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ENDOCARDITE INFECCIOSA INTRODUÇÃO ● EI é a infecção microbiana da superfície endotelial do coração ● Não usa-se mais o termo “endocardite bacteriana”, já que fungos e outros patógenos podem acometer também ● Vegetação Lesão característica de EI Plaquetas e fibrina + micro-organismo + células inflamatórias ● Aguda x Subaguda Antes a aguda era (<6 semanas) e subaguda (>6 semanas) Aguda: febre alta, toxemia, sepse, disfunção cardíaca precoce e surgimento de múltiplos focos de infecção à distância Subaguda: Febre baixa, sudorese noturna, perda ponderal, fenômenos imunológicos, disfunção cardíaca gradual e raramente infecção metastática, morte em meses → exceção de fenômenos cardioembólicos EPIDEMIOLOGIA ● A faixa etária da EI tem se elevado em países desenvolvidos ● ↑ expectativa de vida → ↑ chance de doenças orovalvares degenerativas ● ↓ incidência de febre reumática em mais jovens ● Usuários de drogas intravenosas (UDIV) → ↑ em países desenvolvidos; importante fator de risco para EI em adulto jovem ● Crianças com cardiopatia congênita são as principais na faixa pediátrica ● Endocardite associada aos cuidados da saúde A microbiologia é diferente, tende a ser patógenos resistentes Pode ser na própria internação ou até 90 dias após ● EI em valvas protéticas: Precoce: primeiros 2 meses Intermediário: 2-12 meses Tardio: > 12 meses após a cirurgia MICROBIOLOGIA ● A microbiologia vai depender de UDIV, próteses valvares, quadro clínica agudo ou subagudo ➢ Endocardite subaguda de valva nativa em não usuário de drogas IV ● Estreptococos alfa-hemolíticos (S. Viridans) são os principais causadores de EI em não UDIV ● S. viridans fazem parte da cavidade oral normal e colonizam valvas previamente comprometidas S. Viridans é o principal agente de EI subaguda ● O segundo mais comum na subaguda é o Staphylococcus, embora geralmente produzam EI aguda, mas pode variar pela virulência da cepa ● Enterococos, cocos grams(+) são 3ª principal causa de EI subaguda Instrumentação de trato urinário ● Streptococcus Gallolyticus (S. Bovis) Lesões de tubo digestivo (tumores de cólon e pólipos intestinais) EI por essa bactéria → pesquisa de tumores no cólon (colonoscopia) ● Grupo HACEK (haemophilus parainfluenzae, haemophilus aphrophilus, actinobacillus cardiobacterium hominis, eikenella corrodens e kingella kingae): Gram(-) fastidiosos → demoram para crescer na cultura Fazem parte da microbiota normal do trato respiratório superior ➢ Endocardite aguda de valva nativa em não usuário de drogas IV ● O staphylococcus aureus é o principal agente da EI aguda em valva nativa; → bactéria geralmente proveniente da flora cutânea, infecção de pele e tecido subcutâneo (porta de entrada) ● Enterococos causam cerca de 1-3% dos casos de EI aguda Acomete alcoólatras em vigência de pneumonia e meningite Evolução progressiva e grave Mortalidade de 30-50% Tríade de Austrian → Pneumonia + Meningite + EI ➢ Endocardite em usuários de droga IV ● O S. aureus é a principal etiologia da EI da valva tricúspide → a valva mais acometida nesses pacientes ● Material injetado que lesionam diretamente o endotélio da valva tricúspide ● Metastização de êmbolos sépticos para os pulmões → abscessos pulmonares bilaterais ● UDIV, quando acomete valva esquerda, têm microbiologia mais variada → além do S. aureus + bacilos gram (-) entéricos (Pseudomonas aeruginosa, salmonella, E. coli) ● Muitos têm infecções fracamente polimicrobianas Coinfecção pelo HIV não modifica microbiologia dos agentes causais de EI em UDIV ➢ Endocardite em prótese valvar ● Início precoce: <2 meses Staphylococcus epidermidis (coagulase-negativo) e o Staphylococcus aureus são os principais Bacilos gram(-), fungos, enterococos e os difteróides também são importantes ● Início intermediário: 2-12 meses Staphylococcus coagulase-negativo ● Início tardio: Após 1 ano Germes semelhantes ao EI em valva nativa S. do grupo viridans, S. aureus, enterococo, HACEK ➢ Endocardite associada aos cuidados de saúde ● Staphylococcus aureus e S. epidermidis (um coagulase-negativo) → principais da EI associada aos cuidados de saúde ● Enterococos também são frequentes ● Há BGN entéricos e fungos também ● S. aureus e os S. coagulase-negativo são os mais comuns associados aos devices intracardíacos (marco-passos) ➢ Agentes etiológicos raros ● 5-15% dos pacientes com EI têm hemoculturas negativas ● Metade desses é uso prévio de ATB ● O resto é germe raro que não cresce na cultura habitual - granulicatella e abiotrophia; HACEK; Brucella; Coxiella burnetti ● Todos esses patógenos causam quadros indolentes e, às vezes, AFEBRIS PATOGÊNESE ● O endotélio saudável é resistente à colonização bacteriana ● EI precisa de superfície endotelial do coração previamente lesada Impacto de fluxo sanguíneos de alta velocidade (jatos regurgitantes de insuficiências ou ejetivos de estenoses) Estresse mecânico pelo turbilhonamento de sangue (shunts) Presença de corpos estranhos → lesão direta ● Lesão do endotélio → tampão (plaqueta+fibrina) → “vegetações” → Endocardite Trombótica Não Bacteriana (ETNB) que é estéril inicialmente ● Na bacteremia pode colonizar a ETNB ● Endocardite marâmica → CA avançado + desnutrição ● LES/SAAF → endocardite de Libman-Sacks ● S. aureus e a Candida são capazes de aderir ao endotélio mesmo estando intacto ● A células endoteliais fagocitam → patógenos multiplicam-se → lesionam → ruptura da superfície endotelial → vegetações infectadas desde o início ● A vegetação ↑↑ tamanho e se fragmenta → embolização sistêmica e bacteremias recorrentes ● Patógenos no interior das vegetações costumas estar inativos e insensíveis aos ATB → Lesões cardíacas de risco para EI? ● A EI pode acometer valvas sem lesões estruturais→ coração direito e por germes de grande virulência (S. aureus) ● Uso de drogas IV e procedimentos provocadores de bacteremia ● População com lesões cardíacas prévias → predispõem à formação de ETNB Lesões de alto risco Valvas cardíacas protéticas EI prévia Cardiopatia congênita cianótica prévia Coarctação de aorta Derivações cirúrgicas sistêmico-pulmona res Lesões de risco moderado Doença reumática D. cardíaca degenerativa Cardiomiopatia hipertrófica Prolapso de valva mitral com regurgitação e/ou folhetos valvares espessados ● Prótese valvar é condição de maior risco para EI ● Pacientes até 15 anos, predomina cardiopatias congênitas ● EI prévia é fator de risco ● EUA → prolapso de valva mitral é a condição predisponente mais comum para EI Apenas pacientes com sopros à ausculta e/ou evidências de folhetos espessados ou regurgitação estão em risco ● Brasil → acredita-se que seja a valvopatia reumática ● Lesões cardíacas que não dão fluxo turbulento ou fluxo anormal, mas com orifício largo → não são risco para EI → Circunstância que levam à bacteremia transitória ● Bacteremia ocorre quando uma mucosa colonizada é traumatizada ● Os patógenos colonizam as ETNB e fazem EI no pacientes Risco para bacteremia transitória Dentários que causam sangramento Extração Ortodontia Gengivite Procedimentos geniturinários Cirurgia prostática Cistoscopia Dilatação uretral Procedimentos gastrointestinais CPRE Cirurgia de vesícula Cirurgia que envolvem mucosa intestinal Cutâneos Drenagem de abscessos FISIOPATOLOGIA ● Alguns pacientes apenas têm vegetação intracardíaca no ECO ● Processo infecciosa acomete tecidos paravalvares → abscessos miocárdicos (persistência da febre e bloqueio de condução) ● Pode acarretar pericardite purulenta ● Embolização é mais frequente com → vegetações > 10 mm; → EI que acomete folheto anterior da mitral ● Fungos, h. parainfluenzae e S. aureus → ↑↑↑ propensão aos fenômenos de macroembolia ● Êmbolos de coração esquerdo: Infarto isquêmico (baço, rim, cérebro) Alterações cutâneas (Manchas de Janeway) ● Êmbolos de coração direito: Valva tricúspide (UDIV) Infiltrados pulmonares bilaterais e difusos→ abscessos ● Acometimento do SNC por êmbolos ocorre em ⅓ dos casos → aneurismas micóticos,cerebrite, infartos cerebrais, abscessos → O que são aneurismas micóticos? ● Aneurismas micóticos resultam de 3 mecanismos: Embolização séptica para os vasa vasorum Invasão direta da parede arterial pelos micro-organismos Lesão vascular por imunocomplexos ● São mais comum em EI pelos S. viridans ● Inflamação difusa da parede arterial + necrose + abscesso + hemorragias + colonização bacteriana → enfraquece a estrutura do vaso → dilatação ● Podem ser silenciosos ou até cursar com sangramentos ou fenômenos compressivos (paralisia do oculomotor -3º par- em aneurismas do sifão carotídeo) ● Bacteremia persistente → focos infecciosos à distância → glomerulonefrite, meningite asséptica, poliartrite, nódulos de osler - doloros na pele das extremidades-, manchas de Roth - hemorragias retinianas- → Quais as lesões renais da EI? ● Podem ser acometidos por abscessos, infarto e glomerulonefrite ● >>Abscessos são raros<< ● >Infarto renal é frequente (56%)< ● Glomerulonefrite focal, muitas vezes assintomática, é encontrada em grande número de pacientes com EI subaguda ● A glomerulonefrite geralmente é acompanhada de ↓ complemento sérico + fator reumatóide (+) [70%] + imunocomplexos circulantes [90-100%] MANIFESTAÇÕES CLÍNICA ● O intervalo entre a bacteremia e o início dos sintomas é curto (2 semanas - aguda) ● Subaguda → início de sintomas e diagnóstico de EI é prolongado (5-6 semanas) ● Protótipo de EI aguda é o S. aureus: Pode acometer válvulas sem lesão prévias Disfunção cardíaca precoce Fenômenos embólicos supurativos ● Subaguda: S. do grupo viridans Acomete valvas previamente lesionadas Quadro infeccioso generalizado e menos dramático que o agudo ➢ Febre e outras manifestações sistêmicas ● A febre é o achado mais comum (90%) ● Pode estar ausente em idosos debilitados ● EI aguda → febre alta, podendo ser >39,4ºC ● EI subaguda → temperatura geralmente mais baixa e febre intermitente (vespertina com sudorese noturna) ● Após início de ATB ocorre defervescência em até duas semanas ● Febre prolongada sugere: EI por S. aureus, BGN [bacilos gram(-)] e fungos Complicações: embolização para os pulmões e grandes vasos, abscesso miocárdio, infarto tecidual ● É comum serem investigados para colagenosos e malignidades: perda ponderal, fraqueza, náuseas, sudoreses noturna, calafrios ➢ Manifestações cardíacas ● Sopros cardíacos ocorrem em até 85% → podem estar ausentes em EI de coração direito (aguda) e na infecção mural ● Alterações de sopro já existente e o surgimento de um novo → 10-40% fazem um novo sopro e evoluem com IC ● A principal causa de óbito em EI é IC rapidamente progressiva ● Abscesso miocárdico: S. aureus Febre prolongada + bradiarritmias do tipo BAVT de início abrupto ➢ Manifestações periféricas ● Hemorragias subungueais “em lasca” (splinter hemorrhages) → grande frequência em portadores de EI; mais observadas em idosos ● Petéquias em até 20-40% dos casos → mais comum na subaguda; classicamente conjuntivais, mas podem estar no palato, mucosa bucal, extremidades (vasculites ou embolização) ● Nódulos de Osler: 2-15 mm Dolorosas Polpas dos dígitos de mãos e pés Desaparecem em horas/dias Decorrentes de deposição de imunocomplexos e vasculite quanto de embolização séptica ● Manchas de Janeway Decorrentes de embolização séptica Lesões maculares, hemorrágicas, indolores, em palmas de mãos-pés Mais comuns na EI subaguda Se relacionam com infecção prolongada Diagnóstico precoce e ATB têm tornando mais raro ● Manchas de Roth Hemorragias retinianas Incomum na EI ● Baqueteamento digital: Principalmente na EI prolongada Costuma regredir com a terapia ↑Manchas de Janeway ↑ Petéquias x Nódulos de Osler ↓ ↑ Manchas de Roth ➢ Esplenomegalia ● Aumento do baço está presente em até 60% dos casos ● EI subaguda ● ATB tem ↓ essa condição ➢ Embolização sistêmica ● Êmbolos sistêmicos ocorrem em até 40% dos pacientes com EI ● Embolização de artéria esplênica → infarto do baço Dor súbita no QSE + irradiação para ombro, atrito e derrame pleural Abscesso no parênquima do órgão ● Infarto embólico renal: Dor em flanco + hematúria (micro ou macroscópica) HAS, insuficiência renal e edema são incomuns ● Embolia séptica de pulmones → valva tricúspide, comum em UDIV ● Vasos mesentéricos → dor abdominal + íleo adinâmico + sangue nas fezes ● Êmbolos para artéria coronária → IAM; → EI de valva aórtica ● EI por fungos → vasos e artérias das extremidades (braquial, poplíteas, radial etc.) ➢ Manifestações neurológicas ● Ocorrem em 20-40% ● Observado com mais frequência em S. aureus Paciente jovem com evento neurológico súbito → Sempre considerar EI!! ● Êmbolos cerebral acomete cerca de 30% → hemiplegia, alteração de sensibilidade, ataxia, afasia + ↓nível de consciência ● Aneurismas micóticos → 1-2% Assintomáticos geralmente Hemorragia subaracnóide catastrófica Cefaleia, paralisia de pares cranianos, distúrbios visuais → ruptura iminente ● Encefalopatia tóxica → franca psicose; mais observada em idosos ➢ Manifestações renais ● Até antes dos ATB acometia até 25-35% ● Atualmente é <10% ● Se tiver uremia, considerar glomerulonefrite difusa + hipocomplementemia ● A lesão focal raramente causa IR ➢ Manifestações hematológicas ● EI subaguda é comum anemia de doença crônica (normo-normo) ● VHS ↑ ● Pode ocorrer episódios de hemólise por fragmentação eritrocitária → esquizócitos no esfregaço ● EI aguda → leucocitose + neutrofilia e, raramente, anemia ➢ Manifestações músculo esqueléticas ● Sintomas articulares são precoces (artralgia proximal oligo ou mono, artrite oligo ou mono) ● Dor lombar baixa → pode se associar com infecção de vértebras (espondilodiscite) ● Mialgias difusas em até 20% ➢ EI em usuários de drogas injetáveis ● A valva tricúspide é a mais acometida, mas a aórtica e mitral também podem ser ● 20-40 anos de idade ● Sexo masculino (4:1) ● Bacteremia pode ter origem em foco primário (celulite e flebite) ou vir de contaminação da droga/seringa → lesar o endotélio e favorecer ETNB ● EI de tricúspide → êmbolos sépticos para os pulmões tosse infiltrado pulmonar derrame pleural dor pleurítica ● Apenas 35% dos EI tricúspide apresentam sopro cardíaco ● Sinais de regurgitação da tricúspide: ritmo de galope sopro de regurgitação (mais audível na inspiração) ondas V amplas pulso hepático Visto em apenas ⅓ dos casos DIAGNÓSTICO ● Fator predisponente + condição precipitadora, diante de um quadro clínico compatível → diagnóstico bem provável ● EI subaguda pode se assemelhar com TB, sífilis, meningite, abscesso cerebral, LES, AR, vasculites, neoplasias hematológicas ● EI aguda → causas de síndromes sépticas a estafilocócica pode ocorrer com ou sem EI, então avaliar a presença de EI, de preferência, por ECO transesofágico ● Diagnóstico se baseia nas hemoculturas + ecocardiograma ● O padrão-ouro para diagnóstico de EI é comprovação histológica e microbiológica de agentes infecciosos em material obtido diretamente do endocárdio ● C. Duke → “EI “definitiva” ● Rejeita com segurança possibilidade de EI: diagnóstico alternativo puder ser definido sinais/sintomas desaparecem em 4 ou menos dias de ATB cirurgia cardíaca ou necrópsia negativa em paciente que recebeu 4 ou menos dias de ATB ● Valor preditivo negativo de c. Duke é 92% ● Naqueles que não é possível excluir EI, mas Duke não fecha → “EI possível” presença de 1 critério maior e 1 menor somente 3 menores Na prática, os “EI possível” são tratados de forma análoga aos casos de EI definitiva Interpretação dos critérios de Duke EI definitiva 2 maiores 1 maior + 3 menores 5 menores EI possível 1 maior + 1 menor 3 menores EI descartada Em diagnóstico alternativo pode ser estabelecido Os sinais/sintomas desaparecem com ≤4 dias de ATB Cirurgia cardíaca ou necrópsia têm resultado negativo em pacientes tratado com ATB ≤4 dias → Obtenção das hemoculturas: ● Devem ser colhidas no mínimo 3 amostras de 10 ml de sangue (sítios diferentes) → com 1 sendo da veia antecubital (de preferência) ● Na EI aguda→ coletar com espaço de tempo mínimo de 15 min ● Na EI subaguda → intervalo maior, >6 horas ● Nos pacientes de uso prévio de ATB → >3 amostras (total de 6 amostras) ● Sistema automatizado de hemocultura (BACTEC) → ↑ sensibilidade em casos de ATB prévio ● Algumas bactérias demoram para crescer no meio de cultura → HACEK → Ecocardiograma ● ECO transtorácico tem sensibilidade limitada para EI - 60-65% ● ECO bidimensional transesofágico multiplano é melhor para detectar EI (s-90-95%) ● Em todo caso suspeito de EI, onde o ECO transtorácico foi (-) ou inconclusivo → indicado ECO transesofágico ● Alguns autores defendem que, mesmo quando o ECO transtorácico fez o diagnóstico, fazer também o transesofágico, porque pode avaliar melhor as complicações intracardíacas associadas ● eco-doppler → avaliar complicações como regurgitação ou estenose, abscessos, fístulas, etc. AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA ● Após o diagnóstico da EI, é importante uma avaliação do prognóstico dos pacientes ● EI aguda → sinais de toxemias, rápido - pior prognóstico ● Sinais/sintomas de IC (dispneia, ortopneia, estertoração pulmonar, B3) → pior prognóstico ● Sinais/sintomas neurológicos (cefaleia persistente, rigidez de nuca, ↓ nível de consciência, déficit focal) → pior prognóstico ● Sinais ominosos do ECO: comprometimento de valva aórtica EI de valva protética regurgitação valvar grave pela própria EI obstrução valvar pela EI vegetações >1 cm vegetações pedunculares e móveis ● Presença de bloqueio de AV ou qualquer distúrbio de condução indica abscesso paravalvar → ↑ risco para óbito Todo paciente com sinas/sintomas neurológicos deve fazer TC de crânio!! ● Se constatar infarto cerebral, abscesso, hemorragia → prognóstico pior ● Liquor sugestivo de infecção meníngea também é sinal ominoso ● Arteriografia cerebral pode ver aneurismas micóticos → indicada sempre em pacientes com HIC, quadro neurológico com TC normal e o candidatos à cirurgia cardíaca ● Germes relacionados a pior evolução → S. aureus, P. aeruginosa e os fungos TRATAMENTO ● A mortalidade antes dos ATB era de 100%, atualmente é de 10-15% ● Nas vegetações, os patógenos se protegem dos neutrófilos e da imunidade humoral, além de estarem transitoriamente inativos níveis de ATB altos, IV, e por tempo prolongado Esquemas de ATB para microorganismos específicos S. viridans ou S. gallolyticus Penicilina G cristalina IV 2-3 milhões U 4/4h por 4 semanas Penicilina G cristalina IV 2-3 milhões 4/4 h + gentamicina IV ou IM 3 mg/kg 24/24h por 2 semanas Ceftriaxona IV 2g 24/24h por 4 semanas Vancomicina IV 15 mg/kg 12/12h por 4 semanas Enterococcus spp. (fecalis ou faecium) Penicilina G cristalina IV 4-5 milhões U 4/4h + gentamicina IV 1 mg/kg (até 80 mg) 8/8h por 4-6 semanas Ampicilina IV 2g 4/4h + gentamicina IV 1mg/kg (até 80 mg) 8/8h por 4-6 semanas Vancomicina IV 15 mg/kg 12/12h + gentamicina IV 1mg/kg (até 80 mg) 8/9h por 6 semanas Ampicilina IV 2g 4/4h +ceftriaxona IV 12/12h por 6 semanas Staphylococcus sp. em valva protética Vancomicina IV 15 mg/kg 12/12h + rifampicina VO 300 mg 8/8h por 6-8 semanas + gentamicina IV ou IM 1 mg/kg 8/8h nas primeiras 2 semanas Bactérias do grupo HACEK Ceftriaxona IV 2g 24/24h por 4semanas Ampicilina/sulbactam IV 6/6h por4 semanas ● Pseudomonas aeruginosa é menos comum, mas ↑ destrutiva penicilina antipseudomonas (ticarcilina + clavulanato, piperacilica + sulbactam) + aminoglicosídeo gentamicina (8mg/kg IV 8/8h → mínimo de 6 semanas ● EI por BGN entéricos → beta lactâmicos de amplo espectro → cefa de 3ª + aminoglicosídeos ● EI fúngica → anfotericina B + flucitosina (ou uma equinocandina - caspofungina ou micafungina) + cirurgia precoce A cirurgia é devido à impossibilidade de erradicar fungo somente com a terapia ● O momento de início da terapia depende das condições clínicas do pacientes Subagudas: sem IC ou quadros neurológicos, pode-se fazer ATB depois da hemocultura Aguda: deve ser iniciado logo após as 3 coletas. Faz ATB empírico, baseando-se em fatores de risco, uso de drogas IV, cuidados de saúde, prótese valvar, etc. ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA ➢ EI aguda (não usuários de drogas IV) ● Oxacilina IV 2g 4/4h + gentamicina IV 1 mg/kg 8/8h → S. aureus ● O aminoglicosídeos é para os gram(-) entéricos ● Pequena possibilidade de enterococos → alguns recomendam + penicilina G altas doses (4-5 milhões de U 4/4h) ➢ EI aguda (usuários de drogas IV) ● ↑ chance de S. aureus meticilina-resistente (MRSA) → vancomicina 15 mg/kg + gentamicina IV 1mg/kg /8/h ● A gentamicina é para cobrir os gram(-) e enterococo ➢ EI subaguda ● EI subaguda de valva nativa → não faz empírico de imediato porém, pacientes mais graves, de maior risco, pode-se fazer empírico antes das culturas ● O esquema empírico deve cobrir → S. viridans, S. gallolyticus e os enterococos penicilina G cristalina IV 4 milhões 4/4h + gentamicina IV 1mg/kg 8/8h pode usar ampicilina IV 2 g 4/4h no lugar da penicilina G ● Em quadro clínico entre agudo - subagudo → oxacilina + penicilina G cristalina + gentamicina ➢ EI de valva protética ● EI precoces (≤1ano) → esquema de ampla cobertura contra MRSA, S. coagulase-negativo e BGN entéricos (incluindo pseudomonas) + droga contra biofilme → rifampicina ● vancomicina +gentamicina + cefepima + rifampicina ACOMPANHAMENTO DA RESPOSTA TERAPÊUTICA ● Dosar níveis séricos de antimicrobianos quando houver suspeita de toxicidade (ou quando há ↑ risco de toxicidade) → vancomicina e aminoglicosídeos ● 25-40% dos pacientes acabam desenvolvendo algum efeito colateral → reexaminar com frequência e monitorar os parâmetros hepatograma, hemograma, bioquímica sérica, função renal ● EI por S. aureus e por outras difíceis de tratar → hemocultura diariamente, até ficar negativa! ● Hemocultura deve ser repetida em qualquer momento que o pacientes reaparecer com febre ● Recomenda-se que todos repitam hemocultura com 4-6 semanas após término do tratamento → confirmar cura ● EI por S. viridans, enterococos e HACEK → espera cultura (-) após 48h de tratamento ● S. aureus → hemocultura (-) em 3-5 dias (podendo ser 7-9 dias se for MRSA) ● Se a febre persiste mesmo após 7 dias de tratamento com ATB eficaz → complicações supurativas ❖ intracardíacas: abscessos miocárdico ou paravalvar ❖ extracardíacas: osteomielite, abscesso esplênico, renal não-supurativas ❖ fenômenos embólicos/isquêmic os, reações adversas à medicação ● Espera-se que as vegetações diminuam com o tratamento, mas 50% fica inalterada e 25% crescem, sem que isso indique falha terapêutica INDICAÇÕES CIRÚRGICAS ● A cirurgia pode ser troca valvar ou reparo ● A cirurgia é considerada imprescindível como parte da estratégia terapêutica em casos de EI complicada ● 25-40% das EI de valvas esquerda acabem precisando de abordagem cirúrgica ● Devices cardíacos (marcapasso-cardiodesfibrilador) necessitam de remoção percutânea se possível, mas se tem risco de evento embólico (vegetação >3cm) ou retenção de fragmentos de cabos (implante de muitos anos) → preferir cirurgia Device deve ser reimplantado após 10-14 dias de ATB eficaz ● O momento de fazer a cirurgia depende da urgência ICC grave + disfunção valvar ou descência instável de uma valva protética → precoce!! (primeira semana de tratamento, preferencial nos 1-2 dias iniciais) A indicação é que, tendo a indicação cirúrgica, seja feito o mais precoce possível A cirurgia deve ser realizada para melhores resultados ICC moderada-grave secundária à disfunção valvar Valva protética com deiscência parcial instável Bacteremia persistente mesmo com tratamento adequado Tratamento antimicrobiano, geralmente, não é microbicida aeruginosa- fungos, P. aeruginosa, Brucella EI por S. aureus em valva protética + complicação intracardíaca - abscesso Relapso de EI em valva protética após tratamento com antimicrobiano adequado A cirurgia deve ser considerada para melhores resultados, pesando-se os risco x benefícios Extensão perivalvar da infecção EI por S. aureus em valva aórtica ou mitral “poucoresponsiva ao tratamento” Vegetações grandes (>10mm) e móvel, especialmente se tem história prévia de evento embólico ou disfunção valvar significativa Febre persistente (≥ 10 dias) não explicada por outro motivo, em pacientes com EI “hemocultura (-)” EI “pouco responsiva” ou "relapso", secundária à infecção por enterococo ou BGN com ↑ grau de resistência aos antimicrobianos COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS ● Aneurismas micóticos possuem grande importância ● Todos com sinais/sintomas neurológicos que apresentam hemorragia intracraniana ou qualquer imagem na IC ou RNM sugestiva de aneurisma micótico → arteriografia cerebral de 4 vasos ● Se constatado o aneurisma roto ou com efeito de massa → ressecção cirúrgica imediata ● Pacientes com indicação cirúrgica cardíaca + quadro neurológico se a cirurgia cardíaca não foi de “vida ou morte” → deve ser postergada por 2-3 semanas após AVE embólico sem hemorragia e 1 mês após hemorragia intracraniana ● A abordagem cirúrgica do aneurisma micótico roto deve preceder a cirurgia cardíaca, se ela estiver indicada PROFILAXIA ● Há controvérsias sobre o real benefício de ATBprofilaxia na EI ● A grande maioria dos casos de EI não ocorre em decorrência de procedimentos médicos ● A profilaxia, segundo AHA e a ESC, a profilaxia só estaria indicada para pacientes com ↑ risco de morbimortalidade (lesão de alto risco) ● ATBprofilaxia só está indicada em procedimentos dentários que se manipula gengiva, região periapical ou perfuração de mucosa (manipulação cirúrgica em trato respiratório superior) ● Não há indicação para TGI e TGU ● No TGI e TGU, ou até infecção de pele, que houve infecção ativa, a indicação é tratamento pleno, não profilaxia Lesões de alto risco que merecem profilaxia nos procedimentos dentários Valvas cardíacas protéticas EI prévia Cardiopatia congênita cianótica não operada (inclusive aquele que receberam procedimentos menores, paliativos, como shunts) Período de 6 meses após correção cirúrgica completa de uma cardiopatia congênita Qualquer correção cirúrgica incompleta de uma cardiopatia congênita Valvopatia em receptor de transplante cardíaco Esquema de antimicrobianos profiláticos Primeira escolha: amoxicilina 2g VO 1h antes do procedimento Necessidade de medicação parenteral: ampicilina 2g IV/IM 1h antes do procedimento Alergia à penicilina: claritromicina ou azitromicina 500 mg VO 1h antes cefalexina 2g VO 1h antes clindamicina 600 mg VO 1h antes Alergia à penicilina cefazolina ou ceftriaxona 1 g IM/IV 30 min antes clindamicina 600 mg IV/IM antes
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