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TÍTULO III – DOS ATOS ILÍCITOS Como já visto na teoria dos fatos jurídicos, o ato ilícito é um ato jurídico (lato sensu/humano) que é praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direito de outrem, causando danos (moral e/ou material) e gerando o dever de indenizar. Os atos ilícitos estão presentes também no direito penal e não há diferença ontológica entre o ilícito civil e o ilícito penal (pois sempre será um ato praticado em desacordo com a lei que gera um dano), o que há de diferente entre eles são as consequências aplicadas aos atos ilícitos. No Direito Penal, a responsabilidade é criminal/penal e o agente sofre a aplicação de uma cominação legal que pode ser privativa de liberdade (prisão) ou restritiva de direitos. Já no Direito Civil, nosso objeto de estudos aqui, a responsabilidade é civil, sendo patrimonial e gerando o dever de indenizar, reparando o dano moral ou patrimonial causado. BREVES COMENTÁRIOS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL: Como já dito, a responsabilidade civil é de cunho patrimonial, gerando o dever de indenizar. Essa responsabilidade se divide em: 1. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: é aquela que depende da comprovação de culpa do agente (dolo ou culpa em sentido estrito) 2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: é aquela que não depende da comprovação de culpa do agente, devendo ser provado apenas o nexo causal (ex: o pai que é responsabilizado, mesmo sem ter sido sua culpa, pelo dano que seu filho menor causou) ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ATO ILÍCITO: Segundo o art. 186 do Código Civil, ato ilícito ocorre quando “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Portanto, os elementos essenciais que compõem o ato ilícito são: 1. FATO LESIVO VOLUNTÁRIO/ATO HUMANO: é necessário que haja uma ação (dolo) ou omissão, negligência ou imprudência (culpa) que venham lesar direito alheio; 2. DANO: é necessário que esse ato gere um dano efetivo a outrem, seja esse dano de natural moral ou patrimonial; 3. NEXO CAUSAL: é necessário que esse dano causado, tenha ligação com o ato praticado pela pessoa, condição essencial para que se configure o ato ilícito e exigir a indenização. EXCLUDENTES DE ILICITUDE: O Código Civil traz algumas possibilidades em que embora tenha o fato lesivo, o dano e o nexo causal, a ilicitude do ato é afastada. As hipóteses são: 1. LEGÍTIMA DEFESA: quando alguém age para repelir/afastar injusta agressão atual ou eminente à direito seu ou de outrem. É necessário que seja uma ação proporcional a agressão e utilizar meios moderados para que se configure a legítima defesa; 2. EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO: Se alguém exercita um direito, previsto e autorizado de algum modo pelo ordenamento jurídico, não pode ser punido, como se praticasse um delito (ex: agressão em luta de MMA não é punida pois a pessoa está exercendo seu direito de uma profissão legal) – Nessa hipótese também se aplica o ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL, ex: bombeiro que destrói um patrimônio para apagar o fogo; 3. ESTADO DE NECESSIDADE: Consiste na agressão de um direito para resguardar outro de uma situação de perigo iminente (deve ser um direito de igual ou inferior valor ao que está sendo protegido). ABUSO DE DIREITO: Para os casos do exercício regular do direito, é importante fazer alguns comentários sobre abuso de direito. O art. 187 dispõe que: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Ou seja, para que seja excluída a ilicitude no exercício regular do direito, o seu titular não pode agir fora dos limites de finalidade desse direito, devendo agir de boa-fé e bons costumes. Exemplo de abuso de direito: O proprietário de um imóvel, sem razão justificável, construiu altas hastes pontiagudas (direito de propriedade) para prejudicar o voo de aeronaves no terreno vizinho. É nítido aqui, que o proprietário do imóvel se utilizou de seu direito de propriedade de forma abusiva. Além disso, é importante destacar que para que se configure abuso de direito, não necessariamente o agente tenha a intenção de prejudicar outrem, o simples fato de exceder manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica ou social do seu direito, já caracteriza o abuso do direito.
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