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1 Gabrielle Nunes HISTOPATOLOGIA UCXIV PERITONITES GENERALIDADES CONCEITO: Inflamação da serosa que recobre as paredes internas e as vísceras abdominais. Pode ser difusa ou localizada; aguda ou crônica em sua história natural; infecciosa ou asséptica em sua patogenia. ETIOPATOGENIA: ▪ PERITONITE BACTERIANA ▪ PERITONITE QUÍMICA ▪ PERITONITE MECONIAL ▪ PERITONITE TUBERCULOSA ▪ PERITONITE ESCLEROSANTE ▪ POLISSERITE A contaminação do peritônio se dá por 3 vias principais: direta, sanguínea ou linfática. A via direta é a mais comum e pode ser desencadeada por: extensão de uma infecção localizada em uma víscera abdominal; perfuração ou ruptura de uma viscera abdominal; traumatismo na parede abdominal; SINAIS E SINTOMAS: dor abdominal aguda, intensificada pela palpação; hipersensibilidade abdominal; distensão abdominal; rigidez abdominal difusa; febre, taquicardia calafrios, náuseas e vômitos; Ao exame físico o abdome encontra-se silencioso, timpânico, distendido e doloroso. Alguns sinais podem ser característicos: ▪ Sinal da tosse positivo: antes da palpação pede-se ao paciente para tossir e identifica-se onde a tosse provoca dor; ▪ Defesa: contração voluntária da parede do abdome, frequentemente acompanhada por careta; ▪ Rigidez (abdome em tábua): contração reflexa involuntária da parede do abdome; ▪ Descompressão dolorosa; ▪ Dor à percussão Os sinais gerais variam com a gravidade da infecção: paciente pode apresentar-se toxêmico, com expressão de sofrimento, palidez da face, nariz afilado e sinais de desidratação; há hipotensão arterial e taquicardia (> 100 bpm), se maior 140 bpm é sinal de mau prognóstico. MORFOLOGIA Acúmulo de neutrófilos; Superfície peritoneal e serosa brilhante fosca e opaca; Fluido turvo e seroso acumula entre as vísceras ou preenche toda a cavidade; PERITONITE SÉPTICA Causada por agentes infecciosos; comumente bactérias; mais raramente fungos e protozoários; ▪ Por perfuração de víscera (úlcera gastroduodenal perfurada; perfurações secundárias a oclusões; perfuração vesicular; por corpo estranho ingerido) ▪ Por ruptura de órgãos maciços (abscessos hepáticos e esplênicos; abscessos e pseudocistos infectados do pâncreas); ▪ De origem traumática (ferimentos abdominais; contusões abdominais); ▪ De origem inflamatória não perfurativa (apendicite aguda; colecistite aguda; diverticulite de Meckel); ▪ De origem vascular (oclusão vascular mesentérica e secundária a íleo obstrutivo) PERITONITE BACTERIANA Quando as bactérias do lúmen gastrointestinal são liberadas na cavidade abdominal, tipicamente em consequência de uma perfuração. Pode ser: Peritonite bacteriana secundária: (PBS): É emergência médica grave secundária a inflamação de órgãos abdominais, como apendicite, úlcera péptica perfurada, diverticulite, colecistite, salpingite, perfuração intestinal por infarto, traumas, febre tifoide e colite ulcerativa. Frequentemente, acompanha-se de íleo paralítico e choque séptico. Etiologias frequentes: Estreptococos beta-hemolíticos, S. aureus, Enterococos, Clostridium perfringens, salmonela, pseudomonas; MORFOLOGIA: exsudato de fibrina e neutrófilos, que recobrem a superfície das vísceras e da parede abdominal. Durante a evolução, podem formar-se abscessos subdiafragmáticos, na fossa ilíaca ou nas goteiras paracólicas e aderências fibrosas, generalizadas ou circunscritas. • Normalmente a biópsia não é feita, já que muitos pacientes vão para a cirurgia e a etiologia já é descoberta na mesa cirúrgica; Os espaços mais esbranquiçados correspondem ao edema; Peritonite bacteriana espontânea (PBE): ocorre sem fonte aparente de contaminação peritoneal (p. ex., perfuração intestinal) e resulta da colonização do peritônio por microrganismos intestinais. Tal peritonite ocorre tipicamente em indivíduos com ascite por cirrose hepática ou em crianças com síndrome nefrótica. Etiologias frequentes: E. coli; Pneumococos; Salmonelas; Staphylococcus aureus 2 Gabrielle Nunes ▪ Fator de risco: hipoproteinemia ▪ Fisiopatologia: Tal inflamação parece favorecida por redução na barreira mucosa intestinal (+flora intestinal, migração para os linfonofos mesentéricos, bacteremia, instalação das bactérias no líquidos ascitico), disfunção de células de Kupffer e diminuição da opsonização de anticorpos pela baixa quantidade de proteínas no líquido ascético; ▪ Quadro clínico; diarreia, vômito, náuseas, febre, dor abdominal e íleo paralítico; TRATAMENTO: ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA: Amoxacilina- clavulonato; ceftriaxona; oxacilina; ciprofloxacina; cefotaxima; PERITONITE TUBERCULOSA Atualmente incomum, pode ser localizada ou generalizada: GENERALIZADA LOCALIZADA Caracteriza-se por nódulos caseosos disseminados na cavidade abdominal. A lesão pode resultar em aderências peritoneais. - Exsudato serofibrinoso, turvo e serohemorrágico; - Peritônio forma uma massa; Associa-se à tuberculose de órgãos abdominais, como intestinos e tubas uterinas FATORES DE RISCO: Uso prolongado de corticoesteroides; Condições sócioeconômicas ruins. A incidência da doença é elevada em áreas rurais; Insuficiência renal crônica em diálise peritoneal; Terapia com BCG: como na prevenção do carcinoma de bexiga; Alcoolismo e cirrose alcoólica; MACROSCOPIA: múltiplos nódulos esbranquiçados no peritônio (tendência a formar bridas entre si) + ascite serohemorrágica MICROSCOPIA: Tecido peritoneal fibrótico e inflamado, com granuloma caseoso; Granuloma de células epitelioides e presença de células gigantes; necrose caseosa; PERITONITE ASSÉPTICA Causada por agentes físico-químicos e caracterizada por ser de causa puramente irritativa, não havendo supuração desde que não intervenham germes secundariamente. Etiologias não infecciosas: ▪ Presença anormal de líquidos fisiológicos (suco gástrico, bile, enzimas pancreáticas, urina, sangue) ou por conteúdo asséptico anormal; ▪ Presença de corpos estranhos estéreis (equipamento cirúrgico); ▪ Presença de substâncias antissépticas cáusticas ou irritantes (talcos, antissépticos utilizados em intervenções cirúrgicas e aqueles usados por via genital na mulher); ▪ Metabólicas (uremia, colesterolose) ▪ Autoimune (LES, doença reumatóide, reumatismo agudo, endocrinopatias) ▪ Genética (polisserosite hereditária recorrente) ▪ Alérgico (serosite eosinofílica) ▪ Peritonite granulomatosa PERITONITE QUÍMICA É a inflamação aguda, geralmente difusa, causada pela liberação de bile e suco gástrico, duodenal ou pancreático na cavidade peritoneal. Pode haver contaminação bacteriana secundária, passando de peritonite irritativa a ser uma peritonite séptica. ▪ PERITONITE BILIAR: perfuração das vias biliares por inflamações, traumatismos ou cirurgias. ▪ PERITONITE POR SUCO PANCREÁTICO: consequência de pancreatite aguda, em que as enzimas pancreáticas são liberadas. ▪ PERITONITE POR SUCO GÁSTRICO OU DUODENAL: perfuração de úlcera péptica e; perfuração da úlcera duodenal. Microscopia: As vísceras abdominais apresentam sinais de irritação química e ficam cobertas por exsudato fibrinopurulento. MACROSCOPIA: Vísceras cobertas por material seropurulento e formação de aderências intestinais (bridas); processos degenerativos pela presença das enzimas digestivas; 3 Gabrielle Nunes PERITONITE MECONIAL É causada pela presença de mecônio na cavidade peritoneal devido à perfuração intestinal e calcificação ainda na fase intrauterina. Constitui uma reação exsudativa inflamatória peritoneal de origem química, sendo o íleo o local mais frequente da obstrução. ETIOPATOGÊNESE: Diversos fatores, como a obstrução orgânica (volvo, atresia ou íleo meconial), patologia vascular e funcional ou etiologia viral (hepatite,varicela, citomegalovírus, parvovírus). ▪ Podem também estar associada à doença de Hirschsprung e doença autossômica recessiva, geralmente associados à trissomia do 21. MACROSCOPIA: MICROSCOPIA: BIÓPSIA: MECÔNIO (ACHADOS ACASTANHADOS) EM ÁREAS DIFERENTES DO LÚMEM DEVIDO A PERFURAÇÃO; PRESENÇA DE ÁREAS CALCIFICADAS; SEROSA MAIS ESPESSA; EDEMA; ESFREGAÇO DO MUCO SANGUINOLENTO LIBERADO PELO RN A inflamação aguda foi solucionada deixando fibrose densa, calcificações e adesões intestinais. Como a víscera fetal não colonizada ainda por bactérias, a reação inflamatória no peritônio meconial é suave. A serosa do intestino delgado está coberta com hemorragia e exsudato fibrinoso. POLISSERITE DE CONCADO Consiste na inflamação das serosas (pericárdio, pleura e peritônio), há formação de placas inflamatórias com exudato de linfócitos, plasmócitos e histiócitos (CÉLULAS DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA). Na polisserosite de Concato, além das manifestações inflamatórias das serosas, ocorre pericardite com espessamento dos folhetos do pericárdio, podendo levar a um quadro de pericardite constritiva. • A ascite é constante e pode estar associada a derrames pleurais e pericárdicos; RETROPERITONITE ESCLEROSANTE OU DOENÇA DE ORMOND Também conhecida como fibrose retroperitoneal idiopática, caracteriza-se por fibrose densa associada a infiltrado linfoide que pode comprometer também o mesentério (mesenterite esclerosante). A fibrose pode envolver os ureteres, devido a maior compressão e causar hidronefrose. Apesar de a sua etiologia ser desconhecida, é considerada integrante da doença 4 Gabrielle Nunes esclerosante relacionada com a imunoglobulina 4 (IgG4), que se caracteriza por fibrose densa em vários órgãos. INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA NO TECIDO FROUXO RETROPERITONEAL > NEOFORMAÇÃO CONJUNTIVA EXUBERANTE NO RETROPERITÔNIO (CÉLULAS INFLAMATÓRAS CRÔNICAS): na fase inicial o tecido conjuntivo é hipercelular e na fase tardia torna-se escleroso e se retrai. APENDICITE FISIOPATOLOGIA: Secreção de substâncias – aumento da pressão intraluminal – compressão de veias – baixa da drenagem – hipóxia – lesão epitelial – colonização de bactérias – aumenta edema e isquemia – inflamação (infiltrado neutrofílico perivascular, mudando a conformação da mucosa superficial). Congestão vascular, seguida por um exsudato neutrofílico proeminente: 1. Reação fibrinopurulenta da serosa: abcessos focais – APENDICITE SUPURATIVA 2. Quando não tratada evolui para áreas de ulceração hemorrágica – APENDICITE GANGRENOSA AGUDA > ROTURA DE APENDICE MICROSCOPIA: Há dilatação dos vasos do apêndice cecal, em todas as camadas ,principalmente uma serosa, tanto artérias como veias. Observa-se exsudato de neutrófilos e fibrina (fibrino-purulento). Exsudato é tudo que sai dos vasos no decorrer de uma inflamação aguda, ou seja, fluidos, proteínas (inclusive fibrinogênio) e células (principalmente neutrófilos). Os neutrófilos são facilmente vistos na serosa e na camada muscular. A presença deles entre as células musculares lisas é essencial para o diagnóstico histológico de apendicite. Na serosa, observam-se também filamentos de fibrina. A hiperemia é dita ativa porque decorre da dilatação de arteríolas pelos mediadores químicos da inflamação aguda. A dilatação venosa é secundária. COLECISTITE VESÍCULA BILIAR NORMAL Pregas de epitélio cilíndrico alto voltadas para o lúmem. COLECISTITE AGUDA MACROSCOPIA: VESÍCULA COM PAREDES ESPESSADAS E IRREGULARES, DE CONTEÚDO PURULENTO E ESPESSO NO SEU INTERIOR, CONGESTÃO VASCULAR E EDEMA MICROSCOPIA: INFILTRADO INFLAMATÓRIO DENSO, PAREDE CONGESTA E COM FOCOS DE HEMORRÁGIA 5 Gabrielle Nunes Colecistite enfisematosa: liberação de gás Colecistite gangrenosa: Microabscessos, neutrófilos e detritos celulares necróticos; COLECISTITE CRÔNICA ACHADO PATOGNOMÔNICO: Fibrose e infiltrados inflamatórios crônicos organizados em aglomerados linfoides. Na colecistite crônica, a vesícula biliar mostra fibrose da parede, aqui melhor notada na serosa. Há infiltrado inflamatório crônico inespecífico em todas as camadas, aqui visível na lâmina própria* e na serosa. Quando há agudização do processo inflamatório (por exemplo, por nova infecção bacteriana), aparece exsudato de fibrina e neutrófilos, que pode ser francamente purulento e evoluir para necrose da parede (fala- se em gangrena da vesícula). • Uma feição característica da colecistite crônica são os seios de Rokitansky-Aschoff, prolongamentos do epitélio de revestimento que penetram entre os feixes de fibras musculares lisas. São achados comum em colecistites crônicas e não devem ser confundidos com carcinoma. É UMA INVAGINAÇÃO DA MUCOSA que pode apresentar cálculos no seu interior; * lâmina própria = córion da mucosa. Notar que a vesícula biliar não tem submucosa. COLECISTITE CRÔNICA AGUDIZADA DIVERTICULITE DOENÇA DIVERTICULAR DO CÓLON NÃO É UM PROCESSO INFLAMATÓRIO E SIM UMA “DILATAÇÃO” DAS CAMADAS INTESTINAIS • Pseudodiverticulo: consistem em uma protrusão da mucosa e submucosa; • Divertículo de Merkel ou divertículo verdadeiro: mais comum no íleo; congênitos; camada muscular presente em toda extensão, ou seja, correspondem a uma herniação de toda a espessura da parede intestinal, sendo constituídos por mucosa, submucosa, camada muscular própria e serosa); DIVERTICULITE INFLAMAÇÃO DOS DIVERTÍCULOS • Complicações: abscessos, perfuração e consequente peritonite; 6 Gabrielle Nunes ABDOME OBSTRUTIVO DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG, MEGACÓLON CONGÊNITO, AGLANGLINOSE CONGÊNITA DO CÓLON CONCEITO: anomalia congênita caracterizada pela ausência de células ganglionares nos plexos nervosos que coordenam a motilidade intestinal. É uma afecção congênita, neurocristopatia associada a deleção do braço longo do cromossomo 10. • Epidemiologia: A doença é mais comum no gênero masculino (4:1) e cerca de 10% dos casos ocorrem em crianças com a síndrome de Down; a incidência é 1:5000 nascidos vivos; PLEXO MIOENTÉRICO (PLEXO DE AUERBACH) Formado por uma cadeia de neurônios e células da glia interconectados, que coordenam principalmente as contrações no trato gastrintestinal. Situa-se entre as fibras longitudinais e circulares da camada muscular (entre a camada interna e a camada externa). PLEXO NERVOSO DE MEISSNER Plexo submucoso interno, responsável por inervar as células musculares internas; FISIOPATOLOGIA: defeito, que resulta da interrupção da migração craniocaudal das células ganglionares do sistema nervoso entérico durante a embriogênese, compromete em geral o cólon distal e o reto (pode acometer também o ânus até o íleo terminal). O segmento intestinal agangliônico torna-se espástico, levando a obstrução intestinal funcional e a dilatação proximal ao segmento afetado. Causas: em estudo; Mutações no proto-oncogene RET são identificadas em 50% dos casos familiares e em 15% dos casos esporádicos. A extensão do segmento agangliônico determina a gravidade da doença e o seu tratamento. Distúrbios de migração da crista neural > plexo neuronal entérico não se desenvolve > contração peristáltica ausente > OBSTRUÇÃO FUNCIONAL A área dilatada, tem inervação preservada, enquanto a área espástica, contraída, não possui neurônios nos plexos nervosos submucoso e mioentérico. Encontra-se também espessamento das fibras não mielínicas, conferindo aspecto neuromatoso aos plexos nervosos (hiperplasia). • A parede da porção dilatada vai ficando mais delgada com o passar do tempo, aumentando os episódios de obstrução intestinal; CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA OU DE SEGMENTO CURTO Extensão do segmento aganglionar até o cólon sigmóide proximal; maioria dos casos, aprox. 90%. • O reto sempre está comprometidoDE SEGMENTO LONGO Aganglionose até a flexura esplênica ou o cólon transverso; 25% dos casos. AGANGLIONOSE COLÔNICA TOTAL (ACT) Desde o ânus até o intestino delgado, com extensão máxima de 50cm proximais à válvula ileocecal; Aprox. 12% dos casos. CLÍNICA: no período neonatal com ausência de eliminação de mecônio, distensão abdominal e vômitos biliosos. A partir daí, evolui com constipação intestinal crônica. As principais complicações compreendem enterocolites associadas a estase fecal, que podem sofrer perfuração intestinal, peritonite, septicemia e distúrbios metabólicos. DIAGNÓSTICO: Biopsia da mucosa retal (padrão ouro); Além da ausência de neurônios nos gânglios, a histoquímica demonstra acetilcolinesterase nas fibras nervosas colinérgicas da lâmina própria da mucosa e na muscular da mucosa, no segmento agangliônico. ▪ Na imuno-histoquímica a calrretinina colore as células ganglionares; pacientes com a patologia não tem essa coloração; A. Segmento intestinal agangliônico contraído (estreito), com dilatação a montante. B. Ausência de células ganglionares nos plexos nervosos mioentéricos (setas). C. Acetilcolinesterase positiva nas fibras nervosas da mucosa 7 Gabrielle Nunes TRATAMENTO CIRÚRGICO: Remoção do segmento agangliônico → reconstrução do trânsito intestinal, levando o segmento ganglionar até o ânus, com preservação da função esfincteriana. Biópsia aspirativa: mais fácil, porém não avalia o epitélio como um todo (avaliação da mucosa). Biópsia por congelação: avaliação dos tecidos no momento da cirurgia de modo a preservar o máximo de alça intestinal no caso das cirurgias de ressecção. MEGACOLÓN CONGÊNITO MEGACOLÓN CHAGÁSIICO Como o nome já diz, é um quadro congênito de origem genética. Quadro adquirido e as toxinas são responsáveis por lesionar os gânglios mioentéricos DOENÇAS INTESTINAL ISQUÊMICA GENERALIDADES OBS: A formação de placas ateromatosas é mais comum na artéria mesentérica superior devido a anatomia oblíqua da mesma. OBS: Áreas comuns de acontecer: áreas de limite de suprimento das artérias (ex, íleo distal > limite da irrigação pela mesentérica superior; flexura esplênica > limite da irrigação pela mesentérica inferior); MORFOLOGIA E PROGNÓSTICO EPISÓDIOS TRANSITÓRIOS: INFARTO DA MUCOSA Apresentam como consequência congestão, até inflamação superficial, que se resolve completamente com o aparecimento de colaterais. ESTÁGIOS INTERMEDIÁRIOS: INFARTO MURAL (MUCOSA + SUBMUCOSA) A irrigação é insuficiente para a necessidade de tecidos especializados como músculo e mucosa, mas suficiente para manter a viabilidade do órgão, observamos inicialmente uma resposta inflamatória, seguida por ulcerações, que com a cicatrização evoluem para a estenose. ESTÁGIOS GRAVES: INFARTOS TRANSMURAIS (3 CAMADAS DA PAREDE) Infartos transmurais com necrose extensa, representam verdadeiras catástrofes abdominais. Geralmente é causado por obstrução vascular aguda; À medida que a barreira da mucosa é rompida, bactérias entram na circulação e pode haver desenvolvimento de sepse; a taxa de mortalidade pode ser superior a 50%. SÍNDROMES DISABSORTIVAS SÃO COMUNS NOS CASOS DE ISQUEMIA MESENTÉRICA E A DEPENDER A EXTENSÃO DA LESÃO NAS CAMADAS TECIDUAIS PODE-SE OU NÃO REVERTER O QUADRO DISABSORTIVO APÓS A REPERFUSÃO VASCULAR DO SEGMENTO ACOMETIDO. OBS: A organização do fornecimento de sangue nesses padrões possui vantagens como proteger as células-tronco epiteliais, localizadas dentro das criptas. Logo, o padrão da atrofia da superfície epitelial, ou mesmo a necrose e a descamação, com criptas normais ou hiperproliferativas, é a assinatura morfológica da doença intestinal isquêmica. ACHADOS NA LÂMINA DEMARCAÇÕES DO INTESTINO ISQUÊMICO: No início, o intestino infartado está intensamente congesto e escurecido, até roxo- avermelhado. Posteriormente, o muco tingido de sangue ou o próprio sangue se acumulam na luz e a parede se torna edematosa, espessada e elástica. Forma-se necrose coagulativa da muscular própria dentro de 1 a 4 dias e uma perfuração pode ocorrer. A serosite (inflamação da serosa), com exsudatos purulentos e deposição de fibrina, pode ser proeminente. PATOGENIA As respostas intestinais à isquemia ocorrem em duas fases. 1. A lesão hipóxica inicial ocorre no início do comprometimento vascular. Embora algumas lesões ocorram durante essa fase, as células epiteliais que revestem o intestino são relativamente resistentes à hipoxia transitória. 2. A segunda fase, a lesão de reperfusão, é iniciada pela restauração do suprimento de sangue e é neste momento que a lesão ocorre. • Epitélio sensibilizado submetido a um fluxo intenso e rico de mediadores lesivos (bactérias, mediadores inflamatórios, células imunes, etc) A gravidade do comprometimento vascular, a fração de tempo durante a qual ele se desenvolve, e os vasos afetados são as maiores variáveis na doença intestinal isquêmica. OLHAR SLIDE O PLEXO É ENCONTRADO, MAS AS CÉLULAS GANGLIONARES NÃO ESTÃO PRESENTES; PLEXO HIPERPLASIADO; 8 Gabrielle Nunes GRAVIDEZ TUBÁRIA ROTA GENERALIDADES Gravidez ectópica: Corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina, e incide em 1,5 a 2% de todas as gestações. A gravidez tubária responde por 95% dos casos, mas também pode ocorrer na cavidade abdominal, no ovário e no canal cervical (mais raro). Acontece principalmente na ampola da tuba uterina; FATORES DE RISCO ▪ Idade entre 25 e 34 anos ▪ Infertilidade – risco 4 vezes maior ▪ Doenças sexualmente transmissíveis, especialmente Chlamydia ▪ Antecedente de laqueadura ou reconstrução tubária ▪ Paciente usuária de DIU ▪ Endometriose ▪ DIP prévias, resultando em salpingite crônica > fibroses cicatriciais > dificuldade de movimentação do ovo pela tuba FISIOPATOLOGIA: IMPLANTAÇÃO DA PLACENTA FORA DA DECÍDUA (PLACENTA ACRETA) > Tecido placentário, vilosidades coriônicas imaturas implantam-se na luz da tuba uterina, as células trofoblásticas e vilosidades coriônicas então invadem a parede da tuba. • Consequências: hemorragia intratubária (hematosalpingite) e hemoperitônio > abdome agudo hemorrágico e choque; • É um quadro de emergência cirúrgica (PEDIR BETA-HCG EM ABDOME AGUDO) QUADRO CLÍNICO: As manifestações clínicas surgem tipicamente entre 6 e 8 semanas após o último período menstrual normal, mas podem ocorrer mais tardiamente se a gravidez estiver fora da trompa. Os sintomas da gravidez inicial normal também estão presentes: aumento da sensibilidade mamária, náuseas e polaciúria. Na maioria das vezes a prenhez tubária íntegra é assintomática e só se manifesta na ocasião da rotura. Já a prenhez abdominal pode evoluir até alcançar o termo. Os sintomas clássicos da prenhez ectópica são: Dor abdominal, atraso menstrual e o sangramento vaginal irregular. DIAGNÓSTICO: B-hCG > 2.000-3.000 mUI/ml; USTV com cavidade uterina vazia. TRATAMENTO EXPECTANTE Quando usar? Quadro clínico estável, B-hCG < 1000- 1500mUI/ml em declínio. OBS: Seguimento semanal até a paciente atingir níveis não gravídicos do B-hCG (<5 mUI/ml) TRATAMENTO MEDICAMENTOSO TRATAMENTO CIRÚRGICO HISTOPATOLOGIA TUBA UTERINA NORMAL X ACHADOS NA ROTA Camadas: mucosa (Epitélio cilíndrico simples ciliado), submucosa, muscular e serosa. EM CASOS DE GRAVIDEZ TUBÁRIA OBSERVA-SE: 1. Presença das vilosidades coriônicas na luz da tuba: - Citotrofoblasto: interno - Sinciciotrofoblasto: externo 2. Edema de mucosa 3. Rota (ruptura transmural): focos hemorrágicos no lúmen e nas camadas teciduais, inclusive na serosa; 9 Gabrielle Nunes DOENÇAS COLESTÁtICAS GENERALIDADES CONCEITO: Interrupção do fluxo biliar para o intestino, com refluxo de todos os componentes da bile para a corrente sanguínea. COLESTASE INTRA-HEPÁTICABloqueio nos delicados mecanismos intra-hepatocitários de secreção biliar COLESTASE EXTRA-HEPÁTICA Obstrução do ducto hepático comum, por atresia, cálculos ou tumores. A obstrução pode ocorrer em vários locais da árvore biliar. Secreção diária de bile (600mL): Depende da secreção ativa de solutos, principalmente sais biliares, para a luz dos canalículos biliares, seguida de atração osmótica de água. • Parte da produção de bile nos canalículos independe da secreção de sais biliares, parecendo estar associada à produção de glutationa. • Nos dúctulos, que são controlados pela secretina, adicionam-se à bile solutos inorgânicos, principalmente bicarbonato de sódio e cloreto de sódio. É possível que os componentes da bile produzidos nos dúctulos sejam responsáveis pela estimulação da vesícula biliar, cujo volume diário é de cerca de 150 mL. A secreção biliar requer captação, transporte intracelular e excreção de sais biliares de modo semelhante ao que acontece com a bilirrubina. Água e íons inorgânicos, sobretudo sódio, passam para a bile por difusão através de junções íntimas, as quais podem também permitir o refluxo da bile para os hepatócitos. A fluidez da membrana citoplasmática também participa na colestase, pois interfere na excreção de lipídeos, principalmente colesterol e na atividade de enzimas, como a ATPase Na+/K+. CAUSAS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Causas extra-hepáticas: atresia de ductos biliares; colangite esclerosante primária; cálculos; tumores de vias biliares ou cabeça do pâncreas. Causas intra-hepáticas: • Intra-acinares: fibrose cística; galactosemia; hepatites virais; hepatites por drogas; esteato-hepatite; pós- operatório; septicemia-choque; anemia falciforme; • Extra-acinares: fibrose cística; cirrose biliar primária; colangite esclerosante primária; fígado transplantado; cirrose hepática; lesões expansivas intraparenquimatosas; QUADRO CLÍNICO: icterícia, prurido cutâneo, deficiência na absorção de lipídios e vitaminas lipossolúveis, aumento sérico de gama GT e fosfatase alcalina (enzimas presentes na membrana de hepatócitos e do epitélio biliar; ICTERÍCIA CONCEITO: Coloração amarelada da pele e mucosas devido ao aumento de níveis plasmáticos de bilirrubina. Geralmente, acontece com níveis de bilirrubina direta > 2,5 mg/dl. EXCESSO DE BLLIRUBINA NÃO CONJUGADA Hemólise pela grande quantidade de bilirrubina formada. Risco de kernicterus - anemia hemolítica na eritroblastose fetal. • Hemólise, hiberbilirrubinemia de shunt, doença de Gilbert; DEFEITOS NA CONJUGAÇÃO DE BILIRRUBINA Deficiência da enzima UGT-1A1, na doença de Crigler-Najjar; ou a enzima pode estar normal, mas inibida por estrógenos no leite materno (hiperbilirrubinemia da amamentação). ALTERAÇÃO NA EXCREÇÃO DA BILIRRUBINA CONJUGADA Obstrução mecânica das vias biliares, impedindo a BC de chegar no intestino. A parada do fluxo biliar é chamada de colestase; • Refluxo dos componentes da bile para a corrente sanguínea; • Colúria e acolia fecal; • Colestase extra-hepática ou intra-hepática; Extra: Atresia de ductos biliares; colangite esclerosante primária; neoplasias; ACHADOS MORFOLÓGICOS Os achados morfológicos na colestase variam de acordo com a duração, a gravidade e, especialmente, a causa. ACÚMULO DE PIGMENTO BILIAR NOS HEPATÓCITOS Há deposição de pigmento biliar nos hepatócitos, células de Kupffer, interstício e vários níveis da árvore biliar. Ocorre tanto nas colestases intra, como nas extra-hepáticas. Hepatócitos colestáticos são ampliados, com espaços canaliculares dilatados. As células apoptóticas podem ser observadas, e as células de Kupffer frequentemente contém pigmentos biliares regurgitados. Colestase intracelular mostrando pigmentos biliares no citoplasma: DEGENERAÇÃO PLUMOSA Aspecto espumoso nos hepatócitos periportais com acúmulo de bile. PROLIFERAÇÃO DUCTULAR Obstrução biliar > aumento da pressão nos ductos e dúctulos, com proliferação ductular, acompanhada por edema portal e infiltrado inflamatório neutrofílico. PROLIFERAÇÃO BACTERIANA Obstrução > colangite bacteriana purulenta > fibrose portal e 10 Gabrielle Nunes cirrose biliar Progressão das alterações em hepatócitos: Irregularidade da membrana, deslocamento do núcleo e edema, (1) acúmulo de pigmentos biliares; (2) tampão ou cilíndrico colestático (4) acúmulo de pigmento nas células de kupffer; CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA (CBP) / COLANGITE CRÔNICA DESTRUTIVA NÃO SUPURATIVA CONCEITO: Doença colestática crônica caracterizada por inflamação e destruição dos pequenos e médio ductos biliares intra-hepáticos, não há envolvimento dos grandes, nem dos extra-hepáticos. Com forte preponderância em mulheres (9 a 10:1) e, na grande maioria dos casos, anticorpo antimitocôndria (AMA) circulante. Chamada de cirrose, mas a doença é geralmente detectada na fase pré-cirrótica, FISIOPATOLOGIA: Em estudos, mas esses apontam para autoimunidade desencadeada por estímulos ambientais em indivíduos geneticamente suscetíveis: a) Predisposição genética: comprovada pelo aumento da frequência de autoanticorpos em parentes de primeiro grau, há alta taxa de concordância em gêmeos monozigóticos; b) Fatores ambientais: Presença de granulomas – indicam presença de agentes infecciosos, entre eles, a Propionibacterium acnes, cujo DNA é encontrado nos granulomas, e a Chlamydia pneumoniae, vista no parênquima hepático. Recentemente, foi isolado um retrovóirus em pacientes com CBP. c) Autoimunidade: Presença de autorreatividade contra o anticorpo antimitocôndria (AMA) e auto antígeno mitocondrial PDC-E2. QUANDRO CLÍNICO: Início insidioso: letargia, prurido, hiperpigmentação cutânea. Deterioração clínica (evolução prolongada, aproximadamente 20 anos): Icterícia, falência hepática; Diagnóstico: anticorpos AMA e ANA positivos + aumento de fosfatase alcalina e GGT + lesões do ducto biliar. MORFOLOGIA: LESÃO DE PEQUENOS DUCTOS O achado fundamental na CBP é a lesão de pequenos ductos biliares, que acabam sendo destruídos durante a progressão da doença. FASE 01: LESÃO DUCTAL FLORIDA Infiltrado linfocitário portal (eosinófilo) com agressão aos ductos biliares, que mostram aumento da eosinofilia do citoplasma e morte de células isoladas. Podem ser vistos granulomas portais, muitas vezes com lesão de 11 Gabrielle Nunes ductos biliares. Mais tarde, ocorre desaparecimento dos ductos (ductopenia) FASE 02: PROLIFERAÇÃO DUCTAL Existe expansão portal devido a intensa proliferação ductular e inflamação, com linfócitos e alguns neutrófilos FASE 03: CICATRIZAÇÃO Redução do processo inflamatório e formação progressiva de septos fibrosos. A ductopenia torna-se evidente. FASE 04: CIRROSE Fibrose progressiva é acompanhada pela formação de nódulos regenerativos. Cirrose biliar com padrão de jogo de encaixe. COLANGITE AGUDA CONCEITO: Inflamação aguda da parede dos ductos biliares, quase sempre causada por infecção bacteriana da luz, que geralmente é estéril. Pode resultar de qualquer lesão que crie obstrução ao fluxo da bile, mais comumente coledocolitíase, e também de uma cirurgia envolvendo a árvore biliar. Outras causas: tumores, stents ou cateteres de demora, pancreatite aguda e estenoses benignas. Fisiopatologia: Bactéria no trato gastrointestinal > esfíncter de Oddi > árvore biliar > colangite > ascensão da bactéria (colangite ascendente) > infecção das radículas biliares hidra- hepáticas. Etiologia: As bactérias comuns são E. coli, Klebsiella, enterococos, Clostridium e Bacteroides. Alguns locais apresentam colangite de consequência à infecções parasitárias. Quadro clínico colangite bacteriana: produz febre, calafrios, dor abdominal e icterícia. Colangite supurativa: Forma mais grave, onde abile purulenta enche e distende os ductos biliares, com risco acentuado de formação de abscesso hepático. Sepse Uma vez que o risco predominante nos pacientes com colangite é a sepse mais do que a colestase, pronta avaliação diagnóstica e intervenção são imperativas. COLANGITE CRÔNICA COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA (CEP) Doença colestática crônica, de caráter autoimune, caracterizada por inflamação e fibrose progressiva, inicialmente nos ductos biliares maiores (extra-hepáticos e intra-hepáticos), resultando em estenoses e dilatações ductais usualmente identificáveis em exames de imagem. Com o tempo, esta inflamação leva à formação de cicatrizes, obstruindo os canais. 12 Gabrielle Nunes Epidemiologia: homens (2x mais que em mulheres), com menos de 50 anos Evolução: Na maioria dos casos, a evolução é lenta, embora irreversível, para doença hepática terminal, resultando em cirrose biliar e hipertensão portal. Existe ainda, associação (até 8%) com adenocarcinoma de vias biliares. Doenças inflamatórias do intestino, particularmente a colite ulcerativa, coexistem em aproximadamente 70% dos indivíduos com CEP. Tende a ocorrer na 3ª a 5ª décadas de vida e existe uma predominância no sexo masculino. DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO - Ausência de cirurgia prévia do trato biliar ou de litíase biliar (pois a doença biliar poderia ser secundária); - Envolvimento difuso da via biliar extra-hepática e ausência de colangiocarcinoma. - Possibilidade de doença esclerosante relacionada com a IgG4 deve também ser considerada. Por tudo isso, o diagnóstico de CEP é de exclusão. ETIOLOGIA E PATOGÊNESE DESCONHECIDOS: ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS DOENÇAS: Um dos aspectos mais marcantes é a sua associação com colite ulcerativa, presente em 50 a 75% dos casos, doença de Crohn (10 a 30%) e, raramente, outras doenças. FATOR HEREDITÁRIO: ocorrência familiar (até 10 vezes o risco de desenvolvimento em familiares de primeiro grau) e alguns haplótipos de HLA (HLA-B8, HLA-DR3 e HLADRW52). FATORES AMBIENTAIS: também considerados, mas pouco consistentes, como infecções bacterianas (Helicobacter pylori é detectado por PCR no fígado com elevada frequência). AUTO-IMUNIDADE: Como na CBP, é possível a atuação de fator autoimunitário, pois a maioria dos pacientes tem anticorpos antineutrófilos em padrão perinuclear (p-ANCA), embora nenhum antígeno tenha sido identificado. Além disso, a recirculação para o fígado (homing) de linfócitos inicialmente ativados no intestino tem sido descrita, o que é particularmente interessante devido à associação da CEP com a doença inflamatória intestinal. QUADRO CLÍNICO Pacientes assintomáticos podem atentar para os valores persistentemente elevados de fosfatase alcalina sérica. Outros pacientes apresentam sintomas relacionados à colangite aguda (infecção que complica estreitamentos biliares assintomáticos preexistentes) como: Febre Sensibilidade no quadrante superior direito Icterícia (em alguns casos) Os pacientes que se encontram em estágios finais podem apresentar: Fadiga progressiva Prurido Icterícia crônica. MORFOLOGIA FIBROSE CONCÊNTRICA Fibrose com padrão em “casca de cebola”, ao redor dos ductos biliares grandes e médios, associada a inflamação da parede ductal, em geral intensa e capaz de provocar ulceração do epitélio. Fibrose e inflamação resultam em áreas de estenose da árvore biliar, que se alternam com áreas de dilatação provavelmente decorrentes de obstrução distal. Obstrução biliar resulta em proliferação ductular, bilirrubinostase e colatestase nos espaços portais periféricos. Em consequência, há fibrose portal progressiva e finalmente, cirrose biliar. O acometimento dos ductos biliares menores resulta em ductopenia. 13 Gabrielle Nunes SÍNDROME COLESTÁTICA DO RN CONCEITO: quadro de colestase que surge logo após o nascimento e que pode ser causada por entidades diversas. FORMA PARENQUIMATOSA ou HEPATITE NEONATAL ou HEPATITE DE CÉLULAS GIGANTES Apresenta lesão predominantemente lobular com hepatócitos multinucleados e tumefação hepatocitária. ETIOLOGIA: é uma reação inespecífica a várias infecções congênitas. Doenças metabólicas (ex: galactosemia e deficiência de alfa-1-antitripsina); Infecções por vírus (ex: citomegalovírus, herpes, varicela); Treponema Toxoplasma Tratamento: tratamento clínico, evoluem em geral para resolução do quadro e, ocasionalmente, para cronificação e cirrose. FORMA OBSTRUTIVO Resulta na maioria dos casos de atresia das vias biliares extra- hepáticas. Fibrose > obliteração das vias biliares > obstrução do fluxo da bile e do fígado até o duodeno Incidência rara (no Brasil são cerca de 300 casos por ano). Tipo embrionário ou fetal: manifesta-se precocemente, sem intervalo depois da icterícia fisiológica. Possivelmente relacionado com alterações genéticas e malformação da placa ductal Tipo perinatal: pode haver pequeno intervalo após icterícia fisiológica. Inflamação e fibrose provavelmente decorrentes de agentes exógenos. OBS: Mesmo após cirurgia para correção da obstrução extra- hepática (a chamada cirurgia de Kasai, que consiste em derivação biliodigestiva), em muitos casos o processo progride para as vias intra-hepáticas, levando a ductopenia e a falência do fígado, exigindo transplante hepático FORMA BILIAR INTRA-HEPÁTICA Caracteriza-se por depleção de ductos biliares intra-hepáticos ou ductopenia e se apresenta de duas formas: Forma sindrômica ou Síndrome de Alagílle: a ductopenia se acompanha de outras anomalias congênitas (faciais, vertebrais,arteriais e oftalmológicas). Forma não sindrômica - a causa mais conhecida é a deficiência de alfa-1-antitripsina → manifesta-se com colestase neonatal. OBS – FUNÇÃO DA ALFA-1-ANTITRIPSINA: é o principal inibidor de proteases no soro humano, produzido principalmente pelo fígado. Diagnóstico: A biópsia hepática é importante na distinção entre as duas principais formas que compõem a síndrome: parenquimatosa e obstrutiva. O diagnóstico preciso é fundamental, uma vez que o prognóstico nos casos obstrutivos depende, entre outros, de tratamento cirúrgico feito o mais precocemente possível. MORFOLOGIA FORMA PARENQUIMATOSA ou HEPATITE NEONATAL ou HEPATITE DE CÉLULAS GIGANTES Caracteriza-se principalmente por alterações parenquimatosas, incluindo infiltrado inflamatório, tumefação e transformação gigantocelular dos hepatócitos, que apresentam citoplasma volumoso e grande número de núcleos. Infiltrado inflamatório portal, predominantemente linfomonocitário, mas contém neutrófilos e eosinófilos: 14 Gabrielle Nunes 15 Gabrielle Nunes
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