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CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Os direitos da personalidade são aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais. São de interesses extrapatrimoniais, não obstante, ser completamente possível de serem mensurados pecuniariamente (nas ações de reparação) e, também, a exemplo dos direitos autorais, podem ingressar no comércio jurídico. Em seu Art. 11, o Código Civil estabelece os direitos da personalidade como: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. É importante ressaltar, que essa proibição de limitação voluntária não é absoluta, podendo o titular do direito fazer certas limitações, contanto que ela não seja permanente, não seja geral (de todos os direitos) e não ofenda a dignidade da pessoa humana. Há mais algumas características a serem destacadas no próximo tópico. CARACTERÍSTICAS: INATOS: os direitos da personalidade são inerentes ao homem, adquirindo-o ao nascer; VITALÍCIOS: se perpetuam por toda a vida e, em alguns casos, alcançando até após a morte; INDISPONÍVEIS: o titular do direito não pode abrir mão, dispor de seu direito, sendo irrenunciáveis e intransmissíveis (pode haver exceções em alguns casos do direito à imagem e autorais, entretanto, não se trata de uma transferência do direito em si, mas da faculdade de uso dele); ABSOLUTOS: podem ser propostos erga omnes ou seja, todos devem respeitar e sofrer sanções em casos de violações; EXTRAPATRIMONIAIS: ausência de conteúdo patrimonial; GERAIS: pertencem à todas as pessoas, sem distinções; IMPRESCRITÍVEIS: não se extingue com o tempo e nem pelo seu não uso (válido ressaltar que isso refere-se à extinção e aquisição do direito e não à prescrição da pretensão de indenização); ILIMITADOS: são se limitam apenas ao que está descrito no Código Civil, pois não é um rol taxativo. PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: Por sua grande importância, os direitos da personalidade são devidamente protegidos em nosso ordenamento jurídico. Essa proteção, no Código Civil, se dá por indenização de perdas e danos, proposta pelo titular do direito ou, em sua falta, o cônjuge ou qualquer parente em linha reta e colateral até o 4º grau: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. DA DISPOSIÇÃO DO CORPO O corpo, como projeção física da individualidade humana, também é inalienável, embora se admita a disposição de suas partes, seja em vida, seja para depois da morte, desde que, justificado o interesse público, isso não implique mutilação, e não haja intuito lucrativo. DISPOSIÇÃO DO CORPO VIVO: A disposição do próprio corpo é proibida quando importar diminuição permanente da integridade física, visto que é essencial para nossa vida e dignidade. Apenas em alguns casos, excepcionais, por determinação médica que essa disposição é autorizada: Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. LEI DE DOAÇÃO DE ÓRGÃO: 9.434/97 DISPOSIÇÃO DO CORPO MORTO: A disposição do corpo morto é válida em nosso ordenamento, desde que não seja para fins lucrativos (a exemplo do tráfico de órgãos) e, pelo princípio do consenso afirmativo, é necessário que haja, anteriormente, a manifestação da vontade de dispor de seu corpo após a morte. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Além disso, é importante destacar que em alguns casos, não obstante determinação médica, todo indivíduo tem o direito de negar tratamento médico ou intervenção cirúrgica, como direito sobre seu corpo, ainda que esteja correndo risco de vida, sem ser coagido (AUTONOMIA DO PACIENTE) Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. DIREITO AO NOME: O nome é condição individual de identificação de cada pessoa, recebendo também proteção e lugar no direito da personalidade: Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Nesse sentido, por estar ligado diretamente ao ser e identificador de quem ele é, sua utilização sem autorização pode trazer consequências negativas para a pessoa. Dessa forma, o Código Civil traz algumas vedações no que se refere a disposição dos nomes: O nome não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público; Não se pode utilizar nome alheio, sem autorização, para propaganda comercial; O pseudônimo (nome fictício), que não seja utilizado para atividades ilícitas, tem as mesmas proteções do nome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. PROTEÇÃO À PALAVRA E À IMAGEM: A imagem, por ser uma expressão exterior sensível da individualidade humana, recebe proteção do nosso ordenamento jurídico, visto que sua violação também está ligada à moral do indivíduo. Há dois tipos de imagem: a) imagem-retrato – que é literalmente o aspecto físico da pessoa; b) imagem-atributo – que corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou seja, à forma como ele é visto socialmente Assim, é proibida a divulgação e utilização da imagem de alguém, caso venha prejudicar a honra, a boa fama ou respeitabilidade ou se destinarem a fins comerciais. Nesse mesmo sentido, se encaixam os escritos e a transmissão da palavra. Há em todos os casos, a exceção se houver autorização do titular do direito ou se necessárias à administração da justiça (a exemplo de divulgação da imagem de alguém procurado pela polícia). Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais PROTEÇÃO À INTIMIDADE: A proteção a intimidade/privacidade é de extrema importância, é a exigibilidade de respeito ao isolamento de cada ser humano, que não pretende que certos aspectos de sua vida cheguem ao conhecimento de terceiros. Nesse sentido, o Código Civil estabeleceu que: Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. DIREITO DA PERSONALIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS: A pesar da grande discussão doutrinária acerca do tema, é inegável que as pessoas jurídicas são titulares de direitos da personalidade, bem como merecem proteção assim como as pessoas naturais. O Código Civil é bem claro ao afirmar em seu Art. 52 que: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.É notório que nem todos os direitos são devidamente aplicáveis as Pessoas Jurídicas, mas outros direitos, como o da imagem, também são objeto de tutela para PJ, visto que, é um atributo de extrema importância pois a publicidade negativa de determinado produto, por exemplo, pode destruir toda a reputação de uma empresa, da mesma forma que informações falsas sobre eventual instabilidade financeira da pessoa jurídica podem acabar levando-a a uma indesejável perda de credibilidade, com fortes reflexos patrimoniais. Sendo assim, elas podem também exigir perdas e danos por violação aos direitos da personalidade que lhe cabe.
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