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Universidade de Brasília – UnB Faculdade UnB Gama – FGA Engenharia de Energia Projeto da Turbina Autor: Paulo Henrique Alves dos Reis Orientador: Prof. Dr. Luciano Gonçalves Noleto Brasília, DF 2018 Paulo Henrique Alves dos Reis Projeto da Turbina Universidade de Brasília – UnB Faculdade UnB Gama – FGA Orientador: Prof. Dr. Luciano Gonçalves Noleto Brasília, DF 2018 Lista de ilustrações Figura 1 – Campo de aplicação de turbinas hidráulicas. Fonte:(HENN, 2006). . . . 8 Figura 2 – Exemplos de turbinas hidráulicas. Fonte:(BRASIL, 2010). . . . . . . . 12 Figura 3 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Peltron. . . 12 Figura 4 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Kaplan. . . 13 Figura 5 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Francis. . . 13 Lista de tabelas Tabela 1 – Valores de 𝑛𝑞𝐴 indicados para diferentes tipos de máquinas de fluido. . 7 Tabela 2 – Dimensões das Grandezas segundo o sistema 𝑀𝐿𝑇Θ. . . . . . . . . . . 9 Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 PROJETO DA TURBINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1 O Tipo e Classificação da Turbina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.2 Análise Dimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.3 Semelhança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.4 Triângulo de Velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.4.1 Turbinas Peltron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4.2 Turbina Kaplan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4.3 Turbina Francis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.4.4 Velocidade de Disparo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.5 Fator de Capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.6 Altura de Sucção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 5 1 Introdução As turbinas são máquinas que extraem energia de uma corrente de fluido denomi- nado fluido de trabalho. Segundo o fluido de trabalho elas podem ser turbinas hidráulicas (água), turbinas eólicas (ar) ou turbinas a vapor e a gás. A conversão de energia é feita por meio de um conjunto de lâminas integradas ao eixo da turbina chamado de roda ou rotor. São utilizadas para acionar sistemas mecânicos ou para acionar geradores de energia elétrica que desempenham um papel muito importante na geração de energia em todo o mundo (ALÉ, 2010). 1.1 Objetivos Este trabalho tem por objetivo principal o projeto da turbina, que consiste no dimensionamento de uma turbina para um dado aproveitamento hidrelétrico. Os objetivos específicos consistem em: ◇ Calcular a rotação específica e classificar a turbina; ◇ Determinar o valor do fator de capacidade e tempo de disparo; ◇ Determinar os triângulos de velocidades para diferentes turbinas; ◇ Avaliar o risco de cavitação. 6 2 Projeto da Turbina As turbinas hidráulicas são, por definição, máquinas de fluxo motrizes, ou seja, transformam a energia potencial da água em trabalho mecânico. Sua construção envolve um Rotor: conjunto de pás, lâminas, ou conchas, fixadas ao eixo da turbina; Anel dis- tribuidor: parte fixa, que possui ação diretriz, ou seja, conduzir a água para o rotor; Gerador: acoplado à turbina por um eixo, converte energia mecânica em elétrica. O fluido de trabalho é a água, de modo que o escoamento é considerado incompressível (NOLETO, 2018). Segundo Noleto (2018), as classificações mais gerais de turbinas são: ≫ Modo de atuação do fluido ∘ Turbinas de Ação: O fluido incidente no rotor é dotado quase que exclusivamente de energia cinética, sem perda de queda líquida. ∘ Turbinas de Reação:O fluido incidente no rotor possui energia cinética e de pressão, com perda de queda líquida. ≫ Segundo a trajetória do fluido no rotor ∘ Radial: Trajetória que circula o eixo do rotor. ∘ Axial: Trajetória paralela ao eixo do rotor. ∘ Tangencial: Trajetória normal ao eixo do rotor. 2.1 O Tipo e Classificação da Turbina A velocidade de rotação específica (𝑛𝑞𝐴) está associada à forma e às proporções dos rotores de máquinas de fluxo. O seu valor é um elemento fundamental para a seleção do tipo de máquina mais adequado à determinada situação onde cada família ou classe de máquinas hidráulicas apresenta uma faixa particular da rotação específica (HENN, 2006). Considerando os valores obtidos de salto energético (𝑌 = 539 𝐽/𝑘𝑔) e vazão (𝑄 = 1068 𝑚3/𝑠) que antecederam este trabalho, pode-se calcular a rotação específica como: 𝑛𝑞𝐴 = 1000 𝑛 𝑄1/2 𝑌 3/4 (2.1) A turbina está acoplada ao gerador e por isso possuem a mesma velocidade de rotação, o gerador por sua vez está sincronizado à rede elétrica que neste caso possui Capítulo 2. Projeto da Turbina 7 frequência de 60 𝐻𝑧, com isso calcula-se a velocidade de rotação da turbina: 𝑛 = 60𝑓 𝑝 = 60 · 605 = 12 𝑟𝑝𝑠 (2.2) Logo a rotação específica: 𝑛𝑞𝐴 = 1000 𝑛 𝑄1/2 𝑌 3/4 = 1000 · 121068 1/2 5393/4 = 3505 A Tabela 1 mostra os valores de 𝑛𝑞𝐴 indicados para diferentes tipos de máquinas de fluido. Tabela 1 – Valores de 𝑛𝑞𝐴 indicados para diferentes tipos de máquinas de fluido. Máquinas de Fluido 𝑛𝑞𝐴 Turbina Hidráulica do Tipo Peltron 5 a 70 Turbina Hidráulica do Tipo Francis Lenta 50 a 120 Turbina Hidráulica do Tipo Francis Normal 120 a 200 Turbina Hidráulica do Tipo Francis Rápida 200 a 320 Turbina Hidráulica do Tipo Michell-Banki 30 a 210 Turbina Hidráulica do Tipo Dériaz 200 a 450 Turbina Hidráulica do Tipo Kaplan e Hélice 300 a 1000 Turbina a Vapor e a Gás com Admissão Parcial 6 a30 Turbina a Vapor e a Gás com Admissão Total 30 a 300 Bomba de Deslocamento Positivo <30 Bomba Centrífuga 30 a 250 Bomba Semi-axial ou de Fluxo Misto 250 a 450 Bombas Axial 450 a 1000 Compressor de Deslocamento Positivo <20 Ventilador e Turbocompressor Centrífugo 20 a 330 Ventilador e Turbocompressor Axial 330 a 1800 Fonte: Adaptado de Henn (2006). Comparando com o valor de 𝑛𝑞𝐴 com a Tabela 1 percebe-se que não é possível determinar o tipo da turbina utilizando esse parâmetro, no entanto, a Figura 1 mostra o campo de aplicação das turbinas considerando a vazão, altura e potência no qual é possível determinar a turbina apropriada. Para que fosse possível identificar a turbina caracterizá-la melhor foi necessário utilizar seis turbinas dividindo a vazão em seis partes iguais. Capítulo 2. Projeto da Turbina 8 Figura 1 – Campo de aplicação de turbinas hidráulicas. Fonte:(HENN, 2006). Tendo como base os valores de vazão (178 𝑚3/𝑠), altura (55 𝑚) e potência (518 𝑀𝑊 ) como parâmetros de entrada para o gráfico de figura 1, verifica-se que a turbina mais apro- priada para esse aproveitamento hidráulico é a do tipo Francis ou Dériaz, no entanto, a utilização das turbinas Dériaz se encontra quase no limite de sua aplicação e por isso será utilizado a turbina Francis. Devido a mudança no valor da vazão é necessário recalcular o valor da rotação específica: 𝑛𝑞𝐴 = 1000 𝑛 𝑄1/2 𝑌 3/4 = 1000 · 12178 1/2 5393/4 = 1431 Segundo Bran e Souza (1980) para a turbina Francis as equações a seguir são utilizadas como uma primeira orientação, são elas: 𝑉1𝑚á𝑥 2 𝑌 = 0, 16 𝐷2 𝐷1 = 0, 78 𝑏0 𝐷1 = 0, 31 (2.3) Assim a velocidade máxima na entrada do tubo de sução (𝑉1𝑚á𝑥) e o seu diâmetro (𝐷1𝑚í𝑛) são calculados da seguinte forma: 𝑉1𝑚á𝑥 = √︁ 0, 16 · 2𝑌 = √ 0, 16 · 2 · 539 = 13, 13 𝑚/𝑠 𝐷1𝑚í𝑛 = √︃ 4 · 𝑄 𝜋 · 𝑉1𝑚á𝑥 = √︃ 4 · 178 𝜋 13, 13 = 4, 15 𝑚 Capítulo 2. Projeto da Turbina 9 O diâmetro do rotor: 𝐷2 = 0, 78𝐷1 = 0, 78 · 4, 15 = 3, 24 𝑚 Não será problema utilizar a velocidade máxima no duto de 7 𝑚/𝑠 definida no projeto doconduto, sendo a velocidade máxima permitida de 13, 13 𝑚/𝑠. Segundo Noleto (2018) o número de pás pode ser calculada de acordo com a equação 2.4. 𝑍 = 12 · 0, 05𝐷′ = 12 · 0, 05 · 3, 24 = 2 𝑝á𝑠 (2.4) De acordo com Noleto (2018) considerando o número de pás e a alta rotação específica, tem-se que a turbina é classificada como normal. 2.2 Análise Dimensional A análise dimensional consiste na aplicação de um método para reduzir o número e a complexidade das variáveis experimentais que afetam um dado fenômeno físico, se esse fenômeno depende de 𝑛 variáveis dimensionais, a análise dimensional irá reduzir o problema para 𝑘 variáveis, em que 𝑛 − 𝑘 = 1, 2, 3 ou 4 dependendo da complexidade do problema. Na mecânica dos fluidos as quatro dimensões básicas normalmente consideradas são a massa (M), comprimento (L), tempo (T) e a temperatura (Θ) (WHITE, 2011). A Tabela 2 mostra algumas variáveis que serão utilizadas neste trabalho no sistema 𝑀𝐿𝑇Θ. Tabela 2 – Dimensões das Grandezas segundo o sistema 𝑀𝐿𝑇Θ. Grandeza Símbolo Dimensões Potência 𝑃 [𝑀𝐿2𝑇 −3] Massa Específca 𝜌 [𝑀𝐿−3] Comprimento 𝐿 [𝐿] Vazão 𝑄 [𝐿2𝑇 −3] Rotação 𝑛 [𝑇 −1] Salto Energético 𝑌 [𝐿2𝑇 −2] Fonte: Adaptado de White (2011). As principais variáveis relacionadas ao escoamento de um fluido são as presentes na Tabela 2. A potência transferida entre a máquina e o fluido é uma função dependente das variáveis mostradas na equação a seguir: 𝑃 = 𝑓(𝜌, 𝑁, 𝐷, 𝑄, 𝑌 ) (2.5) Capítulo 2. Projeto da Turbina 10 Segundo o teorema dos Pi de Buckingham, as dimensões recorrentes (k) envolvidas no problema são [M], [L] e [T], dessa forma a quantidade de grupos Π adimensionais é dado pela subtração da quantidade de variáveis (n) pelo número de dimensões recorrentes, com isso: 𝑛 = 6 e 𝑘 = 3, o que resulta em 3 grupos Π adimensionais. O primeiro grupo: Π1 = 𝜌𝑎𝑁 𝑏𝐷𝑐𝑃 𝑑 (2.6) Π1 = [︂ 𝑀 𝐿3 ]︂𝑎 [︂ 1 𝑇 ]︂𝑏 [𝐿]𝑐 [︃ 𝑀𝐿2 𝑇 3 ]︃𝑑 = 𝑀0𝐿0𝑇 0 Fazendo 𝑑 = 1, tem-se: 𝑀 → 𝑎 + 1 = 0 ⇒ 𝑎 = −1 𝑇 → −𝑏 − 3 = 0 ⇒ 𝑏 = −3 𝐿 → −3𝑎 + 𝑐 + 2 = 0 ⇒ 𝑐 = −5 Dessa forma: Π1 = 𝜌−1𝑁−3𝐷−5𝑃 = 𝑃 𝜌𝑁3𝐷5 (2.7) O segundo Grupo: Π2 = 𝜌𝑎𝑁 𝑏𝐷𝑐𝑄𝑑 (2.8) Π2 = [︂ 𝑀 𝐿3 ]︂𝑎 [︂ 1 𝑇 ]︂𝑏 [𝐿]𝑐 [︃ 𝐿3 𝑇 1 ]︃𝑑 = 𝑀0𝐿0𝑇 0 Fazendo 𝑑 = 1, tem-se: 𝑀 → 𝑎 = 0 𝑇 → −𝑏 − 1 = 0 ⇒ 𝑏 = −1 𝐿 → −3𝑎 + 𝑐 + 3 = 0 ⇒ 𝑐 = −3 Dessa forma: Π2 = 𝜌0𝑁−1𝐷−3𝑄 = 𝑄 𝑁𝐷3 (2.9) O terceiro Grupo: Π3 = 𝜌𝑎𝑁 𝑏𝐷𝑐𝑌 𝑑 (2.10) Π3 = [︂ 𝑀 𝐿3 ]︂𝑎 [︂ 1 𝑇 ]︂𝑏 [𝐿]𝑐 [︃ 𝐿2 𝑇 2 ]︃𝑑 = 𝑀0𝐿0𝑇 0 Fazendo 𝑑 = 1, tem-se: 𝑀 → 𝑎 = 0 𝑇 → −𝑏 − 2 = 0 ⇒ 𝑏 = −2 𝐿 → −3𝑎 + 𝑐 + 2 = 0 ⇒ 𝑐 = −2 Dessa forma: Π3 = 𝜌0𝑁−2𝐷−2𝑌 = 𝑌 𝑁2𝐷2 (2.11) Capítulo 2. Projeto da Turbina 11 2.3 Semelhança As máquinas são consideradas semelhantes, quando possuem semelhança geomé- trica, cinemática e dinâmica. Nesse sentido, partindo do pressuposto que duas máquinas, protótipo e modelo são semelhantes, se torna possível determinar os parâmetros do mo- delo com base nos parâmetros do protótipo. A análise dimensional resultou nos grupos adimensionais Π1, Π2 e Π3 que são os coeficientes de potência (𝐶𝑝), coeficiente de vazão (𝐶𝑄) e coeficiente de altura (𝐶𝐻) respectivamente. Considerando um dado modelo, a razão de escala geométrica necessária para se obter os valores de potência de 518, 58 𝑀𝑊 e vazão de 1068 𝑚3/𝑠 determinados no projeto do aproveitamento, pode ser obtida por meio do coeficiente de vazão. Uma máquina semelhante possui seu coeficiente de vazão iguais, dessa forma tendo o protótipo designado pelo subscrito p e o modelo reduzido designado pelo m, tem-se: 𝐶𝑄𝑝 = 𝐶𝑄𝑚 (2.12) 𝑄𝑝 𝑁𝑝𝐷3𝑝 = 𝑄𝑚 𝑁𝑚𝐷3𝑚 (2.13) Para um modelo reduzido de 0, 025 𝑚 de diâmetro e protótipo de 4, 15 𝑚, tem-se: 𝑄𝑝 𝑄𝑚 𝑁𝑚 𝑁𝑝 = (︂ 𝐷𝑝 𝐷𝑚 )︂3 (2.14) 𝑄𝑝 𝑄𝑚 𝑁𝑚 𝑁𝑝 = 2, 18 · 10−7 (2.15) 2.4 Triângulo de Velocidades O triângulo de velocidades como próprio nome já diz, é um triângulo composto por três componentes vetoriais de velocidade: a velocidade de rotação (�⃗�), a velocidade absoluta (�⃗� ), a velocidade relativa (�⃗� ), e considerando ainda a decomposição vetorial das suas componentes normais (𝑉𝑛) e tangenciais (𝑉𝑡) de modo que a relação entre elas é a seguinte: �⃗� = �⃗� + �⃗� (2.16) A determinação do triângulo de velocidades permite obter a informação necessária para o cálculo da potência absorvida ou liberada pela turbomáquina, descreve os movi- mentos absoluto e relativo da água no rotor e fornece informações sobre a transferência Capítulo 2. Projeto da Turbina 12 de energia entre fluido e rotor. A Figura 2 mostra exemplos de turbinas hidráulicas, os próximos tópicos serão destinados a mostrar o triângulo de velocidades destes três tipos de turbinas. (a) Turbina tipo Kaplan. (b) Turbina tipo Francis. (c) Turbina tipo Peltron. Figura 2 – Exemplos de turbinas hidráulicas. Fonte:(BRASIL, 2010). 2.4.1 Turbinas Peltron As turbinas Peltron são turbinas de ação, no qual um fluxo de água paralelo em relação ao plano do rotor incide sobre as pás em formato de concha. De acordo com Noleto (2018), elas são geralmente utilizadas em aproveitamentos com pequenas vazões e grandes quedas, com rotação específica alta podendo alcançar 90% de rendimento. Para este tipo de turbina o triângulo de velocidades é formado por um jato que incide idealmente paralelo em relação ao eixo do rotor resultando em uma única com- ponente de velocidade na entrada. A Figura 3 mostra a representação do triângulo de velocidades de uma turbina Peltron. V1 V2 W1 W2 U1 U2 Vt2 Wt2 Vn2 α2 β2 Figura 3 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Peltron. 2.4.2 Turbina Kaplan A turbina Kaplan é de reação do tipo axial composta por várias pás móveis ajus- táveis com uma certa inclinação chamada ângulo de ataque, elas possuem eixo vertical ou Capítulo 2. Projeto da Turbina 13 horizontal e são adequadas para operar em baixas quedas, entretanto, com médias e altas vazões. O triângulo de velocidades dessa turbina possui como simplificação uma compo- nente de velocidade na saída totalmente vertical, o que é chamado de saída meridional. A Figura 4 mostra a representação do triângulo de velocidades para a turbina Kaplan. V1 V2=Vn2 W1 W2 U1 U2 Vt1 Wt1 Wt2 Vn1 α1 α2β1 β2 Figura 4 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Kaplan. 2.4.3 Turbina Francis A turbina do tipo Francis é caracterizada como uma turbina de reação motriz, nesse tipo de turbina o fluxo d’água é orientado e distribuído igualmente, na direção radial, por toda periferia da entrada do rotor, saindo na sua direção axial, ela é utilizada geralmente para trabalhar em altas velocidades. O triângulo de velocidades dessa turbina possui como simplificação uma compo- nente de velocidade meridional na entrada (𝛼1 = 90∘). A Figura 5 mostra a representação do triângulo de velocidade de uma turbina do tipo Francis. V1=Vn1 V2W1 W2 U1 U2 Vt2Wt1 Wt2 Vn2 α1 α2β1 β2 Figura 5 – Representação do triângulo de velocidades de uma turbina Francis. Capítulo 2. Projeto da Turbina 14 2.5 Velocidade de Disparo Segundo Noleto (2018), "a velocidade de disparo ou de embalamento (Runaway speed) é a situação de máxima rotação da turbina, quando o gerador é retirado do sistema e o distribuidor continua em abertura plena". O conhecimento da velocidade de disparo é de grande importância pois corresponde às maiores tensões suportadas pelo material das partes girantes da turbina e do gerador (HENN, 2006). Ela pode ser calculada como: 𝑛𝑚á𝑥 = 𝑛𝑛 (︂3 2 + 𝑛𝑞𝐴 513 )︂ = 12 (︂3 2 + 1431 513 )︂ = 51, 47 𝑟𝑝𝑠 (2.17) 2.6 Fator de Capacidade Segundo Noleto (2018), "o fator de capacidade é a relação entre a energia efeti- vamente gerada (considerando disponibilidade de vazão) 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 e a energia gerada caso a central trabalhe todo o tempo em potência plena 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙". 𝐹𝐶 = 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 · 100 [%] (2.18) A 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 é a energia elétrica fornecida à rede de transmissão, ela leva emconsideração todas as perdas e pode ser calculada da seguinte forma: 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 = 𝜂𝑡𝜂𝐺𝜌𝑔𝐻𝑄𝑡 (2.19) onde: ∘ 𝐸ú𝑡𝑖𝑙= energia elétrica produzida [𝑊ℎ]; ∘ 𝜌= massa específica [𝑘𝑔/𝑚3]; ∘ 𝑔= aceleração da gravidade [𝑚/𝑠2]; ∘ 𝑄= vazão de operação [𝑚3/𝑠]; ∘ 𝜂𝑡= rendimento total da turbina; ∘ 𝜂𝐺= rendimento total do gerador; ∘ 𝑡= tempo para esvaziar o reservatório [ℎ]; Capítulo 2. Projeto da Turbina 15 A energia total 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é toda energia disponível no sistema que pode ser cedida ao fluido, ela é calculada como: 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜌𝑔𝑄𝐻𝑡 (2.20) Considerando apenas o volume útil do reservatório determinado no projeto hidro- lógico, calcula-se o seu tempo de enchimento: 𝑡 = 𝑉𝑢 𝑄𝑀𝐿𝑇 = 3, 47 · 10 9 𝑚3 1068 𝑚3/𝑠 = 902, 51 ℎ (2.21) Para calcular a 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 é necessário ainda considerar as perdas de projeto (0, 15 𝑚) somadas as perdas de carga (7, 592 𝑚), resultando em um 𝐻 = 47, 25 𝑚. Os valores de 𝜂𝑡 = 0, 96 e 𝜂𝐺 = 0, 94 foram definidas no projeto do aproveitamento, dessa forma: 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 = 0, 960, 94 · 1000 𝑘𝑔/𝑚3 · 9, 81 𝑚/𝑠2 · 47, 25 𝑚 · 1068 𝑚3/𝑠 · 902, 51 ℎ 𝐸ú𝑡𝑖𝑙 = 4, 031 · 1011 𝑊ℎ A energia total: 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 1000 𝑘𝑔/𝑚3 · 9, 81 𝑚/𝑠2 · 1068 𝑚3/𝑠 · 55 𝑚 · 902, 51 ℎ 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 5, 20 · 1011 𝑊ℎ Dessa forma o fator de capacidade: 𝐹𝐶 = 4, 031 · 1011 𝑊ℎ 5, 20 · 1011 𝑊ℎ × 100 = 77, 52% 2.7 Altura de Sucção A altura de sucção é a altura medida do nível de jusante até o eixo do rotor (para turbinas de eixo horizontal) ou até o centro do rotor. A altura de sucção é um importante parâmetro de projeto de dimensionamento de turbinas e centrais hidrelétricas onde o seu correto dimensionamento evita a ocorrência de cavitação. A altura de sução pode ser calculada como: 𝐻𝑆𝑀 = 10 − 0, 00122𝑧𝑏 − 𝜎𝐻 (2.22) O coeficiente de Thoma para turbinas Francis indicada por Shepherd a partir de Moody: 𝜎 = 3, 95 · 10−6𝑛2𝑞𝐴 = 3, 95 · 10−614312 = 8, 08 (2.23) Capítulo 2. Projeto da Turbina 16 Os níveis a jusante são normalmente obtidos pela observação dos níveis do rio no local onde irá se instalará a casa de máquinas, neste trabalho não foi possível obter esses dados, de forma que será considerando neste projeto as características dos níveis a jusante da usina de Estreito que utiliza uma turbina Francis e possui altura de queda de 60 m. Com isso com base nas informações da usina de Estreito encontradas no trabalho de Queiroz (2012), o nível de jusante mínimo foi de 556,35 m, logo calcula-se a altura de sucção: 𝐻𝑆𝑀 = 10 − 0, 00122 · 556, 35 − 8, 08 · 47, 25 = −372 𝑚 Com base nesta altura de sucção o risco de cavitação é inevitável, uma vez que é necessário instalar a turbina a uma altura de 372 m abaixo do nível de jusante. 17 3 Conclusões Sendo assim, por meio das informações dos relatórios que antecederam foi possível determinar o tipo de turbina que melhor se adequa para o aproveitamento em questão, assim como calcular seus principais parâmetros e classificá-la. Com base no projeto da turbina, tem-se que a vazão definida inicialmente foi dividida por seis e com isso o projeto prevê a instalação de seis turbinas para gerar 518 MW, com isso a usina se mantém como uma Grade Central Hidrelétria (UHE) como definida no projeto do aproveitamento. Entretanto, pode não haver uma turbina com 86 MW de potência, ou não ser possível fabricá-la, sendo assim o projeto fica sujeito ao catálogo dos fabricantes de turbinas. A mudança na turbina implica no redimensionamento de vários parâmetros definidos anteriormente. 18 Referências ALÉ, J. A. V. Sistemas Fluidomecânicos: Sistemas de bombeamento. 2010. Citado na página 5. BRAN, R.; SOUZA, Z. de. Máquinas de Fluxo:Turbinas-Bombas-Ventiladores. 2. ed. [S.l.]: Ao Livro Técnico, 1980. Citado na página 8. BRASIL, A. N. Apostila, TEORIA GERAL DAS MÁQUINAS DE FLUXO. 2010. Internet. Disponível em: <https://ufpemecanica.files.wordpress.com/2011/07/ capitulo2_maquinas-de-fluxo.pdf>. Citado 2 vezes nas páginas 2 e 12. HENN Érico A. L. Máquinas de Fluido. 2. ed. Santa Maria: [s.n.], 2006. Citado 5 vezes nas páginas 2, 6, 7, 8 e 14. NOLETO, L. G. Sistema hidrelétricos-notas de aula. Março 2018. Citado 4 vezes nas páginas 6, 9, 12 e 14. QUEIROZ, F. R. Avaliação de Cavitação em Turbinas Hidráulicas por Emissão Acústica. Dissertação (Mestrado) — UFMG, 2012. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital. ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-95RHAM/avalia__o_de_cavita__o_ em_turbinas_hidr_ulicas_por_emiss_o_ac_stica.pdf>. Citado na página 16. WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos. 6. ed. Porto Alegre: Mc Graw Hill Bookman, 2011. Tradução: Mario Moro Fecchio, Nelson Manzanares Filho. Citado na página 9. https://ufpemecanica.files.wordpress.com/2011/07/capitulo2_maquinas-de-fluxo.pdf https://ufpemecanica.files.wordpress.com/2011/07/capitulo2_maquinas-de-fluxo.pdf http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-95RHAM/avalia__o_de_cavita__o_em_turbinas_hidr_ulicas_por_emiss_o_ac_stica.pdf http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-95RHAM/avalia__o_de_cavita__o_em_turbinas_hidr_ulicas_por_emiss_o_ac_stica.pdf http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-95RHAM/avalia__o_de_cavita__o_em_turbinas_hidr_ulicas_por_emiss_o_ac_stica.pdf Folha de rosto Lista de ilustrações Lista de tabelas Sumário Introdução Objetivos Projeto da Turbina O Tipo e Classificação da Turbina Análise Dimensional Semelhança Triângulo de Velocidades Turbinas Peltron Turbina Kaplan Turbina Francis Velocidade de Disparo Fator de Capacidade Altura de Sucção Conclusões Referências
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