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AVALIAÇÃO DE LITERATURA 01. Leia o fragmento abaixo de Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos. Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta ver- de. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo – anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchan- do para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas – ela se avizinhando a ga- lope, com vontade de matá-lo. Assinale a afirmativa que indica uma característica do modernismo e do estilo do autor, to- mando por base a leitura do excerto acima. (a) Há um extremo apuro formal, onde se destacam as metáforas, sobretudo as hipérboles, em absoluta consonância com a prolixidade do texto. (b) O estilo direto do texto está sintonizado com a narrativa, que descreve uma cena de grande movimentação e presença de personagens. (c) O texto é seco e direto, confrontando um cenário de exuberância natural com um persona- gem tímido, reservado e de poucas ambições. (d) O texto é direto, econômico, interessa mais a angústia interior dos personagens do que seus próprios atos. (e) A fatalidade da situação é explorada ao limite máximo, com a natureza pactuando com as angústias do personagem, mas, ao final, subjugando-se. 02. Leia as estrofes abaixo do poema intitulado “O engenheiro”, de João Cabral de Melo Ne- to. 01. A luz, o sol, o ar livre 02. Envolvem o sonho do engenheiro. 03. O engenheiro sonha coisas claras: 04. Superfícies, tênis, um copo de água. 05. O lápis, o esquadro, o papel; 06. O desenho, o projeto, o número: 07. O engenheiro pensa o mundo justo, 08. Mundo que nenhum véu encobre. O texto pertence à chamada terceira fase da poesia modernista. Considerando as característi- cas dessa geração e o poema de João Cabral, marque a alternativa que NÃO justifica essa classificação. (a) A defesa da igualdade social. (b) O antilirismo, resultado da ausência de subjetividade. (c) Linguagem objetiva, sem requintes clássicos. (d) A despreocupação com elementos formais ou técnicos. (e) A tese defendida pelo tema: função social do engenheiro. 03. Leia o trecho que segue da obra Morte e vida severina (1956), de João Cabral de Melo Neto. 01. – Essa cova em que estás, 02. com palmos medida, 03. é a conta menor 04. que tiraste da vida. 05. – É de bom tamanho, 06. nem largo nem fundo, 07. é a parte que te cabe 08. deste latifúndio. 09. – Não é cova grande, 10. é cova medida, 11. é a terra que querias 12. ver dividida. [...] 13. – Viverás, e para sempre 14. Na terra que aqui aforas: 15. E terás enfim tua roça. Nesse texto, o eu lírico faz referência (a) à morte, que a todos atinge, de forma indistinta. (b) à política que visa a diminuir as distâncias entre ricos e pobres. (c) ao direito de propriedade, consagrado na Constituição. (d) aos resultados positivos do programa de reforma agrária. (e) aos problemas que envolvem a distribuição de terra no Brasil. 04. O poema abaixo consta no livro Paisagem com figuras (1955), de João Cabral de Melo Neto. Leia-o e responda à questão proposta. “Cemitério Pernambucano” 01. Nesta terra ninguém jaz, 02. pois também não jaz um rio 03. noutro rio, nem o mar 04. é cemitério de rios. 05. Nenhum dos mortos daqui 06. vem vestido de caixão. 07. Portanto, eles não se enterram, 08. são derramados no chão. 09. Vêm em redes de varandas 10. abertas ao sol e à chuva. 11. Trazem suas próprias moscas. 12. O chão lhes vai como luva. 13. Mortos ao ar-livre, que eram, 14. hoje à terra-livre estão. 15. São tão da terra que a terra 16. nem sente sua intrusão. Esse texto mostra duas das marcas mais recorrentes da obra do poeta pernambucano que são (a) a presença do realismo de cunho social, mas associado a uma visão do mundo ainda her- deira do Romantismo, o que se nota pela presença das imagens naturais. (b) a preocupação em descrever a paisagem nordestina e a intenção de reproduzir a fala popu- lar. (c) a presença do realismo de cunho social, que se nota nas referências ao mundo nordestino, aliada à racionalidade típica de boa parte da poesia moderna. (d) o caráter mais racional e sóbrio da poesia, que evita o derramamento emocional, aliado a certa herança realista no que diz respeito à valorização da cultura brasileira. (e) o rigor construtivo do poema, que deixa de lado a emoção e as convenções românticas, o que faz desse texto um bom exemplo de poesia metalinguística. 05. O concretismo brasileiro apoia-se, principalmente, numa estrutura dinâmica “verbivocovi- sual”. Assinale a alternativa que NÃO corresponde às características dessa estrutura. (a) Preferência pelo verso regular musicado. (b) Estruturação ótico-sonora funcional. (c) A estrutura globalizante gera um ou mais significados. (d) Apesar de sua existência múltipla, apresenta unidade. (e) As palavras tornam-se polivalentes, estabelecendo novas formas de inter-relacionamentos. 06. Considere o texto a seguir de Ronaldo Azeredo. Esse texto I – explora a organização visual das palavras sobre a página. II – põe ênfase apenas na forma, e não no conteúdo da mensagem. III – pode ser lido não apenas na sequencia horizontal das linhas. IV – não apresenta preocupação social. Estão corretas apenas (a) I e II. (b) I e III. (c) II e IV. (d) I, e IV. (e) I, III e IV. 07. Leia o texto abaixo. 01. Forma 02. Reforma 03. Disforma 04. Transforma 05. Conforma 06. Informa 07. Forma José Lino Grünewald é um dos autores mais produtivos dentro da estética concretista. Ele é autor do poema apresentado anteriormente, cuja leitura e análise permitem concluir que I – a poesia concretista extrapola o âmbito da impressão auditiva e dos sentidos explorados pela poesia tradicional. II – à noção de poesia incorpora-se um novo elemento: o visual. III – a exploração da comunicação por meio dos aspectos não verbais tem função importante no contexto do poema. Estão corretas (a) apenas I e II. (b) apenas I e III. (c) apenas II e III. (d) I, II e III. (e) Nenhuma está correta. 08. O texto abaixo se intitula “O sertanejo falando” e é de autoria de João Cabral de Melo Neto. Leia-o e responda à questão proposta. 01. A fala a nível do sertanejo engana: 02. as palavras dele vêm, como rebuçadas 03. (palavras confeito, pílula), na glace 04. de uma entonação lisa, de adocicada. 05. Enquanto que sob ela, dura e endurece 06. o caroço de pedra, a amêndoa pétrea, 07. dessa árvore pedrenta (o sertanejo) 08. incapaz de não se expressar em pedra. 09. Daí porque o sertanejo fala pouco: 10. as palavras de pedra ulceram a boca 11. e no idioma pedra se fala doloroso; 12. o natural desse idioma fala à força. 13. Daí também porque ele fala devagar: 14. tem de pegar as palavras com cuidado, 15. confeitá-las na língua, rebuçá-las; 16. pois toma tempo todo esse trabalho. Esse poema consta na primeira parte de A educação pela pedra, considerada pelo autor sua obra máxima. Depois de uma leitura atenta, responda: qual o contraste entre a busca da pala- vra e o resultado de sua execução na boca do sertanejo? A busca pela palavra é, segundo o poema, um processo árduo: “as palavras de pedra ulceram a boca, o natural desse idioma fala à força”. Para poder se expressar, o sertanejo precisa “pe- gar as palavras com cuidado e confeitá-las”. Porém, no que se refere a sua execução, “as pala- vras vêm, como rebuçadas, na glace, de uma entonação lisa, de adocicada”. Assim, a fala do sertanejo engana e parece mais solta e espontânea do que é, pois as palavras são adocicadas, mas, sob elas, ainda háuma pedra que o sertanejo trabalha para disfarçar. Dessa forma, o con- traste entre a busca áspera e trabalhosa e o resultado na execução aparentemente suave e es- pontânea da fala do duro sertanejo fica evidente.
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