIT-1 difusa no citoplasma · A prolactina pode ser demonstrada nos grânulos secretores no citoplasma das células usando reação imunoistoquímica · Os adenomas lactotróficos tendem a sofrer calcificação distrófica, variando de corpos de psamomas isolados a calcificações extensivas de, virtualmente, toda a massa tumoral (“pedra hipofisária”) · Adenomas Somatotróficos · Os adenomas somatotróficos secretores de hormônio do crescimento (GH) são o segundo tipo mais comum de adenoma hipofisário funcionante · Causam gigantismo em crianças e acromegalia em adultos. · Os adenomas somatotróficos podem estar bem grandes no momento em que chamam a atenção clínica porque as manifestações do excesso de GH podem ser sutis. · Morfologia · Histologicamente, os adenomas somatotróficos puros também são classificados em subtipos densamente granulados e esparsamente granulados. · Os adenomas densamente granulados são compostos de células monomórficas e acidófilas que têm forte reatividade ao GH citoplasmático na imunoistoquímica. · Em contraste, as variantes esparsamente granuladas são compostas de células cromófobas com considerável pleomorfismo nuclear e citológico, além de marcação fraca e focal para o GH. · Os adenomas mamossomatotróficos biormonais que sintetizam tanto GH quanto prolactina estão sendo crescentemente reconhecidos; morfologicamente, a maioria dos adenomas biormonais se parece com os adenomas somatotróficos puros, densamente granulados, mas são distinguíveis por apresentarem reatividade imunoistoquímica para prolactina e para GH. · Curso clínico · Níveis persistentemente elevados de GH estimulam a secreção hepática do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), o que causa muitas manifestações clínicas: · Se o adenoma somatotrófico aparece em crianças antes de as epífises se fecharem, os níveis elevados de GH (e IGF-1) resultam em gigantismo, caracterizado pelo aumento generalizado no tamanho do corpo, com braços e pernas desproporcionalmente longos. · Se os níveis aumentados de GH estiverem presentes após o fechamento das epífises, a acromegalia se desenvolve. Nessa condição, o crescimento é mais visível na pele e nos tecidos moles; vísceras (tireoide, coração, fígado e adrenais); e ossos da face, das mãos e dos pés. A densidade óssea pode aumentar (hiperostose) tanto na coluna vertebral quanto no quadril. O aumento do maxilar resulta em projeção (prognatismo), com alargamento da face inferior. Os pés e as mãos são alargados e os dedos se tornam espessos e com aparência de linguiça. Na maioria dos casos, o gigantismo também é acompanhado por evidência de acromegalia. Essas mudanças podem desenvolver-se por décadas antes de serem reconhecidas, o que justifica o fato de os adenomas alcançarem tamanhos substanciais. · O excesso de GH também está associado a uma variedade de outros distúrbios, incluindo disfunção gonadal, diabetes melito, fraqueza muscular generalizada, hipertensão, artrite, insuficiência cardíaca congestiva e risco aumentado de câncer gastrointestinal. · O diagnóstico do excesso de GH hipofisário depende da documentação dos níveis séricos elevados de GH e de IGF-1. Além disso, a falha em suprimir a produção de GH em resposta a uma carga oral de glicose é um dos testes mais sensíveis para a acromegalia. O adenoma hipofisário subjacente pode tanto ser removido cirurgicamente quando tratado por meios farmacológicos. A última opção inclui os análogos da somatostatina (lembre-se que a somatostatina inibe a secreção hipofisária de GH) ou o uso de antagonistas do receptor de GH, o que evita que o hormônio se ligue aos órgãos-alvos, como, por exemplo, o fígado. Quando o controle efetivo dos altos níveis de GH é alcançado, o crescimento excessivo, característico do tecido, e os sintomas relacionados recuam gradualmente e as anormalidades metabólicas melhoram. · Adenomas corticotropos · A produção excessiva de ACTH pelos adenomas corticotróficos funcionantes leva à hipersecreção adrenal de cortisol e ao desenvolvimento de hipercortisolismo · Também conhecido como síndrome de Cushing · Morfologia · Os adenomas corticotróficos são geralmente pequenos microadenomas · Esses tumores são mais frequentemente basófilos (densamente granulados) e ocasionalmente cromófobos (esparsamente granulados). · Curso Clínico · A síndrome de Cushing pode ser causada por uma ampla variedade de condições, além dos tumores hipofisários produtores de ACTH. · Quando o hipercortisolismo é decorrente da produção excessiva de ACTH pela hipófise, é designada doença de Cushing. · Grandes adenomas hipofisários destrutivos podem desenvolver-se em pacientes após a remoção cirúrgica das glândulas adrenais para o tratamento da síndrome de Cushing. · Essa condição, conhecida como síndrome de Nelson, ocorre mais frequentemente devido à perda do efeito inibitório dos corticosteroides adrenais no microadenoma corticotrófico preexistente. · Como as adrenais estão ausentes em pessoas com esse distúrbio, o hipercortisolismo não se desenvolve, e pacientes apresentam efeitos de massa devido ao tumor na hipófise, podendo haver hiperpigmentação decorrente do efeito estimulatório de outros produtos da molécula precursora do ACTH nos melanócitos. · Outros Adenomas da Adenoipófise · Os adenomas hipofisários podem produzir mais de um hormônio · Outros adenomas “pluriormonais” incomuns secretam múltiplos hormônios · Em geral, esses tumores são agressivos. · Adenomas gonadotrófico · Os adenomas gonadotróficos são mais frequentemente encontrados em homens e mulheres de meia-idade quando se tornam grandes o suficiente para causar sintomas neurológicos, como distúrbio visual, dores de cabeça, diplopia ou apoplexia hipofisária. · As deficiências hormonais hipofisárias também podem ser encontradas, sendo mais frequente ocorrer uma secreção alterada de LH. Isso leva à diminuição da energia e da libido no homem (devido à testosterona reduzida) e à amenorreia nas mulheres pré-menopáusicas. · Adenomas tireotróficos · Os adenomas tireotróficos (produtores de TSH) são raros · Os adenomas tireotróficos são uma causa rara de hipertireoidismo. · Adenomas hipofisários · Essas lesões também podem comprometer extensivamente a adenoipófise residual, causando hipopituitarismo, que pode aparecer lentamente, devido ao aumento gradual do adenoma, ou abruptamente, devido a uma hemorragia aguda (apoplexia hipofisária). · Carcinomas hipofisários · A presença de metástases cranioespinhal e sistêmicas é a condição essencial de um carcinoma hipofisário. · A maioria dos carcinomas hipofisários é funcionante, com a prolactina e o ACTH sendo os produtos secretados mais comuns. · Em geral, as metástases aparecem tardiamente no curso, seguindo múltiplas recorrências locais. HIPOPITUITARISMO · Curso clínico · O hipopituitarismo se refere à secreção diminuída de hormônios hipofisários, que pode resultar de doenças do hipotálamo ou da hipófise. · A hipofunção da adenoipófise ocorre quando aproximadamente 75% do parênquima são perdidos ou estão ausentes. · Isso pode ser congênito ou resultar de uma variedade de anomalias adquiridas que são intrínsecas à hipófise. · O hipopituitarismo acompanhado por evidências de disfunção da neuroipófisena forma de diabetes insípida é quase sempre de origem hipotalâmica. · A maioria dos casos de hipopituitarismo surge de processos destrutivos envolvendo diretamente a adenoipófise. · As causas incluem: · Tumores e outras lesões de massa: · Adenomas hipofisários, outros tumores benignos que surgem da sela, malignidades primárias e metastáticas e cistos podem causar hipopituitarismo. · Qualquer lesão de massa na sela pode causar dano, por exercer pressão nas células hipofisárias adjacentes. · Lesões cerebrais traumáticas e hemorragia subaracnóide · Cirurgia da hipófise ou radiação: · A excisão cirúrgica de um adenoma hipofisário pode, inadvertidamente, estender-se para a hipófise não adenomatosa. · Radioterapia da hipófise, utilizada para prevenir novo crescimento de tumor residual após a cirurgia, pode danificar a hipófise não adenomatosa. · Apoplexia da hipófise · Trata-se de uma hemorragia súbita na hipófise, ocorrendo, com mais frequência, no adenoma hipofisário. · A apoplexia causa início súbito de uma dor de cabeça martirizante, diplopia decorrente da pressão nos nervos oculomotores e hipopituitarismo. · Nos casos graves, pode causar colapso cardiovascular, perda de consciência e até mesmo morte súbita. · A combinação de efeitos de massa a partir da hemorragia e hipopituitarismo agudo faz da apoplexia hipofisária uma verdadeira emergência neurocirúrgica. · Necrose isquêmica da hipófise e síndrome de Sheehan · A síndrome de Sheehan, mais conhecida como necrose pós-parto da adenohipófise, é a forma mais comum de necrose isquêmica clinicamente significativa da adenoipófise. · Durante a gravidez, a adenoipófise aumenta para quase dobrar seu tamanho normal. · Essa expansão fisiológica da glândula não é acompanhada por aumento no suprimento de sangue do sistema venoso de baixa pressão, razão pela qual há anoxia relativa. A redução adicional no suprimento de sangue causada pela hemorragia obstétrica ou pelo choque pode precipitar o infarto do lobo anterior. · Devido ao fato de a neuroipófise receber sangue diretamente dos ramos arteriais, é muito menos suscetível a uma lesão isquêmica e, portanto, geralmente não é afetada. · A necrose hipofisária também pode ser encontrada em outras condições, como coagulação intravascular disseminada e (mais raramente) anemia falciforme, pressão intracraniana elevada, lesão traumática e choque de qualquer origem. · Qualquer que seja a patogenia, a área isquêmica é reabsorvida e substituída por uma pequena formação de tecido fibroso aderido à parede de uma sela vazia. · Cisto da fenda de Rathke: · Esses cistos, revestidos por um epitélio cúbico ciliado com células caliciformes ocasionais e células hipofisárias anteriores, podem acumular fluido proteináceo e expandir-se, comprometendo a glândula normal. · Síndrome da sela vazia: · Qualquer condição que destrua parte da hipófise ou toda ela, como, por exemplo, uma ablação da hipófise por cirurgia ou radiação, pode resultar em uma cela vazia e na síndrome da sela vazia. · Existem dois tipos: · 1) Em uma cela vazia primária, há um defeito no diafragma da sela que permite que a aracnóide e o líquido cefalorraquidiano hérnia para dentro da cela, expandindo a sela e comprimindo a hipófise. Classicamente, isso ocorre em mulheres obesas com história de múltiplas gestações. Com frequência, os indivíduos afetados apresentam defeitos do campo visual e, ocasionalmente, anormalidades endócrinas, como a hiperprolactinemia, resultado da interrupção dos efeitos hipotalâmicos inibitórios. Às vezes, eventual perda de parênquima funcionante é suficiente para produzir hipopituitarismo · 2) Em uma cela vazia secundária, uma massa, como, por exemplo, um adenoma hipofisário, expande a sela e, então, é cirurgicamente removido ou sofre necrose espontânea, levando à perda da função hipofisária. · Lesões hipotalâmicas: · As lesões hipotalâmicas também podem afetar a hipófise através da interferência na entrega de fatores que liberam os hormônios hipofisários. · Ao contrário das doenças que envolvem a hipófise diretamente, as anormalidades hipotalâmicas também podem diminuir a secreção de ADH, resultando no diabetes insípido · As lesões hipotalâmicas que causam hipopituitarismo incluem tumores, que podem ser benignos (p. ex., craniofaringiomas), ou malignos; a maioria desses últimos são metástases de tumores, como os de mama e de pulmão. · Insuficiência do hipotálamo também pode surgir após a irradiação de tumores cerebrais ou nasofaríngeos. · Distúrbios inflamatórios e infecções, como as sarcoidosis ou a meningite tuberculosa, podem envolver o hipotálamo e causar deficiência dos hormônios da adenohipófise e diabetes insípido. · Defeitos genéticos: · A deficiência congênita dos fatores de transcrição requeridos para o funcionamento normal da hipófise é uma causa rara de hipopituitarismo. Por exemplo, a mutação do gene específico da hipófise PIT-1 resulta em deficiência combinada de hormônios hipofisários, caracterizada pelas deficiências de GH, prolactina e TSH. · Manifestações clínicas · Podem ser muito variáveis, dependendo dos hormônios específicos que estão faltando: · As crianças podem desenvolver falha no crescimento (nanismo hipofisário) devido a uma deficiência do hormônio do crescimento. · A deficiência de gonadotrofina (LH e FSH) leva à amenorreia e à infertilidade em mulheres e diminuição da libido, impotência e perda de pelos pubianos e axilares nos homens. · Deficiências de TSH e de ACTH resultam em sintomas de hipotireoidismo e hipoadrenalismo, respectivamente · Deficiência de prolactina resulta em falha da lactação pós-parto. · A adenoipófise também é uma rica fonte de MSH, sintetizado a partir da mesma molécula precursora que produz o ACTH; portanto, uma das manifestações do hipopituitarismo inclui palidez decorrente da perda dos efeitos estimulatórios do MSH nos melanócitos. SINDROMES DA NEURO-HIPÓFISE · As síndromes clinicamente relevantes da neuroipófise envolvem o ADH e incluem o diabetes insípido e a secreção inapropriada de altos níveis de ADH · Diabetes insípido · A deficiência de ADH causa o diabetes insípido, uma condição caracterizada por micção excessiva (poliúria), decorrente da incapacidade de o rim absorver, de forma apropriada, a água da urina. · O diabetes insípido pode ocorrer em uma variedade de condições, incluindo traumas na cabeça, tumores, distúrbios inflamatórios do hipotálamo e da hipófise e complicações cirúrgicas. · Essa condição também pode surgir espontaneamente, na ausência de qualquer distúrbio subjacente identificável. · O diabetes insípido decorrente da deficiência de ADH é designado de central para diferenciá-lo do diabetes insípido nefrogênico, que resulta da incapacidade de uma resposta tubular renal ao ADH circulante. · As manifestações clínicas dessas duas doenças são similares e incluem a excreção de elevados volumes de urina diluída com densidade específica inferior à normal. · O sódio sérico e a osmolalidade estão aumentados pela excessiva perda renal de água livre, resultando em sede e polidipsia. · Em geral, os pacientes que podem beber água compensam as perdas urinárias; os pacientes que estão embotados, acamados ou limitados de outra forma em sua capacidade de obter água podem desenvolver desidratação com risco de vida. · Síndrome da secreção inapropriada de ADH (SIADH) · Excesso de ADH causa reabsorção de quantidades excessivas de água livre, resultando em hiponatremia. · As causas mais frequentes da SIADH são a secreção do ADH ectópico por neoplasias malignas (particularmente carcinomas de células pequenas do pulmão), drogas que aumentam a secreção de ADH e uma variedade de distúrbios do sistema nervoso central, inclusive infecções e traumas. · As manifestações clínicas da SIADH são dominadas por hiponatremia, edema cerebral e disfunção neurológica resultante. · Embora a água corporal total esteja aumentada, o volume sanguíneo permanece normal e não se desenvolvem edemas periféricos. TUMORES HIPOTALÂMICOS SUPRASSELARES.· Neoplasias · As neoplasias nessa localização podem induzir ao hipofuncionamento ou hiperfuncionamento da adeno hipófise, diabetes insipidus ou combinações dessas manifestações. · As lesões mais comumente implicadas são os gliomas os craniofaringiomas. · Sabe-se que os craniofaringiomas surgem dos remanescentes vestigiais da fenda de Rathke. · Esses tumores têm crescimento lento · Uma pequena minoria dessas lesões surgem dentro da cela, e a maioria é supra selar, com ou sem extensão intrasselar. · Em geral, os pacientes chamam a atenção por causa das dores de cabeça e dos distúrbios visuais, enquanto as crianças às vezes apresentam retardo no crescimento decorrente do hipofuncionamento da hipófise e da deficiência de GH. · Morfologia · Os craniofaringiomas medem, em média, 3 a 4 cm de diâmetro · Podem ser encapsulados e sólidos, porém, mais comumente, são císticos e, algumas vezes, multiloculados. · Frequentemente invadem o quiasma óptico ou os nervos craniais e não raramente se projetam para o assoalho do terceiro ventrículo e para a base do cérebro. · Duas variantes histológicas distintas são reconhecidas: o craniofaringioma adamantinomatoso e o craniofaringioma papilar · O tipo adamantinomatoso contém, com frequência, calcificações radiologicamente visíveis; a variante papilar raramente se calcifica. · O craniofaringioma adamantinomatoso consiste em ninhos ou cordões de epitélio pavimentoso estratificado, embebidos em um “retículo” esponjoso que se torna mais proeminente nas camadas internas. · Com frequência, observa-se uma paliçada de epitélio pavimentoso na periferia. · A formação de nódulos de queratina lamelar compacta (“queratina úmida”) é uma característica diagnóstica desse tumor · A calcificação distrófica é um achado frequente. · Características adicionais incluem formação de cistos, fibrose e inflamação crônica. · Os cistos do craniofaringioma adamantinomatoso geralmente contêm um fluido amarelo-pardacento, espesso e rico em colesterol, que é comparado com “óleo de máquina”. · Esses tumores estendem projeções de epitélio para o cérebro adjacente, onde evocam uma forte reação glial. · O craniofaringioma papilar contém tanto lâminas quanto papilas sólidas delimitadas por um epitélio pavimentoso bem diferenciado. · Em geral, esses tumores não possuem queratina, calcificações ou cistos. · As células pavimentosas dos cortes sólidos do tumor não apresentam paliçadas periféricas e, tipicamente, não geram um retículo esponjoso nas camadas internas. · Os pacientes com craniofaringiomas, especialmente aqueles com menos de 5 cm de diâmetro, apresentam baixa recorrência e excelente sobrevida global. · Lesões maiores são mais invasivas, mas isso não afeta o prognóstico. · A transformação maligna do craniofaringioma em carcinoma pavimentoso é excepcionalmente rara e costuma ocorrer após a irradiação.
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