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Avaliação Neurofuncional Se tivermos uma boa avaliação, teremos um bom tratamento; se não tivermos uma boa avaliação, não teremos um bom tratamento. Uma boa avaliação consiste em identificar alterações primárias e também entender o impacto de alterações secundárias na atividade e participação. Ao fazermos uma avaliação neurofuncional, temos um diagnóstico e consequentemente um diagnóstico cinéticofuncional, composto por 3 engrenagens: deficiência, limitação na atividade e restrição na participação. Esses 3 itens sofrem influência de fatores contextuais como o ambiente e questões pessoais. Aqui o nosso foco é dar diagnóstico funcional: “Como o AVC se manifestou em você e quais os impactos?” e não dar diagnóstico clínico: “Você teve AVC, TRM…” Fazemos a análise, toda a avaliação completa e buscamos respostas sobre: O que é o paciente consegue fazer? Como isto é feito? O que não consegue? Por que?, e assim, entendendo melhor o paciente, identificamos o problema principal, definimos metas, observamos o que está faltando e incluímos aquilo que está ao nosso alcance, como objetivo (sempre um verbo: ganhar, recuperar, melhorar algo) e conseguimos pensar em possibilidades para o tratamento, e também em como iniciar logicamente esse tratamento, definir a sua sequência, direcionando a tarefa. · É importante direcionar nosso tratamento com base nas hipóteses; · Aumentar facilitadores e diminuir barreiras; · Levar em conta quem a pessoa é: o que a motiva, sua história… A avaliação neurológica inclui: · História; · Inspeção: criação de hipóteses (fundamento) a partir da observação clínica. · Aspectos comportamentais cognitivos (interessado? colaborativo?); · Avaliação sensorial, motora, funcional; · Avaliação de outros sistemas (respiratório, tegumentar…); A partir disso: · Interpretação dos achados; · Formulação do diagnóstico funcional; · Tomada de decisão clínica; · Condutas. · História · Devemos saber direcionar a nossa convesa, ser delicado, ser gentil… · Para a HMA, 4 perguntas: O que a pessoa tem? Desde quando? Como tem evoluído? O que já fez de tratamento? · Queixa principal: saber conversar com o paciente para também trabalhar outro lado quando a queixa não tem tanta melhora; · História pregressa: história de outras doenças que podem impactar no quadro atual; · História pessoal: quem era, o que gostava de fazer, com quem gostava de ficar; · História familiar: relações familiares; · História fisiológica/social: fisiologia de outros sistemas/se trabalha, se é aposentado, seu dia a dia; · AVDs: além de perguntar, observar durante atendimento; · Medicamentos: pedir para trazer a bula, estudar sobre os remédios; · Analisar a memória do paciente, se história tem começo,meio e fim, se tem sequência e questões comportamentais. · Inspeção · Nível de consciência: vigília, sonolência, obnubilação, torpor, coma · Glasgow: determina o tipo de intervenção que conseguimos fazer. · Atitude: passiva/ativa; · Postura/posicionamento: ex: hemiplegia, escoliótica, parkinsoniana, descerebração; · Rigidez de decorticação: lesão do trato corticoespinhal no diencéfalo; · Rigidez de descerebração: lesão do tronco encefálico entre o colículo superior e os núcleos vestibulares. · Face: ex: paralisia facial, face em máscara, miopática; · Dismorfias: micro, hidrocefalia, etc. · Movimentos involuntários: atetose (movimentos serpenteantes de mãos e dedos, boca, língua, face), tremores, coreia (movimentos grosseiros proximais), balismo (movimentos de braços e perna, como chicote), etc. · Trofismo: de origem muscular ou neural; · Pele: ex: neurofibromatose; · Analisar se existem acessos, sondas, contenção… · Observar também fala, linguagem, expressão, cognição, comportamento, memória; · Dados do prontuário, resultados/laudos de exames complementares, conversar com a equipe. · Avaliação sensorial · Sistema somatossensorial superficial (tato, dor, temperatura) e profunda (propriocepção); · Sistemas visual, auditivo, vestibular… · Em lesões nervosas periféricas (abaixo da medula), devemos testar o todo (tato, dor, temperatura) na área de acordo com o mapa de inervação periférica de cada nervo (dermátomo não serve). · Estesiômetro · Em lesões de medula (que se juntam e formam grandes tratos) deve ser testado um de cada sistema (dor e tato fino), suficiente para o sistema inteiro, no mapa de dermátomo. · Sistema anterolateral, sobem informações mais grossas, menos precisas (tato, dor, temperatura); · Sistema posterior, sobe sensações mais acuradas, de propriocepção… · Em lesões acima da medula, faz uma distribuição meio aleatória, dividindo o segmento do paciente em distal e proximal e médio e testa tudo nessas regiões. · Na lesão central, fica tudo muito misturado: pode ser que tenha dor, mas não tenha temperatura, etc. · Não podemos dar muito retorno ao paciente (“Sentiu? E agora? E agora? Sentiu?”) · Para propriocepção: movimenta-se o membro do paciente e pede que ele indique a posição (nunca coloca-se no extremo); ou faz teste do espelho: posiciona-se o membro na mesma posição que o contrário. · Avaliação motora · Reflexos (principais): arreflexia, hiporreflexia, normo e hiperreflexia. · Tendinosos, cutâneos e tônicos · Reflexos automáticos · Reações de endireitamento: · Óptico; · Corpo sobre cabeça; · Cervical; · Corpo sobre corpo; · Labiríntico. · Estratégias de proteção de equilíbrio · Nosso equilíbrio em pé depende da integração entre visão, vestibular e somatossensorial. · Teste de Romberg: · Positivo: paciente fecha o olho e cai para qualquer lado - indica lesão proprioceptiva · Negativo (falso Romberg): demora para cair e cai para o lado do labirinto lesado - indica lesão do labirinto. · Equilíbrio é a capacidade de ir a uma determinada posição, ficar na posição, conseguir se mover na posição e sair daquela posição. · Devemos observar equilíbrio, reações de endireitamento, se faz apoio ou não, dissociação, movimentos involuntários, reflexos tônicos… nas trocas posturais. · Sequência de ativação da musculatura no desequilíbrio: · Estratégia de tornozelo (equilíbrio): gastrocnêmio e sóleo/tibial anterior; · Estratégia de quadril (equilíbrio): quadríceps, ileopsoas, abdominal/ isquiotibiais, glúteo máximo, paravertebrais, lombares. · Estratégia do passo (proteção) · Estratégia do tronco/cabeça (proteção). · Tônus: estado de contração basal do músculo, ativado pelo fuso (via alfa) e modulado pela via gama. · No teste, é feito um movimento passivo rápido da articulação a ser testada (Escala de espasticidade de Ashworth). · Para o tratamento, é feito movimento passivo lento para a sua acomodação. · Hipertonia plástica: quando agonista e antagonista estão ativados (rigidez); · Hipertonia elástica: ou espasticidade, apenas 1 músculo está hipertônico. · Avaliamos ADM para investigar se ela é funcional e trabalhamos com aquela ADM dentro de funções. · Não temos preocupação em recuperar a ADM completa em casos mais globais. · O mais importante é saber o porquê da ADM estar incompleta. · Com força, a mesma coisa… pensar principalmente na função. · Tomar cuidado com grau 3 na neurofuncional. O músculo espástico age de modo antigravitacional. É o tônus quem age e não realmente a sua força. · Avaliação da Marcha · Observar espontaneamente desde o início se possível. · Fases e subfases - apoio, balanço, duplo apoio; · A marcha é uma situação instável que envolve a oscilação latero-lateral e torque de impulsão. O tempo todo há oscilação do centro de gravidade. · A partir disso surgem determinantes: movimentos articulares que vão acontecer para que o centro de gravidade não oscile de mais ou de menos. · 3 determinantes pélvicos: · Rotação pélvica: conforme andamos, a perna que avança, roda anteriormente (~8º). Se roda demais, há sobrecarga articular, gasto energético… · Inclinação pélvica: Inclinação lateral da pelve, que implica a flexão do joelho do membro em oscilação. se inclina muito, não está usando ileopsoas adequadamente (talvez o quadrado lombar). · Deslocamento lateral: A pelve se desloca lateralmente para conservar o equilíbriocorporal quando o membro se levanta do solo. Se exagerado, seria a marcha de Trendelenburg. · 2 determinantes no joelho: · Flexão de joelho na fase de balanço: sai da extensão, faz muita flexão no balanço médio e volta a extender para fazer o apoio. É impactado por aqueles pacientes que fazem todo o balanço em extensão. · Flexão de joelho na fase de apoio: no contato inicial o joelho está totalmente estendido, mas passa a flexionar quando o corpo se desloca sobre o seu centro de gravidade cerca de 15º, até que toda a planta do pé esteja apoiada no solo. Depois, o peso do corpo transfere-se para o outro pé e ocorre a extensão do joelho lentamente, até que é completada a fase de apoio. · 1 determinante de tornozelo: · Movimento de tornozelo: todo o movimento do tornozelo no ciclo inteiro da marcha, desde a posição neutra (90º) no contato inicial, a flexão plantar durante o aplanamento do pé, a dorsiflexão com o avanço da tíbia ao transferir o peso e então a flexão plantar outra vez na impulsão e retirada dos artelhos. · Tipos: atáxica, paraplégica ou “em tesoura”, escarvante (fraqueza de tibial anterior), ceifante (ileopsoas) ou hemiplégica, anserina (não tem fase excêntrica de glúteos, quadríceps, TA).
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